quinta-feira, 22 de maio de 2014

Sem sentidos...

Trezentos e alguns e-mails não lidos. O celular cheio de contatos de pessoas que não conheço a cor favorita, o mesmo se repete... Listas de e-mails velhas, redes sociais. Propagandas preenchem todos os espaços vagos, a todo momento vejo uma oferta de fone de ouvido, para que possa escutar minhas musicas favoritas em "qualquer ocasião" do meu dia, quarenta e duas novas notificações, duas mensagens, ambos de pessoas que estão no mesmo lugar que eu, mas não conseguimos nos encontrar.

Hoje vai ter Assembléia no instituto, essa Soberana, Voz de todos os estudantes - e de nenhum deles!
Decidirá sobre que rumos prático-políticos tomaremos, dentro daquele espaço de tempo onde criamos nossa atmosfera tanto esquizofrênica, tanto pessimista, disso que acreditamos ser realidade;
Não faltam autores, nem convicções , nem referências, não faltam palavras, nem falas, nem falatórios.
Oradores se esbanjam, num ritual de perseverar na vaidade militante...
Não há nada de novo nisso que se diz "revolucionário"...

Num desespero de fuga, procuro fugir pra longe, pro mais profundo buraco dentro de mim mesmo, na esperança de me afastar desse mundo. É que a perspectiva da Assembléia se assemelha a consultar a caixa de e-mails, o mesmo sem numero de excessos, sem a opção de poder marcar o que não se quer ler e jogar fora;

Tantas coisas ditas que muito pouco resta de vontade de dizer.


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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Fazer que se pode...

Escolher depende de que nossas alternativas sejam escolhas possíveis.

Cada possibilidade de escolha precisa que possamos acolhe-la, abraça-la, aperta-la, gostar dela, andar de mãos dadas na rua e tudo mais. Se não podemos fazer isso, é importante nos perguntar se aquela escolha nos é possível.

Não há nada de errado nisso. É apenas uma questão do que podemos naquele tempo e naquela condição em que estamos. Quando se trata de escolhas sobre o material, as limitações materiais se impõem previamente às nossas escolhas: Se eu estiver preso atrás de barras, é pouco provável que eu fique muito tempo me perguntando se não deveria escolher não estar atrás delas, mas se não é possível atravessa-las, então eu sequer as penso enquanto uma alternativa.

Mas existem prisões e outras coisas mais, que não são físicas. São modos de pensar e nos sentir no mundo, e nossa relação com as coisas que nos acontecem e as escolhas que precisamos fazer, mesmo que aparentemente não haja escolha.  Tudo é uma questão de poder assumir as possibilidades que existem, ou não.

Algumas possibilidades, que antes assumíamos muito bem, começam a se figurar como coisas que não conseguimos mais assumir. Por muitas vezes, nos apegamos a esse estado anterior, onde aquela escolha nos satisfez, nos trouxe felicidade e orgulho, ainda que temporários, e não conseguimos entender que, de um momento para o outro, assumir aquela escolha, deixou de ser... mudou...

Não importam tanto as causas (os por quês?) de uma escolha que antes assumíamos com orgulho, se tornar algo que não podemos mais assumir. Mas fundamentalmente, a percepção de que essas coisas acontecem...

É parte daquele momento, daquele tempo de nós e das nossas possibilidades. Não é o fim do mundo, só um outro tempo, em que temos, talvez, outras perguntas e possivelmente outras escolhas para assumir...

Enquanto nos focamos apenas naquilo que não conseguimos assumir. Como poderíamos ver outras coisas?




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Ansiedade...

Esse aperto que não desaperta no peito,
Não dá pra ser desfeito, na força bruta ou no machado. 

Quanto mais forçamos, mas apertado fica, menos espaço temos.

É uma daquelas coisas que se desfaz por não fazermos...

Se tentamos resolver Ansiedade, partimos da ideia que precisa ser resolvida, aí, já nos sentimos errados desde o início, afinal, já estamos ansiosos. Quanto mais nos esforçamos, maior percebemos nossa própria ansiedade, maior nossa sensação de fracasso ao enfrenta-la, então maior nossa ansiedade. 

Ficar ansioso por estarmos ansiosos, em geral, nos deixa mais ansiosos

É como água de um rio que foi represada em nós por muto tempo, precisa correr...
Crises de ansiedade são barragens que se rompem e transbordamentos de nós dentro de nós mesmos, o importante é aprender a não-fazer e apenas observar enquanto aquela água vai embora.

Podemos perguntar sua origem, mas sem a ilusão que conhecer-lhe a origem o resolverá, porque a expectativa de que se resolva, buscar a origem da ansiedade, fará com que nos afoguemos ainda mais em sua poderosa torrente.

Importante é saber não reagir a ansiedade. Senti-la, entende-la como parte daquele momento nosso e deixa-la passar.

E passa... 

Pode até voltar,

Mas passa.


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quarta-feira, 7 de maio de 2014

O frio deixa as janelas opacas...

 enrijece as pernas, fecha os casacos. Distraído, desenho no vidro gelado com os dedos, meus olhos abertos não enxergam nada, mesmo com a luz. Me levanto devagar, pra sentir o ar fora do onibus, pra esticar as pernas duras, sentir o vento... ou só andar...

A escuridão da estrada contrasta com aquele lugar luminoso no meio do nada. Apesar de parecer enorme, diante de tanta escuridão, não deve parecer mais que um pequeno ponto de luz. Os carros passam ocasionalmente, trazendo algum brilho de onde vem e para onde irão, mas normalmente, todas as estradas são escuras...

Se olhar pra trás não conseguiria ver da onde vim, e olho pra frente. Com certeza de que não sei nada de pra onde vou. Mesmo que o caminho seja conhecido, e aquela rodoviaria já me seja familiar, mesmo que certos trechos da estrada eu já conheça mesmo no escuro...

Eu não sei...



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