quinta-feira, 24 de maio de 2012

Tristezas de sabe se lá o que...

Acordes tristes acordam a tristeza represada no peito.
Como um lago atingido por uma pedra pesada - pesada, mas suave.
As imagens à margem de mim se desfazem e refazem nas minhas águas turvas...
Cadê? Todas aquelas pessoas que estavam por aqui?
Fui embora, mais por querer que ficassem.
E toda minha amargura, só é mais uma maneira de lembrar.
Sinto falta.

E a dor transborda, o peito sangra em silêncio, um sangue que não consigo enxergar.
Me esvazio dos meus invisíveis, prendo o choro.

Tristeza em oceano represado, se espalha por todo canto, em todos os tons,
inunda-me a alma, os sonhos e o sono.
 

Não posso dormir,

Afogaria.

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terça-feira, 22 de maio de 2012

Dizer...

São quatrocentos e cinquenta e dois emails não lidos,  trinta e duas atualizações, duzentas e cinquenta  os publicações em grupos, ah, claro, os vinte grupos e mil e setenta e seis amigos.

Houve um tempo onde a desinformação era filha do escuro e do afastamento, onde desconheciamos por estarmos longe demais, por não termos como observar, não esbarrarmos, não conhecermos. Também, pouco fazia diferença, os preocupados em estar informados acerca de "tudo e todos" somos nós, e assim, vemos, mas não enxergamos.
 A preguiça me toma por completo diante de tantos emails não lidos, mas ainda me dou ao trabalho de hierarquiza-los, e perco (e aqui é perder mesmo) um puta de um tempo a procurar o que é afinal que eu vou ler. E leio, e as vezes respondo, noutras não.

Com quantos isso seria diferente? Já mal tenho vontade de escrever para os outros. Estamos todos tão ocupados em mostrarmos coisas, em dizer - e talvez tenhamos passado tempo demais sem poder.
Mas eu não consigo ler o que esperam, e duvido que alguém o consiga - e mais ainda de alguém que queira, é coisa demais.
E assim me pergunto, dizer quando? Pra que?

A nossa cegueira, é luz demais. E a nossa surdez, barulho demais.
Perdemos a fala, no meio de tantas coisas ditas..
E, não raro, só temos vontade de dizer mais - e demais.

Dizemos até no nosso modo de ouvir. E desalcançamos.
E, como se não bastasse, acreditamos ser os mais bem informados do mundo.
"A geração da informação..."

"Seven billion, eighty million three hundred sixty thousand people
and only a few of us can see the connections.
Today we will send over three hundred billion e-mails,
nineteen billion text messages.
Yet, we still fell alone" (do seriado Touch)
 
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Observanças - Os Corpos inquietos.

Me engano ao imaginar que o tato lhes seja muito importante?
Parecem quererem se encostar, mas não sabem como.
Eu não me lembro de como aprendi, acho que caí, ou fui empurrado em algum momento.

Assim, eles e elas brincam, brigam, se esbarram, se irritam, se abraçam - se buscam.
Por certo, melhor do que a fria distancia que separam as carteiras, melhor do que todos os silêncios que existem sobre o corpo... Sob o corpo.

Ah, essa inquietude, essa vontade de correr pra jogar bola, pra alcançar alguém. O sino do recreio como o sinal do inicio de uma corrida desesperada...

Como somos tão desatentos a essa curiosidade?

Que melhor do que a inquietude, um pouco de agressividade, com pitadas de violência para liberar a alma, o corpo preso da carteira?

Não seria a bagunça, frequentemente, um grito por liberdade, uma oposição singela e sincera ao tédio, à falta de sentido das coisas e á escrotisse dos "mestres"?


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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ventos de outono...

Ventos de outono chegam suaves, como suspiros de saudade.
O  frio ocupa todos os lugares que ela deixou.

O Sol falseia um calor que não nos alcança,
e eu deitado, observo o retorno dos ventos,
que não vem com o retorno de alguns cheiros.

o céu é mais estrelado no Outono, mas é mais estrelado na minha cidade,
na minha raiz mais forte. E a Lua brilha mais e maior.

Um jardim de cinza e verde nas montanhas,
coroada pelas torres das igrejas
que aparecem por cima de seu manto de neblina.

Díficil é manter as mãos e pés quentes, e os corações.
E sair da toca. E tocar. Ser tocado.
Sou um urso que adiantou o inverno para hibernar mais tempo.

O Outono é
todas saudades,
sussurradas ao pé do ouvido...



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