quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Co-medimentos...

Quero um encantamento assim - encantado, mas também preguiçoso.
Dedicado, mas esquecido e as vezes relapso também,
Não quero uma paixão exponencial, sempre crescente, desmedida.

A quero morna, assim, até um pouco sem graça,
Ou melhor, que não precise ter graça o tempo todo,
Só em alguns momentos.

Quero uma meia verdade,
Uma dedicação comedida,
Uma entrega reservada,

A quero tanto,
Como uma tarde preguiçosa de domingo.


[E deitar no chão pra olhar o céu]


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domingo, 16 de dezembro de 2012

De[s]afeto

Afeto é fato,

De efeito, naquilo que mais falta...

Desfeito em silencio de mim...

Desafeito,

De nada, nenhuma, do desafeto em  pó

Defeito do tempo


[E mais nada...]

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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Não-palavras...

E no que eu não digo, tanto digo.
Que não me cabe em palavra, nem em alma...

Que as vezes desconheço, ou finjo desconhecer.

Que o corpo diz, o tempo todo,
Que todas as não-palavras contam,

Não há segredos nos meus olhos,
Nem minhas mãos,
Ou nos abraços...



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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Coisas demais...

Desde pequeno mãe sempre brigou muito por causa da desorganização de minhas coisas. Até hoje, na republica onde moro, por uma certa ordem às coisas é complicado. Não gosto de guardar as coisas que quero ter à mão rápido, cadernos, lápis canetas e essa mesma justificativa vai se aplicar a copos, livros, textos da faculdade. O resultado é uma mesa onde ninguém mais lembra qual é sua cor, nem tem dimensão de quantas manchas de café e coca-cola já grudaram as folhas todas por baixo.
Mas há outra sujeira, a sujeira que faz tudo continuar parecendo sujo mesmo quando colocamos "os textos no lugar". É o excesso, os lugares onde estamos, quartos, salas , casas, estão abarrotados e de coisas, eletrônicos, brinquedos, papeis, papeis e papeis, contas, livros textos, etc. Vamos comprando coisas, e cada vez menos espaço existem para colocar essas coisas... Cada vez mais a impressão de estarmos num ambiente cada vez mais sujo.
Ficamos sem espaço que é ocupado pelas coisas e mais coisas que acumulamos. E não adianta passar um pano, empilhar as coisas de um lugar para o outro é só mudar a bagunça de lugar, não importa o quanto você varrer, essa sujeira não é pó.
O problema está na quantidade de coisas que se tem, o no mal hábito de sempre adquirir mais e mais. Daí, a sensação mais forte que me vem depois de dar uma geral na casa (e olha que ainda faltaria muita coisa) é que não ficaríamos tão orgulhosos do que temos se cada um de nós, por conta própria tivesse de zelar e cuidar por tudo o que tem. Eis a mais simples solução para a desigualdade social, que cada um só possa ter aquilo pelo qual possa cuidar e zelar. É uma brincadeira, mas me divirto ao pensar de que não daríamos conta, de que o nosso modo de vida excessivo, ficaria expresso diante de nós, e quando nosso cansaço fosse o limite, deveríamos parar e jogar fora, ou passar adiante, tudo aquilo que não conseguimos manter.


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domingo, 25 de novembro de 2012

Os tempos...

Tentam me dizer daquilo que deveria fazer meu coração, daquilo que deveria querer...
Sou uma traição ambulante nesse sentido, raramente correspondo ao que esperam e mesmo correspondendo, cumpro num certo desleixo, intencional.

Certas noites, como esta, me dão confiança de que meu coração não bate no lugar errado, nem do jeito errado. Que meus tempos tem lá seu valor, que eu sei o que é importante pra mim, e quem... e quanto.

Tanto faz se eu preciso acordar cedo, tanto faz os compromissos, deveres, responsabilidades. Tem horas que essas horas faltam e se tornam horas de prosa, as vezes amargurada, mas que de tempo em tempo transformam, nem que só por um tempinho, dor em riso...

Minha Alquimia favorita - Atemporal.

Nesse lugar sem tempo de relógio, nesse espaço compartilhado, sem ser preciso dizer uma palavra - de olhar nos olhos - a gente se entende. E diz, porque quer dizer e não porque precisa, e muda o tempo, acaba chuva e as horas se passam...

E a gente se espanta.
E se reconhece...

E ainda quero vê-la tocar piano.

[Boa noite]

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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Trincado...

(Um Poema Bêbado)

O Sorriso trincado no rosto...

As palavras ácidas na boca e o gosto doce na língua, 
O olhar distante e nublado,
E as preocupações na borda da berada
                [caindo e se espatifando.]

As mãos voltadas pra fora, em gestos rápidos, perdidos, e ansiosos...
                                    [O Corpo quebrado pra fora]

Os pés pra dentro, em passos que tropeçam, desequilíbrios caminhantes...
                                    [A Alma quebrada pra dentro]


Uns dizem, loucura... 
Outros, chamam de solidão...
[Eu, chamo de conhaque...]

Não sabem que nelas,
Eu me reconheço...
         [E bebo...]


O Sorriso trincado no rosto,
A alma rachada na pedra
Um espelho estilhaçado de mim mesmo...

                      [E um frio na barriga...]

Não me deixam mentir... 




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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Torrente...

Inquieto rio de ideias flui através de mim

Arrasta-me a calma e a paz de espirito

Afoga meu sono


em palavras incessantes,

inexoráveis

insolúveis


em água.


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Janelas...

Meus olhares se perdem, em pessoas que não sei o nome e a imaginar como serão suas vidas. Em que estarão pensando? O que estarão sentindo? Quem os espera, quem esperam? O que esperam?
Reparo nos fones nos ouvidos, nos olhares perdidos, nos óculos embaçados de aros longos, nos cabelos longos e encaracolados, ou naqueles fios brancos, já tão poucos na cabeça...

Reparo nas pessoas que entram, a falar em seus celulares ou a digitar freneticamente, enquanto passam seus cartões em frente a um trocador que a maioria não vê. E uma maioria que as vezes o trocador também não vê - saindo da camisa, dois fiozinhos, um em cada orelha o mandam para outro lugar, raros os passageiros que usam dinheiro, dão lhe tempo para ir pra outros lugares enquanto o ônibus chacoalha pela cidade afora.

As luzes da cidade me cegam, no fim do dia quase nada enxergo, só borrões e faces com feições que não consigo perceber em detalhe e como gosto de olhar devo parecer que estou a encarar as pessoas, mas não é por mal. É que o piercing no nariz, ou o brinco, aquela tatuagem no pescoço, aquela camisa azul clara, todas aquelas sacolas de compra, ou aqueles olhos tristes, vão me chamando...

Alguns dão bom dia, outros não. Alguns são bons de conversa e me rendem o dia, outros nem tão propensos. O silencio e a falta de conversa em um lugar tão cheio de gente não é confortável para mim, mas eu entendo, porque as vezes só quero mesmo ficar calado e descansar, até chegar logo em casa.. Quantos será que não podem pensar assim?

Não se trata então da distancia dos humanos que já não se falam mais. Mas observações e encontros aleatórios de ônibus... o que olho através de suas janelas, e das minhas.

Sentado ali, quase escondido, em meus próprios pensamentos eu fico observando...
A devanear sobre suas vidas. Seus encontros e sua solidão.

Sentado sobre a minha, desencontrado de mim mesmo.



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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Gosto de chuva...

Gosto da chuva, porque ela esvazia as ruas...
Que quando tão pomposos e arrumados, tão certos do nosso dia
Nos faz Bobos e engraçados...

Gosto da chuva quando a rua se esvazia,
e uma vez ou outra você vê uma alma correndo a procurar abrigo...
ou alguém a caminhar devagar,
Divagando...


Gosto da chuva  quando tenho sede.
E molhando as lentes do meu óculos,
A gelar meus ossos...
E encharcar minha alma...

Gosto da chuva porque é capaz de nos parar sem fazer força,
porque ainda que simples faz calar todos os barulhos à volta.

Barulho de chuva ocupa todos os espaços,
Embala minha alma, me faz dormir melhor,
é uma canção do Mundo...

Um abraço da Terra feito em água.



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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Pesadelos... 1/


Loucura...


Estou louco, acordo várias vezes no meu quarto... qual deles?
Todos... e nenhum.
Todo o mundo se pinta e tons de cinza e não me lembro bem como cheguei até aqui,
sinto como se tivesse corrido, como se tivesse um peso sobre meu peito.

Meus amigos não me compreendem, querem me internar. Quem são mesmo?
[Quem sou mesmo?]

Sinto que algo que me devora por dentro...
E dissolverá tudo que eu vejo e fui,
lembro e amo,
em pó...


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domingo, 14 de outubro de 2012

riso...


E no riso leve, na companhia simples,
meus olhos aquecem alegrias,
 brilham como olhos de menino...

Encontro gargalhada causos despedida.

E uma tristeza fina que acorda no meu peito...
Nem sei d'onde, nem porque.


"Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly..."


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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Palavra...

Expressão 
 
Do tempo que habita em mim.
                                                   [Grito Silêncios afogados]
De todos e tudo o que há,
                                      [Fujo analiticamente das minhas objetividades]
que não sei,
                                                   [ Prolixamente navegando]
que existe,
                                       [Pessoa estava certo...]
nem quando.
                                                       [Navegar é preciso...]
Nem onde.

                                                                     [Viver não...]





Vontade;



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As palavras...

Faz tempo, muito tempo que meus textos começaram a derreter. Evito palavras muito firmes porque não queria que as pessoas vissem solidez aonde não existe, certezas aonde há mais dúvidas que todo o resto. Eu gosto das indagações e dos derretimentos. É verdade, se tornou quase impossível tratar de qualquer assunto específico e pontual no blog.  Bom, esta é a primeira tentativa em muito tempo, pra falar justamente sobre essas palavras.

Não gosto de palavras que me prendem, tenho uma preocupação muito grande em deixar o não dito mais presente no meu texto do que é necessário dizer. Inclusive porque - no final das contas - as pessoas entendem como for, é o entendimento delas, não meu. De qualquer modo, me preocupa um pouco aquilo que digo...

Esse blog, em seus primeiros passos , é um mar de reflexões solidas, teorias apaixonadas sobre o mundo, as pessoas e as coisas... É uma expressão de um determinado tempo de mim. De um certo Thiago com o qual este de agora, mais ou menos, dialoga, especialmente no que tange à escrita.

As teorias começaram a me incomodar e as duvidas que me invadiam e a unica regra que fiz para este blog tudo entrou em confusão: Minhas idéias não eram mais as mesmas, nem a convicção, nem a firmeza e as paixões, outras. As bravatas, a prosa e os projetos foram sumindo, derretendo...

Dando lugar às minhas inconsistências, às minhas dúvidas. O blog antes tinha como objetivo "comunicar para muitos", hoje não. E o mais irônico de tudo isso é que nos silêncios que me permito, as pessoas podem ser livres para se identificar ou não, ou melhor, identificarem-se à forma delas...
E isso, de uma certa maneira, diz mais.

As palavras são encantadas pelas pessoas à sua maneira...
Não existe uma interpretação objetiva, um motivo maior...

E tudo que preciso fazer é jogar tintas numa tela branca.

Quero das minhas palavras o que elas são:

Expressão...



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sábado, 29 de setembro de 2012

Marés...

As ondas em mim se quebram...

Contra paredes de estilhaços e arrastam...
Arr...
     ....anhando 
tudo 
[por dentro], 

rasgam-me a garg[alhada],
                     a garg[anta] 


e saltam-me   
             aos olhos...


Cacos de vidro, 
       ca
           cos de grit
                            os,
estilh
       aços 

de-mim...

E se que
             bram contra meus 

Ossos.

Nessas
            marés vio...
                           lentas
e no meu peito abe...
                           ...rto e sem dúvida.

Nos 
meus ol... 
              ...hos  
         em
              cascata,
        [em fuga]...


Sangue que verte pela boca...


Marés abalam todos-meus oceanos...


G           Mais alto
R                  Que Nada sacia...
I                            Atormenta...
T                                   E me livra
O                                      De mim...


Só.


A par...
      ...tir

[ De Hoje, chove..]


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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Mar...

Só conseguia ouvir das conchas...
                                           
                                                        [as ondas]


Ecos das minhas próprias palavras.



Todo resto era...

                        [mudo]

                                        [ensurdecido]


Arrastado pela maré do que esqueci.


[...]


       
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sábado, 22 de setembro de 2012

Oceanos...

Mergulhado...



                                                            profundamente




      em mim...




                                                     

                                                      Acordo...



                                                                                                                         [às margens de alguém...]




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terça-feira, 11 de setembro de 2012

poema-fiado..

Meu coração desfiado;


Desafiado, me cortou.


Era afiado.

O meu amor,

como era...

Era...

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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

força...

"nada é mais sutil que a água, no entanto nenhuma violência ou agressividade no mundo pode dobra-la"

Conhecer e incorporar as fraquezas, fortalece.
Saber quando parar, ou o limite, saber onde não dá conta, seus pontos fracos e seus medos.
Deixa-los fazer parte e lidar com eles de maneira limpa, direta...
A força é forte realmente quando reconhece sua fraqueza, do contrário é apenas rigidez.

Importante então, respeitar a fraqueza. Não rejeita-la, nem cultiva-la. É mais um rio que nos atravessa e assim, faz parte de nós, ela integra nossa força, não a diminui.

A Árvore rigida, que se pensa forte,se quebra sob a tempestade.
A Árvore que sabe se curvar, permanece, perde suas folhas sob a tempestade,

mas floresce na mudança...


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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

fraqueza...

O olhar insuficiente, a presença insuficiente...
O que está fora de alcance, as tantas falhas e brechas em mim.
Escondo à sombra todas as minhas trincas.
E gravo na pele a culpa que não deixo ficar na memória.
E guardo o que não cabe aqui fora...

Alguém me disse, não tem tanto tempo...

"Muito forte também é ruim, Thiago".

E eu não entendia...

não entendia...

forte demais quebra...
um dia quebra...

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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A Ironia da mudança...

Podemos plantar as flores, mas não faze-las crescer.
Não sabe a Árvore como serão os frutos que nutre, nem a mãe, sobre seus filhos.
Conhecemos as plantas, já formadas e as pessoas em meio às suas trajetórias e embora façamos diferença sim, não determinamos...
Criar a mudança, controla-la é como tentar mudar o fluxo de um rio com as mãos.

Ninguem muda ativamente a vida de outra pessoa. E a forma como mudamos raramente será a forma como esperaríamos que aquela mudança ocorresse.
Não raro a vontade de mudar e a força que fazemos sobre o que queremos mudar, cria resistência.
É como uma flor que morre afogada no excesso de cuidado de seu dono.
E assim como a flor, essa vontade de mudar nos faz ser como "donos" pra cima de todas as outras coisas e pessoas.

A mudança não precisa de nós. E para nosso ego-humano isso é uma ofensa insuportável.
Como somos triviais no meio de tantas coisas.
Não, mentira... Nós simplesmente, fazemos parte...
Mas não aceitamos só "fazer parte", ansiamos por mais...

Nos cultivamos para lidar com as coisas assim. Mas sempre escorregamos e caímos e as coisas tendem a sair do controle...

A mudança está além de nós.
No máximo somos criados por ela.

A mudança ocorre.

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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Outra...


E na peça que falta, a procura, e nela, a diferença.
                                                                       [na pele...]

Coisas que nos dizem mais do que por inteiro...

Que dizem mais do que nós mesmos sabemos.

Inscritas e escritas em nós, por nossas histórias.

'Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.'

Suas marcas,
e as minhas.

[E o quanto me marca...]

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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Pele...

A pele marcada me lembra,
O que eu sei que não esqueci.

As mãos inquietas inscrevem e me lembram.
Minha pele é um pergaminho.

O que não se deixa passar pelo coração, o corpo alimenta, 
negação é o nutriente da permanência.

Esquecer é mais parecido com rio do que com tumulo...


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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Paz..

Como conseguir a tranquilidade da água diante de tanto barulho?
Cercados por máquinas e compromissos, pelo tempo contado, eletrônicos e mais eletrônicos e a pressa.
Certa vez me disseram que para conseguir concentração precisamos de locais calmos...

 Mas será que aquele que consegue desviar-se de tudo, cercado pelo silêncio que o embala na direção de seu próprio foco, está mais concentrado que aquele que o aprendeu a faze-lo em meio ao tumulto?

Não, imagino que ambos conseguiram se concentrar. Um aprendeu a faze-lo em meio ao silêncio, o outro em meio ao tumulto, não é uma questão de oposição, entre o silêncio e o barulho, mas o caminho que percorreram, os porques que os levaram a esses caminhos.

Quem sabe concentrar-se no silêncio, não necessariamente o sabe faze-lo em meio ao tumulto. Mas contrário é também bastante possível, quem sabe concentrar-se em meio ao tumulto, poderá encontrar no silêncio uma perturbação surpreendente.

a paz para mim é parecida ao vazio, está associado a perda, ao largar-se.
Silencio, mas por dentro.

Ninguém poderia buscar pela paz, porque não está naquilo que se conquista, mas no que se perde. 

Só poderia encontra-la quem parou de procurar.

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domingo, 15 de julho de 2012

Cheiro de outono...

Ontem você apareceu, denovo. Nos meus sonhos, muda e esquiva. Mais receptiva do que o habitual, ao menos, não parecia estar zangada com minha presença. Talvez, tenha sido aquele dia em que almoçamos juntos sem nos dizer nada um ao outro, ambos fingindo não se perceberem...

 Deuses... Por que você continua aparecendo? Eu continuo perguntando... É , talvez seja isso. Ou apenas o dinossauro verde no seu casaco. Morangos, vermelho e verde, talvez seja tudo, ou só o frio e o cheiro do Outono e do Inverno. "Tanto faz"...

Continuo perguntando...

"Cadê você?"


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sábado, 14 de julho de 2012

Gelado...

E me encontra, mesmo aonde não espero, ou quando. Algo me passa, por dentro, frio, fundo.
Não é como esse sereno que caí no meio dessa neblina, nem igual a chuva, nem aos dias secos.
Está nas palavras não ditas, nos olhares parados - perdidos.
Está no tempo, no sono e no canto, na maioria deles e em todas as sombras.

Não é como essa garoa , nem o ar seco do verão. Não é como a chuva e nem como pular num rio no inverno. 

É gelado, algo que me passa, me atravessa. 

Como ponta, ou espada...

Uma faca.


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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Desobediências...

Você me diz, "Se afaste".

 Presságio de que ali eu não caberia,
 de que seria melhor a distancia.

Não me vou,
desobedeço.

Estar junto implica em pequenas provocações,
desobediências, diferenças...

 Por isso, permaneço.

 Aqui.

Vale a pena...



 .

domingo, 24 de junho de 2012

conheceres...

Conhecer pra mim é a forma como se transformam as nossas cores, 
No tempo, em nossa experiência e no mundo. 
Criatividade e esquecimento, florescer e secar. 
Para ser quem sou hoje, me esqueci de quem era quando tinha seis anos, algumas cores de minha infância ainda restam, são significativas para mim, mesmo assim, alteradas por todos os outros esbarrões que tive por aí... 
Essa criança de seis anos, guardada na memória como um espectro fragmentário daquilo que um dia fui, coloria o mundo e a si mesmo com outras tintas, que já não me lembro quais eram, nem como as usava...

Hoje já sou outra coisa, e uso colorir o mundo de outras maneiras com outras cores, que nem sei bem quais são.

E Sei menos, bem menos ,
do que sabia antes,

ser uma criança de seis anos...



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sexta-feira, 22 de junho de 2012

professor...

E eu nem me dei conta de como isso foi acontecendo. Mas de um dia pro outro comecei a ouvir, "Ah professor, então..." ou "Professor Thiago...", acho que minha ficha só caiu por agora. E as memórias me vêm que já datam de cerca de oito anos, nove talvez, quando as primeiras idéias sobre educação - e os primeiros encantos vieram.
Não, certamente não "nasci pra isso", como tudo em mim se constituiu ao longo da minha experiência no mundo. E tal como o gosto pela docência foi uma construção, aprender a dar aulas está sendo outra. Desde o projeto de educação de jovens e adultos na moradia, às aulinhas dadas, por acaso, na escola do estágio, ou agora, assumindo aulas numa escola pública do Estado de São Paulo, se quiser posso colocar a origem em outro lugar, talvez nos treinos de kung fu, ou na monitoria de inglês no terceiro ano.
As coisas em si não tem necessariamente um nexo que me leva a tal lugar, o acaso fez muito, não vejo "vontade maior", "destino" ou o que quer que chamem me tocando pra lá ou pra cá, vejo apenas "acasos e escolhas".
Enfim... tanto faz... Só quero contar um causo.

Descobri que sonhava com algo que sequer tinha dimensão do que seria, talvez algo de mágico nos sonhos esteja justamente nesse desconhecer. Engraçado essa mágica da dimensão desconhecida do sonho e o medo que eu tenho agora, que me agita por dentro, de começar - de viver isso.
Estou procurando me desarmar: muitas expectativas, muitos preconceitos. Tanto das minhas expectativas quase "salvacionistas" acerca da educação, quanto os comentários que ouço frequentemente acerca da "desgraça que é" ser professor.

Com o perdão da palavra mas... Vão a merda.

Eu já estou suficientemente nervoso pelos meus próprios anseios, medos e perspectivas, não preciso mesmo do coro melancólico da degradação do ensino público ecoando na minha cabeça. Esse barulho é tão frequente que se tornou banal.

Ficou fácil demais falar (mal principalmente) da educação, ficou fácil depositar nela a culpa pela desgraça atual das coisas e por outro lado ver na mesma uma possibilidade de "salvação" singular, como nenhuma outra - ou melhor, como se as "outras" simplesmente fossem incapazes de "salvar" e a educação aquela que "ainda é capaz". Me poupem dessa bagaceira...

Metade dos "arautos da educação" que dizem demais nunca viveram, nunca tentaram, nunca nem cogitaram. Se tornou um baita de um "senso-comum", e essa martirização-canonizante, me mata de preguiça...

Não estou indo ser professor por "uma causa maior", uma cisma de "salvador", ou de "missionário do mundo contemporâneo", ou pra dar uma de "martir da educação".

Eu gosto disso, quero conhecer alunos, professores, lidar com a realidade das escolas.

Quero descobrir afinal, com o que é que eu estava sonhando?


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quinta-feira, 14 de junho de 2012

pessoas...

Nos esbarramos por aí,
      nesses acasos que nos encontram...

Disso se faz as nossas vidas
    e disso a gente se faz.

Ninguém nunca é.

Somos, com cada um que encontramos,
    e esse errático encontrar,
   
Simplesmente, acabamos "sendo'.

cor.
contorno.
mistura.  
acaso.
encontro e movimento.


Um poema em cores...



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sábado, 9 de junho de 2012

Deixar ser...

Dor é rio que nos corta a alma inteira.
Sempre correrá por dentro de nós, as vezes, tentamos impedir.
E como quando se tenta parar o fluxo de um rio, nossa alma se inunda.
Assim é com a dor, assim é com muitas outras coisas que sentimos ou lidamos.

Muitas doutrinas religiosas, muitas doutrinas políticas, muitas pessoas
se valem cotidianamente de uma vontade profunda da superação da dor.
Fui espírita por muito tempo, e como no budismo, o ciclo de reencarnação é doloroso.
Viver e sentir dor estão profundamente associados. A dor é coisa do mundo.
Os sagrados em geral negam a dor - não há dor no Paraíso, nem dor para os espíritos perfeitos,
não há dor para os que transcendem.
Muitas coisas no mundo dizem que felicidade é algo parecido à ausencia de dor. Compramos e esquecemos a dor, ou se não compramos um analgésico e aí ela obrigada a se retirar. Para os que doem da alma, há calmantes e anti-depressivos à vontade. Os comerciais estão repletos de pessoas sorrindo, e é de bom grado responder "tudo bem" quando alguém lhe pergunta "Como está?".

Conheci muitas pessoas aqui, e lá em Ouro Preto, e por tantos outros cantos, que associam aproximar-se das pessoas com dor. Não se tocar, porque tocar pode se machucar - o apego é algo feio, que deve ficar guardado num canto escuro das coisas que não nos admitimos (o fato de nos apegarmos às pessoas).

Quantas vezes não ouvi depois de um dia de treino, com o corpo doído: "Toma um remédio pra dor menino".

Remédio pra dor?

Será que existe alguma religião, doutrina ou filosofia que não precisem lidar com a dor dessa maneira?

Não sei sabe? Mas to fazendo minha própria. Roubando palavras de Confucio e Lao Tsé, de pessoas que conversei em viagens de onibus, ou encontrie no mercado, de meus irmãos, pais e amigos e até de umas pessoas que eu inventei.

Despreendimento é diferente de supressão...
Quero colocar os pés em cada rio, atravessa-los, a nado, andando, ou pulando entre as pedras.
Sentir cada pedacinho de dentro de mim e só.

Não endurecer para não sentir, mas esvaziar pra me sentir inteiro.

Assim também com a ansiedade, a tristeza, a felicidade ou o amor...


As vezes, pra passar, é importante deixar ser...
As vezes pra viver é importante deixar ser...

Em que medida viver não é passar?
 
Até que não ser mais, até nada mais seja,

No mar das águas passadas...



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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Roxas flores...

Elas estavam ali, o ano todo, estranhamente.
Se não estavam, não sei, lembro do inverno e do verão passado,
Quando estavam. E as vejo agora, diante dos meus olhos,
flores roxas por toda parte, tão roxas, tão bonitas.

Aquela arvore florida o ano inteiro...
Talvez não, que importa?
Flores o ano inteiro, roxas todas, sim...

Em mim.
                         [o ano inteiro]

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Fluído...

E as palavras me vêm, semi-derretidas, fluem lentamente,
Um fio de magma que escorre lentamente. Das profundezas de mim mesmo.
Ilumina em fogo tudo em seu caminho, para queimar tudo o que foi...
Das arvores secas em formas distorcidas pelo pequeno filete de luz, e um tapete amarelo e marrom de folhas secas e endurecidas, meus velhos momentos, monumentos.

E em cada palavra desdita, em cada gesto impensado, em cada pedaço, meus inteiros.
As vezes trincados, noutros nem tanto..

Tudo se desfaz, tudo se silencia, e escurece.
E agora se refaz, ao som do calor, luz e fogo - palavras em metal derretido

Sou essa escuridão, e essa luz.

Minhas mortes são invernos,
seguidos sempre da primavera...


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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Tristezas de sabe se lá o que...

Acordes tristes acordam a tristeza represada no peito.
Como um lago atingido por uma pedra pesada - pesada, mas suave.
As imagens à margem de mim se desfazem e refazem nas minhas águas turvas...
Cadê? Todas aquelas pessoas que estavam por aqui?
Fui embora, mais por querer que ficassem.
E toda minha amargura, só é mais uma maneira de lembrar.
Sinto falta.

E a dor transborda, o peito sangra em silêncio, um sangue que não consigo enxergar.
Me esvazio dos meus invisíveis, prendo o choro.

Tristeza em oceano represado, se espalha por todo canto, em todos os tons,
inunda-me a alma, os sonhos e o sono.
 

Não posso dormir,

Afogaria.

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terça-feira, 22 de maio de 2012

Dizer...

São quatrocentos e cinquenta e dois emails não lidos,  trinta e duas atualizações, duzentas e cinquenta  os publicações em grupos, ah, claro, os vinte grupos e mil e setenta e seis amigos.

Houve um tempo onde a desinformação era filha do escuro e do afastamento, onde desconheciamos por estarmos longe demais, por não termos como observar, não esbarrarmos, não conhecermos. Também, pouco fazia diferença, os preocupados em estar informados acerca de "tudo e todos" somos nós, e assim, vemos, mas não enxergamos.
 A preguiça me toma por completo diante de tantos emails não lidos, mas ainda me dou ao trabalho de hierarquiza-los, e perco (e aqui é perder mesmo) um puta de um tempo a procurar o que é afinal que eu vou ler. E leio, e as vezes respondo, noutras não.

Com quantos isso seria diferente? Já mal tenho vontade de escrever para os outros. Estamos todos tão ocupados em mostrarmos coisas, em dizer - e talvez tenhamos passado tempo demais sem poder.
Mas eu não consigo ler o que esperam, e duvido que alguém o consiga - e mais ainda de alguém que queira, é coisa demais.
E assim me pergunto, dizer quando? Pra que?

A nossa cegueira, é luz demais. E a nossa surdez, barulho demais.
Perdemos a fala, no meio de tantas coisas ditas..
E, não raro, só temos vontade de dizer mais - e demais.

Dizemos até no nosso modo de ouvir. E desalcançamos.
E, como se não bastasse, acreditamos ser os mais bem informados do mundo.
"A geração da informação..."

"Seven billion, eighty million three hundred sixty thousand people
and only a few of us can see the connections.
Today we will send over three hundred billion e-mails,
nineteen billion text messages.
Yet, we still fell alone" (do seriado Touch)
 
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Observanças - Os Corpos inquietos.

Me engano ao imaginar que o tato lhes seja muito importante?
Parecem quererem se encostar, mas não sabem como.
Eu não me lembro de como aprendi, acho que caí, ou fui empurrado em algum momento.

Assim, eles e elas brincam, brigam, se esbarram, se irritam, se abraçam - se buscam.
Por certo, melhor do que a fria distancia que separam as carteiras, melhor do que todos os silêncios que existem sobre o corpo... Sob o corpo.

Ah, essa inquietude, essa vontade de correr pra jogar bola, pra alcançar alguém. O sino do recreio como o sinal do inicio de uma corrida desesperada...

Como somos tão desatentos a essa curiosidade?

Que melhor do que a inquietude, um pouco de agressividade, com pitadas de violência para liberar a alma, o corpo preso da carteira?

Não seria a bagunça, frequentemente, um grito por liberdade, uma oposição singela e sincera ao tédio, à falta de sentido das coisas e á escrotisse dos "mestres"?


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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ventos de outono...

Ventos de outono chegam suaves, como suspiros de saudade.
O  frio ocupa todos os lugares que ela deixou.

O Sol falseia um calor que não nos alcança,
e eu deitado, observo o retorno dos ventos,
que não vem com o retorno de alguns cheiros.

o céu é mais estrelado no Outono, mas é mais estrelado na minha cidade,
na minha raiz mais forte. E a Lua brilha mais e maior.

Um jardim de cinza e verde nas montanhas,
coroada pelas torres das igrejas
que aparecem por cima de seu manto de neblina.

Díficil é manter as mãos e pés quentes, e os corações.
E sair da toca. E tocar. Ser tocado.
Sou um urso que adiantou o inverno para hibernar mais tempo.

O Outono é
todas saudades,
sussurradas ao pé do ouvido...



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domingo, 22 de abril de 2012

E de repente...

Já não era a mesma coisa.
O que é que tinha mudado? Os traços do rosto?
Seria o cabelo longo, escuro e ondulado?

Algo mudou, não sei em quem.

Sei que ganhei um sorriso novo.

No peito.


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segunda-feira, 9 de abril de 2012

O que eu amo no mundo...

A forma como somos capazes de nos entregar...
Me perco e me apaixono, pelos amares das pessoas.
Pelos encantos que encantam e pelos encantados.
Amo os apaixonados, e suas paixões...
Não há gosto melhor, nem cheiro mais gostoso que o da entrega das pessoas,
aquele cheiro de tempo, de tempos, de expressão e vida.

Tempo esse que tem mais a ver com borboletas  e se jogar e abismos,
do que com o girar repetitivo do eterno ciclo do relógio,
que pode ter a duração de um beijo ou nos acompanhar vida a fora.

É o milagre do mundo, que nos faz ver as pessoas com quem esbarramos de uma forma nítida,
naquele pequeno fragmento de expressão...

Que se traduz em vida.



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sexta-feira, 6 de abril de 2012

ultimo suspiro de uma suposta sanidade...

escrita. perdição de si,
de mim.
reencontro,
me perco.
louco duas vezes ao avesso.
os diálogos rompidos, internalizados, um banquete dos meus, comigo mesmo. De mim mesmo.
O Festim das Minhas incorrespondências...

Peço, caso essa loucura um dia me tome,
(e dizer já não adiante mais nada)...
Peço, não me trancafiem...

me deem papel e caneta!


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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Dizeres...

(Ou A Celebração da Sinestesia)


"Coração do Outro é terra de ninguem"

Palavras ditas produzem,
os mundos sobre os quais dizemos...

Dizem mais respeito a nós - dizentes,
do que àqueles sobre quem falamos...
Ouvimos pouco... Cheiramos menos ainda,
Ainda nos tocamos... eu acho...

Saber ver é ouvir
e escutar com os olhos.
Não deixar a boca surda, solta.
Gritar bem alto com os ouvidos,
Cheirar com todas as peles,
Esbarrar, e nem saber bem onde, ou quando...


Sentir e só...
                                 [Com o corpo inteiro]


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quinta-feira, 22 de março de 2012

A Garota que esperou...

(Para Joana Fraga/Satine Black)

Poderia olhar para esse céu e me encantar por hoje e a cada hoje. E morreria a contempla-lo, e assim, o continuaria contemplando...
Pois que a morte nem me passaria pela pele, nem me lembraria do que fui, nada superaria a beleza da profundidade azul e do brilho de todo infinito diante mim...
Nele, eu me perderia, para ja-mais ser denovo...
Para a noite-ser...
Por dentro.

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sábado, 17 de março de 2012

Para jantar com os monstros...

Selo uma carta para cada um deles, um convite formal, enviado para os quatro cantos.
O jantar seria dado em minha casa, com toda pompa que poderia reservar a estes ilustres convidados. Serviria a eles muito bem passados , ou mal passados, a depender do gosto de cada um.
O primeiro a chegar, seria uma criança de oito anos, cabelo cortado em cuia, chorosa, com olhos muito avermelhados, estaria usando uma camisa um pouco curta, para dentro de uma bermuda também não muito grande, deixando exposta as varias feridas na perna, feridas que eventualmente ele insistiria em coçar, em comer seus pedaços e beber de seu sangue, apesar de todas as iguarias à mesa, eu tremeria diante de sua presença.
Os segundos a chegar seriam meu pai e minha mãe, feridos, andariam mancos pela casa, observando e criticando cada móvel, lançando olhares para mim, brigariam antes da janta começar, apesar dos lugares separados que eu havia deixado para eles na mesa.
Os terceiros também viram juntos, meus irmãos, de mãos dadas, ririam para mim, com suas roupas manchadas com respingos de sangue, incautamente causados quando deixarei um pouco dos mal passados cairem no prato, apesar de todo cuidado e alegria de servi-los. Eles ririam do sangue, sentariam entre meu pai e minha mãe, seus olhos, seriam os meus olhos.
E em meio ao jantar, eu iniciaria um longo discurso, sobre o motivo pelo qual os havia reunido ali, jantaríamos todos os pedaços de nossos passados, pedaços de mim passados. E nunca havia me passado pela cabeça o quanto seria um jantar antropofágico.
Minha barba estaria toda vermelha, meu rosto lambuzado, minhas vestes sujas. Eu desabaria - desabo - a chorar diante deles, dos convidados, que se transformavam em cada pessoa que eu conheço, que se transformariam inclusive nas pessoas que ainda não conheci. E eu me levantaria assustado, em outra crise de ansiedade, vomitaria-me diante deles, maus pedaços de mim, e os olharia com olhos de culpa, meus dentes seriam serrilhados, minhas unhas longas demais. Todos eles se deformariam diante de minhas deformidades, se formariam.
De frente para mim mesmo...
Jantava a frente de um espelho, o prato, estava vazio, a muito , passado.
E meu convidado, ali refletido, me olharia com espanto, assim como eu...



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terça-feira, 13 de março de 2012

Trivialidades...

Eu gosto de deitar no chão da casa, com o gatito no colo e dormir ouvindo musica... Me perder nos acordes do violão, cantar desafinado, pra mim mesmo... Gosto de andar de noite, mesmo que aqui seja um cado perigoso as vezes, pegar uns filmes, ou só caminhar... Prestar atenção nas arvores quando volto do mercado, E me perder mais ainda, nos emaranhados dos meus devaneios... Me agrada o silêncio e a companhia de mim mesmo... Estou meio cansado das pessoas mesmo das que me encantam, mas sobretudo Com saudade de mim mesmo. [Fui ao cinema sozinha ontem] .

sexta-feira, 9 de março de 2012

Contraditório..

Queria fugir do mundo.
Encostar só com as pontas dos dedos,
como já tantas vezes me disseram - preservar-me.
Meus mergulhos no mundo, cessariam,e eu me recolheria às vastidões de mim mesmo. Sozinho
Mas sou um bobo, um incorrigível apaixonado.
Como pode não se trair, um , que o que mais lhe encanta no mundo
São as cores e mundos de tantos?

Sou assim, encantamento e medo...

Descanso na contradição, a minha coerência...
E em nós, eu brindo a isto...

Essa loucura que nos compõe, como canções e que nos tinge em vários tons.
E o meu medo, é também meu encantamento...

Diante de meus abismos, sempre me traio...
Insisto em pular, apesar do medo de altura.



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sexta-feira, 2 de março de 2012

Por mim... por você...

Eu não sei dizer onde está a tenue linha que separa,
aquilo que faz daquilo que faço por mim, ou por você.
Duvido dessas cisões. Queria saber por que você foi embora, sem dizer uma palavra, sem sequer acenar. Porque todo esse tempo e todo esse empenho em me manter afastado.
Não quero salva-la de si mesma, vou porque quero ir, porque sinto sua falta, porque é importante. Simplesmente, me deu na telha.

Nem todos os dias é assim
mas são realmente bem poucos os dias sem você,
A maior parte na forma de sua ausência.


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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Uma outra estoria de Buda...

Muitos achavam que já havia deixado esse mundo, e que seus pés caminhavam por outro mundo, ou nenhum. Caminhava, entretanto, sob o Sol forte e vento que agitava suas surradas vestes.
Se afastara outra vez, voltaria? Encontrara o caminho para a superação da dor, mas em seu peito ardeu, por um instante, uma fina dor. E a deixou vir. Chorou e andando, tropeçou.
Quando caiu, bateu as mãos no chão e o joelho em uma pedra, o caminho, árido, encheu sua mão de pequenos ferimentos e no joelho um hematoma se formava.
As dores se misturavam e as lagrimas lhe lavaram o rosto, sentou-se e sentiu, tudo aquilo que se passava.
Olhou para os ferimentos. Se levantou, seu olhar recobrava algo que não era possivel de ser dito.
E mesmo doída, inquieta alma, aserenou-se...



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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cartas inacabadas...

Palavras perdidas, pedaços de mim deixados por aí,
Em folhas e cadernos sérios, despedaçadas...

Palavras órfãs por falta de coragem ou inspiração, tentativas de reencontros, tolhidas pelo medo, palavras que morriam no peito, em angustia, mesmo antes de nascerem em papel.

Palavras de euforia incontida ou desespero de saudade,
Sorrisos que disfarçavam insegurança, palavras pela metade...

Palavras tolhidas, mutiladas, seguradas na ponta da língua e da alma,
Algumas, umas tantas, fugindo pelas pontas dos dedos e depois cortadas - palavras e dedos...

Pedaços (in)acabados de mim.

Descabidas no papel...

Incompletas.


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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Outra história de sonhos...

Ele tinha vários filhos e filhas, onze se não me engano. E eu, espectador esquecido e desatento, acompanhava, de longe, sua história. O abandono de seu pai o marcara muito, a vida toda, fizera se assim, homem duro e cheio de arrependimentos, nunca a resolver-se com seus filhos, mas determinado no trabalho, nas coisas para as quais "devia" se dedicar.

Era bem sucedido, usava terno, camisa clara e calça social, mas aos 40 seus cabelos já eram todos grisalhos, e estava sendo afetado por uma curiosa doença...

Começara a se esquecer de tudo. Dos referênciais, das pessoas, de tudo, das poucas coisas que lembrava, não raro lhes dava outro sentido. Sua doença agravou sua revolta contra seu pai, contra sua vida, agravou o distanciamento de seus onze filhos e de quem quer mais o acompanhasse.

Já mais fraco e mais velho, numa amargura muito grande... Num louco impeto... Invadiu o cemitério onde seu pai havia sido enterrado. Chovia bastante, nosso "héroi" cavava furiosamente o tumulo de seu pai, com o intuito de sabe-se lá o que, sua revolta contra seu progenitor e contra "Deus" jorravam de suas palavras furiosas a cada pazada, até que, por fim, não havia mais o que cavar e não encontrara nada...

E de subito se esqueceu... Porque viera, e que tivera um pai, e sua revolta contra "Deus".
Então achou que a cova era sua. Deitou-se confortávelmente em seu tumulo e fitou o céu...

"Não tenho arrependimentos, só espero que na proxima a playlist seja mais longa"

Morreu sorrindo, de olhos fechados, a cabeça pendendo para trás, babando, a pá ainda em suas mãos.


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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Fatos Criados...

Temores encarnados, insuportáveis.

Que nos recusamos a viver, que não conseguimos aceitar.

Abismos do mundo que não mais são que abismos de nós.
Existem porque deles nos defendemos.

Por acreditarmos,

Os criamos.


"Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você." F. Nietzsche



terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Desapaixonar-se...

Hoje queria me desapaixonar, de todas as garotas-mulheres que já mexeram comigo... Me encantar apenas pelo vento, pelas flores no caminho... O nascer ou o por do Sol - e a Chuva, o arco-íris que eventualmente aparece no céu. Me assustar com o som dos raios cortando o seu e a beleza de seu brilho, os desenhos que formam nos dias e noites de chuva intensa. Mas definitivamente queria me des-pensar em relacionamentos, queria esquecer-me e esquecer de todas elas, de todos esses encontrares e por um único instante - respirar.

Eu, apaixonado incorrigível, peço tempo. É que tenho apreciado bem esse tempo de mim mesmo, embora meu coração inquieto não deixe de se encantar. Mas queria me poupar por um tempo, e me esqueço, me dedico, à minha casa, ao Kung Fu, à companhia de meus amigos e irmãos.

As mensagens no celular, os escritos para pessoas, meus escritos próprios, vão devagar, preguiçosamente feitos, como alguém que lê um livro bem devagar, porque gosta do desenrolar da história, mas se incomoda com a ideia de que aquilo levará a um final, uma definição, um desenrolar-se.

É isso... Eu sou um enrolado. Não menos sincero, muito menos, menos apaixonado. Talvez até mais, e tanto, que já não sei mais... e nem quero saber... estou apenas cansado...

Com uma má sorte danada para histórias leves, para amores simples...

E para fugir de alguns Amares, difíceis de lidar, me escondo em outros...
Ou os escondo de mim... Mas nunca me escapo...
Mas me furto ainda mais de ser coerente...

Amo, muito e tanto...

Me perco... é que não faço questão do destino, gosto da companhia.

"Se não pode simplificar, complique".

"Eu amo você."

E assim, num desabafo pra esquecer, eu termino...

Lembrando.

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domingo, 29 de janeiro de 2012

Sobre mídia e náuseas.

Meus pais assistem tevê, o programa, não sei qual o nome, de uma das grandes emissoras de nosso país, está a testar o "cidadão comum brasileiro".
A "brincadeira", "teste", "pesquisa" começa com uma grande introdução sobre a tolerância dos "brasileiros" à desonestidades como alterar taxímetros, ficar com troco a mais ou dar troco a menos. E o programa se propõe a testar a "honestidade" desse tal "cidadão comum brasileiro".
A câmera escondida testa a honestidade dos cidadãos desavisados que estão ali a fazer suas compras... Uns não percebem e saem, outros voltam e usam o dinheiro, ou aparentemente percebem mas não dizem nada. Outros percebem na hora e devolvem. Uns quando abordados pelo repórter voltam e devolvem, outros não, desconversam e saem.

O juízo moral se expressa em cada centimetro do programa, e meus pais e irmãos dão risadas dos desonestos que alegam não ter percebido, ou ficam desconcertados com a abordagem do reporter. O programa e a minha família da vivas aos que devolvem, oh, os poucos honestos de nosso decadente país! Que tristeza...
E num único close da vida daquelas pessoas descobrimos magicamente através da telinha da televisão a desonestidade que se encrua por debaixo de suas unhas sujas desse tal cidadão de bem...
Espectadores e repórteres transformados em juízes da honestidade alheia. Sempre atemos a criticar e a criar frases de efeito como "distração ou má fé°".
Cidadãos recortados em um pequeno momento de suas vidas, independentemente de seus trajetos históricos, de sua formação, ou do seu humor naquele dia infeliz, são expostos à publico. Uns louvados pelo seu gesto honesto, outros condenados. Diante de si, diante dos espectadores.
E câmeras escondidas, muitas câmeras escondidas...

Engraçado é pensar, que todos esses espectadores e ditos reporteres, são tão mortais e sujeitos à situações tão prosaicas quanto aos que expõem... Cultua-se uma moralidade ideal, o tipo de brasileiro cidadão de bem que faria esse pais ir para frente...

Mas a moralidade da mídia... é coisa de televisão.

A vigilância se tornou o hobby do século XXI e o medo, sua nova religião.

E nossas vozes ficam engasgadas em palavras como "segurança" e "combater a corrupção, o crime, o trafico, a vadiagem, etc...".
Julgamos convenientemente das nossas poltronas todos os "vis criminosos" que aparecem nas telinhas da TV, todas as vidas alheias as nossas, que na maioria das vezes que olhamos pra telinha, não tem nada a ver com a nossa.

Uma mídia para classe média. Para uma cultura que aprende a cada dia a santificar a classe média, porque afinal de contas "classemediasofre" dizem por aí. Propagandas de shoppings, carros, livros, empréstimos maravilhosos, bancos ,seguros... Perfumes, camisas, sapatos... E um jornalismo fundado no medo... taxas de criminalidade, testes de honestidade, cameras escondidas, programas policiais, reportagens sobre psicopatas e mapas de zonas de perigo. Tragédias familiares - geralmente da classe média - tragédias sociais - dificilmente da classe média. Um pseudo-formalismo, uma educação, tudo muito limpinho muito certinho - um modo de vida muito branco, muito claro - de dar náuseas!

Sem sal porque faz mal pro coração e sem açúcar porque engorda.
Uma cultura de tédio e analgesia. Que faz da extensão da vida um valor por si próprio...
Que não se experimenta, que não se pode ser por si só...

Que propõe um modo de vida correto da qual a maior parte do país não pode compartilhar...
Mas vive sobre o terrível julgamento do padrão social. Não só dos programas babacas de televisão, mas como incorporamos essa cultura de vigilância às nossas vidas...

Como nos pensamos e nos sentimos a partir desses modelos em que somos educados,
nossas opressões introjetadas... Que tentam nos dizer como é ser correto no mundo.

E não meus caros, felizmente, Nunca encaixaremos! Seremos sempre os tortos, os errados na vida, sujos, feios e suados. Distantes demais dessa amenidade, levados pelos fluxos de nossas conturbadas vidas, apenas somos. Humanos! Contraditórios, incoerentes, inapreensíveis pela razão... Maus alunos.

Mas a zelosa mestra TV está ali sempre, para nos ensinar, o membro mais sagaz da família. Sentados no nosso devido lugar. Espectadores, espectando. Ouvindo o que deve ser ouvido, vendo o que deve ser visto...

Assim eu brindo... à desorganização, e à desobediência. Que o autoritarismo nas nossas vidas, já começa na frente da telinha, ainda mamando no peito.

Com nossos pais se pensando enquanto protagonistas de novela...


"A televisão /2
A televisão mostra o que acontece?

Em nossos países, a televisão mostra o que ela quer que aconteça; e nada acontece se a televisão não mostrar.

A televisão, essa última luz que te salva da solidão e da noite, é a realidade. Por que a vida é um espetáculo: para os que se comportam bem,
o sistema promete uma boa poltrona."

Eduardo Galeano




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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Pra caminhar...

Sofrer pelo sofrimento, aumenta o sofrimento.
Achar ser fraco por estar fraco, fortalece a fraqueza.
Ter medo do medo, dilata o medo.
Ficar ansioso com a ansiedade, intensifica o desespero.


Por que não permitir que as coisas simplesmente sejam?
Deixar que façam parte, não deixa que se potencializem essas angustias.
Elas podem ser o que são, sem serem aumentadas pela nossa dificuldade em lidar com a nossa "perda do paraíso".


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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Meu ar é saudade...

"Na memória, sublimada das mais diferentes formas, existe algo que se parece à esperança."

"É existe, sempre existe.
Não há em mim Amar que não esperance.
Nem esperança que não esteja encantada por Amares...
Não há esperança que não deixe a porta aberta...
E não anseie por retorno.
Nesses meus Amares que presentificam ausências,

Não há ausência que não seja presente num suspiro de Saudade...

Não há nada que não seja uma forma disfarçada de suspiro.”


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Um tango qualquer...

Sobre o Tango de Carlos Libedinsky - Humo.

" Na memoria, sublimada das mais diferentes formas, existe algo que se parece à esperança."

"É existe, sempre existe".

Não é amar uma forma de esperançar?
E sem que seja necessariamente espera, ou "apenas" espera?
Nos sentamos muitas vezes à porta aberta de nossas casas, esperando que alguém volte, mude de ideia e venha, antes do jantar, antes que o almoço esfrie, antes do fim do dia, que escureça,
que seja tarde demais...
Ou que chova... (ainda que uma boa chuva bem serve para nos lavar a alma)

Nos meus silêncios eu te digo. E nas minhas orações aos meus tantos não-deuses, eu sempre te digo. Baixinho, ou escondida no meio das palavras, das expressões. No meu dia, não há Lua que não me faça lembrar, não há comentário que não me faça pensar...

Nos meus sonhos eu me lembro dos teus passos, e minha memória me devolveu minhas mais queridas lembranças de você. Até já consigo ouvir sua voz, em algumas expressões perdidas por aí.

Nos meus sonhos, nas minhas utopias, a gente se reencontra.
Assim, por acaso... Diferentes.
E em mãos que sem jeito se encontram, o nosso mal jeito.
Nossos silêncios que dizem por demais...
Ao som desse belíssimo tango.

Você não foi. Nunca imagino que irá, e isso não significa que eu gire em torno de você...
Há outras músicas, outras danças, outros passos...

Compassos e acompanhantes...

[Ainda assim, morro de saudade...
Ainda assim, ouço este tango, quase todo dia.]


Não há ausência que não seja presente num suspiro de Saudade...


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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Como um céu estrelado...

Pessoas são, como estrels no céu. Somos para elas, como estrelas no céu.
Estamos tão longe e nosso brilho tácito de milhões de anos-luz,
pouco diz do nosso presente. Muitas vezes, já morremos e nossa luz continua a ir, por anos e anos-luz, além de nós. Somos, espectros.

Nosso significado, nosso presenti-mento na vida dos que nos rodeiam, está em ser mais do que estrelas que compõem a paisagem do céu. Está em sermos como a Lua, que reflete a luz solar, e inexoravelmene nos encanta, domina ao nosso céu e nos paralisa. Como a lua quando nasce dourada e nos arranca suspiros e lembranças, e vontades de mostra-la a mais alguém!
Como a Lua que sabe a hora de ser presença, cheia, inexoravel, inevitavel.
E mingua, e some, e volta, crescente, para se tornar cheia de vida, em nossas vidas, novamente.

Lua, como maré. Indispensável para a Terra.
Ser assim. Tornar o mundo do outro inexoravelmente diferente, sem a tua presença.
Que não é essencial não, mas que é danado de belo de se ver.

Que a Lua é para a Terra, tão encantadora como é pra nós.
E por mais que todas as estrelas do céu brilhem com brilham, como Vênus brilha pela manhã.
A Lua, implacavel, como um mundo inteiro, diverso e diferente, pálido e circular, se mostra cheia de orgulho no céu, se colocando, inexoravelmente.

Sobre as marés e os mares de nossas vidas.


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