quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

velho sonho de criança...

Quando pequenino era absolutamente fascinado pela astronomia e pelos planetas em geral.
Vivia a futucar os livros de física de minha mãe, a procurar por duas imagens: planetas, que amava e raios - que morria de medo, mas realmente achava as fotos bonitas, me perguntava como o moço que tira fotos teria feito.
Me lembro que pensava seriamente sobre a questão da viagem espacial, sonhava em viajar e ainda mais, queria inventar uma nave que desse para sobrevivermos no espaço, acho que cheguei a desenhar, algumas vezes. Lembro de ter mostrado para algumas pessoas adultas, na expectativa de que opinassem sobre meu projeto, como eram pessimistas! Mas apontavam problemas importantes do projeto, assim, eu o rescrevia e o redesenhava denovo.
A figura do ônibus espacial sempre me encantou, era um projeto simples, me perguntava como não tinham pensado nisso antes, me diziam que faltava energia, e ar também. Vi num desenho esquilos que corriam numa grande roda para ligar uma lâmpada e me disseram que plantas forneciam o ar - pronto!
Estava resolvido o problema , o último projeto , até onde me lembro, era bem isso: uma bicicleta, ou algumas, que geravam energia atraves de um gerador - assim a nave se movia, plantas (eu imaginava samambaias e as tentava desenhar no projeto) para dar ar, e um painel de controle bem aberto para dar para ver a paisagem.
Afinal que graça teria viajar no espaço sem dar pra ver a paisagem?

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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sobre uma ausência essencial ou...

sobre um certo charme que possui a ausência...

Estive a pensar sobre o assunto, na verdade, pensei quase sem saber que pensava, quando vi, já tava quase pensado - haviam coisas e mais coisas que comunicavam ao assunto, eu apenas precisava alinhava-las.
Antes, acho que até pouco tempo, eu não gostava da sensação de falta, quase que fanáticamente preenchia a falta de um modo bem geral. Hoje, em entre tantas entrelinhas, entre tantas conversas e agora entre tantos vazios que se encontram, não cabe em mim a limitação de me enfartar.
Uma das coisas mais importantes para aprender a sair de casa foi conseguir mais uma falta, e não superar a falta de casa - essas coisas a gente não supera - na verdade, vivo já a um tempo entre duas saudades - a de lá quando estou cá, a daqui quando estou lá.
Mas é de ganhar uma saudade e uma falta é que eu ganhei o "tempero" - É como comer arroz todo dia, não é especial, porque se torna tão comum, você nunca tem nada de novo a dizer ao seu arroz, exceto se está bem temperado, ou se queimou.
Agora eu pauto as diferenças e as singelidades, dou lhes significado, e é sempre uma sensação gostosa abrir a porta de casa - antes, tão trivial, tão sem sentido - hoje, o frio que faz na minha cidade, e aquele tempo fechado, com neblina e chuva-em-pó, é quase como um abraço, um aviso, que ela me dá - "Olha, seja bem vindo de volta, está em casa".
Hoje, quando estou em casa, a andar pelas ruas, reparo nas mudanças, ou na lentidão com que o tempo parece fluir em Ouro Preto e lá, me lembro de cá, e saudosamente me recordo das boas manhãs cantinando pelo IFCH, ou dormindo na Arcádia, caminhando pela dois tomando chuva, acordando na parte de cima do beliche.
E olha, ainda nem comecei a falar das pessoas - mas é que é estranho assigna-las a um lugar, o que na verdade acabo fazendo, quando estou lá em Ouro Preto, morro de saudades de Allan "meu pai", da Jaque, do Werner, da Isa, da Raquel, ixi... quanta gente!
E não me levem a mal, mas nem vou começar a citar as lembranças de Ouro Preto, de Minas, tampouco aquelas que transcedem fronteiras - de Estado , de Espaço e tempo - no limite, todas elas.

E se me perguntarem:

Copo meio vazio ou meio cheio?

Responderia:

Porque não as duas coisas?

Eis o que encontrei: uma Ausência que também faz parte de minha Completude.


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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Sobre uma teória de transformação...

Aproveitando para escrever um raciocínio que tenho a um tempo.

Eleições de DCE na Unicamp, faço parte de uma Chapa - "Não sou massa de manobra", este nome não é a toa, representa algo que vem acontecido dentro da Unicamp a algum tempo, uma insatisfação com a dominação dos espaços de representação política da Unicamp por grupos minoritários, geralmente comprometidos com o discurso de alguns partidos políticos.
O problema não está em absolutamente no que defendem, concordo com a maioria das pautas, concordo inclusive com a "una-realidade" que defendem, porém, não a tenho por verdade, tampouco interesse em propaga-la por aí, como um religioso, pois é, nada na ortodoxo.
Questiono o quanto é positivo que um espaço de representação de estudantes, possua em seu cerne, um discurso tão fechado com pressupostos pre-determinados comprometidos com uma causa partidaria, ou seja sem construção com o coletivo dos estudantes.
Mas não é nisso que vou me focar, o assunto é possibilidade de transformação:

Ao ler as propostas das Chapas, algo sempre me cutuca o pensamento, leio a proposta: "lutar por mais bolsas..." , me vem imediatamente a pergunta : Como? Não sei de que adianta apontar um milhão de direções (lutar por isso ou por aquilo), um milhão de pautas justissimas (contratação de professores, por exemplo), se a única função que aparentam ter, nesse momento, é uma auto-promoção eleitoreira - um comprometimento que não diz a respeito das formas de construção sobre a possibilidade de efetivar essas propostas.

Onde estão as formas para se conseguir tais benefícios?

A ordem de poder dentro da Universidade concentra poder por demais nuns poucos orgãos burocráticos , na figura do Reitor e de uns diretores que o rodeiam, não é uma malha fácil de se comprender, mas se percebe o desnivel de poder e a pouca propensão ao diálogo dentro da estrutura aparentemente "piramidal" da Unicamp - poucos com poder demais, muitos com quase nenhum poder - porém, essa é uma leitura dentro da óptica oficial das coisas , dentro "do regimento". Digo, no limite, a autoridade do reitor, o poder deste e dos orgãos da Unicamp estão ligados puramente à crença que estes orgãos podem realmente exercer poder sobre uma comunidade de mais de 30 mil.
A fragilidade deste tipo de poder está aí, apesar de suportados pela lei, como poderia haver um mínimo pressuposto de ordem interna caso um terço desses 30 mil decidisse que não iam mais aceitar as regras que os regem, tal ordem de poder? A mobilização massiva desestrutura as bases do poder dentro desse tipo de instituição, obriga os pólos de poder, os orgãos burocráticos, a reitoria e o reitor (no caso da Unicamp) a negociarem para obter estabilidade institucional.


Mais do que propostas, em minha opinião, é preciso criar condições para se construir uma mobilização que gere a possibilidade de uma desestruturação do poder a tal nivel. Nesse sentido não acredito que um movimento de minorias, como o que caracteriza as mobilizações na Unicamp de uns anos para cá em geral , seja capaz de construir condiçoes mínimas para uma mobilização desse porte, porque além de não abalar a estrutura do poder oficial pode fortalece-lo , e aqui frequentemente o faz, porque faz com que muitas pessoas que estão também na base legitimem o poder da Reitoria - em seu discurso fechado conseguem afastar pessoas, que congregadas, dariam a possibilidade de que se somassem forças o suficiente para tal construção, e ainda fazem com que estas forças se tornem avessas a esse tipo de construção.

O movimento de minorias é aquele que não se pretende em maioria, que não abre pressupostos ideológicos que tornem o diálogo mais amplo, mais plural, um discurso que não possui perspectiva de crescimento, pois gera insatisfação entre aqueles que são afetados pelo poder das instituições representativas nas mãos dos grupos de minoria - greves votadas à revelia de quorum, legitimidade, discussão , etc... - e frustração em vários daqueles que participam: contam com poucos, e nesse tipo de estrutura de poder, pertencentes "a base da pirâmide" e "em minoria", possuem pouquissimas chances de conseguirem mudar algo efetivamente, mudar não pontualmente, mas a lógica por trás do poder, essa falta de alcance é frustrante, ambas fortalecem um discurso pessimista e de certa forma a apatia que nos rodeia.

Porém, como congregar um número tão grande de pessoas?

A predisposição para uma mobilização desse tamanho necessita de autonomia. Boa parte da luta será impulsionada pelo reconhecimento da própria base de seu poder dentro do espaço, da possibilidade de desestruturar a ordem de poder que em muitos aspectos não age em seu favor e é pouco disposta ao diálogo - aqui na Unicamp isso é bem forte - através de sua organização e da subversão que se fizer necessária para colocar a ordem de poder, sua lógica e pressupostos em xeque.

O reconhecimento de unidade depende do rompimento com o discurso de isolamento, excessivamente individualista que existe dentro da Unicamp, preconceitos entre cursos, areas do conhecimento, preconceitos de discursos políticos, todos, no limite, preconceitos entre pessoas.
Romper com esse discurso é romper inclusive com as acusações sobre o individualismo alheio, e a proposição de espaços de encontro, de possibilidades outras, que permitam novos pensamentos, outras lógicas criativas, outros discursos. A partir do reconhecimento de unidade, é possivel desconstruir os pressupostos de poder, dentro dos próprios espaços de encontro, dando possibilidade de uma autonomia, de pessoas e em relação a sua unidade dentro do espaço.
Essa autonomia é um fator importante, porque ela torna a comunidade envolvida mais pronta para agir, e sem a necessidade de lideranças fortes, e talvez até mesmo de lideres.

Se trata de uma mudança "cultural" e possivelmente a longo prazo, e ainda se configura apenas como possibilidade, nunca como certeza.
Mas que se for uma possibildade real, nos dará um potencial de transformação importante, não só no quadro da Unicamp.

É preciso considerar que as bandeiras que um movimento desse pode erguer são restritas de certo modo, e no momento presente de forma ainda mais acentudada: Uma repelência crassa entre os discursos de "esquerda" e "direita" que impedem um discurso consonante. É possivel que algumas pautas importantes para o discurso da esquerda não sejam possiveis, o mesmo ocorrerá com algumas pautas da direita, mas essa construção de "meio termo'", mas que se comprometa na preservação do que é a Universidade pública, fruto de um diálogo, poderá trazer benefícios importantes à medida que pode congregar mais pessoas a sua volta, um discurso mais amplo.

Dentro dessa possibilidade é de se esperar que a ponta da pirâmide- a reitoria por exemplo- associada a um poder social oficial - a lei - abram espaço para o diálogo, e a partir daí construir aquilo que se almeja conquistar, utilizando as forças do próprio poder oficial, tanto da reitoria como dos orgãos associados a lei - isso dará corpo as conquistas.


Ao longo prazo, a "convivência" desses discursos em "lutas comuns" possivelmente irá transforma-los, em discursos menos polarizados em "direita e esquerda" e talvez até possa-se parar de usar esse vocabulário. A autonomia frente o reconhecimento e de uma perspectiva de política mais cotidiana dá nos a possibilidade de não precisarmos de lideranças, isso revigorará os espaços de representação e discussão. A partir daí existe a possibilidade efetiva de uma mobização capaz de desestruturar a ordem de poder surgir.


Isso é tudo uma possibilidade, teoria, um cheiro.

Mas eu nem preciso me valer de verdades para querer tentar.


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terça-feira, 27 de outubro de 2009

De Potência!

Sabe aquela velha conversa de que o equilibrio é uma boa?
Acho que to começando a acreditar um tanto nisso. É engraçado, porque até o equilibrio é relativo, somos mais ou menos equilibrados em diferentes aspectos do nosso ser.
Penso que sou radical, e por conta disso, desequilibrado, em muitos dos meus aspectos, em parte, eu gosto muito disso, e até me dou bem, em outros to tendo um "trampo" pra poder ajeitar.
Estive a pensar, muitas vezes, sobre a separação da razão e da emoção, que me incomodam, e pensando sobre a razão, sempre tenho a idéia de - Potência! Assim mesmo , com "P" maiusculo e exclamaçao no final.
A razão é para mim força criativa - em uma concepção muito ampla!
Quando me permito racionalizar o que sinto, as idéias sempre vem, é assim com o RPG, é assim quando vou escolher o presente de um amigo, ou escrever uma carta, é assim quando penso sobre Educação, é assim, inclusive, quando estou aqui, a escrever estes disparates curiosos!
E eu descobri ou estou descobrindo, que a razão regula também, e não é porque tem seus aspectos de restrição que é ruim, ainda que por um lado (esquerdo) eu fique tentado a pensar assim, eu reconheço que certos limites precisam existir, limites de pessoas ,espaços e tempos, porque se não houver , como lidar com os vários aspectos que temos? Como lidar com os vários mundos que perpassam o nosso? Como não invadir os espaços daqueles que gostamos?
Enfim, essas questões fazem da razão que regula, tão "de Potencia" quanto sua outra face, afinal de contas, permite nossa expressão mais sincera, que sabe ponderar limites e criar com espontaneidade!

Reflexões que estavam aqui dentro e queria compartilhar.


Obrigado.


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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Sobre o fogo descuidado.

O fogo que queima -Aquece

Sem cuidado - fere.

Se não controla sua respiração -se extingue.


Falta-lhe aprender a respirar!
Quem dera o fogo fizesse natação.


Um dia há de fazer!


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Sobre abraços de serpentes.

Abraços de serpentes abraçam
e também sufocam.


Abraçar requer noção do espaço -
Dos corpos e das almas.

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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

De Tempos...

Ao longo do tempo acabei me tornando alguem que pensa e muito fala sobre o tempo.
E hoje eu admiti falando, e agora escrevendo, que meus parâmetros de tempo sofrem de um problema: que o tempo, não é uma construção isolada, sozinha, própria.
Organizamos o tempo para organizar as coisas a nossa volta, construimos isso e crescemos lidando com essa maneira de ver o tempo, ou talvez maneiras, mas de uma certa forma, orientadas sobre uma linha geral, que muito me desagrada ou desagradava, agora já não sei, mas essa organização do tempo é importante para lidar, em parte, com as diferenças de tempo que existem entre as pessoas.
Eu forjei as minhas orientações no tempo a partir de uma grande revolta interna, acabei construindo esse conceito de uma maneira introspectiva e assim reorganizei ao longo de anos a forma como eu percebia o tempo e nessa construção esqueci-me de colocar o tempo dos outros.
O que me leva muitas vezes é a perceber que a falta que as pessoas me fazem não é a ausência delas, é uma falta exagerada, não faço idéia de quantas horas deveria possuir o dia para que essa falta pudesse ser suprida. Eu consigo muito bem respeitar o meu tempo e ele é muito orientado pelas coisas que sinto, o problema é de orientar-se o tempo assim é que não se vive sozinho, seu tempo afeta o tempo de outras pessoas, lidar com o tempo é praticamente sempre "coletivamente", confesso que para coisas minhas lidar com o tempo desse jeito me faz muito feliz - mas eu já percebi também o quanto me faz mal se eu não perceber que além do meu tempo há o tempo dos outros e é importante aprender a lidar com isso.
Parando para pensar e não deixando o desespero tomar conta, eu passo um bom tempo com essas pessoas, e o desespero perde a razão de apoio, apesar de cutucar lá no fundo.
Agora tá em tempo de aprender a lidar não só com o tempo, mas com os "tempos" que é isso que são.



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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Sobre eu e a Política...

É provavel que muitos se perguntem, ao ver toda minha irritação e minhas criticas porque eu continuo a me envolver com o que a Isa chama de "Política cinza"...
"Política cinza" pelo seu anacronismo e falta de senso critico, pelo esquecimento das pessoas e sua falta de coerência. A política "macro", dentro do CA das "Ciências Humanas" ou o próprio Diretório Central dos Estudantes, estão saturados dessas macras de um tipo de política que previlegia os cegos e os intolerantes, que destroi os espaços de debate político e consequentemente atrapalham as construções a longo prazo e uma nova possibilidade de Política.
Eu não sei definir o que é Política, eu sei que é muito importante para mim, e eu reconheço nas minhas relações e o que eu defendo nos meus discursos (num sentido bem amplo), também a reconheço nesses espaços desgastados do "movimento estudantil", de CAs , DCEs e Grêmios.
E não só por reconhecer mas por perceber que dentro das malhas intrincadas da Política que hoje permeia o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, existe um espaço interessante para potencilizar o alcance que tem essa Política cotidiana, construída da nossa postura em relação ao mundo e as coisas.

A questão é que eu me sinto bem quando enfrento as dificuldades inerentes ao se colocar em público, mesmo quando a atmosfera é desfavoravel. É porque acho interessante e coerente constestar nos espaços que "Política cinza"se apropriou, trata-se de publicizar que outras vozes , que defendem outras idéias estão aparecendo, e dar a oportunidade de que as pessoas se indentifiquem e discussões surjam.

Trata-se de ir contra a velha idéia de que a Política é feita pelos esclarecidos.
Acreditando que na verdade não existem os mais esclarecidos, ou conscientes, mas "consciências diferentes".

E assim se o espaço político público é o espaço onde coletivamente deveriamos resolver e nos acertar com nossas diferenças, o esvaziamento e esse uso "elitizado" dos espaços Políticos, não apenas do CA ou do DCE, mas de toda a nossa estrutura política brasileira, representam a nossa dificuldade daqueles que participam e se apartam, em lidar com as diferenças de pontos de vistas, de perceber as pluralidades das consciências e lidar com elas.


É por isso que eu compro com gosto a irritação e o desgaste que me trazem as discussões da "Política comum".





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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Divulgaçao parte II: 1° Forum de Literatura: Edgar Allan Poe

Pessoal, o link e o texto estão no Cultura & Arte Campinas, colocaram ontem.
Blog: http://culturaeartecampinas.blogspot.com/2009/09/1-forum-de-literatura-do-ccla-edgar.html

O Centro de Ciências Letras e Artes de Campinas convida:
1o Fórum de Literatura do CCLA - Edgar Allan Poe

Em comemoração aos 200 anos do nascimento de Edgar Allan Poe, estará aberta à visitação, no CCLA, de 5 a 15 de outubro, uma exposição de fotografias, livros,cartas e desenhos. Teremos também palestra, mesa-redonda, sessões de vídeos e declamações de poemas nas noites de 13 e 14 de outubro. As sessões de vídeos são em inglês. Todas as atividades são gratuitas.
Programação online: www.literaturaccla.blogspot.com

05/10
Abertura oficial com o músico Amyr Cantusio, tocando composição própria baseda no poema Annabel Lee. (horário a confirmar)
13/10
18h Vídeos: Poe no cinema . De Vincent Price às animações
19h Mesa Redonda: Poe na Psicanálise
20h30 Declamação de Poema

14/10
18h Vídeos: Poe na música
19h Palestra: O Detetive do Romance Policial: Do tradicional ao contemporâneo
20h30 Declamação de Poema (Luno Volpato)

SERVIÇO:
1º Fórum de Literatura do CCLA - Edgar Allan Poe
Dias: 05/10, 13/10 e 14/10
Local: CCLA - Campinas
Endereço: Rua Bernardino de Campos, 989 , Centro
Programação completa no blog do CCLA


Assim que tiver mais informações posto por aqui.


Até mais!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Divulgando: 1° Forum de Literatura: Edgar Allan Poe

Pessoal, pra quem não conhece o Centro de Ciência Letras e Arte de Campinas, eles estão organizando 1° Fórum de Literatura: Edgar Allan Poe , este ano é o bicentenário de nascimento do autor , informações sobre o forum estão no texto a seguir foi extraído do blog: http://www.literaturaccla.blogspot.com/

Exposição aberta à visitação de 5 a 15 de outubro (exceto fins de semana e feriado)
Participações confirmadas:

* Centro de Pesquisa OUTRARTE: estudos entre arte e psicanálise.
Com a mesa redonda "Poe na psicanálise"
* Fernanda Massi - mestranda da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP Araraquara
Com a palestra: "O Detetive do Romance Policial: Do tradicional ao contemporâneo"
* Academia de Letras
Com declamações de poemas
Teremos ainda sessões de pequenos vídeos com trailers de adaptações da obra para o cinema, versões declamadas, musicadas ou cd's inspirados nos poemas e contos de Poe!
Todas as atividades são gratuitas!
Breve o horário de toda a programação.


É uma boa oportunidade para conhecer mais sobra a obra do autor bem como
o próprio Centro de Ciências Letras e Artes de Campinas!

Peço aos companheiros bloggers e visitantes que ajudem a divulgar e repassem a mensagem!

Grato.


Thiago

domingo, 20 de setembro de 2009

domingo, 13 de setembro de 2009

Da Importância da Filosofia - parte 1

Falei sobre separações, me lembrei de um texto do livro "O Que é Filosofia Antiga" (Pierre Hadot) , li os capitulos 10 e 11 do livro pra aula de História Medieval e bom, deu muito o que pensar.

O texto fala sobre a apropriação, por parte da filosofia cristã, de elementos da filosofia "profana", para inclusive a "fixação" da idéia do cristianismo como filosofia - que , na época , envolvia não apenas um discurso teórico mas uma perspectiva de vida - e como a partir dessa apropriação durante a Idade Média você tem a desvinculação da idéia de filosofia como "modo de vida" como a Filosofia puramente como discurso teórico.

Penso que a visão da filosofia como apenas discurso teorico foi bastante difundida e penetrou niveis bem profundos da nossa sociedade, em nivel de sociedade brasileira mesmo, e que essa visão da filosofia é uma das mais propagadas , senão repetidas em nosso pais, pelo menos pelo "senso comum" da maioria das pessoas que conheço.
A primeira vez que eu ouvi alguem jogar no chão essa idéia, foi para os cantos do meu terceiro ano do ensino médio, Professor João Bosco Rios, primeira aula de filosofia reijeitou completamente a idéia de filosofia como simplesmente especulação teórica sobre o abstrato, e trouxe uma dimensão da filosofia que foi tão encantadora que quase optei por estudar filosofia ao ínvez de história. (mas continuo perdido nos seus encantos e , veja por esse post, o respeito a adimração que tenho pela mesma)
Que era a idéia da "construção das coisas" a partir das idéias, o questinoamento do meio em que estou e a partir disso da reflexão e construção de "modelos" melhores, seja de soceidade, seja do comportamento do individuo, desde á ética, ao modelo de organização social.
Esse contato com a Filosofia e a leitura do texto de Hadot me trouxeram as seguintes reflexões:
É preciso, pois, voltarmos a nos questionar sobre várias coisas , relativos à vida mesmo, e torna-las práticas, carecemos uma filosofia que una a reflexão e o cotidiano, a vida e às pessoas, questinar quanto "o que é a sociedade?" "O que quero para a sociedade?" "O que penso ser função dela?" "Por que nos organizamos em sociedade", há muitas perguntas a serem feitas e penso ser a Filosofia, como exercicio critico do pensamento sobre os aspectos da vida, e consequentemente da tomada de uma postura diante deles, uma base fundamental para as mudanças sociais das mais profundas.
O habito de inquirir , de questionar, próprio do exercicio da filosofia, é consequencia de uma Educação critica? Precisa ser exercitado de forma especifica?
Como tornar cultural o valor do questionamento?

É a falta de peguntar que nos leva a grande dificuldade de lidar com os problemas e um dos fatores fortes para a propagação de uma apatia política, assim como também para o estabelecimento de um tipo de relação social, construida ao longo de nossa História, que prioriza grupos sociais minoritários em detrimento das condições mais básicas de existência para a grande maioria - a "ideologia dominante" apropriada forçososamente (atráves da cultura e dentro da própria sociedade) pelos dominados.
Quem são os dominados senão nós mesmos?

Se tivessem a oportunidade de se organizar de outra forma, de receber outras influências para possibilidades de formação, abertos a esse exercicio da Filosofia , por exempo,
Será que se a maioria se questionasse quanto essas coisas, aceitariam de bom grado "esse" estado de coisas? Acho que não hein?

Acredito que a transformação vem da percepção das relações que estabelecem a sua volta e a sua inserção no meio delas, e a partir daí a mudança na forma de como você age em relação a elas, é um processo individual, mas que em larga escala mudará toda a estrutura de um sistema.



Então, um brinde , à Filosofia!
Aos estudantes, mestres e entusiastas dessa arte!


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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sobre as separações...

Recentemente muitos paradigmas vieram ao chão e muita coisa precisou ser reorganizada da minha mente. Esse tem sido um periodo marcado por isso e uma das minhas reflexões , que quero compartilhar nesse texto, é sobre as dicotomias e separações.
Vou começar por uma que eu não acho simples de entender, nem fácil de aceitar e ainda mais complexa para lidar e muita coisa ainda estou organizando, mas algo que me chama bastante atenção é a forma como "separamos-nos" em razão e emoção, ora me diga quem pode agir assim tão separado!
Mas seria leviandade e simplismo meu considerar que para por aí, penso que nossa cultura ultra-valoriza o racional, talvez seja essa cultura "ocidentalizada" (ou "euro-americanizada"?), que impõe de forma velada um ritmo para as coisas: a hora de se estudar, de escolher o que vamos se pro resto da vida, de parar de trabalhar, de trabalhar e estudar, tudo em separado.
Separam-se também as pessoas, as classes, separa-se também a familia e o próprio individuo é separado. Separado de si mesmo por gostar de algo que a sociedade não consegue compreender, por ter um tempo próprio que não corresponde ao tempo imposto, por nem sempre querer trabalhar com algo que o "mercado gosta", por pensar coisas que saem do padrão, e ter uma percepção do mundo bem própria e de uma particularidade incrivel...
Somos separados da "possibilidade", à medida em que somos fechados a determinados meios sociais, ou fechados a um tipo de informação, a uma cultura hegemonica que se expressa em todos os cantos e apesar de ser sufocante, acabamos nos adaptando à asfixia constante, cria-se portanto um padrão de comportamento, um padrão de ser humano, que não comporta ninguem.
Aliás um padrão de comportamento humano desumanizador, fundado simplesmente nessa lógica de uma racionalidade ultra-valorizada, dentro de um pretexto de objetividade que é apenas o suporte para "o produto" , e o produto atende ao mercado, por isso precisa ser "objetivo", sólido e, acima de tudo, Vendavel.
É assim que suprimimos um pedaço de nós para nos adaptarmos às condições sobre as quais estamos, que nos perdemos de uma parte de nós.
A limitação do comportamento humano como produto dessa cultura(?) está estampado, nos abismos sociais, que são também abismos de cultura e letramento, abismos de educação, que serviriam acima de qualquer proposito, para "aumentar possibilidades", e não digo de sucesso, mas aumentar possibilidades DO HUMANO, do SER humano, do ser mais a si mesmo, possibilidade do (re)encontro de si.
Está no que abandomamos de nós, cotidianamente e para a vida , por medo, por vergonha, por culpa, todos os três culturalizados pela nossa sociedade.
Separamos as raças, as cores, os gostos e os sexos, separamos a terra e os nossos pedaços, nos despedaçamos separados por aí.
Será a Terra tão separada assim? Em hemisférios, meridianos, países, estados e cidades?
Será o fogo assim tão separado da água, e eu tão separado assim de meu irmão? De mim mesmo?
Será o branco é tão separado assim do negro? Ou o norte tão separado assim do sul?
Será que o azul é tão assim separado do vermelho, do verde, do amarelo e do marrom? Do roxo?
Será que o Sol é tão assim separado da Lua, ou o Universo de nós?
Seremos tão separados assim da Natureza?
Será a verdade tão separada assim da mentira? Da Dúvida?
Será a razão assim tão separada da emoção? Da loucura?
Serei eu tão separado assim daquilo que quero ser, daquilo que sou? Será o homem assim tão separado da mulher? Ou o homem do próprio homem e a mulher da própria mulher?


O problema não está na diferença visualizada pelo foco do que se separa, do que se distingue, mas da supressão do diferente.
Dificuldade de lidar com a idéia de coexistência.
Ainda é , na sociedade e nas pessoas, porque assim mantemos.

Até quando?




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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

"Seu Luiz"

Voltando de Onibus BH-Ouro Preto , comecei a conversar, como de costume, com o senhor que vinha sentado ao meu lado, estava voltando pra casa depois de entregar um documento a um moço que precisava mas não vinha busca-los.
Seu Luiz disse-me que construiu suas coisas de pequeno, começou a trabalhar com quatro anos, vendendo leite pro pai, que não pegava o dinheiro dos garotos e deixava eles tomarem guaraná e comprar o que mais interessasse, o pai de seu Luiz, fazia com que ele e seus irmãos acordassem sempre cedo, e era indignado com o fato de estudarmos por tanto tempo, e da lei proibir o trabalho para "menores de idade", dizia: "18 Anos, só estudando? É isso que faz as más companhias se aproximarem: o menino vai pra casa, não tem nada pra fazer, acaba indo pra essas drogaiada que existe por aí, e se perde.".
Estudou muito pouco, mal letrado era, quando novo ainda veio pra Ouro Preto, não me lembro mas acho que trabalhava de cozinheiro, sei que mandava boa parte de sua renda pro seu pai e sua mãe "pra que eles não me mandasse voltar pra casa, mas ainda sim eu tinha um dinheirim pra tomar um guaraná".
Quando novo ainda quis ir pro exercito, mas logo desanimou e escapuliu-se para Sampa, trabalhar, primeiro com transporte e depois na area de Metalurgia, ele contava que toda semana morria um no serviço dele: "O ferro quente espirrava e pegava no peito dos peão, era preciso cortar rápido pra que o ferro não saisse enrolando dentro do homem", disse sempre tinham dois com um tesourão, pronto pra cortar o metal muito quente que de vez enquando respingava do alto forno - falava que quando não conseguiam fazer isso rápido o homem morria na hora, e mesmo quando conseguiam a maioria acabava morrendo, "o ferro furava tudo, e ficava aquele cheiro de carvão e carne queimada".
Disse que do dinheiro que juntou compro umas casas aqui em Ouro Preto, e lá em São Paulo Capital, construiu num terreno desses um prédio que dava pra umas 23 familias, cedeu o prédio pra umas familias que vinham do Nordeste, dentre as 23 familias que moravam no prédio morava uma filha dele, casada e com três ou quatro filhos, ele disse que por ele tudo bem, que não fazia falta, "negar seria pecado!". Disse que é ruim demais passar fome, que ele já tinha passado, no comecinho da mudança pra São Paulo: trabalhava de carregador, andando pra lá e pra cá em São Paulo, quando o caminhão falhava, ficavam na estrada, sem nada pra comer, e tinham que arrumar tudo, e também ganhava pouco e no final do mês sempre tinha que "apertar um pouco mais".
Seus filhos foram criados de um jeito parecido que ele, ele os pôs pra trabalhar novo, mas também estudavam, diferente dele, e ele não mechia no dinheiro dos filhos : "é bom que eles podiam comprar um guaraná, ter as coisas deles, bom que aprende a valorizar."
"Criei todos meus filhos assim e nunca tive problema com a lei".
Seus filhos são muitos, quatorze? Quinze? Tem um número muito grande de netos e bisnetos, tem parentes por toda Ouro Preto, e São Paulo também.
Ele agora , disse estava terminando de construiur um Hotel em Ouro Preto, Ouro Verde chama o Hotel, me chamou para ir lá depois que for inaugurado, acho que fica em um bairro que não conheço chamado Vila Itacolomy, ou algo parecido.
Falava-me que nossa vida, agora era muito fácil, que ele gastava três dias de São Paulo a Ouro Preto - de Maria Fumaça.
Cedeu várias casas que conseguiu, a parentes, amigos e aos que precisavam, falava que tudo o que tinha era porque respeitava isso: aquilo que não lhe fazia falta, repartia, e conseguia o que conseguia, para , além de garantir seu necessário, garantir o "necessário dos próximos."




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Antônio Português...

De outras terras , filho mais novo, sétimo, de uma familia de Portugueses que havia se mudado para o Paraná, primeiro e único filho da familia a nascer em solo brasileiro. Cresceu no campo, onde que com seu pai produziam vinho, depois vieram para o interior de São Paulo, Piracicaba nem devia ser um pouco mais que uma terrinha cheia de casinhas esparssadas num meio de muita terra cultivada (imaginação minha), "Tonim português" foi pra escola até um pouco mais que a quarta série, jovem começou a trabalhar como assitente de pedreiro e assim foi até se tornar um verdadeiro mestre de obras.
Antonio casou-se três vezes, viuvo uma vez, separado outra, e agora, casado denovo ia buscar sua atual esposa no Hospital das Clínicas da Unicamp, ela era bem mais jovem, uns 27 anos mais nova que os 86 de "Seu Antônio", ele conservava o bom humor e a preocupação em bons niveis. Ficou chateado porque a esposa adoeceu porque acreditou que tinham feito macumba para ela, então ficou a comer somente farinha e água, por bem umas duas semanas até seu corpo fraquejar.
Ele tinha dois filhos que estudaram e mais tantos outros que teve em seu primeiro e segundo casamento, Antonio, valorizava o estudo e o trabalho, suspeito que quase em mesma medida, e como não pode estudar, fazia o que podia para prover isso aos filhos, uma trabalha de pedagoga ou de assistente social, outro toca, e foi pra Espanha, tocar, há uns meses atrás - mas todo esforço dele era com gosto, construiu casas São Paulo tudo afora e pelo sul de Minas também, casas de pau-a-pique ou de pedra e concreto mesmo, Campinas, Sorocaba, Piracicaba, Vinhedo, Paulinia, Valinhos, e aos seus 86 anos e ele ainda trabalha, "arrumei os azulejo do chão da casa do meu vizinho outro dia" "e direto eles me chamam pra mais algum serviço e eu vou, é lógico" - e ria quando me contava isso.
Me disse para ir em Piracicaba, disse que vou gostar de lá, disse que lá tem uns lugares bons pra se pescar e que é bem bonita.

Me disse também que o homem precisa ter "aprumo" pra poder ter saúde, como uma casa: se não tem aprumo, em poucos anos, caí.




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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Há silêncio...

Em mim.
As vozes calaram, poucas coisas ressonam na alma.
Interrogações furtivas.
Há espelhos quebrados, e os cacos de lembrança espalharam-se pelo chão.
Mas já não cortam, já... tanto faz...


Uma pergunta inquieta: "Haverá maior solidão, que a ausência de si mesmo?"



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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

27 do dezoito.

Espero que seja "a gosto."
Um brinde semi-silencioso.
"Parabéns!"





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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Beleza...

Quando era pequeno, comentei noutro post, fiz parte da casta dos feios.
E fiz mesmo (aliás, faço e assino embaixo), eu era um garotinho, que sempre cortava o cabelo no mesmo corte-cuia de sempre, um timido e medroso, e ainda por cima arrogante, brigão - e bem sabia - apanhar.
Eu era ridicularizado frequentemente, tentava compensar com desempenho escolar, mas na terceira série uma professora me desacreditou que valia realmente apena aquilo, aquela dedicação cega, aos mestres e aos pais - fruto da educação familiar , principalmente do meu pai.
Isso piorou um pouco as coisas, porque além de ser um derrotado na escolinha, era um derrotado em casa, e minha primeira recuperação foi o inicio de um longo ciclo de crises ansiosas de dar diarréias terriveis - que inclusive, em tempos de grande ansiedade, tenho até hoje.
Como goleiro do time "dos fracassados", eu era risivel, porém, e eu nunca baixei a cabeça.
Talvez fosse o amor de minha mãe, ou simples petulancia, orgulho ou arrogância da minha parte.
Eu era um goleiro, ruim, e brigão, "raçudo" (e no futebol sou o primeiro e o ultimo até hoje) - aos poucos no gol eu melhorei um pouco, mas foi fruto de uma irritação que eu já tinha começado a pegar desse "grupo dos melhores".
Esse "melhor" sempre existiu em quase todos os lugares - no RPG, na escola, no futsal, no Kumon, exceto no Kung Fu.
E ali foi meu templo.
De um garoto desorientado, sem auto-estima, com problemas de timidez , com angustias muito mal resolvidas, com um estranho circulo de amigos, com incertezas a respeito de tudo, com o mesmo cabelo de cuia, sem óculos apesar da miopia, com os dentes amarelados, pelos mals hábitos de escovação - que existem - não tão ruims como na época, até hoje - sem coragem, curvado, como que querendo se esconder.
Foi assim que eu cheguei ali.
No lugar onde, pela primeira vez, o esforço era a palavra de ordem, o mais velho era o mais respeitado, não por ser o melhor, mas por estar dentro do Kung Fu a mais tempo, como alguem que teria mais experiência a falar, por vivência e não por "sucesso ou fracasso", onde, aos poucos, eu entendi a dimensão pessoal do Kung Fu - e exatamente por isso a inexistencia dos melhores e piores - e o mais interessante foi perceber isso justamente na época em que acusavam: "você não vai dar conta, você não serve para isso, desista".
Sabe, eu demorei dois meses para aprender a "andar em arqueiro", eu paguei mais flexões do que a maioria dos novatos que ajudei, e ainda por indisciplina, eu cochilei no trieno algumas vezes, e me machuquei nas lutas dos meus olhos encherem d'agua, eu não sou o talentoso, e eu me orgulho disso.
Esse tempo me ensinou, foi a criar uma nova concepção de beleza na minha cabeça.
"Até quando você vai abaixar a cabeça pro mundo e deixar que ele pise em você?"
"Levanta a cabeça!" - Eu duvido que vou me esquecer dessas palavras.
O belo pra mim, não está relacionado a uma gama de valores puritanos que definem os "melhores da sociedade", longe disso, está marcado pelo suor na testa e pelo sorriso no rosto, está marcado pelas lagrimas de esforço e pelas horas despreendidas no trabalho sincero - Kung Fu - Trabalho Árduo, passou a ser, minha visão da beleza.
Eu acho belo quando vejo o espirito das pessoas nas coisas, quando eu vejo que há um fragmento delas ali, é uma expressão da própria identidade dela.
Eu me encanto, e assim como os olhos delas brilham quando estão nesse estado, eu também brilho e me maravilho, poucas coisas, pra mim são tão bonitas quanto isso - especialmente quando envolvem uma superação pessoal que a pessoa não se acreditava capaz - eu acabo vendo um pouco de mim, talvez presunsão, mas o bom é poder sentir também, ou achar sentir, um pouco do que sentem.
As vezes, nem sabe, mas eu fico ali de longe - só olhando e rindo.
Seja um jogo de volei, ou um poema, seja um texto, um livro, ou um personagem de rpg, seja um kati que conseguiu concluir, ou uma base que conseguiu fazer, seja um inglês que não acreditava saber.
E nessa beleza cabem, lágrimas, sangue, riso e suor.
Cabe o fedor dos vencedores de uma competição esportiva, cabe o sangue do nascimento de uma criança, cabe as lágrimas de uma conquista frente a um mar de descrença e pressão, cabe nela a vitória dos tristes sobre uma de suas tristezas, inclusive cabe eles além de serem tristes serem também outras coisas, inclusive eles mesmos e não "os tristes".
Cabe uma sinceridade da qual eu sinto falta.

Cabe um mundo que almejo com os olhinhos brilhantes de uma criança de seis anos.


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Feiura...

Universidade e sono não combinam. Estou aqui, a terminar um download de algo nem tão importante assim, porém que já está no final e o barulho do computador ligado me tirou da cama.
Então prefiro terminar isso logo, a ter que suportar o barulhinho incomodo.
Acho que as coisas por aqui estão limpas demais, minhas palavras estão sendo filtradas pela ditadura daquilo que é "belo".
É um vício, se escreve de uma forma que agrade à leitura, se escreve pra cima, de forma otimista, o que muitas vezes tolhe a sinceridade.
Eu detesto meu tom mais amargo, mas não sou feito de água com açucar.
Cabe aqui um exercício (para mim?) de sinceridade e uma reflexão.
Os espaços de mim, dos quais falei nas ultimas palavras que escrevi por aqui, foram forjadas no duro aço do tempo e da história, vários são frutos de cicatrizes.
Eu não compreendo o mundo da fantasia, de um belo quadro ou conto de fadas, eu sempre o entendi a partir do chão, a partir das coisas feias e sujas.
Essa é a minha representação no mundo, eu fui o garoto sujo, o menino feio, o desorganizado, o bagunceiro e o indisciplinado.
Quando mais velho, fui também, o monstro, o pessimista, o idealisa, o sonhador...
Hoje, se dependesse dos outros, eu já não saberia mais quem eu sou.
Da direita ou da esquerda? Um fascistinha autoritário? Um homem já formado?
Um idealista necessário? Um imaturo? Um fracassado? Um doente? "etecetera"? (seja lá o que for...)
O meu lado da moeda, é o lado dos camponeses, e não o lado da aristocracia, com seus principes, e princesas.
Nada do que fiz de primeira deu exatamente certo, nada, e eu não me sinto nessa hipócrita necessidade social de "dar certo de primeira", apesar de ainda sentir um pouco de vontade de "dar certo" - apesar de quando paro pra pensar - também acabo não querendo "dar certo".
Acho que a dimensão humana da vida comporta coisas que esse conceito de beleza, que eu "sinto" sem certeza se existe, não comporta.
Tudo é muito fechado dentro desse mundo de coisas belas.
No limite, acho que não existe moeda, mas esse mundo de fantasia, é mais real do que eu imagino para uns (com seus helicopteros por aí), é "realizado" na cabeça de outros, ainda que só na cabeça.
O que me irrita, além disso, é a dimensão desumana desse mundo.
Nele não cabem os doentes, os tristes e os pobres, não cabe a própria sujeira da vida, os bichos de pé, as noites sem banho, a roupa suja acumulada, não cabe a sujeira das unhas, tampouco os pés descalços pisando na lama.
Tudo é tão angustiantemente limitante, e o pior, tudo é tão hipocritamente colocado e contaminante, que várias das minhas próprias palavras, sobre as passagens humanas da minha vida, e que exatamente por isso tinham sua "sujeira", são floreadas ou amenizadas, de uma forma que hoje, me incomodou profundamente.
Se eu almejo a plenitude, não posso negar um pedaço de mim.
Minha postura e classe social, talvez deem a impressão de que eu sou mais um dos eupatridas da modernidade, porem, que bem lembro de minha infancia, não - eu detesto o mundo belo.
Que bem lembre do tempo todo, uma das coisas que mais me irrita é a estima das pessoas que eu gostava destruidas, por serem colocadas "no saco dos feios e derrotados" e um massacre pessoal diário recaia sobre os ombros delas.
E eu suspeito, que isso seja um trauma social com o qual vivemos - afinal, até hoje, pouquissimos são os que eu conheci com uma estrutura interna forte o suficiente para que tivessem uma auto estima, que fosse sustentavel.
Culturalizamos o culto à beleza, criamos os padrões, do tempo certo, do emprego certo, da vida certa, de consumo, de emprego, do corpo certo - o padrão das pessoas que são belas.
É uma xenofobia social - aquilo que é externo à classe dos belos, é repudiavel.
A questão é que a loucura mora aí:
Somos nós mesmos que criamos esses valores, os reproduzimos sem refletir.
Somos os que mais sofrem com isso.
Por que, no limite,

somos todos uns feios.






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terça-feira, 25 de agosto de 2009

Impressões fragmentárias de um infinito interno.

De mundos, fiz um meu.

Onde a culpa é uma chatisse, culturalizada desde os tempos de nossa infancia.

Onde a plenitude pessoal, capacidade de escolher, de se auto-determinar, é a meta.

Onde o útil nem sempre se une as coisas, e muitas vezes, o "útil nem é útil" por aqui.

Onde eu deixo minhas perguntas sem respostas.

Pra onde eu fujo, admito, ou enfrento meus medos, a "bel-prazer" de minha vontade.

Onde Vontade, Espirito e Escolha, são palavras importantes.

Onde meus vilões e hérois se confundem - onde eu sou, ao mesmo passo, vilão e héroi.

Onde a chuva lava a alma.

Onde Educação soa bonito quando falado e eu nem sabia - Onde Educação faz os olhos brilhar, e alma também, e eu bem sabia.

Onde saudade é mar. Onde montanha é casa.

Onde as estrelas são fascinantes, e diferentes sem óculos, e tão fascinantes ainda assim.

Onde a lua me dá sorrios misteriosos, e o por do sol é sempre suspirante.

É o palco da píada interna, e de alguns choros tolhidos, é a morada da minha gargalhada-menino, e dos Sol dos meus olhos.

Onde tá escrito uma história que eu não sei ler, só fragmentos na frente do espelho.

Onde está meu tempo, meu caso e meu acaso, rumo e viagem.

Onde estão os que eu amo, os que amei e onde estarão os que eu amar.
É o meu maior presente.

Onde eu sei que tenho espaço, e onde estou...
Agora.





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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sobre as pessoas...

E a criança fala pro pai, com convicção:

- Pai, eu vou mudar o mundo.

- Filha, lembre-se, não é o mundo, são mundos minha filha.


E essa história não é minha, mas é de alguem que hoje fica mudando mundos por aí.



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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

1º Olimpiada Nacional em História do Brasil.

Para acabar com a impressão de que eu possa ser um spam (e um insensivel), e aproveitando que divulguei a Olimpiada com o cadastro desse blog, deixo aqui uma mensagem para os blogueiros incomodados com minha repetitiva mensagem em suas postagens.
Olha, gostaria muito ter tempo para ler vários dos blogs que encontrei, mas no momento preciso continuar divulgando, e uma das maneiras que encontramos foi a divulgação nos blogs.
Agora isso também vale para os visitantes:
As informações mais precisas sobre a 1º Olimpiada Nacional em História do Brasil estão no site:
www.mc.unicamp.br
Em resumo, está é uma Olimpiada voltada para alunos de oitavo e nono anos do ensino fundamental e do I, II e III ano do ensino médio.
As inscrições vão de 1 de agosto a 15 de setembro de 2009, e a Olimpíada começa no dia 21 de setembro de 2009.

Qualquer dúvida também podem me mandar um email: tposhiro@yahoo.com.br

E na medida do que puderem comentem com os possiveis interessados.

Muito obrigado,


Thiago

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Reminiscências de 2008...

Sempre me perguntam, e sempre dou respostas diferentes.

Por que você foi mesmo para Belo Horizonte?
Por que Campinas? Uns vão além, por que História, por que longe? Pra que?

São muitas respostas e certamente alguns pensariam que isso é falta de convicção, confusão, as vezes até pé no chão. E eu concordo, sou cheio dos três: convicções fracas, confusões e muitas vezes sou um sonhador.
Mas por mim é isso mesmo.
Cheguei de Ouro Preto denovo, e não é fácil voltar pra cá, há um preço que esse lugar me cobra, que me doí demais que é não ver meus irmãos crescerem, reservo-me a oportunidade de ver, talvez e tomara, meus filhos crescendo, já que eles já não vai dar, não o tanto que gostaria.
E essa dor me reviveu esses pensamentos.
Por que mesmo eu saí de BH?
Não existem motivos mentirosos, existem motivos que mais ou menos eu entendo, outros que eu sei que são mais guardo pra mim mesmo, e outros que fazem sentido e influênciam em certa medida. No limite, nem eu entendo porque que é que eu fui pra BH, mas é algo que começa lá nos meus seis anos de idade, e segue, se aprofunda aos treze, complica-se a partir dos dezessete e que aos dezenove era insuportavel.
Eu não sei explicar, eu só senti que precisava ir.
O estágio, o emprego, o estudo e a experiência fazem até sentido e são em certa medida fatores que influenciaram, mas poucas pessoas foram capazes de perceber o que realmente me movia (move?), e menos ainda foram capazes de aceitar.
No fundo, lá no fundo, eu tinha uma voz dentro de mim que intuia que seria bom sair naquele momento, mas era coisa boa pro coração, não necessariamente "pras expectativas de outros".
E 2008 foi um ano de quebrar expectativas alheias.
Eu fui, então, pra Belo Horizonte, contraiando muitos, sendo apoiado por uns poucos, que nem sempre entendiam minhas reais razões, ou as mais profundas, que era o simples fato da minha alma "pensar ser uma boa idéia".
E o mesmo se aplica à história e à Unicamp.
Não fui nunca de me importar com o nome da instituição na qual se está, eu simplesmente não enxergo essas coisas direito. E também nunca fui algeum de me preocupar com "os estudos" intrisecamente ligado à academia, eu costumo me ligar mais a pessoas e lugares, então por mais interessante que fosse a grade do curso de História daqui, não seria motivo forte suficiente para me retirar de Ouro Preto. Oras então, o que faço aqui?
Sabe, novamente eu acho que ainda não descobri, me movi simplesmente pelo que me gritava alto por dentro, a ansia de sair, de arriscar, de outras coisas, sem dúvida a influência de uma grande amiga marcou forte minha vontade, mas não foi a coluna vertebral dessa decisão, na verdade, eu até acho que faça parte, como uma coisa toda junta, tudo isso que falo, de sentir, de interno, de mim, mais as coisas a volta, mais a influência dela, mais a grade e o lugar, tudo isso formou uma coisa grande, e me impeliu a ir.
Foi necessário romper com uma série de coisas e mais, foi necessário mergulhar profundo dentro de mim, para que eu fosse além dos meus próprios limites.
Um profundo que antes eu teria medo, que hoje eu coexisto com tranquilidade.


As coisas nem sempre são tão complicadas e cheias de motivos,
e podem me achar um irresponsável, mas sim, eu tomei duas enormes decisões na minha vida, simplesmente porque "me dizia muito a alma" seguir daquele jeito.


E sabe, eu tenho sido bem feliz assim.



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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Vidas cênicas...

Não consegue, não consigo, compreender tamanha resistência.
E é um tanto díficil quanto angustiante pensar que amar ainda que mutuamente não signifique poder estar junto.
Por que?
Se ainda existe amor!
Frente a fragilidade e ao acaso da vida!
Se tantas justificativas não se sustentam, se tantas coisas mudaram!
É muito díficil aceitar isso calado, e as vezes eu preciso falar, e as vezes eu tenho vontade de ouvir , de ouvi-la.
Pra que tanta resistência?
Eu não sei donde surgem as histórias, se me conhece tão bem, se compartilhou tanto de tantas coisas, não sei daonde vêem as acusações, muitas delas "ilogicas pela vivência", e como se sustentam em seu universo de "brumas e caraminholas".
As vezes culpo a culpa, e esse excesso de caraminholas.
Eu sinto uma extensão além do final nessa peça, as cortinas desceram e as luzes apagaram, mas se houvem os passos, suspiros e as batidas, dos pés, das mãos e dos corações, se ouvem os cochichs e vêem-se os olhares trocados, imaginação paira no ar, com um clima de tensão tão denso que se poderia cortar a faca.
Como isso pode ser o final? A cortina desceu, as luzes se foram, mas a cena continua, e a platéia também.
Ela acredita que já terminou, mas eu não creio, há sinais demais no palco, para simplesmente me curvar e esperar os aplausos, além do mais, joguei meu script fora.
Deve ser essa minha mania de achar, minha mania de ouvir minha intuição, e enquanto a intuição diz que ainda tem muitas paginas até o final do livro, eu não consigo fecha-lo, tampouco ler outros. É um tipo de Literatura que prende: não com as mãos, ou palavras, prende com a alma,
eu mesmo nunca deixei de ler suas palavras, mesmo que escondido ou apenas fingindo estar escondido, sou um leitor assiduo.
Como leitor falo pouco, mas quando faço ela se esquiva, e dissipa no ar.
Se pergunto por que, irrito, ressucito os mortos e sou taxado necromante!
Se a provoco, discutimos, mas ao menos, seu coração aparece, porque geralmente, ela transforma sua caixa toraxia em cofre toraxico, e eu só posso ouvir suas batidas no meu coração.
Se me aproximo suas palavras se alteram, voluveis, entre as rosas e seus espinhos.
Antes derrubava a marretadas os muros que erguiam o cofre toráxico, hoje em dia eu deixo ele lá.
É por isso que eu enxergo duvida, aonde vou, porque o ar tem cheiro de reticências, as luzes apagadas e as cortinas fechadas não me fazem crer no fim da peça.
Já ouço e procuro por novos sons no palco, e olhos na plateia que já me atraem,
mas não nego que a escritora, protagonista desse teatro, ainda me rouba: o ar , e a alma, até sem querer...



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A criação do mundo...

As vezes sentado olhando par o nada, me desespero com questões que não estão ali, dragões de tempo.
E o pior, os meus vem de um conto de fadas.
O afastamento me fez tão bem, sozinho por um tempo tive tempo pra pensar, e me (re)conhecer, longe dos velhos amigos, dos apoios, das sustentações, estava sentenciada à morte a minha dependencia das "coisas" e pessoas.
Se parar pra pensar meus momentos de maior força são os momentos onde a maior força é necessária, de resto eu sou um tanto quanto pacato e até preguiçoso, em alguma medida comodo e em várias, até aquele ponto, muito dependente.
Não tenho como medir até que ponto isso passou, e eu me reconstruir, me afastar doeu e muito, ainda mais quando se acredita ter "toda a culpa", mas , culpa é uma questão de referencial, e eu prefiri, depois de um tempo, joga-la no destino, ou no lixo mesmo, visto que não acredito em destino.
E eu fiz novas amizades e tenho feito, e meu coração anteriormente abalado e minha alma fatigada, mudaram, até que ponto? Nem sei dizer.
Pra melhor ou pra pior depende pra quem.
Pra mim eu apenas me tornei mais eu: tantas mudanças em tão pouco tempo, o afastamento me permitiu viver isso tudo sozinho, e esse é seu grande mérito. Terminar foi o meu grande começo.
Eu aprendi que as posso fazer muitas coisas por conta própria, e que , contra as expectativas ou os comentários de alguns, eu fui pra Campinas, eu enfrentei meus medos e meus próprios demonios, e fiz tudo isso sozinho.
Depois ainda, eu encontrei pessoas com quem sozinho já não mais estava, minha solidão, por horas uma mestra, por horas angustiante, passou a ser apenas uma tutora de ocasião, e eu passei a ter por perto novos amigos, pessoas de outros lugares e com muito menos ligações entre nossas histórias, exceto aquela História, e aquele lugar...
Eu recobrei um equilibrio e uma confiança em mim mesmo que foram dizimadas em outros tempos, e descobri perspectivas muito diferentes que daqueles tempos, joguei os fardos fora, joguei a culpa fora, e passei a me deparar com um jeito um tanto quanto diferente de ver o mundo e as coisas: difuso.
Mas este mundo que teve sua genese em uma série de mudanças entre elas o término, resgatou fim, e almejou o recomeço.

sábado, 8 de agosto de 2009

Musica que toca a vida...

"... a única maneira ainda, de imaginar a minha vida é ve-la como um musical..."

Estive pensando nisso hoje, não é raro eu ouvir uma música e tomar um banho de memórias, em várias fases da minha vida eu posso me lembrar de uma banda, musica, cantor que marcou mais ou menos.
Como não lembrar de eu e meu pai cantando musicas sertanejos de Leandro e Leonardo quando eu era bem pequenino, ou as musicas empolgantes dos jogos que jogava na época, como Shining Force II ou Final Fantasy III , sempre que ouço eu me sinto deslocado e deslocando no tempo, tanto é dificil eu manter o "hábito musical", se eu tiver gostado da musica muito no passado, vai ser dificil demais de voltar a escuta-la tão frequentemente ou "deixar que marque" outro periodo, não sei, só sei que não o faço, deve ser uma questão de preservar a memória mesmo.
De um dos primeiros CDs que eu pedi foi de uma banda que gosto muito até hoje: Skank, o nome do album era Siderado, e eu não fazia idéia do que significava, mas ouvia todo dia.
Como não me lembrar dos bloquinhos do Kumon, da mesa de plástico, sexta e setima série, e o Nirvana tocando altissimo, se duvidar eu variaria pro Offspring, ou Red Hot, que tempo mais louco , de músicas altas e grande confusão!
Me lembro depois, Angra, Avantasia, Rhapsody e o RPG, marcando fundo uma época onde eu ouvia, muito, além dessas bandas trilhas sonoras de filmes, e isso dura até hoje, um pouco, tudo para preparar uma boa aventura, com trlha sonora e tudo!
Capital Inicial, Legião Urbana, Dire Straits, vieram junto com o CEFET, O Vencedor? Não é Pri?
Como não me lembrar do meu primeiro ano lá, como não me lembrar do dia em que rasparam minha cabeça, ou dos primeiros dias de aula e das pessoas que conheci na mesma época?
Como não lembrar do meu namoro com a Olga e não lembrar de Zeca Baleiro, Skank, a MPB e o Samba, passando a integrar o quadro também das músicas que ouvia com frequencia!
Chega ao ponto de lembrar dias inteiros, cenas inteiras, momentos inteiros.
Como não lembrar do ano passado e não lembrar do Teatro Mágico, das noites Belorizontinas sem Jorge Drexler, The Corrs, as musicas de Naruto, O Senhor dos Anéis e Guerra nas estrelas? Sim, foi um ano bem doido para músicas tão variadas.
É, hoje em dia tenho ouvido Michael Jackson , U2, Skank, entre outras coisas que ouço por aí, nem sei dizer qual musica tem marcado mais, nunca sei, só depois, que ouço denovo e mergulho denovo num mar de lembranças inesperadas.



Minha memória toca melodias inesperadas!


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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

De escolhas...

"É tão novinho e acha que já pode ir escolhendo" -
Quem já não ouviu isso?

A falsa crença de que não escolhemos quando somos "pequeninos", e que se alastra vida afora, e que muitas vezes acabamos sentindo em relação as pessoas proximas: De que não deveriam estar escolhendo.
Eta arrogancia! Muitas vezes não sabemos lidar nem com nossas próprias escolhas, donde vem a crença de que podemos determinar as escolhas dos outros?

Quando eu for pai, aposto que me sentirei angustiado com o fato dos meus filhos crescerem, fazerem suas próprias escolhas, porque isso talvez signifique na minha cabeça, que eles terão de arcar com dores, e sofrer devido as escolhas.

Mas vou deixar registrado hoje , para que possa reler, amanhã e além, que eu não acredito nisso agora.
Acho um tremendo desrespeito e uma ingenuidade curiosa achar que as crianças não escolhem, ou acreditar que porque alguem é mais novo que "entende menos das coisas".
Se ninguem vive a mesma coisa, ou compreende o mundo do mesmo jeito, exsite um jeito mais certo de fazer as coisas?


Eu acredito que somos feitos de conjunto, e por isso acabamos sendo influenciados, as pessoas que nos rodeiam nos constituem também, mas isso não dá direito de nenhuma delas de determinarem por outras, porque , no limite, quem escolhe somos nós, e por isso a desobediência acaba fazendo parte da infância.
O problema é que isso não é tão simples, imagina o quão terrivel é se a descrença das crianças for tamanha, que quando crianças , jovens e adultos, acreditem que suas escolhas dependem de outros.
É conveniente errar assim, sempre acreditando que outras coisas determinam nossa vida, então é culpa delas, e ainda assim, é mais comum ainda, ter culpa assim: "nossa, tudo que eu faço tá errado".
Nem sei o que é pior, a irresponsabilidade de se esconder por trás da idéia de que os outros escolhem por você, ou a perda da capacidade de escolha, ou restrição, devido a um denso, pesadissimo, sentiment de culpa.
Pior não no sentido de certo ou errado, não sei qual é o mais "insuportavel de viver", só isso.
Insuportavel para mim.
Autodeterminação, mesmo que sejamos demasiadamente influenciados, dominados, ou que tenhamos "coisas demais" (pirilampos), somos nós quem somos responsáveis por elas, não existe autoridade tamanha que pode impedir as escolhas de uma pessoa.

Mais do que de pessoas somos feitos de escolhas, frente as coisas que acreditamos e buscando nos encontrar.
Que ninguem se obrigue a multilar um pedaço de dentro de si, porque há pedaços da alma, que multilados não regeneram, e seria uma tristeza se isso acontecesse.


As pessoas devem poder escolher, e as pessoas são pessoas, do dia que nascem ao dia que morrem, considerar com o mesmo respeito as idéias, dos novos e dos antigos: Isso te abre os olhos, pra mundos que você não viu, ou que já viu parecidos em outros tempos.

Eu particularmente acho divertido, e hoje, neste tempo, sou daqueles que acreditam, que amor e liberdade estão profundamente relacionados, e que quem ama, zela pelo que a pessoa é, compartilhar, até a existencia mais profunda, e respeitar, do fundo da alma, quem ela é e suas escolhas.

E que fique registrado, pra que eu me lembre bem, no dia em que cismar de mandar em alguem.
Hahahaha...

De leitores...

Sabe, faz tempo que já notei que não escrevo pra mim mesmo.
Há sempre vocês aí, meus leitores, pra quem eu sempre escrevo, imagino suas reações e pensamentos e frequentemente sinto como se meus textos fossem quase como se conversasse com vocês sobre idéias que inquietam meus pensamentos, inquietude boa e ruim ao mesmo tempo, que se torna só boa mesmo quando bem compartilhada.
Imagino as reações de alguns de vocês, que sei que costumam acompanhar, o que concordariam e discordariam, poderiam , talvez escrever algo também, e muito me agradaria ler, poderia comentar, conversar comigo sobre algo que leu aqui, e vocês podem não ter idéia de como é importante, mas fica aqui registrado, a importancia do tempo que empregam nessas "paginas e paginas" de pensamentos soltos e insoluveis - indispensavel.
É escrevendo pra vocês que eu vo aprendendo a escrever também, já é quase inconsciente, escrever com a presença de vocês por aqui.

Muito Obrigado,

Thiago

terça-feira, 21 de julho de 2009

O Esquecido...

"Era dificil de perceber, parecia um poço de ausencia tão grande que sua existencia mal era notada.
E era a vontade de existir o que alimentava "aquilo".
Começamos a notar que algumas pequenas coisas oscilavam em sua presença, e nos indicavam com maior precisão sua localizaçao, não era invisivel, mas não tinha nenhum desejo de nada, de coisa alguma, e esse falta absoluta ocultava-o de nossos sentidos.
Ele abordava pessoas entristecidas, e dobrava-lhes o peso da tristeza, alimentava-se do sofrimento e da perda da vontade das pessoas, não matava nenhuma de suas vitimas, elas mesmas o faziam.
Quando o enfrentamos conseguimos ve-lo depois de feri-lo, parecia uma homem magro, com as feições deformadas e irreconheciveis de tantas feridas, sua face expressava dor , até por ter sido visto por nós, sua dor e sua confusão, sua tristeza era tão grande, sua vontade de um fim era tão intensa que não sabia mais de onde vinha, não sabia como havia chegado àquilo, então, não teriamos como voltar atrás.

Demos um fim a criatura, e em seus vestigios mortais encontramos seu nome, demos a ela um tumulo e esperamos que ela consiga descansar agora.

A dor tamanha dela me fez pensar sobre o esquecimento, e no medo de perder minhas memórias, ou de ser esquecido, nem sei o que dizer a respeito, ainda.

Espero que memoria me acompanhe: Nas lembranças e nos lembrares!"

- Registro de Viagem D'outras Terras

domingo, 19 de julho de 2009

Sem-sentidos...

As vezes esqueço os oculos por aí, noutras os olhos mesmo, nem me preocupo mais.
E há uma porção de cheiros no ar, que a cegueira habitual não me permitia sentir. E haviam luzes demais, coisas demais, tanto em excesso que era demaisado "muito" para que se conseguisse qualquer coisa, inclusive sentir (viver?).
E os gostos passaram a ser mais acentuados depois que se permite tatear, há paladares nunca imaginava antes poder sentir!
E tenho ouvido uns sonhos por aí, e entendi que boa parte dos meus pesadelos eram só meus mesmo.
Outros tempos? Sei lá... Pouco me importa, sinto as "cousas" com uma linearidade curva ultimamente.
E de passos tortos me guio por uma não-estrada que me levara há um lugar que não conheço.



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terça-feira, 7 de julho de 2009

Passaros

De incio, contemplou abismo, o céu e o horizonte, e sentiu medo.
E se caísse? E se falhasse? Se nao soubesse voltar de onde veio?
Da primeira vez não foi.
Contemplou tudo, mas não foi.
E demorou muito tempo pra que fosse.
Mas foi.
Da segunda vez, sentiu medo denovo,
E se caísse? E se falhasse? Se não soubesse voltar de onde veio?
E daí?
Foi.
E agora já não há pra onde voltar:
Não há lugar onde não sinta que não veio dele também.
Não há lugar que sinta que não possa ir.
Quer ir além.
Voa.



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domingo, 5 de julho de 2009

De paisagem

Deita a mochila ao chão e tira os tenis enlameados, sobe a barra da calça e mete os pés na água,
deita e passa a contemplar o céu, as nuvens, ouvir o rio que vai deixando as coisas passarem, apenas fica assim e deixa se levar por qualquer coisa que tome atenção dos seus sentidos.
Levanta-se e passa a contemplar a paisagem e deixa-se levar por qualquer coisa que chame a atenção de seus sentidos, desde o toque da brisa, ao som das aguas, a beleza das paisagens , o gosto das frutas, os cheiros que o ar traz e leva, já foi a muitos lugares assim... e assim vai.



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terça-feira, 30 de junho de 2009

Cansaço...

Se o fardo pesar demais, posso recostar minha cabeça?
Cansaço do espirto, nem minhas melhores noites de sono curam.
Cansado da surdez da alma, da dureza das palavras , dos conceitos e preconceitos.
Cansado de modelos, e julgamentos, até de objetivos!
Cansado das formas, das definições!
As vezes penso que isso é uma cultura de infelicidade!
Me pergunto: até que ponto ela faz sentido?
Até que ponto precisamos dessas coisas?
Não quero perder a possibilidade de fugir da estrada, de voltar atrás no que disse,
de me sentir confuso, de não definir nada, de não possuir objetivo.
Eu só quero ir, não importa o "aonde".

terça-feira, 16 de junho de 2009

Cheiros...

Adoro cheiros.
Não definem por si só, o olfato é muito intuitivo.
Cheiro de coisas e pessoas, cheiro de lugares, de memórias.
Cheiro de pensamentos, de posturas, de causas, formas, atitudes e consequencias!
Tudo que sei não passa de um impulso olfativo - mera intuição - não tenho certeza sobre nada que sei, nem isso.
São apenas uma combinação de perfumes e odores que fazem sentido de uma determinada forma,
Quase sempre retorno à inesquecivel - memória! (hehehe)
Mas não é angustiante, na verdade, eu me divirto mais do que quando tinha "todas as respostas".
Descobri que respostas podem estar erradas,
E que ter todas elas ia ser de uma chatisse monumental também!
Que mentiras e verdades jogam do mesmo lado do tabuleiro,
Que minha vida, minha existencia é bem menos ideal que isso tudo,
E por ser bem mais ampla, é mais divertido ter um "amplo olhar" (ou talvez "cheirar") sobre ela.
O olfato me favorece, deixa no ar, linhas de coisas curiosas.

"Como você sabe disso?"
"Oras, eu não sei, apenas cheiro..."

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terça-feira, 9 de junho de 2009

Releituras...

As vezes, por graça ou curiosidade, releio coisas escritas nesse blog, que já tem alguns anos de vida. E eu tantos mais. Não sei nem se de idade mesmo, mas de idéias, me sinto em outra idade.
Releio minhas certezas, minhas indignaçoes, meus projetos, meu comunismo inerente, com risos no rosto. Não sendo ironico comigo mesmo, ou acreditando que tenha sido ingenuo, mas acreditando que foram fases muito boas, não me arrependo de nada.
Eu não costumo apagar posts - Registrar a memória, manter a história, sabe? Não dá pra deixar na sala de aula hehehe...
Seguindo a linha, minhas escolhas me levaram a outros pensamentos, me desagrada definir a mim mesmo como "comunista", "revolucionário", "liberal", "autoritário", "capitalista", cansei desses conceitos.
Cansei-me de conceituar o mundo, só me confundia e me fazia preocupado com caraminholas que era um saco sem fundo de pensamentos não muito produtivos dentro da minha cabeça, mas não abandonei meus projetos, nem minhas Utopias, para falar a verdade, minha sede de Utopias aumentou.
Minha crença nos projetos macropoliticos se fixa por um fio, o fio do exemplo, certas práticas políticas devem ser mantidas, por uma questão de postura, uma postura de contestamento em relação "esse determinado de estado de coisas", do qual tenho profundo desejo de mudar, e se há espaço para a participação nesses espaços "macropoliticos" então é importante pra mim, fazer parte. Resquicios do velho moralista que mora em mim, e ainda há varios, não sou radicalmente contra a moral, só não me preocupo em ficar reforçando ela diariamente.
Dá muito trabalho e é pouco proveitoso.
Passei a pensar sobre coisas sobre as quais não pensava, e ver de outro jeito.
A dar valor as coisas que eu não dava tanto valor em outros tempos, hoje, estou interessado pela experiência dos sentidos, e me furto horas a pensar sobre como eu penso o meu mundo através do que sinto, sobre como minhas primeiras memórias se dão mais pelo que senti, do que pelo que pensei, ainda hoje, há resquicios desse hábito de lembrar de pessoas, através das sensações, do tato, do cheiro, do jeito de olhar e falar, eu adoro.
O discuso inflamado não desapareceu, aparece em seus momentos.
E tem sido dificil escrever sobre coisas que não sei por em palavras.
Enfim...
É um prazer compartilhar isso.


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Sem...

Talvez a minha falta de palavras,
Não signifique que eu não entenda.
Mas que apenas aprendi a demonstrar de outras formas.
Possivelmente prefiro.
Eu percebo o mundo, mais fortemente com o que sinto.
E com sentidos que mostro o que aprendi,
Com a nostalgia dos tempos que brincam em minhas memórias.


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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Máscara...

Me livrei de mim mesmo,
Para mais livre estar,
Me tornei mais eu...

Máscara,

Quem é você?
Um eu, mais que eu mesmo, que eu não sei ser,

Não consigo?

Por que?

Cascas, Crostas, camadas,
Das quais as camadas de tinta me livraram...


Que loucura...
Precisa se pintar, tornar-se outro,
Para se encontrar...

Quero encontrar mais vezes,
comigo mesmo.




terça-feira, 19 de maio de 2009

De sutilezas...

Coisas que não sei explicar,
Apenas entendo assim,
Distancias, palavras e posturas,
Só sinto que escolhi,
Só escolhi o que sinto.
Teimo em ser eu mesmo.
Nem percebo.
Nem sei.
Apenas sou.
Tento.
Gostaria.
Ser.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Ela...

Ela que transborda amor, que reaviva sonhos...
Me reserva navalhas e seus sorrisos misteriosos...
Corta e aquece... Por quê?
O que ela pensa? O que ela passa?
Por que recusa com tanta força? Recusa-me?
Ou recusa-se?

Não sei...
A parte do que pensamos, o coração não segue essas coisas...
Não sigo sem coração...


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sexta-feira, 15 de maio de 2009

Dia Frio...

Ando meio desligado
E é dificil passar as palavras para cá, acho que meu nivel de censura ainda está alto.
Hoje os meus ossos congelaram e acho que engoli a faca do meu almoço,
é mais facil suspirar que respirar e nada teve realmente muita graça.
Há muito o que fazer mas a razão não raciocina por onde eu quero,
muito menos o corpo sente o que eu gostaria, logo me rendi.
Me desagrada a idéia de enfrenta-los, deixo sair pra poder me acalmar.
Não é nem ruim, é o que eu quero no fundo, mas que as coisas de fora
me levam a deixar de lado as vezes.
Hoje não, hoje eles pediram espaço e calcaram os pés firmes.
Estão aí até agora, vem e voltam, sentimentos e razões
Minha alma parece não caber em mim.
Não hoje...

domingo, 10 de maio de 2009

Frágil: Contém Vida.

Frágil e singular.

Há muito tempo me intriga essa questão. A Morte é um encontro certo sem data marcada, todos os dias pessoas morrem das mais variadas formas, mas cada uma dessas pessoas era única, em essência e existência. A fragilidade humana contrasta com a singularidade de cada existência, num primeiro quadro é apenas incomodo, mas se pararmos de pensar em pessoas genéricas que morrem, se paramos para pensar em nós, e aí?

Não é o desespero que estou tentando causar, mas provocar reflexões e para isso é preciso mergulhar fundo. Pense nas pessoas próximas, em você mesmo, e na possibilidade de sua morte – não mais que de repente. E aí? Não é a morte um bom motivo para pensar a vida?

Sei la... As confusões que arrumamos entre nós, não deveriam ser repensadas sobre essa perspectiva?

Esse pensamento me acompanha há algum tempo.

Não há mágoa em mim que consiga ser maior do que essa perspectiva...



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domingo, 3 de maio de 2009

Almejar a mudança...

Não vivemos nas macrorealidades...
Nosso mundo é um pequeno e valioso retrato de um mundo maior, de uma sociedade que só conseguimos teorizar, com certo nivel de precisão, nos livros, mas que efetivamente, não temos dimensão de conhecer.
Nossa dimensão é a do dia-a-dia, a dimensão das pessoas que convivemos e conversamos, do ambiente que vivemos, é a nossa "limitada" dimensão da vida, a dimensão de todas as pessoas é assim.
Deveriamos então, achar que por sermos dessa "pequenez" perante o mundo, somos incapazes de muda-lo? O mundo não mudou a partir de pessoas "socioconscientes", e creio que Deus também não interferiu no processo, então quem mudou o mundo?
Não é a partir da realidade de cada um de nós, que se muda o mundo?
Nossas mudanças cotidianas, nossa capacidade para propor além e agir dessa forma, mesmo que nas pequenas coisas, mesmo que apegados a construções que nos desagradam (consequencias de sermos filhos diretos da sociedade atual), o que há de se ter em mente, é que a sociedade em que nossos filhos, que as proximas gerações, nascerão será outra, desgastada em conceitos que desgastamos, prenhe de novas idéias.
Quanto mais livres desses velhos conceitos, mais potencial terão para ir além de nós.
Que maioria não foi um dia minoria?
Não seria em nossa "pequenez", que encontramos nossa grandeza?
Não seria divertido ver tudo mudar? Ou pelo menos tentar?


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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Reflexões canhotas...

Nós seres humanos possuímos necessidades físicas, nós nos relacionamos com a natureza e com a sociedade, é a partir da forma como organizamos a produção dos meios para nossa sobreviência que se definem as relações sociais?
Será mera coincidência que muitas relações de familia sejam afetadas pela presença do discurso do dinheiro?
A ideologia da elite economica (e consequemente social) não é ensinada como "senso-comum" e muitas vezes reproduzidas sem que nem sequer paremos para pensar?
Por exemplo a crença de ascensão através do mérito, que desconsidera o fato - bizarramente notavel - de que as pessoas não possuem as mesmas oportunidades.
Há preocupação real em garanti-las? Por que a tanto tempo então, ainda sofremos com a desigualdade social, com a fome e a miséria em níveis lastimaveis?
A forma como observamos o outro, especialmente o outro que não nos indentificamos e o outro socialmente excluido, como "comumente" observamos os mendigos por exemplo, não é uma visão socialmente construidas? Quantos de nós tem idéias formadas a respeito, ou posturas mas nunca teve contato com um sequer?
Não é um tipo de condicionamento "a la Pavlov" o sentimento de culpa frente a "não produção"?
Não é curioso como a optica da produção capitalista pareça reproduzida nesses pensamentos de culpa - quando por exemplo: deixamos de estudar para uma prova, deixamos de fazer um trabalho - e não é engraçado como nossa justificativa caia muitas vezes na retribuição de um investimento feito pelos nossos pais?
Não é intrigante como a produçao "objetiva" - produto material - é mais valorizada socialmente do que a produção "de idéias"? E como - apesar da valoração do material - a classe que efetivamente produz esse material não goza deles e a classe que exerce "atividade intelectual" é a que goza dos beneficios desse produto? Inclusive que essa divisão entre produção material e produção intelectual não se conciliam - quem produz material raramente não está preso somente a produção material e vice versa?
Não é política a divisão das ciências dentro do meio academico? Separando da reflexão sobre a sociedade as ciências exatas, e da reflexão sobre a natureza das ciências humanas?
Se a História é relativa e um grupo social que produz história (opa, isso não é um produto ideal?) é usada para defender tal organização das coisas através da natureza humana, essa defesa não é mais do que uma autoafirmação?
Podemos dizer em natureza humana? Existe humano sem sociedade? Existe então, natureza humana?
Se não condicionados a uma natureza "selvagem" , se capazes de perceber a influencia da sociedade na formação dos nossos conceitos, por que não construir uma sociedade conforme outros conceitos? Não cabe entao perguntar qual é a sociedade que queremos construir?



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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Teto.

Tato.
Durante minha infância, não me lembro de ter sido amplamente restringido. Raramente fui preso a alguma regra rigida ou não e as relações dentro da minha famila, questionavam a autoridade das poucas regras que existiam. Sempre perguntava a mim mesmo, muito mais institivamente do que racionalmente: "por que respeitar os mais velhos?"
Respeito para mim era... não sei quem ensinou, mas era, e é aliás, algo reciproco, que se construia entre cada pessoa e as duas juntas. As relações não me ensinaram a autoridade pela idade, muito menos pela força.
Minhas noções de limite, como horario de sair, chegar, dizer ou não dizer , ligar para um amigo, quase todas, senão todas, não são orientadas num pináculo socialmente construido que orienta a muitos.
Meu primeiro limite veio com meu irmão, Flávio, o bem estar dele, é que de alguma forma eu queria afasta-lo das relações conturbadas que me faziam mal e me deixavam confuso, minha raiz era proteger.
Isso afeta outro ponto: a indiferença de alguns, minha falta de referências, a dualidade das situações- em casa e fora dela , me incomodavam. Fruto disso é o meu desprezo pelo "requinte social" e minha pouca noção de etiqueta. A educação que se recebe na familia é uma educação moldada na sociedade, essa que dá valores, uns limites que estão no senso-comum de uma ampla gama de pessoas, modificadas, é claro, pelos micro-contextos de sua vida, mas com uma linha geral em comum. A diferença está aí, está em eu não ter absorvido quase nada desse "orientador social", meu limite criou raizes nas minhas próprias conclusões sobre o que é mais importante.
Meu limite se focava no bem estar das pessoas, essencialmente me incomodava ver alguem sendo oprimido em algum meio social, eu reproduzia um sentimento em relação a sociedade que tinha em relação minha familia, esse sentimento era forte com Flávio, se fortaleceu ainda mais com Alexandre, e tomou outras proporções, porque e já tinha mais idade e idéias mais velhas a respeito disso, inclusive o fato de ter idéias, já era uma novidade...
A situaçao chegou certa época, em um nivel de falta de rompimento com a "realidade convencional" (essa filha mentirosa da ideologia), que me confundia profundamente, eram tão distantes, só depois de muito tempo fui entender que é a "suposição ideologica" que é a exceção a regra, e que o quadro problemático é recorrente e em alguns lugares chegava a extremos ainda mais infelizes, a questão é que a confusão só serviu para alimentar o unico parâmetro de limite que eu possuia: O bem estar dos meus irmãos - esse era direto da minha realidade - e essa vontade estendida as pessoas. Esse quadro não repercutiu apenas nisso, foi bem maior, a um ponto que não me agradaria escrever sobre, mas guardo na memória, finalmente passou e as coisas mudaram bastante também, lá em casa já nem é um caos tão intenso.
Pensar sobre isso é novidade...
Causei confusão com isso: Se duvidar ligo as duas horas da manhã para um amigo, porque não estou me sentindo bem, ou largo uma entrevista de emprego porque alguem que gosto muito está triste, em outros tempos nem me caberia analisar esses fatos, muitos parecidos ocorreram inclusive, porque para mim isso tudo era muito natural.
A questão é que isso não respeita o limite de muitas pessoas, eu não faço idéia de qual seja o limite delas, sei de algumas poucas, sei que atropelava isso por simplesmente não questionar como, ou qual era a minha idéia de limite.
Provavelmente causarei algumas mais...
Não faço qustão de mudar isso, faz parte de uma essência da minha constuição que muito me agrada, fundamenta muito do que penso, mas aprendi que nem todo mundo é assim e vou aprendendo a lidar com isso.


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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Valsa...

O corpo pende de um lado para o outro, ritimado...
O coração bate acelerado, ritimando,
os olhos se focam hos e as mãos seguram, cuidam
protegem..
Inspira profundamente... e vai...
os ouvidos se apuram ritimados...
e guiam os passos que se fluem, passo, passo...
Giram ... os braços seguram, não se soltam ,não se separam,
as pernas se cruzam,
Suspiram profundamente...
Suor brota das faces,
E os corações batem ritimados...
E as mãos não só seguram e cuidam, mas acariciam,
E os olhos focam-se nos olhos,
E os passos não passeiam sozinhos,
E as pernas se cruzam com outras,
E os ouvidos se ouvem,
E guia e deixa-se guiar,
E os corpos se aproximam e pendem...
de um lado para o outro,
juntos...
E começa-se outra vez...

sábado, 18 de abril de 2009

As fronteiras tenues...

Está semana as fronteiras que separam as coisas ficaram mais etéreas,
como se fizesse parte das fases de um ciclo natural, como o da Lua.
Qual é a fronteira entre as Ciências exatas e as Ciências humanas?
De onde vem? Por quê existem? O que há de mais exato entre História ou Matemática, Literatura ou Química, Ciências Sociais, Filosofia , Biologia... Os conhecimentos são diferentes, mas não se separam, podemos foca-los, mas estarão sempre casados um com o outro de alguma forma, talvez isso seja um espelho da sociedade, ou uma caracteristica do conhecimento, ou vai ver inventamos uma separação que na realidade simplesmente não consegue exsitir.
Não sei... Mas essas fronteiras desvanescentes, descontroi e desvanecem meus pre-conceitos e conceitos sobre humanas, exatas, biologicas... Parece que tudo é igual e diferente ao mesmo tempo, geral e específico. O conhecimento que eu quero construir dança entre as fronteiras, é um imigrante dos conhecimentos, ele existe por querer ser transformador e por almejar-se ao seu máximo não se divide, não se separa, se procura e se encontra... provavelente está por aí, refletida em pequenos fragmentos de cada area do conhecimento...
Me encontro nele e a divisão as vezes me intriga por isso, porque se torna obstaculo. Não nego que pode ser importante para parametrizar, mas esquecer o resto também é demais, nada mais interessante seria que aprendermos a lidar com o conhecimento de forma ampla, sem achar que por sermos estudantes de uma area, humanas por exemplo, que devemos rejeitar as exatas, apartar nosso gueto de estudo e negar-se a conhecer. Levaria mais tempo para uma formação dentro de um conhecimento "cosmopolita", mas poderia ser raiz de diálogos importantes e o fim de diferenças que na realidade não passam de valores construidos.
Seria interessante, talvez será.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Sentido de mãe...

Era noite já, noite confusa, dessas de perder onibus...
Conversavamos pelas longas horas da noite, andavamos pelas estradas
que não tinhamos perdidos: Estradas da memória, Estradas dos sonhos.
E não me lembro bem quais palavras preenchiam o ambiente,
lembro que falavamos de sentido de ser, de repente:
"Essa vida louca só faz sentido se eu puder ser mãe - meu sentido é ser mãe"
E talvez você tenha noção da beleza do que disse,
mas talvez não tenha a noção da beleza que vi quando você disse...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Ambiguidades...

Há mais de um sentido para um mesmo autor,
Entre o respeito e a saudade,
Mantenho a palavra dentro dos limites,
Luto para vence-los,
Resisto em mante-los,
Derramando palavras represadas,
no lago da minha alma,
nos meus breves espaços.


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"Mas como você sabe o que sente por ela?"

de repente... num dia cruzaram-se os olhares de uma forma diferente...

de repente a companhia dela

era a mais agradável

e com ela

qualquer assunto rendia

e o tempo nos desconhecia

nós o desconhecemos

eu queria

abraça-la

estar por perto

isso aconteceu meio que naturalmente

nos aproximamos

cumplicidade de conversas e confidencias

barreiras quebradas e lagrimas derramadas juntos

ficavamos muito tempo abraçados

era estranho para os dois

veio uma sensação de confusão

e uma tristeza porque dias depois eu iria embora

as batidas do coração descompassavam nos encontros

e a vontade de abraça-la era muito forte

a vontade de estar junto

mais do que no abraço

é como se de repente

houvesse um vinculo

uma vontade de compartilhar caminhos

uma felicidade inerente a estar juntos

uma saudade saudável,

da presença

mesmo pouco tempo depois dos encontros

“coincidência, não, eu diria, convivência.”

não existe uma forma padrão de amar alguém

é isso o que eu sinto

hoje

o que sinto

é a presença dela

não como um pensamento fixo

mas um sentimento constante

ela está

na Lua

nas estrelas

no céu

nos reflexos

nas outras pessoas

nas cores que veste

nas cores que gosta

nos autores

nas musicas

nas esquinas

nos lugares

nos cheiros e nos assuntos

ela está na minha história e na minha História,

está na minha Educação

quando vou comer

dormir

acordar

quando pratico Kendo, Kung Fu ou futebol

quando tomo um suco de laranja

em todas as minhas aulas

em todos os meus comentários

em todas as minhas loucuras...


...

mesmo sem estar lá

e quando está

meus olhos vidram

encantados

de modo que se desorientam quando se vai

e a procuram mesmo que eu não queira

o dia inteiro e a noite também

aqueles cabelos negros, mais ou menos ondulados

aqueles gestos e o jeito de andar

os olhos, os sorrisos, o corpo

e quando ela está, finjo que não estou (agora)

mas a observo,

e me reapaixono

a cada vão instante

e fico a imaginar

como será seu cotidiano

o que anda pensando e sentindo,

e a quero, tão bem quanto possível for

...

essas coisas e outras

é assim que eu não tenho

duvidas do que sinto