domingo, 25 de novembro de 2012

Os tempos...

Tentam me dizer daquilo que deveria fazer meu coração, daquilo que deveria querer...
Sou uma traição ambulante nesse sentido, raramente correspondo ao que esperam e mesmo correspondendo, cumpro num certo desleixo, intencional.

Certas noites, como esta, me dão confiança de que meu coração não bate no lugar errado, nem do jeito errado. Que meus tempos tem lá seu valor, que eu sei o que é importante pra mim, e quem... e quanto.

Tanto faz se eu preciso acordar cedo, tanto faz os compromissos, deveres, responsabilidades. Tem horas que essas horas faltam e se tornam horas de prosa, as vezes amargurada, mas que de tempo em tempo transformam, nem que só por um tempinho, dor em riso...

Minha Alquimia favorita - Atemporal.

Nesse lugar sem tempo de relógio, nesse espaço compartilhado, sem ser preciso dizer uma palavra - de olhar nos olhos - a gente se entende. E diz, porque quer dizer e não porque precisa, e muda o tempo, acaba chuva e as horas se passam...

E a gente se espanta.
E se reconhece...

E ainda quero vê-la tocar piano.

[Boa noite]

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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Trincado...

(Um Poema Bêbado)

O Sorriso trincado no rosto...

As palavras ácidas na boca e o gosto doce na língua, 
O olhar distante e nublado,
E as preocupações na borda da berada
                [caindo e se espatifando.]

As mãos voltadas pra fora, em gestos rápidos, perdidos, e ansiosos...
                                    [O Corpo quebrado pra fora]

Os pés pra dentro, em passos que tropeçam, desequilíbrios caminhantes...
                                    [A Alma quebrada pra dentro]


Uns dizem, loucura... 
Outros, chamam de solidão...
[Eu, chamo de conhaque...]

Não sabem que nelas,
Eu me reconheço...
         [E bebo...]


O Sorriso trincado no rosto,
A alma rachada na pedra
Um espelho estilhaçado de mim mesmo...

                      [E um frio na barriga...]

Não me deixam mentir... 




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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Torrente...

Inquieto rio de ideias flui através de mim

Arrasta-me a calma e a paz de espirito

Afoga meu sono


em palavras incessantes,

inexoráveis

insolúveis


em água.


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Janelas...

Meus olhares se perdem, em pessoas que não sei o nome e a imaginar como serão suas vidas. Em que estarão pensando? O que estarão sentindo? Quem os espera, quem esperam? O que esperam?
Reparo nos fones nos ouvidos, nos olhares perdidos, nos óculos embaçados de aros longos, nos cabelos longos e encaracolados, ou naqueles fios brancos, já tão poucos na cabeça...

Reparo nas pessoas que entram, a falar em seus celulares ou a digitar freneticamente, enquanto passam seus cartões em frente a um trocador que a maioria não vê. E uma maioria que as vezes o trocador também não vê - saindo da camisa, dois fiozinhos, um em cada orelha o mandam para outro lugar, raros os passageiros que usam dinheiro, dão lhe tempo para ir pra outros lugares enquanto o ônibus chacoalha pela cidade afora.

As luzes da cidade me cegam, no fim do dia quase nada enxergo, só borrões e faces com feições que não consigo perceber em detalhe e como gosto de olhar devo parecer que estou a encarar as pessoas, mas não é por mal. É que o piercing no nariz, ou o brinco, aquela tatuagem no pescoço, aquela camisa azul clara, todas aquelas sacolas de compra, ou aqueles olhos tristes, vão me chamando...

Alguns dão bom dia, outros não. Alguns são bons de conversa e me rendem o dia, outros nem tão propensos. O silencio e a falta de conversa em um lugar tão cheio de gente não é confortável para mim, mas eu entendo, porque as vezes só quero mesmo ficar calado e descansar, até chegar logo em casa.. Quantos será que não podem pensar assim?

Não se trata então da distancia dos humanos que já não se falam mais. Mas observações e encontros aleatórios de ônibus... o que olho através de suas janelas, e das minhas.

Sentado ali, quase escondido, em meus próprios pensamentos eu fico observando...
A devanear sobre suas vidas. Seus encontros e sua solidão.

Sentado sobre a minha, desencontrado de mim mesmo.



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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Gosto de chuva...

Gosto da chuva, porque ela esvazia as ruas...
Que quando tão pomposos e arrumados, tão certos do nosso dia
Nos faz Bobos e engraçados...

Gosto da chuva quando a rua se esvazia,
e uma vez ou outra você vê uma alma correndo a procurar abrigo...
ou alguém a caminhar devagar,
Divagando...


Gosto da chuva  quando tenho sede.
E molhando as lentes do meu óculos,
A gelar meus ossos...
E encharcar minha alma...

Gosto da chuva porque é capaz de nos parar sem fazer força,
porque ainda que simples faz calar todos os barulhos à volta.

Barulho de chuva ocupa todos os espaços,
Embala minha alma, me faz dormir melhor,
é uma canção do Mundo...

Um abraço da Terra feito em água.



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