sábado, 28 de março de 2015

Das vigílias...

Tem noites que se estendem assim, num silêncio de se afogar - e eu me perco. Entre musicas velhas e textos antigos, procurando interlocutores para uma conversa vazia de meio de madrugada. Procuro repetidas vezes por alguém pra dizer, daí das coisas que nãos são tão vazias assim, e nada. Repito, quatro, cinco, seis vezes a mesma música. Não sei o que fazer, em meu peito tem uma ancora que me prende, o que posso fazer, se não escrever? Esperar?

Eu já espero e nem percebo,  ou percebo e finjo que não sei. Bobagem, era só dormir, deixar o outro dia chegar, mas me acompanha a sensação clássica da insonia: A sensação de que o dia está incompleto. E deitar a cabeça no travesseiro dum dia incompleto é de uma inquietude terrível. Então eu me gasto, desgasto até que por exaustão caio...

Não há bons raciocínios, provavelmente se empobrecem também minhas palavras; Uma coisa sem graça, uma palavra perdida, uma noite em claro. Um troço que incomoda, âncora feita de medos e anseios;


Mas aguardo.

                                                                                      [Num esforço repentino - escrevo - admito: esse pedido de ajuda que eu guardei numa garrafa e lancei ao mar.]




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sexta-feira, 27 de março de 2015

Sonhos de Helena...

E eu via, você a trançar as madeixas negras dos cabelos de Helena;
Ambas de pés descalços no quintal, um som de água corrente muito perto;
Você cantarolava aos pés do ouvido de Helena, me provocando, porque sabia que adoraria te ouvir cantando e ela, audivelmente, te acompanhava. 

Eu observava, recostado numa coluna de madeira, com um meio sorriso, a me sentir a pessoa mais feliz, só por estar ali; 

Naquele pedacinho de sonho compartilhado, 

Desse sonho cultivado, num Amor que transcende até o Tempo...


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terça-feira, 24 de março de 2015

Da necessidade...

Abro o blog, ansioso, coisas me atravessam e preciso dize-las.
Mas nada saí, não escrevo, estaco. Observo a palidez do editor de texto, me forço a pensar algum tema, desisto.

Passam alguns dias, retorno ao blog, a expectativa é enorme, as coisas parecem tão gritantes, mas não aparecem. E os dedos deslizam pelo teclado, procurando, assuntos, palavras, começos-meios-fins.
Tento me explicar, não consigo. Forço a escrita, pouca coisa de bom saí desses momentos.

É quase sempre , num lapso, num instante, que é preciso escreve-los.
Não penso, não há nada em mim mais...

Me torno essa escrita parida de mundo.

Fora de todos os tempos que conheço,

A escrita me encontra, antes que eu consiga alcança-la...


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segunda-feira, 23 de março de 2015

Nostalgias...

Retorno aos textos, muito do que digo de mim hoje, foi o que já disse antes.
Nada de novo sobre o Sol? Não sei. Por que diabos me acompanha esse Eterno Retorno? Por que diabos eu o acompanho?

Por que esse retorno aos textos e memorias, aos momentos e historias?

Na fala, a narrativa é outra, diferente da que viveu, na escrita a leitura é diferente, de quem um dia escreveu. Sou e serei um traidor de mim mesmo sempre: Nenhuma palavra me fixa, nenhuma leitura me prende, facilmente me esqueço dos meus por ques e das motivações das minhas palavras. D'outras até lembro, mas já não vejo da mesma forma - e não tenho nenhum problema com isso, acho divertido, parte do que há de mais magico no mundo,  a mudança.

Não me lembro bem quem era quando de uma certa forma escrevi algo, nem me lembro o que me atravessava no momento, sei que no reencontro, encontro outros sentidos, talvez nem tão iguais, talvez nem tão diferentes, dos de outrora.

E sei que o modo como eu escuto, as vezes minhas proprias palavras, não é nem perto do que um dia foi. Não porque se ampliou, não porque hoje eu escuto melhor que antes... é simplesmente uma questão de foco, as cores que antes capturavam meus olhos, não sãos as mesmas cores que o capturam hoje, nem são os sons que ouvia e me encantavam, os mesmos que me encantam hoje...

Não é que não há nada para dizer...

Só estou nesse silêncio a meio termo, de reconhecer o hoje pelo que um dia eu não era.


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segunda-feira, 16 de março de 2015

Aprendizado do Limite...

No caminho escolhido,

Eu aprendi a me esquecer de mim,

E um dia, meu corpo decidiu lembrar.

E meu corpo, que não confia em mim,

Me derruba, pra me recordar;

O que acostumei

Esquecer.


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