domingo, 29 de agosto de 2010

Ele tentou dizer que...

"Não, que nem era tanto assim."
Mas já tinha caído, ou melhor, pulado, e nem sabia.
Soube naquele sorriso leve, com um aceno quase invisivel, perdeu as palavras, esqueceu-se de tudo mais que não fosse aquilo. Teve por aquele breve instante consciência de onde estava, naquele sorriso.
Gosta de estar por perto, fitar o jeito que ela caminha, e a forma como articula suas palavras, quando está ansiosa, irritada, quando está cansada ou feliz, é que muitas vezes não sabe dizer o que a presença e os gestos dizem tantas vezes melhor. Já deveria ter aprendido com silêncios outrora, mas ainda é completamente novo nisso.
E ele se encanta porque há muito ele não a ouvia: A ouvia naqueles momentos onde a alma dela ficava ali, a flor da pele, ou até transbordar, e esbarrar nele assim de leve, como só ela sabe fazer.
E compartilhar daquele mundo tão fascinante, e compartilhar um pouco daquilo que são e os pedacinhos que ali vão se esbarrando e encontrando.
Está embriagado de felicidade, não consegue esquecer aquele sorriso, aquele jeito de falar, aquele brilho no olhar, não consegue esquece-la de modo algum.
Não quer. Se caiu ou pulou, tanto faz.
"Já tanto faz aonde chegaremos. É um prazer estar ao seu lado."



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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Palavras a Lua

Hoje, eu ergo meu copo ao ar.
E olhando a lua, desejo a ela que esteja bem, que siga firme, pelos caminhos que escolher.
Abraços silenciosos. Quase invisiveis.




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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Amares.

engraçada conclusão.

"Nunca deixei de amar ninguem.

Nunca deixei de amar."

Respeita o amor, as convenções, o espaço e o tempo?


Acaba o amor?

Curioso amor esse, que desconhece o heterosexismo, a monogamia, a moral e a constrição de nós. Esse amor que simplesmente ama e nunca deixou de amar.

Que sempre me empurrou e empurará.

Abismos abaixo.



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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Quebrar do ser.

Não cabemos nesses caixotes que nos forçamos adentro. Somos fatiadores, educados para multilar, auto-multilar e sermos multilados. Assim funciona a máquina, dizendo o que devemos cortar - em nós mesmos e nos outros. E assim, somos muito bons nisso. Cortamos.
Aquilo que não se pode ver. Aquilo que não se pode ouvir. Aquilo que não se pode dizer.
Nos cortamos. E a nós mesmos.
Pedaços que não cabem, que não produzem, que não levam-a-lugar-nenhum.
Convencidos pelo medo da existencia ameaçada de que precisamos nos valorizar mais para nos vender. E que para nos valorizar precisamos "estar nos conformes", fazemos isso com uma precisão incrivel, começando pelos primeiros anos de vida de nossos mais jovens semelhantes.
Os ensinamos a fazerem eles próprios. Se cortar é mais que um dever, uma necessidade. e embora horrenda, cultuada como arte.
Sob a alcunha da flexibilidade, o fio de uma lâmina, "você é radical demais" "você precisa ser mais flexivel", "desse jeito você não vai a lugar nenhum" , "você precisa ser mais..." "você não pode ser assim..."
É , precisamos, antes de qualquer outra coisa SER Mais. mas não ser mais qualquer outra coisa.
Mas fracassamos crassamente. Foi o mais belo fracasso da humanidade - multilar-se. Sim, nos retalhamos aos pedaços, e assim também produzimos todo o tipo de reação: Homens encaixotados, cortados e furiosos. Mulheres, encaixotadas , cortadas, revoltadas.
Há em nós, cada gota de revolta, contra essa grande faca que nós mesmos fazemos e reproduzimos, que cabe a nós dar fim.

É uma faca cega , surda e muda. Que diz que seus pensamentos não valem nada. Que você não está do "modo certo". Essa faca, surda, sem alteridade. Que retalhou nosso tempo. Nossas relações. Nosso mundo. Nossos corpos. Que só existe, porque amolamos ela todo dia - nas nossas palavras, no nosso modo de pensar, ensinados a ser, multiladores. A reproduzimos.
Mas nos revoltamos, fracassamos. E assim, em cada um de nós a resistencia: A resistencia daqueles que fogem, que se entristecem, que lutam, que morrem.

A resistencia do corpo que grita contra a indiferença de si mesmo.
Que grita destruindo tudo por dentro do eu que se desconhece.

Nossa profunda revolução semeada.

Que há de se aflorar!



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Os (quase)-nós (totalizados).

Sentou-se lentamente na cama abriu os olhos quase que como por reflexo, um minuto antes do despertador. Devagar pôs-se de pé, vestiu a calça social e, davagar, caminhou para o banheiro. Escovou os dentes, como faz todos os dias, olhou para seus olhos cansados de mais uma noite mal dormida. Novamente sonhando que estava caindo, caindo , caindo...
Os olhos vermelhos, o movimento lento da escova nos dentes mau cuidados, disfarçados pelo bom odor da pasta dental e pela ausência de sorrisos. Os olhos de vidro vidrados no espelho, questões semi-formadas tentavam se perguntar aqueles olhos, mas não havia tempo, não eram terminadas.
Voltava, agora mais rápido. O despertador tocando. Calças, camisa, botões, paletó, gravata, cabelopenteadoaomeiocafégeladodeontemcommeiopedaçodetortadeixadasobreamesacorredescendoasescadasparao carro.
Chega ao trabalho. Trabalha. Cumprimenta pouco, fala pouco, faz seu serviço. Seu chefe o parabeniza. "Muito produtivo!". O que faz? Não interessa. Ele também já não sabe.
Quando criança, queria ser um golfinho.
Seus pensamentos estão turvos, as veias visiveis nas mãos trêmulas. A voz falha... falha...falha...
Tentou gritar, não conseguiu, engasgou. O Olharam, quase queimando. O escritório voltando-lhe atenções. Caiu no chão, ainda tossindo fortemente, apoio-se em sua cadeira, confortavel cadeira.
Ninguem veio. Levantou-se, então, alguém se aproximou e perguntou "Tudo bem?" tocando levemente seu ombro. Não soube o que dizer, foi ao banheiro. Voltou, sentou-se, tudo de volta a normalidade. Normalidade. Envergonha-se, sente-se sujo. O chão ainda tem o café, e uma funcionária da limpeza se aproxima para limpar, sua camisa também. Ele vê a moça que gentilmente o pede licença e limpa suas coisas, sua cadeira e o chão. Percebe então que não sabe seu nome. Ele olha a volta. Está nausedado. Termina seu dia. Volta pra casa. Dorme. Tem pesadelos.


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Ela levanta com o som de sempre, ainda de camisola segue para o banheiro, olha-se no espelho, os cachos loiros parecem cansados, e emaranhados, seus olhos com olheiras e remelas ainda muito vermelhos. Ela segue parao chuveiro, devagar. Água fria. Apressasse no banhomaltocandoseucorposaímolhadapegaatolharapidamentesesecacorreaoquartosetrancaparasevestirenquantojogasuas coisasnamochiladescerapidoparatomarcafesuamãegritandocorreparanãoperderoonibus. Está em pé. Levemente suada pela correria, sente-se um pouco nauseada.
No onibus a olham. Pensam coisas - muito diversas. A queima. Seu olhar pousa em algum canto da estrada enquanto é sacolejada pelo onibus no caminho. Saí do onibus, diz formalidades "Oi bomdiatudobem?tudobemevocê?" e quase sempre termina suas conversas com "ah, estou atrasada preciso ir" e está atrasada, chega apressada diz formalidades ao professor senta-se ao fundo , longe, invisivel. Anota a materia toda. Encontra com uma amiga e trocam palavras, falam sobre planos, sonhos, falam sobre expectativas de fim de ano, amores, vonta... otempoétardeprecisoirdepoisconversamostchau. Ela pensa que queria dizer que a ama. Sente vergonha, culpa. E lembra-se que não ligou para mãe na semana pass..Precisoirterminarelatórioparamanhã. Senta-se na biblioteca e escreve, como toda semana, entrega relatórios. Quando não provas. Provas de que? Ora, de que faz as coisas direito. Seu orientador está muito satisfeito com ela, "é muito produtiva". Escreve , escreve, mas já não mais como escrevia, precisa terminar os relatórios! Termina, guarda na pasta com cuidado, dezenove horas, come pouco , vai para aula de natação, troca-se, toma uma ducha, caí na água - sente seu corpo arrepiar com a água gelada, a luz da lua ilumina a piscina, nada, nada muito e rapidamente, com todo vigor que pode, nada e respira, e já não pensa em mais nada - se torna seu corpo. Acaba, sente-se cansada, e feliz - seu corpo pesado, já se sente um pouco sonolenta. Toma um banho e volta para casa, não fala com ninguem no caminho, pensamentos voltam, uma ligação os interrompe - parabenizada, seu projeto aprovado, precisa entregar mais dois relatórios ao final da semana. Feliz. Estranha de repente. Lembra-se, sobrara tempo para nadar? Largou a dança no ultimo semestre. Terminou um namoro quando estava no cursinho. Não foi aos testes do teatro no primeiro ano, nem no segundo. Entristece-se... quer chorar. Os olhos cheios d'agua. Não. Não pode errar o ponto. Desce do onibus, chega em casa. Seus amigos cansados a olham cansada. Mal conversam, precisam acordar cedo, terminar trabalhos, entregar relatórios, dia cheio amanhã você sabe.
As vezes escapam, e festejam, nas raras ocasiões onde sentem-se eles.


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Acaba de entrar na escolinha, está com medo. Sua mãe diz que ficara o primeiro dia. Faz amiguinhos. Desenha na aula sua professora ri, aperta-lhe a bochecha. Não entende. Corre quando o pai volta para busca-lo. Dorme no caminho de casa, sonha o indizivel. Mostra o desenho pro pai, de olhos cansados, que sorri, acena com a cabeça e volta a dirigir. Chegam em casa, mostra o desenho a sua mãe, que sorri, e lhe dá um beijo e volta a cozinhar a janta. Quer sair, o sol está laranja lá fora, não pode. Quer correr, não pode, seus pais o proibem. Observa com atenção cores e luzes, e as busca, seu pai o pega no colo, e o põe no chiqueiro. Como todo dia.
Protesta, chora, se cansa. Vira-se, pega sua mamadeira e dorme.


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Levanta-se, frio, o jornal que o cobria o vento levou. Quer ir ao banheiro, vai para o fundo do beco e ali faz tudo o que precisa. Acorda seus amigos, conversam, as vezes dão até umas risadas. Estão com fome, conseguiram um dinheiro ontem, limpando os vidros de carros. Não conseguem entrar nos cafés. Um guarda suspeita-lhes do dinheiro, aborda-os. Leva o dinheiro.
Tentam pegar um transporte, para ir para outro lugar, não conseguem entrar. Um deles caí e se machuca. Precisam de ajuda, pedem para os passantes. Não são vistos. Desviam-lhe os olhares e a presença. O companheiro sofre, como sofrem os outros, um guarda outro os ajuda - o carro está a caminho. Levam o companheiro para atendimento, não os deixam ir. Pela tarde chove muito. Sabem que será díficil reencontrar o companheiro, não conseguem trabalhar esse dia. Sente fome, como seus amigos, já não falam nada, estão com raiva. Está frio. Separam-se ali, tentam pedir o que podem. Um tenta roubar, o levam. Outro que provavelmente não reencontrará, sabe. Negado. Senta-se num beco, quer chorar, sente saudades de sua terra, da familia que deixou, não tem notícias a anos, lembra-se do Sol, do calor, lembra-se da velha serraria que trabalhava... é cutucado por um guarda, não pode ficar ali está incomodando os moradores. Engasga. Sente raiva. Levanta-se, saí na chuva, e por ela segue, pra procurar outro lugar pra ficar, pelo menos, até amanhã.



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Levanta-se, a noite caiu. Seus olhos doem, sua cabeça doí. Os olhos vermelhos. Fica de pé cambaleando, senta-se na mesa, e re-lê sua carta. A coloca num envelope, passa a cola, fecha-o. Beija solenemente o envelope de papel amarelado velho, deixa sobre a mesa. Acende um cigarro e fita a cidade a noite. Batidas na porta, o vizinho grita pelo aluguel atrasado. Entra no banheiro. Joga o cigarro na pia.Lava seu rosto, entra no chuveiro , lava-se rapidamente, seu corpo doí. Volta. Liga a tevê. A mesma coisa. Então caminha até sua cama, e senta. Abre a gaveta. o vizinho ainda insistente batendo na porta. Pega o livro sobre seu criado mudo. Nas ultimas páginas alguns rabiscos de si próprio. Sorri, tristemente. A pega na gaveta então fica de pé, dá três tiros contra a tevê, um na porta, e o outro na boca.


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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

eu não tenho uma linha de pensamento...

...eu tenho um pote de tinta jogado na parede.




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escritos sobre histórias, memórias e identidades.

(Quando eu descobrir como posta o video aqui, eu posto, no mais, boa leitura)


Post baseado no trailer do Documentário: Era das Utopias

"somos aquilo que lembramos, agora, além disso, costumo acrescentar que também somos aquilo que escolhemos esquecer."

"We are told what we are to think about, and then we are told that these are our memories. In fact, we are taught to remember"
(Nos dizem o que devemos pensar, e então nos dizem que estas são nossas memórias. De fato, somos ensinados a lembrar...)

As duas frases da abertura desse documentário me chamaram atenção.
A História dos fatos não existe "por si", historiadores a buscam, um trabalho tremendo é feito nesse sentido, mas estamos, inexoravelmente, separados do nosso passado. Outro ponto é a infinitude do passado, como exemplifica Valery em seu livro Variéte que se escolhermos um ano especifico, como 1789, dá pra pensar a quantidade de informação que existe nesse ano específico?
Quantas histórias possiveis? Existe "A História"? De fato, esses acontecimentos todos do ano de 1789 aconteceram, mas tornar isso em totalidade conhecimento é possivel? Só pra esse ano? Para qualquer ano? Todos?
Se pegarmos só pelo viez mais "senso-comum" da história, que é o político, militar e economico, poderemos dizer sim, muito sobre a efervescência política na Europa ocidental na épocao, mas e a Asia, o Oriente Médio, que poderiamos dizer sobre o "Novo Mundo", ou o Japão? Que poderiamos dizer sobre a Oceania e a Africa? Quantos tratados, correspondências, quantas movimentações de cunho político/militar ou economico podemos registrar e o que poderemos registrar de e sobre cada uma? Esse vortex de imagens e idéias é apenas para jogar a impressão de algo realmente vasto, Infinito no sentido de interminavel, que torna o trabalho do historiador, Infinito, no sentido de incompleto (e no sentido de que "nunca nos faltará assunto", como bem diria Prof. Chalhoub).
As histórias são feitas de escolhas. As memórias são construídas a partir das escolhas.
"Somos ensinados a lembrar". Quem nos ensinou a lembrar? O que?
Quem nos ensina a memória na nossa sociedade? Quais são os elementos dessa educação?
Como nos pensamos a partir daquilo que nos ensinaram que é a nossa memória?
Como se constroí a identidade do individuo a partir da relação que ele estabelece entre sua memória pessoal e sua memória histórica?
Não diz a memória, respeito ao futuro?

Nossas instituições escolares nos ensinam a construir um tipo de memória. A memória nos vem através das letras de canções, nos romances e nos livros de história escritos, nas novelas, nas conversas cotidianas, enfim, produzimos memória nas nossas vidas.
As memórias social e individual não se dissociam, assim essa memória do que foi a humanidade, da "nossa história", diz respeito a "quem somos" e portanto a cada um de nós. Pensamos e mesmo sem perceber produzimos uma memória social, não só do "tempo presente", do "tempo que somos", mas do nosso passado, de como nos relacionamos com aquilo que construiram que somos enquanto gênero humano, ou seja de nossa relação com o "conjunto social" que chamamos de "Humanidade."
Assim fiamos uma teia de relações através dos discursos produzidos pelos infintezimais pontos que nela existem, nós, os indivíduos, despojados de qualquer agrupamento que não o das moléculas e átomos de cada um (quiçá!).
E se a memória diz respeito ao futuro é porque , como você pensa o passado diz respeito ao presente e não ao passado em si (afinal eles já passado, nós não), reflete assim as nossa questões sobre "o mundo e as coisas", e sobre "nós", sobre nossa indivudualidade e sua inserção no mundo. Assim, elas acabam influenciando nas escolhas que tomamos, nas práticas que estabelecemos nas nossas vidas, como nos relacionamos inclusive com a forma como nos ensinaram a nos relacionar, a pensar e construir a memória.
A memória também é anterior a nós, produzimos a nossa já sendo "ensinados a lembrar",
nos relacionamos com o mundo mesmo antes de pensar como pensamos, somos "apresentados ao mundo", e a memória na qual somos educados nos ensina sobre ele, a memória dos pontos de encontro que esbarramos: Nossos livros, professores, televisões, musicas, principalmente, as pessoas a nossa volta. Nossa experiência no mundo e as relações que estabelecemos com a memória "apresentada", é que nos provoca a produzir nossa própria memória - o que escolhemos lembrar e esquecer - como indivíduo e sociedade (inclusive indissociaveis aqui).
Nesse ponto é bem díficil dizer que escolhemos. E até que ponto, o fato é que "mais ou menos" escolhendo e sendo escolhimos, criamos. E criamos, modificamos.
Nessa teia, de infinitezimais pontos, é onde se produz a sociedade. E a memória social serve em grande medida de "entendimento-justificativa" para o que existe no tempo presente - seja para afirmar algo como "legítimo", seja para sua "deslegitimação".

A fragmentalidade da História nos lançou sobre um mar de dúvidas, mas boa parte das memórias produzidas que me esbarram , vejo, carregam em si o tom do "discurso de verdade".
Por que ainda nos apegamos a essa disputa? Pra quê?
Em um campo onde quase tudo pode ser justificado, a verdade não passe de ser reduzir a história a um meio para se atingir a verdade desejada, verdade-querida. Logo, quase "qualquer verdade" é possivel. E fazemos isso exaustivamente, academicos ou não, insistimos na busca de respostas e de justificações das nossas teorias favoritas. E conseguimos claro, todos. E disputamos nossas verdades a tapas, quando não nas guerras.


"Nossas convicções são secretamente assassinas." Paul Valery





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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

As vezes pra tá perto é preciso tá longe.

Encontros e desencontros não seguem rumo ou sentido.
As vezes morro ao colocar as coisas em palavras.
As palavras me falta, são insuficientes, meu corpo todo já sabe disso, ainda assim, elas insistem em aparecer.
Não sei porque, acho que nos entendemos melhor noutras linguagens.
Dizeres é um troço a dois e eu nem sabia.

Vivo tropeçando nas minhas próprias palavras.

Entre coerencia e contradição.

Sou pego de surpresa.




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domingo, 8 de agosto de 2010

Falling...

Muito rápido pra pensar em parar.
Muito intenso para querer.
Pessimista, e por isso descrente de que saíra inteiro dessa.
Mas já não olha pra trás, já nem sequer olha.
Segue de olhos fechados, peito aberto...

logo atingirá...

chão ou infinito.

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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

"Democracia" no Brasil... [1]

Sobre o primeiro debate, que ocorreu na Band no dia 5 de agosto de 2010.
Inclusive, a poucos minutos encerrado.

Há um desnivel que me incomoda muito na política brasileira. Um desnivel comentado pelo candidato Plínio a respeito da própria forma como ele e vários outros canditados, lembrando que temos 9 canditados a presidencia da republica, foram tornados invisiveis aos olhos do povo brasileiro pela postura tomada pela midia brasileira em geral.
O convite a Plínio pode ser considerado louvavel à emissora BAND, mas é preciso ponderar: É por lei que todo candidato que possua deputado federal seja chamado ao debate. A questão é , porque os outros foram chamados? Por que a mídia se recusa a dar face a estes canditados, mesmo o próprio Plínio?
Aí começa a se delinear os meandros desse desnivel. Que se aprofunda nas perguntas: A produção do canal de televisão pergunta, os candidatos se fazem perguntas, os jornalistas se fazem perguntas.
Mas pera aí, e as pessoas? Quando nós vamos ter oportunidade de fazer as nossas perguntas?
Que poder é esse que tem os canais de televisão? Por que?

Falo no sentido de que são organizações privadas, dirigidas , consequentemente por privados, como é que se pode deixar a responsabilidade de um serviço social de comunicação, nas mãos dos interesses desses grupos? Tudo bem, pode-se argumentar pelo lado de que é permitido que existam redes privadas. Então que se regulamente pela lei, pela constituição, até onde elas podem ir, e como devem operar - não é uma questão de liberdade ou não de imprensa, mas sim de que os interesses do povo ficam submetidos ao filtro midiático terrivel que sofre nosso país.
Essas eleições demonstram claramente o absurdo a que isso chegou.

E vamos a outro detalhe que aprofunda ainda mais o desnivel: As campanhas dos partidos são financiadas por grupos privados. Outro absurdo: Impede absolutamente a equidade entre os canditados, é assim na política em geral brasileira, o cara acaba tendo que gastar do próprio bolso com a publicidade para se lançar canditado estadual,ou federal. Como assim? Por que não uma regulamentação do que será feito, uma especie de "roteiro eleitoral", e do quanto será gasto? Há um filtro absolutamente ligado ao dinheiro na nossa política, e em que medida isso é democrático? Por que não um controle sobre a quantidade de orçamento investido em campanhas e uma limitação de equidade entre todos os canditados?

Não menos importante é a posição dos nossos políticos em serviço não? Julgados por uma lei diferente, inclusive julgamento que é feito pelos seus próprios pares nos nossos tribunais. Com salarios diferenciados, como se político fosse uma profissão e não um serviço ao povo, ao Estado que se pretende construir, colocando eles em posição social superior aos demais por simplesmente "serem", o que torna os políticos no país uma classe, ou pior, uma casta, própria, de interesses próprios. São eleitos nestas condições para defenderem uma constituição que diz que somos supostamente iguais.

A postura do "politicamente correto" foi terrivel neste debate. Nem tudo são flores, falar de uma perspectiva sempre 'bonitinha" do nosso país é negar as duras contradições nas quais este se insere. Me parece um tanto apologia à progressão social E o foda é ver que isso é feito de uma forma descaradamente eleitoreira.
Eu duvido sim, da coerencia política de quem tem esse tipo de postura. Eu não acredito na sinceridade de muitos que ali estão, e acredito que as formas que nossa política tomou ajudam demais para isso.

Escrevo aqui porque acredito que o poder está verdadeiramente em nós. Que pertencemos ao povo. E que nós devemos sempre nos manifestar, que devemos nos sentir parte dessa política, porque a maioria é a instancia absoluta do poder.

O povo precisa acreditar mais no povo.
As pessoas precisam acreditar mais nas pessoas.

E ambas são exatamente a mesma coisa.


Que Brasil queremos?


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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Pronde vou...

Sair foi tão improvavel, tão inesperado mesmo para mim.
Outro dia Lecão perguntou "Thi, quando você volta para cá para morar com a gente?"
Putz... não faço idéia, foi a minha resposta. E depois expliquei que não gostava muito da idéia de voltar para casa. E realmente não gosto, posso até não fazer a minima idéia de pronde vou depois daqui, mas pra casa, morar lá, difcilmente.
Tenho tempo. Tenho todo o tempo para pensar e escolher.
Muitos cheiros, cores, lugares, tudo tanto e tão intenso. Não é necessário definir rumos, é bom curtir a trilha e fazer dela o caminho que bem entendo.
Tenho vontade de conhece melhor o meu país. Brasil...
Esse local já me trouxe tantas diversidades, tantos universos. Eu gosto de conhecer essas diversidades, quero ouvi-las, quero conhece-las.
Tudo é um mar de duvidas e poucas definições e os sonhos que eu decidi colocar a prova.

Pra que renunciar a esse tão agradavel mar de desrumos?


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Donde vim...

Frio! Ainda que eu seja dos mais friorentos.
Morros pululados de casinhas, perto de igrejas grandonas.
Vento, neblina e chuva em pó!
Amigos, acampamentos, praça, violão conversas.
Visitas, filmes a noite, festivais, carnavais e sabe se lá mais o que.
A casa, da qual saí, cheia, boa para passar as férias.
Irmãos, família.

Minha referencia.

Lugar de muita alegria, e de muita tristeza também.

Lugar que me é caro demais, que me faz viver dividido em saudades.
De memórias de quem sou. De pessoas queridas e que fazem uma puta falta.



Lugar dos por ques das minhas escolhas...


Até dessa saudade.


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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Renov-ares...

Renov-ar. E poder encantar-se sempre com os lugares de sempre, como se fossem os lugares de nunca, e poder sempre, dividido em saudades, estar plenamente em cada lugar.
Voltei das montanhas, do frio, de entre os amigos mais antigos.
Voltei para as "campinas", para a faculdade, os novos amigos, a nova casa, o novo modo de vida.
Transito entre mundos e extremos.

É essa liberdade que me renova a cada dia.

E ela que eu respiro a cada dia.

E por ela nada trocaria.


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