terça-feira, 11 de julho de 2017

Anestesia...

Os sentidos mudos me calam. O corpo constrangido.
Tudo que grita amordaça, tudo que move congela,
Nada de novo nasce por aqui;

Dos sonhos quem e chamam e eu... esqueço.
Anestesio sentidos a todo momento, não vejo, nem ouço, muito menos toco,
Estou movido por um ressentimento prático, amedrontado até hoje pela impressão de um fracasso antigo,
Uma maldição mal-dita que se concretizou.

Ao tentar me livrar dessa corrente, me aprisionei.
Ao tentar não sentir, me afoguei em medo.

Mas o corpo resiste em fugas - perdido nos desejos insaciados,
Perdido em sede que não termina,
Como fogo que deseja queimar e não pode - não há ar.

Tento não pensar, resisto à rebeldia onírica que me acompanha,
Escondo o medo atrás de relógios e datas, vivo a prazo.
E o corpo que me grita o sono fora a noite e me atira às desnormalidades,

Essas poucas que sobrevivem, tão medíocres, companheiras de madrugada, filhas da sede e do fogo,
Meus desmoronamentos, são também minhas esperanças.

Escrever doí...

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