sábado, 30 de maio de 2015

Ampulheta estilhaçada...

O tempo quebrou
Suas areias vazam,
Como vazam as horas,

(Se perdem as horas?)

Esvazia-se de si, a Ampulheta,
Toda antes cheia das areias que escorrem,
Das praias do meu tempo;

E o meu mundo que antes era,
não consegue mais ser;

Hoje estou perdido do tempo, fora das horas.
Dos relógios, rotinas e horários.

Sou todo atraso e todas essas ausências.
Ironicamente voltadas, essas horas,

A ver dessa ampulheta estilhaçada
Irem e se espalharem,
A serem arrastados pelo vento (tempo),

As areias de minha alma....


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Contra-tempo...

Em correndo. Para.
No meio do caminho
A meio caminho,
A procurar por um meio
Este algo entre o passado e o futuro.
Hoje.

Que afinal, é

Que será afinal?


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terça-feira, 5 de maio de 2015

Do tempo antes do tempo...


Meus dedos passam, por fotos de um tempo em que eu não era.

Não poderia ser, seria, depois, dali há alguns anos. 

Reminiscências de um tempo antes do tempo, um tempo que já me era, antes de eu ser.

 Curioso pensar como esse tempo influenciou em toda minha experiência depois, através de meus pais, de meus avós, de meu tio avô Hélio.


Através de tantas coisas que sequer tenho consciência...

Essas fotos transpiram estorias que desconheço, e a cada dia mais difíceis de recuperar.

Pelo que já se perdeu, na memoria ou nos registros; 
Por aqueles que se foram e não podem mais dizer.
Ou no silêncio dos que permanecem...

Quando fito esses olhos me pergunto: "Como estavam nesse momento em que esse foto foi tirada?"

"Que expectativas tinham?"

 "O que imaginavam do futuro?"

As perguntas ficam, guardo junto com as fotos, separadas uma da outra com uma folha de papel sulfite, e as guardo num envelope. Coleciono tempos e essas pequenas imaginações...

Curiosas são essas coisas que nos contam,
Antes mesmo da gente se contar...








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sábado, 2 de maio de 2015

Dos relógios das palavras...

Todos meus escritos são traição em devir...
Farsas em potencia,

Num momento dizem algo,
N'outro dirão outro.

Fieis somente ao tempo em que surgiram.
Congeladas em paredes virtuais,
Não podem mudar,

Se me dizem num instante,
N'outro não.

Esperam, pelos outros escritos,
Que lhes revelarão suas imposturas,
E incompletudes.

Que lhes trarão um fim.
Ainda que possam ser relembrados.
Poderão morrer,

Em paz.


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