domingo, 16 de junho de 2013

uma carta para o inverno.

Venha frio e cheio de sabores.

Quebra o vento em estilhaços de sereno.
Sopra sempre, novos cheiros de momento.
E canta distante, sem som, sem voz...

Junta as mãos, a se esfregar e a soprar pra se aquecer...

Aproxima os abraços, estreita laços, para fugir dos deus dedos finos...
Dos seus filhos gelados, que passam correndo por nós a todo momento...


Me desperta com a claridade alva da neblina,
A minha preguiça de sair da cama,

Junte todos os travesseiros e cobertas,
e alguns amigos também...

Venha só pra que eu possa ter um pretexto qualquer,
para mais abraços inesperados ou um chocolate quente,
Ficar escondido embaixo das cobertas, dizer umas palavras a mais.


E vá... não deixe de trazer seu manto de brumas,
recorte uns pedaços e deixe para a próxima que te seguir.
E abre espaço para o que possa florir.

E retorne...
ao ciclo,
ao lar.


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De passagem...

"Não lembrar é diferente de esquecer"

Quase não lembra, não necessariamente esqueceu, mas pode guardar, com cuidado, em algum lugar.
Quem não esquece, não dorme, não descansa... Não pode "se lembrar" porque não aprendeu a esquecer.

E há certas lutas que só se "vence" , perdendo. Deixando estar, largando tudo, seguindo adiante, abandonando as bagagens ao lado da estrada de ferro, seguindo a pé, em uma sem-direção qualquer.
Virando a mesa, chutando o balde, perdendo a conta, as estribeiras, a compostura...


Sem explicações ou respostas,
Sem perguntas...


Silêncio dos tempos que já não são.
Pra ficar sem palavras, com o que há adiante...

Não ser. Só estar...


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terça-feira, 11 de junho de 2013

Ilusão do desapego...

"Ah, é melhor não se apegar, a gente só se machuca."

Bobagem...

No fim das contas, a gente precisa dos outros.
Ninguém nasce sozinho, e para as mais básicas coisas
precisamos de alguém. Sozinhos, morremos...
(de fato, de falta ou de afeto)

O outro ar, o outro calor,  o outro pessoa, o outro alimento, o outro água...
Nos são indispensáveis cada um a seu modo.
E de cada um deles temos a chance
de nos permitir construir belos quadros da vida...

Precisamos tanto, mas tanto...
que ate precisamos,
que precisem da gente.


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