quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Tinta, livro e abraço

Hoje sonhei, com um livro dos abraços...
Manchado de tinta em várias partes, em algumas rabiscado.
Cores diversas, rabiscos diversos.

Um livro velho, com a capa meio dobrada e amassada.


Um livro velho, que um dia gostaria de dar a alguém.


Como um abraço em cores.


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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

fé...

Nenhuma espiritualidade. Onde está minha fé? Tudo reduzido a um sorriso descrente no rosto. Nada parece me alcançar – nada metafísico. Só aquilo que encosta me toca, os abraços sinceros – de saudade, reencontro ou amares (por que não os três?) - os apertos de mão daquele companheiro de time, os olhares despretensiosos de quem finge não olhar, os sorrisos das crianças, as flores roxas naquela árvore que vi outro dia.

Nada de entidade maior com os olhos na minha nuca, me observando até no banho, ou na hora de dormir, espionando até meus sonhos, me vigiando até os pensamentos. Nem energia maior, nada maior, coisa nenhuma. Só pessoas aqui e ali.


Posso orar pra elas? Pedir por socorro? Posso ter fé sso?


Pode ser essa a minha religião?


É que as vezes me sinto vazio.... um cético, chato e ainda por cima adpeto fiel dos terríveis hábitos dos históriadores...


E frequentemente me sinto sozinho no meio dessa angustia toda...


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desesperos...

Sob o terrível desespero, a quem você recorreria? Se só o medo te tomasse, um medo imensurável, uma angustia infinita da ameaça, quase como um estado em si da presa diante de seu caçador – onipresente.

A quem você rogaria por ajuda no ultimo dos seus recursos? Para quem você corre?

Por muitos anos recorri a Deus. Mas dele não sei o que fiz, provavelmente não mais do que a curiosidade que tenho por uma castanha do pará (abriria para ver como é por dentro). Acho que o perdi em algum lugar, religioso porém, com fé no que? No que você tem fé? Eu já não sei. Me sinto sozinho.

Vejo o técnico do time de handball nos estimular falando sobre o filme Invictus e a vontade de ganhar. “Já perdi muitos jogos, mas pra ninguém que eu perdi nunca tive menos vontade de ganhar”. Frase poderosa, amortecida na minha cinzentude, na minha percepção da sua tentativa de nos estimular, e por tentar, fracassar. O filme citado desmontando em uma série de analises pseudo-cientifico-históricas em minha cabeça, a frase sobre o desejo de vitória, reduzido a questão: “É tão importante assim?”

Infelizmente, é longe do que sinto. Ganhar para que? Gosto do gosto da adrenalina na minha boca, e sentir meu corpo doer depois do esforço. Gosto de abraços suados, e sorrisos mesmo diante da dor, dessa sensação, de estar junto ali, compartilhando aquele momento, isso me estimula, este é o meu moral. Nos ver juntos.

Sozinho, no entanto, minha solidão é da mais completa. Não consigo chamar a ninguém, quando tomado pelo medo, só quero fugir, e não há força no universo, Onipresente, Onisciente, nenhum “pai de infinita bondade” para me amparar.

Só existe a mim, só.

No meu inverno interior.

Cercado pelos meus próprios medos.



Pra onde eu corro?



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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Medo-mor.

Trocaram meus ossos por facas de gelo.
E todo calor no corpo é calor demais, todo frio é congelante.
A boca seca e a barriga parece se mecher sozinha.
A cabeça leve e as pernas que se agitam quase que sozinhas.

Quero correr, fugir.

Fujo de você,
Fujo do encontro.

Fujo de mim.


Me perco, por mais que queira encontrar.

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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sobre-abraços

A pequena morte
"Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua
viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca
gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há
nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte,
chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos,
e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena
morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce."

A noite /4
"Solto-me do abraço, saio às ruas.
No céu, já clareando, desenha-se, finita, a lua. A lua tem duas noites de
idade. Eu, uma."


Eduardo Galeano


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