segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Coração em papel dobrado...

Nos teus longos silêncios eu te vejo,
Suas mãos rabiscam freneticamente a folha,
Lagrimas te escapam, você tenta segura-las,
Nas sinuosas linhas azuis que se formam, e deformam...

Angustias encerradas,
em um papel dobrado...

"Se agora, eu fosse uma criança,
perguntaria:

Isso aí é o seu coração?"


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domingo, 18 de dezembro de 2011

Idéias em cores...

Idéias são cores,
Que se esparramam pelo acaso de alguém dearrama-las.
Todos os modos de dizer são maneiras de fazer arte, a derramar nossas cores por aí...
Cores diversas, dos mundos que somos.
E ninguem apenas "é", cada um é um encontro de nós, nos tingimos
com os pedacinhos de cada um que esbarramos por aí...
E criamos, novas cores, tons, mundos...

Elas superam a pequena dimensão de nossas vidas, se espalham, ou não,
ganham novas formas e cores, são (re)apropriadas e recoloridas ao longo dos tempos,
através de cada pessoinha...

A originalidade assim, não passa de dar novos tons, novos arranjos...
Assim, nenhum dizer é sozinho, nenhuma idéia "pertence"...

É reinventar, cores e formas que estão por aí...
Criar, derramar, escorrer, misturar e mudar...

E criando, fazer mudar...

(Idéias que movem mundos... coloridas...)

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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Um sonho...

Hoje eu sonhei com estrelas cadentes. Alguém me contou que elas não iriam cair, mas estavam lá.

O céu estava pululado de estrelas, e mais ainda de estrelas cadentes, algumas nuvens, poucas, tapavam a visão por alguns instantes...
Cortavam o céu em todas as direções, algumas mais dificeis de ver, brilhavam como estrelas mas se moviam e se movendo iam deixando pedaços de si para trás.
Contei dezesseis, e ainda havia mais...
Assistiamos estasiados enquanto tentavamos continuar a a contagem...

E contei para alguém...
"A estrela cadente mais bonita que vi, desceu tanto que começou a queimar, seu rastro e seu brilho eram tão fortes... Olha!"

E comecei a ver... três, belissimas, cortando o céu em direção a terra, brilhando tão forte quanto Vênus... Tão forte quanto aquela que vi, a tantos anos.

E tão forte quanto brilhavam, se deixavam para trás,
Até que, antes de tocarem o chão...

Já não eram mais...


[Como diz o costume, e como a tantos anos, fiz um pedido...

Acordei...]


"Eu me rendo, quero a vida"


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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Brincares.../2

"Não caímos para aprender a andar? E nossas brincadeiras? Esfolar os joelhos, as vezes até rachar alguns ossos, não fazem parte? Alguns tombos de bicicleta definem o seu aprendizado. E aprender a dançar acaba envolvendo alguns pisões no pé...

E se nas nossas brincadeiras infantis o importante era brincar, estar junto ali, naquele momento. Naquela inconsciencia infantil, alheio a qualquer tombo possivel, alheio até mesmo ao fim da brincadeira. Por que é tão díficil em relação ao amor? Em relação às pessoas? Por que não levamos essa expectativa para nossas vidas?

Não é todo encontro de nós um infinito acaso?

Se somos assim tão vastos, como esperar que tudo dê tão certo?

Desentender talvez seja fundamental pra gente se entender...
Se entender nas nossas diferenças...

E tolerar é poder perceber que o mais importante talvez seja...

Estar junto."

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Teatro da política.../1

Choraria também, as amarguras do mundo,
Toda a opressão, a injustiça do mundo
E cantaria a desesperança aos quatro ventos,
Invocaria a Revolução...
Não fossem as letras tão repetidas...

Onde a rebeldia se tornou "status" e a revolta uma tradição,
onde "historicamente" nos movemos do mesmo jeito...
onde o medo tornou a dúvida uma inimiga pública...
onde nossas certezas se tornaram punhos cerrados,
para os que poderiam estar ao nosso lado.

Não importa o que eu sinta do mundo...
Não importam as minhas amarguras compartilhadas...

Infiel à religião do "bem maior",
Meu coração disfarçado,
me tornará personagem antagonista,
no teatro político das certezas postas...


Neste mundo e n'outros.


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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Tinta, livro e abraço

Hoje sonhei, com um livro dos abraços...
Manchado de tinta em várias partes, em algumas rabiscado.
Cores diversas, rabiscos diversos.

Um livro velho, com a capa meio dobrada e amassada.


Um livro velho, que um dia gostaria de dar a alguém.


Como um abraço em cores.


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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

fé...

Nenhuma espiritualidade. Onde está minha fé? Tudo reduzido a um sorriso descrente no rosto. Nada parece me alcançar – nada metafísico. Só aquilo que encosta me toca, os abraços sinceros – de saudade, reencontro ou amares (por que não os três?) - os apertos de mão daquele companheiro de time, os olhares despretensiosos de quem finge não olhar, os sorrisos das crianças, as flores roxas naquela árvore que vi outro dia.

Nada de entidade maior com os olhos na minha nuca, me observando até no banho, ou na hora de dormir, espionando até meus sonhos, me vigiando até os pensamentos. Nem energia maior, nada maior, coisa nenhuma. Só pessoas aqui e ali.


Posso orar pra elas? Pedir por socorro? Posso ter fé sso?


Pode ser essa a minha religião?


É que as vezes me sinto vazio.... um cético, chato e ainda por cima adpeto fiel dos terríveis hábitos dos históriadores...


E frequentemente me sinto sozinho no meio dessa angustia toda...


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desesperos...

Sob o terrível desespero, a quem você recorreria? Se só o medo te tomasse, um medo imensurável, uma angustia infinita da ameaça, quase como um estado em si da presa diante de seu caçador – onipresente.

A quem você rogaria por ajuda no ultimo dos seus recursos? Para quem você corre?

Por muitos anos recorri a Deus. Mas dele não sei o que fiz, provavelmente não mais do que a curiosidade que tenho por uma castanha do pará (abriria para ver como é por dentro). Acho que o perdi em algum lugar, religioso porém, com fé no que? No que você tem fé? Eu já não sei. Me sinto sozinho.

Vejo o técnico do time de handball nos estimular falando sobre o filme Invictus e a vontade de ganhar. “Já perdi muitos jogos, mas pra ninguém que eu perdi nunca tive menos vontade de ganhar”. Frase poderosa, amortecida na minha cinzentude, na minha percepção da sua tentativa de nos estimular, e por tentar, fracassar. O filme citado desmontando em uma série de analises pseudo-cientifico-históricas em minha cabeça, a frase sobre o desejo de vitória, reduzido a questão: “É tão importante assim?”

Infelizmente, é longe do que sinto. Ganhar para que? Gosto do gosto da adrenalina na minha boca, e sentir meu corpo doer depois do esforço. Gosto de abraços suados, e sorrisos mesmo diante da dor, dessa sensação, de estar junto ali, compartilhando aquele momento, isso me estimula, este é o meu moral. Nos ver juntos.

Sozinho, no entanto, minha solidão é da mais completa. Não consigo chamar a ninguém, quando tomado pelo medo, só quero fugir, e não há força no universo, Onipresente, Onisciente, nenhum “pai de infinita bondade” para me amparar.

Só existe a mim, só.

No meu inverno interior.

Cercado pelos meus próprios medos.



Pra onde eu corro?



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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Medo-mor.

Trocaram meus ossos por facas de gelo.
E todo calor no corpo é calor demais, todo frio é congelante.
A boca seca e a barriga parece se mecher sozinha.
A cabeça leve e as pernas que se agitam quase que sozinhas.

Quero correr, fugir.

Fujo de você,
Fujo do encontro.

Fujo de mim.


Me perco, por mais que queira encontrar.

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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sobre-abraços

A pequena morte
"Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua
viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca
gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há
nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte,
chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos,
e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena
morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce."

A noite /4
"Solto-me do abraço, saio às ruas.
No céu, já clareando, desenha-se, finita, a lua. A lua tem duas noites de
idade. Eu, uma."


Eduardo Galeano


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terça-feira, 25 de outubro de 2011

"eu quero beijos intermináveis...

até que os olhos mudem de cor..."






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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Mãos que encostam...

Num abraço aberto...
nossos passos juntos, sincronizados.

Num jeito meio sem...
Sem jeito, a gente...

(Incorrigiveis.)

Olhares que se encontram e desviam...
Reencontro na ponta dos dedos...


Silencios que dizem por demais...
(Calam fundo em mim.)



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domingo, 16 de outubro de 2011

alguns silêncios são mordaças...

Hmm... me desculpe, as vezes acho que calar...
É medo de admitir na voz algo que existe.
E achamos que não dar voz a essas coisas, não as deixará existir...

Achamos isso para nós. As vezes, pros outros também...

No fim das contas, queremos é nos convencer...
"não existem"...

E o não dito...

Acaba dizendo...


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Ah, mas coragem...

é inquietude esquentada em banho maria!

A gente vai, inquieto, inquieto, inquieto...
vai falano que queria ter coragem...
E uma hora


A gente tem...

ponto.

E faz...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

papel em água...

As palavras como água, derretem e se recompõem...
Tintas de aquarela, com quais pinto meus textos, meus pequenos fragmentos de mundo...

"Por que que a gente escreve se não é pra juntar os pedacinhos?"

E a cada reescrita, derretem-se as tintas já usadas em tons e intensidades diferentes...
palavras derretem... novas cores... fazem tudo isso por conta própria, independente do meu desejo de apenas reescreve-las...

Nada reescrito. Tudo reinventado.
A cada nova palavra, um quadro novo.

Reinventam-se.
Reinventam-me.


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memórias da gente, memórias das gentes...

memoriamos-nos, e em memória sendo, tornamos os outros também.
Nos somos, e os outros são, também assim, lembrares e esqueceres...
E a cada memória de nós, uma memória de mundos
...assim também, a cada esquecer.

Memórias que nos contam, memórias que contamos.
O que nos contam de nós. E nós, de nós mesmos.
E nesses movimentos lembramos...e esquecemos...

Por vezes ensinam duro esse fluído, tentando nos convencer de que é vitreo e definido,
assim, de "sendo" passa a "é", e o mundo, e nós mesmos, encerramos em definições.
Outros totalitarismos, de nós e dos outros.

Mas fluímos... através das rigidezas - nossas e dos mundos...
E nos lembrando ou esquecendo...


Nos reinventamos...


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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Com carinho, para a garota verde-vermelha...

Preciso que saiba, aceito sua decisão. Posso ir embora moça, mas deixe-me dizer, ouça. E se te couber em alguma medida... responda-me...

Eu não te acho culpada de nada. Não acho que deva sustentar qualquer dor por quer que tenha se passado entre nós. Você me marca de uma maneira muito positiva, e é uma pessoa... incrível.

Talvez, riria um cado mais, pudesse se levar menos a sério, e rir mais de si mesma - encantar-se mais consigo mesma.

Até hoje quando você me afasta, tem a mesma voz lá no fundo... "é melhor assim". A mesma noção de q você machuca as pessoas...


Moça... nossas vidas são tãooo arbitrárias... nos encontramos em um determinado ponto de nossas histórias... e nós, com todas nossa “estórias e historias”, com todas nossas experiências e visões de mundo... com todas os nossos mundos e cores... eventualmente esbarramos em lugares que doem, que machucam. Fazer o que?

É difícil lidar com o fato de que machucamos e somos machucados justamente (e talvez) muito mais pelas pessoas que amamos mais do que pelas pessoas q não fazem tanta diferença assim...

Minha vida foi isso... por mais que tenhamos falado pouco sobre nossas trajetórias... isso é importante pra nós dois, nos diz muito.

Ainda que eu ache que essas coisas possam ser pensadas pra nossas relações em geral com as pessoas. Nossa vivencia acaba como um bom exemplo... dessas incorrespondências... mas e aí, que que a gente faz?


Ças coisas contecem... =\ vai responsabilizar alguém pela dor?

Com esse tamanhão que a gnt tem? Vai apontar o dedo e colocar na balança da justiça os culpados e as vitimas?

Esses papeis não existem... ninguém é culpado... Somos responsáveis, mas unicamente pelo fato de nos permitirmos viver... nos permitirmos encontrar... e eu creio que por isso só precisemos sustentar sorrisos...

Acho melhor primar pela companhia, por compartilhar tempos e cores. E lidar com esse problema da dor.

Poder se ver como alguém com capacidade de ferir os outros, e também de ser ferida e isso não ser o fim do mundo...

Por que de uma maneira muito estranha, nos ferimos porque de uma forma nos preocupamos... é assim, de uma maneira muito evidente, entre nós.

No limite, não sei se é tão positivo assim, que queiramos que os outros estejam sempre inteiros, bem... acaba que... assim nos distanciamos, optamos por não interferir, por não nos relacionarmos...

E por mais que você tente negar essa dimensão de você com tanta força... negar acaba afirmando... "Quando alguém nega demais é porque tá tentando se convencer daquilo"...


Quando se afasta de mim, é de mim (só) que você se afasta? Ou é de você mesma? Das coisas q você sente e pensa? Por que não pode dizer? Por que fica aí engasgada com essa quantidade de coisas?

Cê se lembra? "Tem dias q eu oio nesses zói seu e eu vejo uma tristeza q das maiores que eu já vi na vida, donde vem isso?" Te perguntei uma vez...

eu vejo você... eu não to aqui pedindo pra você negar seus vários anos de vida, não to te falando que seu jeito de ver o mundo é errado, inclusive porque eu me APAIXONEI por tudo isso... Por você inteira...


Só digo que... Queria q você não precisasse sustentar toda essa angustia sozinha... Que você pudesse voltar a acreditar em coisas q você se sente e se sentir bem e feliz com isso... Queria q pudesse se perceber com outras lentes... talvez, roubar um pouco dos meus olhos... sentir orgulho de você... eu continuo te achando uma pessoa incrível...

eu não quero que mude... só quero dizer... só queria q me escutasse...

Pra eu poder concordar com você - e ir embora... ir embora tranqüilo comigo mesmo, sabendo que te disse o que precisava te dizer afinal.


Eu amo você hoje...

De hoje em diante, por todos os meus hojes...


"Amares que mudam, mas não morrem".

Sim, eu continuo a ver o mundo com óculos-cor-de-rosa.

Com saudades, despeço-me, esperando por primaveras onde possam florescer novas cores em nós.

Um abraço atemporal...


Thiago.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sina de Orfeu...

Você quis me dizer que estava morta, que estavam mortas tantas flores, que só havia morte pelo caminho. De fato, você fez de tudo para me convencer, e eu não consegui negar, tive medo de que negar isso acabaria por mata-la.

Eu me escondi e neguei para mim mesmo por muito tempo, até que não me foi possivel negar mais. Você havia morrido para mim, ou era assim que queria que fosse.

Mas me lancei à sina de Orfeu, ainda que não seja Hades quem tenha te levado. Aceitei que estava morta, para descer ao erebus e tentar te convencer a voltar dos mortos, negar sua morte, e dizer que está viva.

Sem olhar para trás, mesmo que você não volte.

Mas que ao menos que você possa ouvir que está viva!

E que são muitas as cores das flores nos caminhos.

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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Compreender...

Gostaria poder imaginar compreender, como abraço e presença.
De apreender e aprender, junto. Abraço compartilhado, no entendimento conjunto daquilo que muitas vezes, não entendemos muito bem.


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terça-feira, 13 de setembro de 2011

A tal da era digital... /1

Já vi textos que gosto muito, de Galeano, de Caio Fernando, que falam sobre cartas, telefonemas, diálogos também, mas me chama a atenção essas referencias, às cartas e ao telefone, quanto que as minhas tantas são aos emails trocados, e as mensagens do celular.

Curiosa forma é como aparecem nos nossos textos essas referências a essas coisas por demais novas. Em breve, veremos poemas que falarão de conversas de msn perdidas, e já temos músicas com algo como "vou te apagar do facebook". (E eu acho lamentavel tais musicas...)

Enfim é só uma curiosidade. Por tempo relutei em admitir, achava muito mais bonito escrever sobre as cartas ou as conversas. E raramente penso no blog quanto um "espaço", aqui é quase como se fosse o espaço de catarse da minha mente, e eu tento deixa-lo desimportante descarregando textos em outros lugares, mas tenho preguiça de organizar os textos escritos a mão, por isso perco muitos.
Então para preserva-los, e organiza-los, para ver o trajeto de minhas próprias perspectivas e memórias, escrevo mais aqui mesmo. E assim, não dá mais pra não admitir.

Eu gosto desse blog.

E eram importantes as mensagens no celular.

Que coisa essa "tal da era digital"...

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A perda da memória...

Não, não foi minha, foi o cartão de memória do meu celular.
Relutantemente, se cansou da minha insistência em preservar, palavras de outro tempo.
De pessoas que já não estão mais. Preservar o que disse, e o que ouvi (li, no caso).
Mensagens carinhosas chegadas em quaisquer hora, para contar-me quaisquer coisas.
Mensagens surpresas, mensagens que davam frio na barriga. Para encontros, ou só pra quebrar a monotonia do dia, mensagens de saudades e de insistencias, pequenas brigas , pequenas discordâncias.

Fragmentos de conversas e dialogos, pedacinhos de nós, espalhados naqueles pequeninos kilobytes de textos.
Que passaram a só existir por ali. Como memória, do que já não é mais.

Apagaram. Eu não tive coragem, dúvido que teria.

O cartão de Memória se cansou da minha insistência de lembrar.

Me presenteou com sua súbita amnésia.

E eu mesmo, já não lembro mais.


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Homem-Martelo.

Homem-Martelo.

É uma ferramenta para transformar o mundo. Há pregos a serem batidos por aí, outros há serem arrancados, ele molda o mundo através do seu poder. Mas para isso, ele precisa ser moldado. Não importa, ele é o homem martelo, feito para martelar o mundo.


Se sente tão poderoso o homem martelo! E tão responsável! Que não pode se permitir duvidar, desconhece suas fraquezas, nega suas crueldades. E suas impurezas devem estar escondidas lá no fundo, no cabo do seu martelo. Porque o homem-martelo pode mudar o mundo.


O homem-martelo tem direção, e um caminho bem traçado.De cima para baixo! E qualquer prego fora do lugar, será martelado. Pois o homem-martelo lhes conhece bem o lugar!


O homem-martelo é sempre um solitário. Porque o martelo não pode se misturar aos pregos. O que o homem martelo não sabe, ou não admite, é que é o seu próprio martelo.


O homem-martelo é o homem moderno! Superou as bobagens do coração. Sua razão guia sua grande cabeça de aço, a fazer o seu novo mundo. Os pregos estão sempre errados, não podem entendê-lo martelo.


E o homem –prego que um dia foi, não pode admitir ainda ser. Porque é maior que ele o proposito a cumprir, mais um prego a ser martelado. É sempre isso! Mártires, heróis, tiranos e ditadores. Martelos do mundo - mas antes martelos de si mesmos.


Porque nossos primeiros mundos serão sempre os nossos mundos. E o homem-martelo que se impõe ao mundo, se impôs primeiro, sobre si mesmo.


Matérias primas de sua própria violência. São assim, os homens-martelo.


Feitos, moldados, nas suas próprias marteladas. Modeladores, marteladores, do mundo.


Martelos martelados, feitos de pregos afinal.


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sábado, 10 de setembro de 2011

Adoentado...

"Corpo são, mente sã"

E o corpo adoentado, sem esquecer os meus esforços para assim mante-lo, é um espelho claro da minha mente.

E assim como a garganta inflamada e catarrenta, não duvido muito diferente assim estar,
o meu espirito.


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terça-feira, 30 de agosto de 2011

e as flores no caminho... /3

E amar...

Quando presença já é lembrança,
e os dedos já não mais se entrelaçam
e já não caminhamos lado a lado,
Mas recordamos...

"recordar, do latim recordis,
fazer voltar a passar pelo coração"


Amar é planta que se cultiva nas fronteiras dos mundos...

E as flores no caminho....

Permanecem...


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domingo, 28 de agosto de 2011

flores no caminho... /2

E amar...
no presente que se caminha junto,
nesses passados que num dado momento se deram as mãos,
ver as flores da paisagem e esperar por ainda mais belas...
encantar-se pelo o por do Sol.

e pela vida.


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flores no caminho... /1

Esperança...

Que as flores nasçam na primavera, e que a colheita seja boa.
Que o filho seja forte! E a Lua linda!

Somos passados presentificados...
E como passamos, olhamos adiante, futuramos por aí....

Wondering if...

Vivendo "a la Koseleck" entre experiência e expectativa...






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esperanças...

quero mais que tudo
estar do lado
dar um abraço e dizer...

"ei menina...
não precisa ser assim..."

reforça loucamente meu desejo d'estar ao lado dela
minha vontade de ama-la cada vez mais...
e a vontade de preservar isso...
guardar numa caixinha...
pra que não mude...
não mude até ela ter abertura para mim no mundo dela...


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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Brincares...

É, não pudemos prevenir da dor, embora não possamos dizer que não tentamos. Era possivel?
Não é esperar de mais que dois assim, sempre tão errados dessem tão certo ao primeiro passo?
Não caímos para aprender a andar? E nossas brincadeiras? Esfolar os joelhos, as vezes até rachar alguns ossos, não fazem parte? Alguns tombos de bicicleta definem o seu aprendizado. E aprender a dançar acaba envolvendo alguns pisões no pé...

E se nas nossas brincadeiras infantis o importante era brincar, estar junto ali, naquele momento. Naquela inconsciencia infantil, alheio a qualquer tombo possivel, alheio até mesmo ao fim da brincadeira. Por que é tão díficil em relação ao amor? Por que não levamos essa expectativa para nossas vidas?

Talvez precisemos brincar mais. Não sei...

Sinto sua falta. E das nossas brincadeiras...

"AH! Te odeio, praga!"

"Sua doida!"

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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Apegar-se...

Nos apegamos, uns aos outros, e nos apegamos pra depois desapegar.
É estar junto, pr'aprender a deixar a ir.

Viver um tempo junto e depois... não.

E a gente de um jeito ou de outro, acaba sentindo falta... perdemos uns pedaços...
Passam, mas também a fazer parte de nós.

E assim nos recompletamos
e indo acabaram ficando.

E nos fazemos, em mãos dadas que se dão e que se separam.
Nos sorrisos e abraços que não sendo, são.

Díficil dialética da vida...

Aprender desaprendendo,
Vivendo a morrer....


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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Mas as cores em rio...

Cores que tentaram fazer ser maior que todas as outras cores.
Cores de verdades. Branca, da luz das palavras santas, ou vermelhas da verdade classista, azuis-liberais, ou Amarelas como o Rei-Sol. Hermetizadas no aparato cientifico: é o "mundo" ali, expresso em suas analises acreditam - é o entendimento do mundo reduzido a um tubo de ensaio preenchido com a cor que mais lhe for conveniente.

Não raro, não entendemos que não são só as cores, mas seus movimentos, suas misturas, ao longo de seu tempo, não nos seus modelos, nos seus tubos de ensaio - Mas o inapreensivel do mundo, todas as cores sendo em seu momento, se misturando, e se encontrando, no caos de nossas vidas, no caos de tantos mundos.

Aquilo que não nos cabe, em palavras ou em dimensão, nos faz pequeninos - encantados -, assombrados, arrogantes ou não, com os mistérios de tantas cores.

Cores em movimento, como um rio.



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domingo, 31 de julho de 2011

As malas prontas de lado na sala...

Mais uma mala que eu levo para lá. Malas que me fazem perceber que tenho coisas demais, e que dá um grande trabalho desloca-las por aí, e me pergunto: Malas de quem vai, mas malas de quem pretende voltar?

Não sei, nunca soube de verdade, só sei que de verdade mesmo daqui eu nunca fui embora, nunca irei. É pedação maior de mim, daqueles que num se tira nem se me cortarem em dois.
Minha raiz de montanhas...

Agora... pronde vou? Tanto faz... isso é futuro....


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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Das coisas que eu vejo...

A estrada de Belo Horizonte - Ouro Preto, pela manhãzinha de inverno, quando a gente olha pela janela do Onibus, e vê lá n'orizonte, o Sol nascendo, iluminando por cima das montanhas, a neblina baixa, cobrindo tudo - um mar de nuvens, cheias de montanhas-ilhas por aí.
As nuvens refletindo o Sol, ficam douradas, e tudo fica, meio amarelo...

Um senhor, tocando alegremente seu instrumento, sentado, nas pedras de Ouro Preto, atrás da Igreja do Pilar, o dia frio, sua alegria calorosa e contagiante. Suas roupas simples, seu cabelo branco, seu sorriso alegre.

As flores das estradas. O Por-do-Sol, e os beija-flores.

E os meus olhos de encanto. Que as vezes se desesperam.
Me mato por dentro, de vontade de ter uma camera...

Ou talvez alguém do lado.

Compartilhar...

As paisagens são mais bonitas, junto.

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sábado, 9 de julho de 2011

Cinza é só uma cor.

Ah cansei...

Cinza é só uma cor.

E no que diz respeito ao mundo,
É só uma a diferença entre o cético e o sonhador...

O sonhador sabe que sonha.


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quarta-feira, 6 de julho de 2011

nessa neblina...

Nessas neblinas eu cheguei quietim...

Como quem não tem nada a dizer, ou só não tem mesmo.

Como quem não quer nada, ou só não sabe o que quer.

Formas difusas no ar. Nada muito claro. Nada atrás de mim.

Tudo o que preciso.


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segunda-feira, 27 de junho de 2011

óbvio.

A obviedade de uma saudade transparente,
um gole de tristeza, inspirando ansiedade,
preso pelos olhos - num fascínio desmesurado.


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domingo, 26 de junho de 2011

Como tinta...

Me derramo nas vidas de outros...
Me derramo em suas cores...

Nos misturamos nesses encontros. Nos perdemos - diluídos.

De quem era aquele azul mesmo? E esse roxo aí que não tinha, daonde é que veio?
Tons de verde e rosa, que se encontram e... formam o que mesmo?
Os meus cinzas e brancos, que sumiram...

Cores que vem, cores que vieram, cores que serão.
cores que criamos, cores que somos - assim mesmo, nesse atemporal fazer-se e desfazer-se que somos.

Nessa mistura estranha, multicolor. Nas cores dos outros as nossas.

Na própria multicoloridade dos nossos mundos. Nossos e dos outros.

Assim nos fazemos, ou colorimos.

E assim, respingamos por aí, nas cores de pessoas por aí.
Mas de quem afinal são essas cores? Ques cores que somos, afinal?


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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Verde-vermelho...

E cadê o brilho do seu olhar castanho-esverdeado?
O toque dos seus dedos finos, cara de morango?

Sucos de tarde, cutucões! "Ah eu te odeio!" - abraços.
Beijos, mensagens , apertos , lagrimas, gritos, até tapas!
Cade suas histórias sobre o Caio, ou seu avô?
Cadê? As minhas cores, as suas e as nossas?

Que falta que faz...

"As cores das ruas tem pedaços de você"
e todo verde e vermelho te chama, de todos os lugares.

E se entre nossos gostos e amarguras
você preferir lembrar do pranto.
Eu escolhi nossos sorrisos.

Saudade!



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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Outros afogamentos...

escrevo para não afogar na ansiedade...
escrevo e desvio do destinatário as minhas cartas,
e as leio, para mim mesmo,
e brinco, me perco em saudade,
Imaginando cartas entregues...


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Foi...

E você foi. E eu ainda quis te mandar uma última carta.
E eu nem sei se você volta, mas eu fiquei.

Ainda to aqui...

No espaço dos abraços.
De abraços abertos.


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quarta-feira, 8 de junho de 2011

estender a mão... /2

Abrir-se.

Dar espaço.
E num abraço silencioso permitir-se abraçar, quem com alguns soluços e algumas lagrimas, que se silencia na calma do encontro, na calma do espaço, da abertura. Do sentimento compartilhado.

Encontrar-se. Tocar-se.

Há vastidões tão vastidões quanto as nossas vastidões. E no indizivel da contradição, e do caos que somos, nos reconhecemos, por coisas muito diferentes, muito parecidas.

Que pouco cabem nas palavras. Quase nada.

Mas sabemos ou sentimos
Mudar mundos em abraços atemporais.


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domingo, 5 de junho de 2011

Esbarrou...

E eu já não sei pensar ou sentir o mundo, sem você;

Mesmo que passe, eu já não sou mais o mesmo. Os lugares que você me alcança não são os mesmos, terão sempre um pedacinho de você, que eu roubei.

Você me diz muito. Já disse, e ainda diz e dirá.

É um prazer caminhar ao teu lado...


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domingo, 29 de maio de 2011

Que saudade...

E eu sei que até é impotante uma certa distancia.
E que a saudade tem seu charme. Hoje eu sou pura saudade, mas uma saudade que não queria falar. Que não queria gritar que é, que queria ficar ali quietinha.
Sem te mostrar, por mais que você saiba, e bem.
Até se perder num abraço de segunda.
Jeitos de dizer-se sem dizer, transbordar-se.
Mas hoje, escapou...

"Que Saudade..."

E minha saudade virou meu jeito de dizer "Te Amo".


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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Assim despreocupados...

Ela se encostou no portão, como quem nada queria e hesitou em chama-lo.
Chamou. Ele veio descalço, andando pelo chão gelado da casa, seus pensamentos concentrados em louças. Abriu a porta. Sorriram. Se abraçaram por um tempo, um bom tempo, talvez, nem tanto pros dois, falaram sobre quaisquer flores, as louças continuaram lá, agora só eram lavadas, pelos dois, mas nem pensavam muito sobre elas.
Sentaram-se ao Sol na varanda, e contavam dos pássaros que sabiam, dos que não sabiam, e os insetos que eventualmente apareciam também - formigas, aranhas, lagartas, cupins (banquete dos passaros). Contavam, coisas e causos, desses e de outros tempos, de quaisquer cores e cheiros...

Era uma tarde ensolarada qualquer, e ambos tinham quaisquer coisas pra resolver, e se perderam ali, em horas de companhia e conversa.

E assim, como quem não quer nada, se deram as mãos...

E se perdendo, se encontraram...





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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Vô...

E com seus acordes eu corro pra te acompanhar.
Conversamos com os dedos, e você repete pra mim uma música que não esqueço nunca.
E tudo começa com a sua risada, e termina na minha memória.
E no meu desajeitado acompanhar, vou atrás da sua arte, nossos dedilhados são nossas palavras. Nossos violões conversam por nós;

E acho que você nem sabe. Mas você disse, e ainda diz muito; E fica;

E um dia, eu ainda vou te imitar, pra contar e cantar teu violão Vô.
Pra contar pros meus netos, como a gente deu de conversar mesmo depois que você já tinha ido.


Que saudade.

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terça-feira, 10 de maio de 2011

Silencios de dentro...

Eu me perco de mim mesmo, nos abraços e sorrisos.
Me perco de mim mesmo na luz do Sol, nos treinos e nas palavras dos textos.
Me perco nos sabores dos beijos.
Eu quero me perder. Sou apenas um barulho por dentro, que não me deixa dormir.
Nas minhas procuras pra fora, grito por dentro - Calém a boca!

Só quero silêncio de mim. Um pouco menos de mim...

E desfrutar gostosamente a companhia das pessoas amadas...
A vivacidade dos treinos...
A amenidade dos dias...

O efêmero.


E me desencontrar...


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domingo, 1 de maio de 2011

Mundos e Cores...

E vemos o mundo, com essas lentes e cores, que se fizeram quase que junto com nossos próprios olhos, que se fizeram assim, no nosso tempo, nesses encontros e esbarrões que damos por aí.

Vivemos, nos espectros das cores que nos permitirmos enxergar...
E do jeito que vemos, criamos os mundos que nos são possíveis.
O que percebemos sobre o que vivemos e que nos permitimos viver;

Frequentemente acreditamos, demais, nas coisas que vemos, nas cores com as quais tingimos o mundo. Criamos os nossos. O mundo não precisa ser cinza ou rosa, importante é saber desconfiar dos próprios olhos.

Bom é sabermos brincar de roubar, as lentes um do outro para ver um pouquinho os mundos de cada um. Combinar as cores que tingimos o mundo, pra ver outros.

Nos abrirmos à possibilidade de conhecermos os mundos e as cores de cada nós.

E inventar outros...

Mundos e Cores...


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sábado, 30 de abril de 2011

Maria de Queiroz...

"Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.Não estou aqui pra que gostem de mim.Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho.E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa.Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros,mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou."
[Maria José de Queiroz]


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sábado, 23 de abril de 2011

bem vinda...

E você aparece assim de repente e muda tanto, tudo.
E também não faço idéia pra onde caminhamos.

Mas tanto faz o futuro, na leveza dos nossos risos presentes.
E inteira, com suas cores e mundos, só sei que és bem vinda.

Nem sei... só sinto...

É um prazer caminhar ao teu lado...



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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Amar...

é planta, que cresce nas fronteiras dos mundos.

Que cresce cultivado nos compartilhares.
E só se conhece quando já cresceu.

Cresce, espalha e muda.
Muda, mas não morre.

No máximo retorna a nós.

Terra daonde veio, mas ainda assim...

Amor.

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quarta-feira, 30 de março de 2011

"Em nome da Segurança..."

Em nome da "Segurança", sacrificamos o sangue e o suor, a vida das maiorias, para a prosperidade de uns poucos.
Toda a violência do Estado, em nome da nossa Segurança.
A justiça é o morticínio ou a tortura, para aqueles presos em suas garras - na nossa terra não é uma dama cega, mas um cão, de três cabeças e armas.
E silenciamos! Em nome da Segurança...
As grades das janelas e das portas, as nossas casas como prisões, em nome da Segurança.
Em nome da Segurança abandonamos sonhos, pessoas, lugares, nossos espaços, os bens públicos.
Em nome da Segurança, somos vigiados, medidos, pesados, comparados, colocados, encaixados, enxotados e encaixotados.
Em nome da Segurança, cuspimos na liberdade, almejamos um chicote e um grilhão, rimos dos sonhadores, dos Utópicos - em nome da Segurança, os detestamos.
Rejeitamos as manifestações nas ruas, a política do povo, só aceitamos as que vestem terno, os oficiosas oficiais "representações", é claro, em nome da Segurança.
E em nome da Segurança, tememos os mudadores, os "radicais", e todos que querem mudar algo "são radicais", indesejaveis, assim tememos as crianças, e logo, as tornamos, amedrontadas e seguidoras d'A Segurança, como nós.
Em nome da Segurança, nos calamos, e ameaçamos todos a fazerem o mesmo - em nome da Segurança.

Em nome da segurança, temer é o que mais fazemos. Em nome dela, "temer é preciso, viver não"
E pra suprimir o medo, para acabar com o medo, de tanto medo do medo, nos voltamos para Segurança.

Em nome da Segurança, vamos nos perdendo de nós, e de nós mesmos. Nos tornamos profundamente violentos, e tudo isso, porque no fundo, nosso medo é de nós mesmos...



Até onde vamos com isso? Até quando!?

Com licensa Patria Mãe Gentil, mas seus dentes estão sujos de sangue.
Com licensa, povo brasileiro, mas sua mordaça tem se matado tantos, e suas, nossas, mãos não estão menos sujas de sangue...



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quarta-feira, 23 de março de 2011

E a escola?

Quando entramos num curso de história, esperando aprofundar nos conteúdos que abordaram no Ensino Médio, nos chocamos: "Esqueçam tudo que vocês aprenderam até aqui." Mesmo no mais básico é preciso repensar posturas, rever conceitos. O que é história? Aqui, na universidade, e "O que é história?" fora dela, são perguntas respondidas de maneiras muito diferentes. Aqui, uma longa discussão, acompanhada por perto por E. H. Carr, Marc Bloch, diversos autores e a presença fundamental dos questionamentos nossos e dos nossos professores - fora daqui, na escola, essa pergunta é um silêncio, ou um chavão: "é conhecer o passado, para compreender o presente e assim construir o futuro" - essa concepçao, lamentavelmente, tão geral da história atravanca e mata debates riquissimos, possibilidades infinitas, em troca de uma história datada, distante, feita "pelos grandes homens", sem graça, mais próximo a um positivismo do final do século XIX do que das discussões atuais da Academia, de toda a Teoria da História, de toda a discussão historiografica produzida do inicio do século XX até então.

Mas o quadro da história se repete. Não é bem assim como aprendemos biologia , não é bem assim como aprendemos química, não é bem assim na física também não, tampouco na geografia... A maior parte do que aprendemos pode ser esquecido sem grande prejuizo, a maior parte das coisas repensadas - o próprio conceito que tinhamos dessas ciências, tratadas de modo fechado, frio, como se "dadas por completas" na escola, na academia precisam ser encaradas como campos de disputa, como ciências em construção, que são todas.

Sendo assim, me pergunto: Pra que a escola então? Que diabos então aprendemos nela? (Além de sermos adestrados pro vestibular, é claro...)

O que significa a instituição de educação no nosso pais?

E voltando para a questão da história: Por que ensinar história dessa maneira? Quais discursos estão implicitos na concepção mais geralmente vista na escola sobre o que é história? Ao que, afinal, a história diz respeito na escola? Qual é o processo de formação da escola pública? Como é pensada a educação no Brasil, as instituições de ensino dos variados niveis deste? Quando? Quais os desenvolvimentos dessa trama?

Como poderiamos repensar o Ensino de História?


Tenho perguntas pra toda uma vida. Falta-me a bibliografia e um professor bem disposto.


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segunda-feira, 14 de março de 2011

Pior preço...

"Ticking away the moments that make up a dull day,
you fritter and waste the hours in a off hand way..." Time, Pink Floyd.

De tempo carecemos. O tempo falta a todos, mediria mais a riqueza de um ser humano pelo tempo que pode passar fazendo coisas que "lhe-são". A riqueza material pode ser compreendida de muitas maneiras, e muitas pessoas que vivem na carência não tem necessidade de encara-la como "a pior das coisas", mas quanto menos possuem, menos tempo tem... para amar, para ver seus filhos crescerem, menos tempo pra pensar, para sentir o mundo - vidas inteiras, periodos de vidas inteiras, dedicados a um "não-sentido", a um "não significado", cujo o único objetivo, objetificante, é um produzir assim tão cego, assim tão não-nosso, que a maioria de nós não desfruta, e não há um que conheça - esse preço, é impagavel.

Nos educamos para amar destruir nosso próprio tempo, a nos tornarmos máquinas da produção, "totalizados" no tempo-social, passamos por cima dos tempos de todos os nossos mundos, e dos mundos de cada um. Nos tornamos tristes no profundo de nós.

Quantas vezes nas coisas mais prazerosas não sentimos aquela fincada de culpa por que "deveriamos" estar fazendo isso ou aquilo? Quantas tardes agradaveis, passada na leve companhia daqueles que amamos, não chamamos de improdutivas? Quanto de culpa não sentimos por não "estarmos produzindo"?

As brechas cínicas no tempo são um alívio, mas só analgésicos. São uma tampa de grades pras caixas que temos de caber. A irônica porta a cela, que leva luz ao comodo, e permite a visão do que está fora é a mesma porta da prisão que nos mantem presos.

Mas há o corpo, (Ah! o corpo!) A ultima resistência de nós sempre não? Adoecemos, nos enfraquecemos, nos sentimos insones, ou hiperativos, nos sentimos ansiosos por vida, sedentos de sentidos, e nos séculos da depressão, nossos corpos não suportam essa falta de sentido, essa supressão dos sentidos e sentires da vida. Revolução é aqui é consciência corporal...


A não-vida não deveria ser nunca a maior parte da nossa existência.
Por que
de sentidos e amares somos.
E um dia haveremos de ser...

plenamente.


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domingo, 13 de março de 2011

O Monstro...

Hoje eu me lembro claramente de que quando li o "Médico e o Monstro" para um seminário pra materia da Amnéris , eu achei divertidissimo, pois me considerava nada parecido com o personagem: Tão profundamente cindido internamente, que conseguia possuir em si, dois de si, cada um qual, não suportava as caracteristicas do outro. O monstro Hyde , pouco desenvolvido, baixo e feio... Hoje, eu senti meu monstro andando nas minhas entranhas, baforando suas chamas para fora de minha boca, me ardendo como fogo na pele....
Meu monstro é um masculino deformado, de dentes afiados e hábitos imprevisiveis, eu sempre acreditei que dilui-lo nos meus atos e conte-lo o faria desaparecer, que tudo que existirião seriam aspectos, mas nunca o algo-todo, aquilo de separado, profundo e antigo, que senti mover-se em mim hoje.
E pela minha cabeça se passaram os mais crueis pensamentos, e a violência vibrava em minha pele como que com alegria e uma absoluta cegueira dos outros me invadiu, ficaram assim, na boca, destilando seu veneno em mim, que morria para segura-los - reconhecendo-os.

Fugi pra agua e pro grito. Me sinto enjoado, quero vomita-lo. Como se livrar do monstro, sem permitir que para ele ir, possa em qualquer momento me-ser?

Eu bati com um profundo abismo em mim, com dentes afiados, glutão, aquilo de mal que eu via em todos os homens, mas que no fundo no fundo eu sabia estar cultivado profundamente em mim...

Um novo antigo que eu sabia que retornaria...

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segunda-feira, 7 de março de 2011

Palavras

Dificil é escrever quando é o silêncio que fala mais forte em você.
E eu nunca fui muito bom com a palavra-escrita.
Prefiro a fala, é por onde eu melhor me sinto, me expressando.
Olhos, sentir, e todos os gestos, sentidos e cheiros.
Por acaso minha fala se tornou, a fala de um corpo inteiro.

Inteiro...

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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Silêncio em mim cala...

E eu fui tomado, caí. Não é a primeira vez que sou livre por "fracassar".
E aqui veio denovo, sobre as asas da minha incapacidade de reagir, do meu não suportar, de não dar conta, e no meu silêncio estasiado,
nas contradições que me invadem,
eu sou um novo em silêncio.

Diante do Oceano que aparece a minha frente, me faltam palavras. Sou essa ausência.

E me desconheço.
Me reconhecendo.

Em silêncio...


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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Lembretes para o futuro

Espero que para um futuro em breve.

Preciso passar esses filmes em alguma aula. E perguntar aos alunos essas coisas todas.
Sobreo que sentiram, sobre suas percepções, a falta de autores nos livros, e o fato de que pessoas escreveram - livros e documentos (a incerteza!) e tudo mais o que puder. Reler os posts abaixo será bom.

Infernizar-lhes as vidas.

Não esquecer.

Atenciosamente,

Eu mesmo.

Sobre o Ensino de História II

Um outro ponto básico para o ensino de história "fora da academia", é a "perspectiva do onde estamos". Os alunos precisam debater o significado da produção histórica, poderiamos pegar exemplos de disputas que a história poderia trazer - história como reconstrução, história como dizendo ao presente, porque o passado relevante é o "passado que não passou". Tal como na psicanalise, poderia dizer, os passados "não passados" para nós, nos atormentam, então os discutimos, infindamente, discutimos, dentro dos nossos códigos culturais, dentro da nossa formação subjetiva pessoal, e a maneira como aquelas variaveis nos afetam.
Como nos é impactante o peso da Segunda Guerra Mundial, do Nazismo, como insistimos ainda em tratar o Nazismo como uma "besta anomala". Nos esquivando de adentrar nas questões que nos machucam - aquelas que nos faz real o medo de que somos mais parecidos com aquilo que foi o Nazismo do que gostariamos - e trocamos isso por uma divisão maniqueista e simplória do mundo. História é presente. Nada nela é neutro, nenhum historiador simplesmente "estuda um assunto", e isso tem que ser colocado em debate.

Porque Finley escreveu "Democracia Antiga e Moderna", quais variaveis o afetavam? Em que época ele escreveu o livro? Ao que ele está dizendo, além do conteúdo de seu livro? Qual proposito?
Esse é um questionamento porque o livro foi muito significante para mim, e o primeiro a vir e minha cabeça, existem infinitos outros. Outro ponto que poderiamos discutir longamente é o fato de que a história ensinada nas escolas permanece "desautoral", sempre em tópicos, com fatos diretos e bem resumidos - não dando nem chance a "mão humana" na história, poxa, é "gente que escreve", e não a "história que tá ali", tampouco a incerteza do fato, inclusive porque a incerteza é humana, e não "cientifica" como creem alguns, ainda que eu acredite, que mesmo "cientificamente" navegamos num mar de incertezas.
O que dizer? Vejam filmes "históricos". Recomendo um que vi hoje, muito bonito: a tradução é "jornada pela liberdade", e fala sobre William Wilbeforce, um parlamentar inglês que lutou pela lei de abolição da escravatura no território da Grã Bretanha. Ao final do filme, eu perguntaria aos meus alunos, "Quem se emocionou com Wilberforce?" "Quantos se arrepiaram ao ouvir seu discurso?" e terminaria a aula perguntando maldosamente por entre os dentes "Por que?".

É interessante, em um monte de filmes históricos, onde um "libertador" aparece, para lutar contra alguma "tirania antidemocratica", "contra o povo", etcetera... Há uma construção de diálogo que me parece interessante: Diálogos em que os personagens tem "insights" sobre o futuro "livre, leve e solto" (Exatamente como nesse filme que citei)

A minha idéia é que, os filmes, como os livros, mostram o exercício de reconstrução em prática: Conhecemos o que veio depois, reconstroi-se, no caso desses filmes, a partir de variaveis as quais nos indentificamos, por isso esses personagens são referências, são "hérois". São subjetivamente considerados pelo filme "homens fora do seu tempo" na sua construção como personagens, o que é bem interessante, e daonde podemos fazer um bom exercício: Novamente, sabemos o "fim da história", sabemos o que vem depois, temos nossas variaveis culturais que indicam aquilo que temos como referência de "admiravel" e "repugnante" (ou ainda mais terrivel "bom" e "mau"), essas referências pesam na construção dos personagens, ofuscam o que "são" para criarmos sobre eles as nossas impressões. Não há nenhum pecado nisso, nunca "reconstruiremos" os agente históricos de 200 anos atrás, dúvido que consigamos fazer isso com de 50 para fazer um filme sobre a década de 60 no Brasil. Mas é preciso que se tenha em mente isso, essa sensação de "fora de alcance" - essas personagens que perpassam os milhares de anos de história da humanidade, causam-me sempre essa impressão de distancia... de que é profundamente díficil, chegar ao mundo deles, nunca realmente possivel, mas é preciso perceber: Mundos diferentes.

História é um exercício para lidar com a percepção de mundos, para saber se engalfinhar em "questões mal resolvidas" pelo nosso tempo presente, nossas disputas "sobre o passado", porque elas determinam como construimos as nossas percepções sobre o presente.

E daí, poderiamos ter uma história, para educar para a Autonomia.

Uma história nem tão preocupada assim com a assimilação dos fatos, tampouco a transimissão do "código cultural" nele contido, mas de jogar ao ar, e expor as entranhas pela qual pulsa isso tudo. Cheio de pessoas, com incertezas, paixões e gostos - do lado daqueles que deixaram seus vestígios na forma de documentos, sobre os quais os apaixonados do outro lado, historiadores, se debruçam com suas subjtividades, procurando encontrar traços de coisas, para escrever sobre nossas "memórias conjuntas".

É importante esquecer-se dos fatos. E dar-lhes menos importância, e um novissimo leque de opções se abrirão - para os nossos alunos, para a disciplina histórica, e para nós.

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Sobre o Ensino de História I

Assisti dois filmes hoje, um que já tinha visto, só que outra versão (em preto e branco) que foi "12 homens e uma sentença" , um filé para discutir a idéia de fato histórico - da incerteza ou possibilidade de imprecisão de um fato. No caso do filme, um fato presente especifico, e daria espaço a um bom debate sobre como seria isso no caso da história, uma vez que lidamos com situações não presentes, é necessário que "já tenha passado", ou "já seja", para que possamos fazer ou dizer qualquer coisa sobre o "tal", assim, poderiamos dar inicio a um diálogo com os alunos que acho fundamental a qualquer um que queira ensinar um pouco sobre as bases para se "pensar a história" - necessária, básica, para se "pensar a história". Temos aí, milhões de brechas para questionamentos, e podemos trabalhar com comparações muito interessantes, se pegarmos a solidez (que me incomoda) da maioria dos nossos livros didaticos (ao menos a maioria dos que usei), com o mar de imprecisão a que podemos nos lançar quando começamos a fazer perguntas sobre a "precisão" da "ciência histórica".
E aqui, após breve chá sobre um filme bom para assistir, caminho para outro lado, que penso ser o fantasma geral que circunda esse longo paragrafo acima, que é justamente o que eu penso ser o "ensino de história", e quais são as bases fundamentais para sua "construção". Bom, gostaria de saudar provocando: Basicamente, ensinamos história "errado".
Uma frase de uma de minhas professoras do primeiro semestre resume meu pensamento: "História é pra pensar, não pra conhecer". Eu acredito nisso, mas acredito também que a forma como nossa sociedade (brasileira, moderna? Não faço idéia) aprendeu a "pensar" a história, está profundamente marcada pela idéia de "ciência positiva", pela "verdade dos fatos". Podemos nos recusar a ver isso da Academia, mas a maioria de nós, alunos, já percebeu que as pessoas o tratam como uma "biblia da verdade sobre a história humana". Tremenda bobagem, sabemos menos do que um pre-vestibulando, e por saber menos, somos mais felizes! "Não-saber" para nós deveria ser encarado como uma dádiva - porque o não saber, nos abre à possibilidade, e a história será para mim, um intenso campo de possibilidade, e nenhuma certeza.

A primeira reflexão necessária a um aluno médio, é a descontrução da idéia da "solidez dos fatos". Ao qual o filme acima é excelente em colocar em questão, e que um professor malicioso, saberia tirar proveito para colocar sua própria ciência numa "saia justa" ainda pior. Embora isso seja somente pelo esforço que este empregar nessa, pois as incertezas ligadas ao direito e ao julgamento de uma pessoa, podem ser tão vastos, ou "vasto de forma diferente", em relação aos "problemas históricos".
E aí abandonar a "hipocrisia", em alguma medida, se faz necessário. A parte dos cabrestos escolares: Como as provas do Estado, e o vestibular, precisamos nos atentar para não cairmos no "conteudismo", coisas a que essas duas maldições do ensino de história, certamente, pesam terrivelmente.
O conteúdo do conhecimento histórico é construido pelo historiador. 4 milhões de históriadores poderiam estudar o mesmo tema, e poderiamos ter 4 milhões de teses (se ouvesse orientador e recursos materiais para tanto), o ponto é que "nunca nos faltara assunto". Podemos dizer, e dizer, e dizer... a pesquisa é em si uma ação subjetiva (embora essa idéia cause calafrios em muitos), o historiador praticamente "cria" o conhecimento, interpreta documentos, e analise séries deles, observando fatos, escolhendo aqui e ali, lapidando aquela pequena preciosa gema, construido no fogo intenso de suas subjetividades e paixões, modelando a matéria bruta dos fatos, suas folhas, palavras, textos, fotografias, imagens, e que quer mais que o historiador poderia buscar sua matéria prima, mas como um anel, foi feito por seu criador, e "não existe em si" a partir da "grande História" (que até escrevemos com H maiusculo).

A "História", não existe. Uma amiga sabiamente disse que acabamos com a palavra história errada. Deveriamos ter só "estórias", e não "História", e eu gosto dessa idéia, especialmente no plural.

E aqui, findo a primeira parte.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Consciências...

A minha consciência é a minha intregridade corporal? Quando então meu corpo desintegrar-se, desintegrará também minha consciência? Mas e essa sensação de "não finito" que me circunda, a sensação de que a consciência projeta-se para além das funções vitais do meu corpo.
No Universo as coisas não se findam em si, o fim é algo que existe para nós, Humanos, que acreditamos em uma espécie de fim definitivo, nosso temor à morte. Tudo o que vejo são transformações, é uma impossibilidade o "deixar de ser" de qualquer coisa, a minha dúvida mais forte paira sobre a consciência humana.
Ela é fruto da integridade corporal? Finda-se quando morremos? Nosso corpo reintegrara-se ao solo, será energia que permitirá o surgimento de outros seres, energia transformada que formara a própria matéria que compõem os corpos desses outros seres, vermes, animais, ou plantas - e em um futuro serão energia que compõem outros seres humanos.
O corpo dissipa-se, como energia que é, e reintegra-se ao ciclo. A consciência eu não sei para onde vai, talvez percebamos a existência de uma maneira diferente, talvez, com o fim da integridade corpórea, cesse a consciência, e aí realmente "não existir" será uma realidade - não importante , pois não faz a diferença, se não há existência, mas e se a consciência é algo projetado, para além das nossas funções vitais, como vemos, afetado pelas nossas percepções do mundo, por um subjetivo que reflete no corpo, mas não é dele originário, e portanto, acaba por presumir a existência de outra origem - anima. Finda-se? Continua?

Enfim, fecho, dentro da mesma dúvida sobre a qual comecei. E não pretendo obter respostas.


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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sob seu manto escuro...

E eu que falei de morte... nem pensei que voltaria a falar dela tão cedo.
Agora não mais como um medo furtivo em minha mente, mas como uma realidade fria e dura, estendida sob seu manto que tem a face dos tantos que choram, e perto, possivel ouvi-los.

Levou dois de perto, e de uma vez só arrancou um pedação de um monte de gente. Arrancou um pedação de mim. Vão fazer falta...

Como terá sido quando vocês perceberam que não dava mais tempo? Que sentiram?

Que estrada é essa que nos separa agora?

Mas eu prefiro, o silêncio dessa falta de respostas, a acreditar que há algum tipo de destino maior.
Prefiro pensar na vida, na vida q tiveram, e na fragilidade e frieza , no susto com a qual podem se encerrar.

Plenitude. E plantar flores em jardins, não em tumulos

Porque é preciso cultivar a Vida.


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sábado, 29 de janeiro de 2011

Sob o pendulo da foice...

E qual teria sido o último assunto que tocamos?
Lembro-me ter sido algo idiota, mas eu gostava. Apesar das dificuldades estavamos ali, não é?
Estou me precipitando? Medo é coisa do futuro pelo visto, expectativa do ruim? Me parece perigoso colocar em palavras o medo daquela face osséa oculta sob o manto, sua foice como um pendulo ameaçando os frágeis fios de prata que nos unem - me parece um mau agouro falar dela, mas não posso negar, nem deixar de ser sincero, correndo o risco de atrair a confusão, ou até um pouco de indignação dos meus mais assíduos leitores (que são poucos, creio).
Não me lembro do último assunto, me lembro da gostosa sensação de estar ali, e de que a idiotice do que conversavamos não previa tudo o que aconteceria.
Como estaremos após tudo isso? Quem seremos?
Como estará se sentindo? Como estará passando o tempo para você?
Lerá, em alguma ocasião minhas palavras? Sinceramente, essas, esperaria que não.

Mas o que espero mesmo é que esteja de volta, para falarmos mais trivialidades e assuntos idiotas enquanto cegamente fitamos o futuro, sob os risos entorpecentes da nossa agradavel tolice presente a parte das ranhuras na pedra ou nos discos...

Feliz Tolice, toda a tolice que poderia me imaginar.

Fique bem logo, volte para casa, estamos com saudades.


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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Tregua...

As pazes não duradouras eternas. Ou o pressagio de outra guerra.
Terrivel é saber que me acostumei tanto a elas, tanto ao conflito, que meu corpo se ajeitou as formas de suas violencias, e violentou-se. Sob meus ventos internos, ninguem vê, sou um homem preso numa armadura - travado, por debaixo de placas metalicas, para lutar, lutar sempre.
E eu quis tanto tirar, quis tanto depender um pouco. Eu já precisei, já precisei de muita gente, mas eu sempre quis não dar conta. E num gesto terrivel de arrogância sou obrigado a dizer, que para a minha infelicidade, eu não caí. Quem sabe a queda fosse remédio que fizesse a guerra parar, já que não poderia ser travada sem guerreiros. Ou quem sabe o apelo ao amor de quem vem sendo destruido por tanta violencia, o apelo de morte, a fraqueza do corpo, não o sensibilizassem.
Mas não.

Tudo é uma tregua. E eu ouço atentamente os sons no silêncio, atento ao inicio da minha próxima marcha, da proxima batalha.

Eu , que já nem lutar mais quero, não para isso, não pra morte.


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O ele que eu perdi, que nos perdemos.

Custamos, a duros fios, a duras penas, nos encaramos com tranquilidade.
Aos treze eu declarei guerra ao seu modo de vida e as suas formas de pensar, e nunca mais lhe dei paz. Não poderia, eu me destruiria se permitisse que aquilo continuasse.

Nos perdemos, e eu achei que meu exilio pudesse traze-lo de volta, ao menos aos outros, que não merecem o peso de guerras que lutei e nem minhas de verdade eram. Guerras infindaveis, de mundos alquebrados, que não se entendiam, nunca se entenderam.

E isso nos afastou. E mesmo que a sirene não tocasse, ou as luzes vermelhas e azuis não chegassem, isso o cortou. Mas ele nunca entenderia o meu mal. Meu mau.

De gritos entalados, de furia incontida, de todo o amor que briga constantemente dentro de mim, com um ódio e um rancor desconhecidos, para lá de muito díficeis de serem perdoados.


Hoje eu só quero o silêncio, e tregua.

Eu que amo a vida, me recuso entregar a morte.

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domingo, 9 de janeiro de 2011

Eu me importo...

E gostaria de poder dizer que me importo, e as vezes o faço.
E que falta você não faz? E o quanto não gostaria de dizer que te gosto?

É isso, cansei desse medo, eu gosto mesmo e ponto.

Corro apenas o risco de demorar muito até você ler isso.




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sábado, 8 de janeiro de 2011

De amar e barbas

Tive um sonho estranho onde confundi Alvo Dumbledore com Paulo Freire. Coincidência?
Até agora a forte impressão que das idéias dos dois: fortemente apoiadas no amor.
Até que não, fica aí a homenagem aos mestres. Haha






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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Vozes no banho...

Eu as escuto quando estou debaixo do chuveiro. Competindo com o barulho da água que caí e bate no chão, e no meu corpo, o barulhinho de vozes agitadas. Sempre, há muito tempo.
E se algum um dia gritar enquanto eu estiver tomando banho, vai se deparar com a estranhissima cena de eu sair do banheiro todo molhado e só enrolando na toalha, perguntando com os olhos bem abertos: "Que aconteceu?".
É, sem tudo o que poderia dizer, parece até engraçado.

Tem cicatrizes que simplesmente não fecham...

Ou abrem, quando a gente decide voltar a brincar com as facas.


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