sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Ante à minha grande ignorância...

Faz um tempo  tenho sentido, estar diante de um grande desconhecido.
Como uma escuridão que se expande e espanta. 
Tenho sido esse movimento de retorno...

Dos meus silenciamentos, que não são palavra tolhida, simplesmente o meu não saber.
De contemplar minha grande ignorância, todas as respostas que me faltam...

Ante ao mundo que exige certezas e respostas, não sinto vontade de dizer...

Sinto que não sei...  esse grande desconhecimento,

Tão vasto em seu silêncio, 

Chega a ressoar...




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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Não há leis...

É curioso ver, em nossa cultura pautada por leis que visam um suposto equilíbrio social, a busca desses mesmos pressupostos na natureza. Assim, boa parte da ciência moderna se ocupa de desvendar as leis e mecanismos da natureza - um código penal ou uma máquina? - partindo desse pressuposto, as condições de isolamento que precisamos criar, para que tais leis sejam possíveis, isolam todos os elementos de um determinado aspecto ,para então em ambiente controlado, testa-lo.

É como pensar numa árvore, sem pensar na raiz, no solo que a nutre, no vento que arranca suas folhas, nos pássaros que comem seus frutos, ou naqueles que simplesmente caem e retornam ao solo. A árvore pode ser pensada em separado, mas a pergunta é: em separado, ela existe?

O mesmo tipo de procedimento é feito para quase todo qualquer aspecto, dos naturais, aos sociais... com frequência temos dificuldade em selecionar ou relacionar as coisas, um fenômeno ao outro, ou simplesmente aceitar a complexidade de sua simultaneidade...

Não que isso precise implicar em pararmos tudo até encontrarmos um meio de estudar as coisas em relação, é só uma questão de termos a percepção de que muito do que vemos, são modelos isolados, não o mundo, são partes removidas, testadas em ambientes muito controlados para que "não haja interferência". Quando que na real, no mundo, tudo interfere em tudo a todo momento...

Tanto do ponto de vista das relações sociais, quanto do ponto de vista do mundo natural, que também não são separáveis, embora o hábito de pensa-los separados faz até necessário que se frise que se trata de ambos, e que compartilham desse caos das múltiplas interferências dos aspectos mais diversos que lhes formam. Os aspectos não existem de formas isoladas, mas interdependentes, pensa-los apenas do ponto de vista teórico, ou laboratorial e esquece-los na sua relação com o mundo... é o problema da árvore...

Procuramos estabelecer leis, esses são parâmetros que advindos dessas experiências laboratoriais, estabelecemos sobre como um determinado aspecto da natureza acontece, Elas dão conta de dizer tendências, mas muito pouco sobre a realidade, porque a realidade é o caos inicialmente rejeitado, nessa busca de um padrão, uma lei, uma ordem...

Não há ordem... as coisas existem, nesse caos partilhado de suas relações. Mesmo com as "regras" que imaginamos nas quais existam, na relação com os outros aspectos do mundo, mudam... e a ciência contemporânea já se esforça mais nessa direção...

Mas continuamos então, a perseguir leis universais? Por que o universo precisaria se pautar por leis?




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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Das horas que a gente não vê.../2

Desses acasos encontrados,
 Das horas que a gente perde a conta.

E se conta, em historias compartilhadas, anseios, duvidas, sonhos;

Ao som de muitas coisas que se passam,
Coisas que realmente ficam...

Nos gestos, no tom de voz, no olhar ou nos olhos.

Quando olhamos pro relógio, oito já são quatro,
Daqui a pouco vai amanhecer.

 E dessas horas que a gente não vê passar,

Difícil é não perguntar... "quando nos veremos de novo?"

domingo, 8 de novembro de 2015

Dolorosa é , a Amargura do Rio Doce...

E da rachadura, partiram-se tantas vidas... Quantas?
Quantos corpos quebrados contra pedra, ou afundados na água?

São quantos os feridos , no corpo ou na alma?
E as histórias, lembranças e encontros, quantas memorias, esmagadas pela força da água?

Quantos sonhos quebrados em ladrilhos de tijolos?
Ou arrastados pela lama?
Quanto medo e tristeza não nascido Daquela fúria de água e lama?

Tristeza é saber, que da barreira que se rompeu
Há bem mais tempo se sabia....

Bem antes do Doce se tornar Amargo...




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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Das capacidades negativas...

É uma capacidade de nós ficar frustrado,
Tal como ter raiva, ou se sentir incomodado com as coisas,
Assim como a culpa e tantas outras...

Com certa frequência, alimentamos essas capacidades negativas,
Todas de alguma forma nos provocam sofrimento. 
Geralmente localizamos a causa delas e desses sofrimentos nos outros, 
mas a causa do sofrimento delas, são a própria existência dessas capacidades...

É um longo e grande trabalho acordar a cada dia pra diminuir essas capacidades.



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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Dos descaminhos

Entre todas essas muitas pontas soltas,
Difícil não tropeçar nessas tantas histórias inacabadas (em mim)
Muitos silêncios indesejados, e os desejos silenciados,
Busca de quem que não sabe o que procura,
Que não se recorda do querer,
Ou simplesmente, depois de tanto tempo distante, simplesmente...

Desconhece.



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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Cuidado com o "Bem"

Daquilo que me recordo, não me lembro nenhuma vez de ter encontrado alguém que em verdade me quisesse mal. Mesmo quando fui assaltado, não era a mim que desejavam mal, acho até que desejavam apenas o que eu tinha na mochila e nos bolsos, mais do que qualquer coisa em relação a mim. Não poderiam me odiar verdadeiramente, querer-me mal, não me conhecendo.

Não raro no entanto,  a memória do sofrimento recorda, que a dor veio daqueles que melhor me queriam. Tenho essa suspeita rançosa desde então, duvido do "Bem", olho com suspeita para aqueles convictos de sua "bondade", "altruísmo", etc... Em nome do "bem" muita dor já foi causada. Porque os "arautos do Bem" se eximem de ouvir, quando se postam convictos daquilo que é melhor para o outro e com frequência se tornam violentos, na fala , no gesto, na postura ou no ato.

Não me coloco isento, eu me deitei longos anos sobre a convicção da minha própria bondade, até cair a ficha do quanto eu impunha uma tortura emocional àqueles que dizia queridos - desejava transforma-los porque acreditava saber o que era melhor para eles. Feliz foram os acasos que me provaram errado, feliz foram os amigos que me questionaram e criticaram,  que me atentaram para a dor que eu causava àqueles que pressupunha ajudar...

Feri porque não sabia ouvir. Porque ignorava que talvez eles pudessem auto-determinar seus caminhos, escolher. A convicção arrogante em "ser bom", me colocava numa pretensa superioridade e me achava no direito de ignora-los. E assim os magoava, muito e com muita força , justificando para mim mesmo: "é para o bem deles...".

Em realidade eu ignorava e desconhecia o que sentiam e como se sentiam, ignorava suas aspirações e suas individualidades, ignorava que eram pessoas diferentes de mim.

Não raro eu enfrentei o mesmo problema e não apenas uma vez.A maior parte das coisas que realmente me afetaram, me magoaram, não vieram de algum desconhecido, vieram de pessoas muito próximas, muito queridas, e que no geral, fizeram o que fizeram "pelo meu bem"...

Ignorando como eu poderia me sentir ou pensar, que pudesse talvez querer escolher um caminho diferente;

A forma do texto pode sugerir que esses eventos passam de forma separada, primeiro magoar depois ser magoado, mas não foi bem assim... As coisas aconteciam concomitantemente. Sobretudo, eu acreditava no que me era ensinado: Justifica ferir se isso for ajudar. Levou tempo até esse paradigma cair...

E eu acabei me permitindo ser ferido inúmeras vezes na mesma lógica do "bem maior", e o fiz da mesma maneira... Torturados e torturadores... Como educamos e somos educados, como nos relacionamos.

Não sei quando me dei conta da miséria que causava, e da que sentia. Dessa condição de torturador e torturado, desse modo de pensar que acredita que em nome de algo que eu considero bom, tenho o direito de violentar o outro (emocional, psicológica ou fisicamente...). Sei que ao atentar-me para isso fiquei algum tempo, e posso considerar que ainda estou, chocado com tamanha a violência com a qual nos relacionamos e aprendemos a nos relacionar... Lamentavelmente ainda creditamos muito à essa violência "do bem".

Não há nada de especial aqui, o que digo aqui, creio ser extremamente comum. Não estou especialmente afetado por nada... A vida de cada um tem à cada forma suas durezas e misérias, incomparáveis , por se tratarem de vidas diferentes...

Procuro por um outro meio, de dizer e ouvir. E pelo que já li e ouvi, muita gente já tem corrido atrás, muita gente já escreveu muita coisa e muita gente também tem procurado...



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Da falta do eu...

Um dia eu sumi. E não sei bem quando foi...
Desapareci das minhas próprias palavras,
Na verdade acho que apenas... me escondi.

Assumir o de fora para esquecer o de dentro,
assumir o "não-eu", para não ter de suportar o "eu".
O lugar para onde fui, de onde tento retornar...

Com todas as minhas faltas, os meus caminhos tortos,

Às minhas ausências. Retorno, cheio de silêncios...



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domingo, 9 de agosto de 2015

Violência...

Uma das coisas que mais me impressionou a primeira vez que tive contato com Comunicação Não Violenta (CNV) , o que mais me impressionou era como se referiam a nossa linguagem: uma linguagem da violência, do sobrepujar de um sobre o outro, de quem tem mais razão, de quem esta certo...

Nunca havia parado pra pensar, mas assim que ouvi me apercebi da pervasividade da violência no nosso modo de viver, em cada pequena chantagem, em cada indução de culpa, em cada sacrificio (que quase sempre vem com cobrança...). Quase todo esses esforços violentos tem como proposito fazer com que o outro aja ou exista (ou deixe de existir) à nossa maneira... Não é tão diferente da violência física.

Lamentavelmente vivemos em uma sociedade (e a sociedade brasileira tem dado exemplos espantosos disso) que reverencia a adora a violência - em seus métodos educacionais, na prática das forças de segurança, na educação dos filhos, na educação escolar, nos relacionamentos amorosos ou entre amigos, no interior das famílias, nos excessos de propagandas, informações, telefonemas de telemarketing, no transito... são tantos aspectos que me perderia ao cita-los. 

No discurso é fácil se dizer não-violento. Difícil é reconhecer essa adoração a violência, a crença de que a violência de qualquer maneira vai resolver alguma coisa que não gerar outra reação violenta e reconhecer o quão a violência pode ser ampla, e não estar apenas nos punhos... mas em quase qualquer modo de se relacionar com o outro. Passados de longa violência entre povos geram conflitos até hoje e são comuns assassinatos por revanches, "reações" a uma violência passada real ou imaginada... Nesse sentido, ouvi de um amigo  e instrutor algo que é muito bem orientado: "O melhor modo de evitar a violência é não criar um ciclo de violência, porque é muito difícil sair de um ciclo de violência".

Me pesa um pouco o coração quando vejo pessoas quando procuram a arte marcial, a primeira pergunta que fazem é "Você já teve que lutar?", tristemente, minha resposta é sim. Mas eu com frequência digo que não, porque não é uma história que gosto de compartilhar e não nutro nenhum tipo de orgulho em relação. Algumas pessoas acreditam que as circunstâncias fazem da ação justificável, mas creio aí estar o maior perigo: é a justificação da violência que a sustenta, e permite que se torne ainda mais aguda... todo genocídio, todo massacre, carrega por trás de si a construção de uma argumentação, de uma justificação para aquilo...

Crer que uma situação de violência individual tem menos peso porque não se trata de um genocídio em massa é esquecer do principio criador: violência justificada. Violência enquanto caminho, ou método possível. Cair aí, pode ser seguir por uma via perigosa...

Sobre aquilo que vivi, tenho para mim claro que foi uma escolha, e lamento que tenha seguido por este caminho. Embora muitas fatores influenciassem a escolha, foi ainda assim uma escolha, e se faz necessário estar consciente do potencial de violência que existe em mim.

Não se trata de culpa, não se trata de auto-punição, se trata de refletir sobre o ocorrido e tomar uma decisão: ter atenção... cuidar, para que não torne a acontecer, reconhecer o potencial para violência, evitar a violência... e só...



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terça-feira, 16 de junho de 2015

Nas ausências...

Não durmo, a ausência do sono é também a ausência das salas de aula, dos treinos, dos encontros triviais e dos não-triviais. São todas as cartas que escrevi e não mandei e alguns presentes.

Estou nos lugares onde não me encontro, nessas lacunas, nessas ausências.

Onde estou? Não sei. Talvez no meu quarto, mas é mera possibilidade,
Eu mesmo, não tenho certeza.



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sábado, 30 de maio de 2015

Ampulheta estilhaçada...

O tempo quebrou
Suas areias vazam,
Como vazam as horas,

(Se perdem as horas?)

Esvazia-se de si, a Ampulheta,
Toda antes cheia das areias que escorrem,
Das praias do meu tempo;

E o meu mundo que antes era,
não consegue mais ser;

Hoje estou perdido do tempo, fora das horas.
Dos relógios, rotinas e horários.

Sou todo atraso e todas essas ausências.
Ironicamente voltadas, essas horas,

A ver dessa ampulheta estilhaçada
Irem e se espalharem,
A serem arrastados pelo vento (tempo),

As areias de minha alma....


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Contra-tempo...

Em correndo. Para.
No meio do caminho
A meio caminho,
A procurar por um meio
Este algo entre o passado e o futuro.
Hoje.

Que afinal, é

Que será afinal?


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terça-feira, 5 de maio de 2015

Do tempo antes do tempo...


Meus dedos passam, por fotos de um tempo em que eu não era.

Não poderia ser, seria, depois, dali há alguns anos. 

Reminiscências de um tempo antes do tempo, um tempo que já me era, antes de eu ser.

 Curioso pensar como esse tempo influenciou em toda minha experiência depois, através de meus pais, de meus avós, de meu tio avô Hélio.


Através de tantas coisas que sequer tenho consciência...

Essas fotos transpiram estorias que desconheço, e a cada dia mais difíceis de recuperar.

Pelo que já se perdeu, na memoria ou nos registros; 
Por aqueles que se foram e não podem mais dizer.
Ou no silêncio dos que permanecem...

Quando fito esses olhos me pergunto: "Como estavam nesse momento em que esse foto foi tirada?"

"Que expectativas tinham?"

 "O que imaginavam do futuro?"

As perguntas ficam, guardo junto com as fotos, separadas uma da outra com uma folha de papel sulfite, e as guardo num envelope. Coleciono tempos e essas pequenas imaginações...

Curiosas são essas coisas que nos contam,
Antes mesmo da gente se contar...








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sábado, 2 de maio de 2015

Dos relógios das palavras...

Todos meus escritos são traição em devir...
Farsas em potencia,

Num momento dizem algo,
N'outro dirão outro.

Fieis somente ao tempo em que surgiram.
Congeladas em paredes virtuais,
Não podem mudar,

Se me dizem num instante,
N'outro não.

Esperam, pelos outros escritos,
Que lhes revelarão suas imposturas,
E incompletudes.

Que lhes trarão um fim.
Ainda que possam ser relembrados.
Poderão morrer,

Em paz.


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terça-feira, 28 de abril de 2015

Das horas que a gente não vê...

Desses acasos encontrados,

Das horas que a gente perde a conta.
E se conta, em  historias compartilhadas, anseios, duvidas, sonhos;

Ao som de muitas coisas que se passam,
Coisas que realmente ficam...

Nos gestos, no tom de voz, no olhar ou nos olhos.

Quando olhamos pro relógio, oito já são quatro,
Daqui a pouco vai amanhecer.

E dessas horas que a gente não vê passar,
Difícil é não perguntar... "quando nos veremos de novo?"



[Outro dia desses, me perdi, a contar os carros na rua do cinema...]


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segunda-feira, 20 de abril de 2015

retorcer...

Algo se move dentro de mim. Retorce.
O tronco de uma árvore,
Por que se retorce, o tronco de uma árvore?

Ouço o som, sinto dor?
Quão doloroso é para a árvore, cavar fundo suas raízes na terra
E ao mesmo tempo, tentar alcançar o céu?

Quão doloroso é, quebrar as cascas, torcer, crescer?

Algo se move dentro de mim, só sinto da superfície;
Afinal, não será preciso desconhecer-se

Para poder

reconhe...

Ser?


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quinta-feira, 16 de abril de 2015

escorrer...

Caem, pelas pontas, Às metades,
Quase sempre, mais ou menos, parciais...

Escorrem pelas frestas, das cortinas ou janelas, entre os dedos das mãos,
De cada fibra, forma , cor ou calma.

Não grito, me gritam, se calam, silencio.

Nada feito, tudo passa, feito de rio, de riso

Desfeita de linhas, desfeita de retas, de regras;

Desalinhos do passado, desatinos da alma, descontínuos da mente, mentiras enlatadas;

À procura de esquecimentos ou em busca de lembranças.

Dizer sem esforço, ainda que, não raro, doloroso.

Querer dizer. Poder dizer... ou Só dizer...

Dizer...

e só.


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segunda-feira, 6 de abril de 2015

Com amor...

Rimos, andamos, conversamos, mãos se encontram e se soltam,
Seguro teu braço ou você ao meu. Você me puxa, me leva adiante;
Sutilmente o dia passa, num tempo fora do tempo.

Alguns silêncios cheios de palavras, alguns cheios de silêncios;
Muitos olhares longos, alguns sorrisos furtivos.

Muitas palavras ditas, alguns causos, trivialidades, curiosidades.
Pequenas historietas de nós...

E nisso, em tudo isso, em cada pedacinho,

"Amo você..."


(Até que para o começo de nossa dança... começamos bem, não?)


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sábado, 4 de abril de 2015

Levanto-me antes do despertador;
Quero evitar os riscos do atraso,

A todo momento, meu coração me traí, descompassado.
Fico a soltar olhares tortos para o relogio...

Quero sair logo...


[mas...]



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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Diz muito...

Do medo que escrevo, ou das ansiedades.
Se é do mundo ou das cores, se são dos sons, das viagens ou do mar.
Em qualquer pequena homenagem ou causo contado.

De tudo que ouço , e vejo, de todas as histórias contadas;

Daquilo que calo, me perco, silencio.

Não há nada que eu diga,

Que eu não esteja aprendendo.



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quarta-feira, 1 de abril de 2015

"Diz mais..."

Não é um pedido para que se explique,

Não é que eu não tenha entendido,
Embora sempre exista essa possibilidade

É só esse gosto de te ouvir, que me seduz
Me chama a pele, que pede

"Diz mais"

(mas só enquanto desejar dizer)




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sábado, 28 de março de 2015

Das vigílias...

Tem noites que se estendem assim, num silêncio de se afogar - e eu me perco. Entre musicas velhas e textos antigos, procurando interlocutores para uma conversa vazia de meio de madrugada. Procuro repetidas vezes por alguém pra dizer, daí das coisas que nãos são tão vazias assim, e nada. Repito, quatro, cinco, seis vezes a mesma música. Não sei o que fazer, em meu peito tem uma ancora que me prende, o que posso fazer, se não escrever? Esperar?

Eu já espero e nem percebo,  ou percebo e finjo que não sei. Bobagem, era só dormir, deixar o outro dia chegar, mas me acompanha a sensação clássica da insonia: A sensação de que o dia está incompleto. E deitar a cabeça no travesseiro dum dia incompleto é de uma inquietude terrível. Então eu me gasto, desgasto até que por exaustão caio...

Não há bons raciocínios, provavelmente se empobrecem também minhas palavras; Uma coisa sem graça, uma palavra perdida, uma noite em claro. Um troço que incomoda, âncora feita de medos e anseios;


Mas aguardo.

                                                                                      [Num esforço repentino - escrevo - admito: esse pedido de ajuda que eu guardei numa garrafa e lancei ao mar.]




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sexta-feira, 27 de março de 2015

Sonhos de Helena...

E eu via, você a trançar as madeixas negras dos cabelos de Helena;
Ambas de pés descalços no quintal, um som de água corrente muito perto;
Você cantarolava aos pés do ouvido de Helena, me provocando, porque sabia que adoraria te ouvir cantando e ela, audivelmente, te acompanhava. 

Eu observava, recostado numa coluna de madeira, com um meio sorriso, a me sentir a pessoa mais feliz, só por estar ali; 

Naquele pedacinho de sonho compartilhado, 

Desse sonho cultivado, num Amor que transcende até o Tempo...


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terça-feira, 24 de março de 2015

Da necessidade...

Abro o blog, ansioso, coisas me atravessam e preciso dize-las.
Mas nada saí, não escrevo, estaco. Observo a palidez do editor de texto, me forço a pensar algum tema, desisto.

Passam alguns dias, retorno ao blog, a expectativa é enorme, as coisas parecem tão gritantes, mas não aparecem. E os dedos deslizam pelo teclado, procurando, assuntos, palavras, começos-meios-fins.
Tento me explicar, não consigo. Forço a escrita, pouca coisa de bom saí desses momentos.

É quase sempre , num lapso, num instante, que é preciso escreve-los.
Não penso, não há nada em mim mais...

Me torno essa escrita parida de mundo.

Fora de todos os tempos que conheço,

A escrita me encontra, antes que eu consiga alcança-la...


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segunda-feira, 23 de março de 2015

Nostalgias...

Retorno aos textos, muito do que digo de mim hoje, foi o que já disse antes.
Nada de novo sobre o Sol? Não sei. Por que diabos me acompanha esse Eterno Retorno? Por que diabos eu o acompanho?

Por que esse retorno aos textos e memorias, aos momentos e historias?

Na fala, a narrativa é outra, diferente da que viveu, na escrita a leitura é diferente, de quem um dia escreveu. Sou e serei um traidor de mim mesmo sempre: Nenhuma palavra me fixa, nenhuma leitura me prende, facilmente me esqueço dos meus por ques e das motivações das minhas palavras. D'outras até lembro, mas já não vejo da mesma forma - e não tenho nenhum problema com isso, acho divertido, parte do que há de mais magico no mundo,  a mudança.

Não me lembro bem quem era quando de uma certa forma escrevi algo, nem me lembro o que me atravessava no momento, sei que no reencontro, encontro outros sentidos, talvez nem tão iguais, talvez nem tão diferentes, dos de outrora.

E sei que o modo como eu escuto, as vezes minhas proprias palavras, não é nem perto do que um dia foi. Não porque se ampliou, não porque hoje eu escuto melhor que antes... é simplesmente uma questão de foco, as cores que antes capturavam meus olhos, não sãos as mesmas cores que o capturam hoje, nem são os sons que ouvia e me encantavam, os mesmos que me encantam hoje...

Não é que não há nada para dizer...

Só estou nesse silêncio a meio termo, de reconhecer o hoje pelo que um dia eu não era.


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segunda-feira, 16 de março de 2015

Aprendizado do Limite...

No caminho escolhido,

Eu aprendi a me esquecer de mim,

E um dia, meu corpo decidiu lembrar.

E meu corpo, que não confia em mim,

Me derruba, pra me recordar;

O que acostumei

Esquecer.


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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Escorrer a loucura...

Tenho feito muitas orações ultimamente.
Pedidos, feitos às escuras num quarto, ou em algum canto de minha mente.
Peço, silenciosamente, que toda minha raiva se torne tristeza,
Que toda culpa, vergonha, que toda sensação de desamparo, se torne tristeza
Porque é mais fácil lidar com a tristeza...

E que essa tristeza, que também é todas essas outras coisas, possa escorrer de mim.
Se essa tristeza precisa vir ao mundo de alguma forma,
Que seja na forma de gota, nas lagrimas de um chorar silencioso.
(Que são, nesse momento, o meu modo de gritar)

Nessa minha tentativa, um tanto perdida, muitas vezes frustrada.

De escorrer a Loucura.


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sábado, 14 de fevereiro de 2015

Longa-escrita

Como eu gostaria, algo entre o caderno e a tela de um editor de textos. Poder riscar no caderno, escrever na ponta da caneta sempre me dá uma ótima sensação, e as palavras fluem e as longas histórias que gostaria de contar se esboçam ali naquelas linhas. Mas , com frequência, pelo quantidade, e pelo cansaço, a letra se deforma, as palavras se confundem, as ideias se esmaecem, me perco no meu próprio oceano de palavras. Não sei do que disse, nem do que vou dizer, não há como localizar no texto e reler, com frequência, me faz recomeçar. A longa escrita tanto desejada, os contos, as narrativas, as histórias, são recontadas mil vezes, mas nunca terminadas, tampouco publicadas. Ah! Como eu queria algo, entre o papel branco do editor de textos e o caderno aberto sobre a mesa...


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Sobre a sede...

Com frequência, nosso esforço de nos auto-afirmar,
É também um esforço de saciar a sede
De afeto que nos aflige;


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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Às metades...

Ando meio assim mais ou menos.

Com tantas coisas pela metade,

Despedidas e despedaços,

Nada que me integre,

A não ser...

essa falta...


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