segunda-feira, 27 de maio de 2013

Brincares.../3

"Não caímos para aprender a andar? E nossas brincadeiras? Esfolar os joelhos, as vezes até rachar alguns ossos, não fazem parte? Alguns tombos de bicicleta definem o seu aprendizado. E aprender a dançar acaba envolvendo alguns pisões no pé...

E se nas nossas brincadeiras infantis o importante era brincar, estar junto ali, naquele momento. Naquela inconsciencia infantil, alheio a qualquer tombo possivel, alheio até mesmo ao fim da brincadeira. Por que é tão díficil em relação ao amor? Em relação às pessoas? Por que não levamos essa expectativa para nossas vidas?

Não é todo encontro de nós um infinito acaso?

Se somos assim tão vastos, como esperar que tudo dê tão certo?

Desentender talvez seja fundamental pra gente se entender...
Se entender nas nossas diferenças...

E tolerar é poder perceber que o mais importante talvez seja...

Estar junto."

 (E ainda continua sendo...)



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domingo, 26 de maio de 2013

Verso em Flor;

Que a medida da tua surpresa,
Que a demora dos seus suspiros,
Que a intensidade das suas emoções,


Sejam sempre um bilhete vivo,

da sua beleza;



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segunda-feira, 20 de maio de 2013

Anestesia...

ou [Of course we are free, but don't go spill your guts all over there, bleed outside]

Mundo curioso o nosso;
Tão intolerante assim a dor, tão afobado em não sofrer;

Sofrer se tornou um dos sete pecados capitais, e nossa sociedade, analgésica;

Para toda boa dor, há um bom remédio, se está doente ou seus musculos doem por ter feito exercício,
"Não se preocupe, só tome este comprimido e ficará tudo bem";

Para isso também se fazem remedios para alma;
Os primeiros e até bastante criticados, psicotrópicos,
produzem seu alivio temporario para as mentes e corpos quebrados;
(quebrados, no mundo e no tempo e que agora precisam ser consertados...);
O segundo é o conseho, as normas, um repertório semelhante há uma oração,
incessante e repetitivo; "Não desista", "Siga em frente", "esforce-se mais"...

 Qual proposito desse se esforçar do que continuar no mundo?
Do que continuar fazendo o que se tem que fazer: continuar produzindo?
(E retornar à máquina-do-mundo, que não cessa dia e noite,
que nos toma por completo, que nos quebra em mil pedaços...)

 "A frente" gritam os sacerdotes da modernidade,
o "progresso" é o caminho e a meta o "sucesso";
Nossa promssa de vida eterna - de superar a dor;

E a dor continua fazendo seus estragos,
Alimentada pelo próprio mundo que a tenta suprimir;
Porque o fim da dor não seria lucrativo...

Mas sobretudo, porque a dor se tornou um absurdo,
O sofrimento profundo tem se tornado cada vez mais,
uma espécie de estigma, que te diminui ante o brilho dos alegres e
sorridentes que dão a volta por cima;

Sentimos dor, absurda e paralisante;
E não raro, nos sentimos mal por nos sentimos assim;
E logo, o conselho e as vozes não demorarão a aparecer,

nos dando de bandeja uma resposta óbvia, que teimamos em aceitar;
"Olha, aqui está a receita, é só seguir à risca..."
Um palavreado infinito d vozes a se repetir formulas e soluções;

 A dor é uma realidade do mundo, inescapavel;
Desnecessaria de ser cultuada, perigosa de ser abominada;
Através da dor se fortalece o corpo , nos exercícios;
Se quebra um corpo (e uma alma) através da dor da tortura
E também a dor pode levar alguém a buscar desesperadamente alivio na morte;
Ou é componente essencial, da nossa expressão, ao escrever, pintar, desenhar...
Ao gritar..

Não é maligna a dor;
 E talvez não precise ser resolvida...
 Extraída como um cancer numa operação médica;
Anestesiada e proibida;

Talvez, o entendimento de sua existência;
Aceitação, no sentido de "não-repulsa", 
O entendimento de que abominar sofrimento,
causa sofrimento;

Nos leve por um caminho mais tranquilo;
Onde não é necessário sentir mal por estar mal.
Nem abrir mão da empatia de estar junto,
mas talvez da cobrança por uma resposta, de si ou do outro;
Da incessante e afogada busca por soluções;

Talvez mais a companhia siolenciosa de alguém;
Ao eterno-ruído do mundo no qual vivemos;


Tempo para a dor,  para vive-la e senti-la;
Para entende-la...

O que se faz daí em diante, é diferente;
É caminho de cada um, de cada nós,
uns param, uns gritam, outros correm;


Antes de tudo,  o que preciso é de um espaço para a dor;


[O mesmo mundo que quebra-humanos, é o mesmo que o médica, que o remenda,
e o põe na linha de montagem do mundo; Somos livres, é claro, nessa esteira;
"Somos livres, é claro; Só não vá derramar suas entranhas por todo lado aqui, sangre lá fora..."]







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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Falta de ar...

Falta ar ao meu coração,

E os pulmões já esquecem de respirar;

O que resta de mim
                       é susurro,
 Do corpo inteiro
                          que suspira...

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domingo, 12 de maio de 2013

A loucura dos dedos.

Loucuras me escapam,

Pelas pontas dos dedos caçam na pele,

As feridas que não podem cicatrizar...

As feridas que não deixam cicatrizar.

E abrem, e abrem...

Como se enterrado ali, em meio a carne e o sangue,
alguma solução para um desarranjamento na alma.

A pior coisa de todas é que a maldita loucura faz sentido,
e enquanto os dedos cavam e escavam a pele, deixando seu rastro
de feridas incuráveis (que dizem respeito a outras ferida não-curadas),
por mais absurdo que a mente se absurde, o gesto continua,
a rasgar e a rasgar e quando a dor é forte demais para continuar no mesmo lugar,
a procurar por outros, mesmo no sonho, mesmo no sono...

A vergonha da loucura a faz piorar. Abre mais feridas, torna as mãos mais agitadas.
Controlar o impeto de rasgar a pele é um esforço tremendo, e a angustia de tudo isso,
é a sensação de que não vai acabar;

Ah, as feridas... meus dedos nunca acabam de arranhar.
meus medos nunca param...

E por cansaço e frustração, acabo parando,
se dependesse dessa angustia eu viraria uma grande ferida aberta e só.

Mas as unhas se quebram, o corpo se cansa ou a dor é forte demais.
A mente, inquieta, é obrigada a centrar-se em outra coisa e apaga,
não descansa, só desliga...

Pra depois voltar à mesma maldita rotina.



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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Desarranjos... (ou "Para alcançar o céu com os dedos")

Acordo, o coração disparado.
                                    (do fundo de um mar...)
Outra decepção me vem a memória... e outras.
O coração nada, forte, pra não se afogar em lembranças...
de sal e gosto amargo.

Sobre os mares agitados de mim, paira um opressivo silêncio.
Uma calmaria, num céu puro, sem nuvens e um Sol Eterno...
Inclemente, a tostar as almas e o Tempo.
                                                  (E moer memórias...)


Tudo parece tão solene e hostil,
Entediantemente igual e distante.
E os Ecos repetidos num oceano sem Vento.
Gritam abafados...
     "Não há nada novo por aqui"

Mas minhas marés insandecidas
continuam a querer rasgar o céu, e o Sol.
E inverter os rios e as cachoeiras.

Apagar todas as velas do mundo.
Inaugurar um Dia Longo de Noite
Uma Ode à escuridão...

Com Lua cheia e Estrelas...
E todas as Cores do Universo...

Com todos os lapsos do sangue,
e as células da alma,
e todos os corpos da mente...

Cultivar um Sol em Chuva

de Peito Aberto...



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