quarta-feira, 29 de abril de 2009

Reflexões canhotas...

Nós seres humanos possuímos necessidades físicas, nós nos relacionamos com a natureza e com a sociedade, é a partir da forma como organizamos a produção dos meios para nossa sobreviência que se definem as relações sociais?
Será mera coincidência que muitas relações de familia sejam afetadas pela presença do discurso do dinheiro?
A ideologia da elite economica (e consequemente social) não é ensinada como "senso-comum" e muitas vezes reproduzidas sem que nem sequer paremos para pensar?
Por exemplo a crença de ascensão através do mérito, que desconsidera o fato - bizarramente notavel - de que as pessoas não possuem as mesmas oportunidades.
Há preocupação real em garanti-las? Por que a tanto tempo então, ainda sofremos com a desigualdade social, com a fome e a miséria em níveis lastimaveis?
A forma como observamos o outro, especialmente o outro que não nos indentificamos e o outro socialmente excluido, como "comumente" observamos os mendigos por exemplo, não é uma visão socialmente construidas? Quantos de nós tem idéias formadas a respeito, ou posturas mas nunca teve contato com um sequer?
Não é um tipo de condicionamento "a la Pavlov" o sentimento de culpa frente a "não produção"?
Não é curioso como a optica da produção capitalista pareça reproduzida nesses pensamentos de culpa - quando por exemplo: deixamos de estudar para uma prova, deixamos de fazer um trabalho - e não é engraçado como nossa justificativa caia muitas vezes na retribuição de um investimento feito pelos nossos pais?
Não é intrigante como a produçao "objetiva" - produto material - é mais valorizada socialmente do que a produção "de idéias"? E como - apesar da valoração do material - a classe que efetivamente produz esse material não goza deles e a classe que exerce "atividade intelectual" é a que goza dos beneficios desse produto? Inclusive que essa divisão entre produção material e produção intelectual não se conciliam - quem produz material raramente não está preso somente a produção material e vice versa?
Não é política a divisão das ciências dentro do meio academico? Separando da reflexão sobre a sociedade as ciências exatas, e da reflexão sobre a natureza das ciências humanas?
Se a História é relativa e um grupo social que produz história (opa, isso não é um produto ideal?) é usada para defender tal organização das coisas através da natureza humana, essa defesa não é mais do que uma autoafirmação?
Podemos dizer em natureza humana? Existe humano sem sociedade? Existe então, natureza humana?
Se não condicionados a uma natureza "selvagem" , se capazes de perceber a influencia da sociedade na formação dos nossos conceitos, por que não construir uma sociedade conforme outros conceitos? Não cabe entao perguntar qual é a sociedade que queremos construir?



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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Teto.

Tato.
Durante minha infância, não me lembro de ter sido amplamente restringido. Raramente fui preso a alguma regra rigida ou não e as relações dentro da minha famila, questionavam a autoridade das poucas regras que existiam. Sempre perguntava a mim mesmo, muito mais institivamente do que racionalmente: "por que respeitar os mais velhos?"
Respeito para mim era... não sei quem ensinou, mas era, e é aliás, algo reciproco, que se construia entre cada pessoa e as duas juntas. As relações não me ensinaram a autoridade pela idade, muito menos pela força.
Minhas noções de limite, como horario de sair, chegar, dizer ou não dizer , ligar para um amigo, quase todas, senão todas, não são orientadas num pináculo socialmente construido que orienta a muitos.
Meu primeiro limite veio com meu irmão, Flávio, o bem estar dele, é que de alguma forma eu queria afasta-lo das relações conturbadas que me faziam mal e me deixavam confuso, minha raiz era proteger.
Isso afeta outro ponto: a indiferença de alguns, minha falta de referências, a dualidade das situações- em casa e fora dela , me incomodavam. Fruto disso é o meu desprezo pelo "requinte social" e minha pouca noção de etiqueta. A educação que se recebe na familia é uma educação moldada na sociedade, essa que dá valores, uns limites que estão no senso-comum de uma ampla gama de pessoas, modificadas, é claro, pelos micro-contextos de sua vida, mas com uma linha geral em comum. A diferença está aí, está em eu não ter absorvido quase nada desse "orientador social", meu limite criou raizes nas minhas próprias conclusões sobre o que é mais importante.
Meu limite se focava no bem estar das pessoas, essencialmente me incomodava ver alguem sendo oprimido em algum meio social, eu reproduzia um sentimento em relação a sociedade que tinha em relação minha familia, esse sentimento era forte com Flávio, se fortaleceu ainda mais com Alexandre, e tomou outras proporções, porque e já tinha mais idade e idéias mais velhas a respeito disso, inclusive o fato de ter idéias, já era uma novidade...
A situaçao chegou certa época, em um nivel de falta de rompimento com a "realidade convencional" (essa filha mentirosa da ideologia), que me confundia profundamente, eram tão distantes, só depois de muito tempo fui entender que é a "suposição ideologica" que é a exceção a regra, e que o quadro problemático é recorrente e em alguns lugares chegava a extremos ainda mais infelizes, a questão é que a confusão só serviu para alimentar o unico parâmetro de limite que eu possuia: O bem estar dos meus irmãos - esse era direto da minha realidade - e essa vontade estendida as pessoas. Esse quadro não repercutiu apenas nisso, foi bem maior, a um ponto que não me agradaria escrever sobre, mas guardo na memória, finalmente passou e as coisas mudaram bastante também, lá em casa já nem é um caos tão intenso.
Pensar sobre isso é novidade...
Causei confusão com isso: Se duvidar ligo as duas horas da manhã para um amigo, porque não estou me sentindo bem, ou largo uma entrevista de emprego porque alguem que gosto muito está triste, em outros tempos nem me caberia analisar esses fatos, muitos parecidos ocorreram inclusive, porque para mim isso tudo era muito natural.
A questão é que isso não respeita o limite de muitas pessoas, eu não faço idéia de qual seja o limite delas, sei de algumas poucas, sei que atropelava isso por simplesmente não questionar como, ou qual era a minha idéia de limite.
Provavelmente causarei algumas mais...
Não faço qustão de mudar isso, faz parte de uma essência da minha constuição que muito me agrada, fundamenta muito do que penso, mas aprendi que nem todo mundo é assim e vou aprendendo a lidar com isso.


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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Valsa...

O corpo pende de um lado para o outro, ritimado...
O coração bate acelerado, ritimando,
os olhos se focam hos e as mãos seguram, cuidam
protegem..
Inspira profundamente... e vai...
os ouvidos se apuram ritimados...
e guiam os passos que se fluem, passo, passo...
Giram ... os braços seguram, não se soltam ,não se separam,
as pernas se cruzam,
Suspiram profundamente...
Suor brota das faces,
E os corações batem ritimados...
E as mãos não só seguram e cuidam, mas acariciam,
E os olhos focam-se nos olhos,
E os passos não passeiam sozinhos,
E as pernas se cruzam com outras,
E os ouvidos se ouvem,
E guia e deixa-se guiar,
E os corpos se aproximam e pendem...
de um lado para o outro,
juntos...
E começa-se outra vez...

sábado, 18 de abril de 2009

As fronteiras tenues...

Está semana as fronteiras que separam as coisas ficaram mais etéreas,
como se fizesse parte das fases de um ciclo natural, como o da Lua.
Qual é a fronteira entre as Ciências exatas e as Ciências humanas?
De onde vem? Por quê existem? O que há de mais exato entre História ou Matemática, Literatura ou Química, Ciências Sociais, Filosofia , Biologia... Os conhecimentos são diferentes, mas não se separam, podemos foca-los, mas estarão sempre casados um com o outro de alguma forma, talvez isso seja um espelho da sociedade, ou uma caracteristica do conhecimento, ou vai ver inventamos uma separação que na realidade simplesmente não consegue exsitir.
Não sei... Mas essas fronteiras desvanescentes, descontroi e desvanecem meus pre-conceitos e conceitos sobre humanas, exatas, biologicas... Parece que tudo é igual e diferente ao mesmo tempo, geral e específico. O conhecimento que eu quero construir dança entre as fronteiras, é um imigrante dos conhecimentos, ele existe por querer ser transformador e por almejar-se ao seu máximo não se divide, não se separa, se procura e se encontra... provavelente está por aí, refletida em pequenos fragmentos de cada area do conhecimento...
Me encontro nele e a divisão as vezes me intriga por isso, porque se torna obstaculo. Não nego que pode ser importante para parametrizar, mas esquecer o resto também é demais, nada mais interessante seria que aprendermos a lidar com o conhecimento de forma ampla, sem achar que por sermos estudantes de uma area, humanas por exemplo, que devemos rejeitar as exatas, apartar nosso gueto de estudo e negar-se a conhecer. Levaria mais tempo para uma formação dentro de um conhecimento "cosmopolita", mas poderia ser raiz de diálogos importantes e o fim de diferenças que na realidade não passam de valores construidos.
Seria interessante, talvez será.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Sentido de mãe...

Era noite já, noite confusa, dessas de perder onibus...
Conversavamos pelas longas horas da noite, andavamos pelas estradas
que não tinhamos perdidos: Estradas da memória, Estradas dos sonhos.
E não me lembro bem quais palavras preenchiam o ambiente,
lembro que falavamos de sentido de ser, de repente:
"Essa vida louca só faz sentido se eu puder ser mãe - meu sentido é ser mãe"
E talvez você tenha noção da beleza do que disse,
mas talvez não tenha a noção da beleza que vi quando você disse...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Ambiguidades...

Há mais de um sentido para um mesmo autor,
Entre o respeito e a saudade,
Mantenho a palavra dentro dos limites,
Luto para vence-los,
Resisto em mante-los,
Derramando palavras represadas,
no lago da minha alma,
nos meus breves espaços.


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"Mas como você sabe o que sente por ela?"

de repente... num dia cruzaram-se os olhares de uma forma diferente...

de repente a companhia dela

era a mais agradável

e com ela

qualquer assunto rendia

e o tempo nos desconhecia

nós o desconhecemos

eu queria

abraça-la

estar por perto

isso aconteceu meio que naturalmente

nos aproximamos

cumplicidade de conversas e confidencias

barreiras quebradas e lagrimas derramadas juntos

ficavamos muito tempo abraçados

era estranho para os dois

veio uma sensação de confusão

e uma tristeza porque dias depois eu iria embora

as batidas do coração descompassavam nos encontros

e a vontade de abraça-la era muito forte

a vontade de estar junto

mais do que no abraço

é como se de repente

houvesse um vinculo

uma vontade de compartilhar caminhos

uma felicidade inerente a estar juntos

uma saudade saudável,

da presença

mesmo pouco tempo depois dos encontros

“coincidência, não, eu diria, convivência.”

não existe uma forma padrão de amar alguém

é isso o que eu sinto

hoje

o que sinto

é a presença dela

não como um pensamento fixo

mas um sentimento constante

ela está

na Lua

nas estrelas

no céu

nos reflexos

nas outras pessoas

nas cores que veste

nas cores que gosta

nos autores

nas musicas

nas esquinas

nos lugares

nos cheiros e nos assuntos

ela está na minha história e na minha História,

está na minha Educação

quando vou comer

dormir

acordar

quando pratico Kendo, Kung Fu ou futebol

quando tomo um suco de laranja

em todas as minhas aulas

em todos os meus comentários

em todas as minhas loucuras...


...

mesmo sem estar lá

e quando está

meus olhos vidram

encantados

de modo que se desorientam quando se vai

e a procuram mesmo que eu não queira

o dia inteiro e a noite também

aqueles cabelos negros, mais ou menos ondulados

aqueles gestos e o jeito de andar

os olhos, os sorrisos, o corpo

e quando ela está, finjo que não estou (agora)

mas a observo,

e me reapaixono

a cada vão instante

e fico a imaginar

como será seu cotidiano

o que anda pensando e sentindo,

e a quero, tão bem quanto possível for

...

essas coisas e outras

é assim que eu não tenho

duvidas do que sinto