quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Não há leis...

É curioso ver, em nossa cultura pautada por leis que visam um suposto equilíbrio social, a busca desses mesmos pressupostos na natureza. Assim, boa parte da ciência moderna se ocupa de desvendar as leis e mecanismos da natureza - um código penal ou uma máquina? - partindo desse pressuposto, as condições de isolamento que precisamos criar, para que tais leis sejam possíveis, isolam todos os elementos de um determinado aspecto ,para então em ambiente controlado, testa-lo.

É como pensar numa árvore, sem pensar na raiz, no solo que a nutre, no vento que arranca suas folhas, nos pássaros que comem seus frutos, ou naqueles que simplesmente caem e retornam ao solo. A árvore pode ser pensada em separado, mas a pergunta é: em separado, ela existe?

O mesmo tipo de procedimento é feito para quase todo qualquer aspecto, dos naturais, aos sociais... com frequência temos dificuldade em selecionar ou relacionar as coisas, um fenômeno ao outro, ou simplesmente aceitar a complexidade de sua simultaneidade...

Não que isso precise implicar em pararmos tudo até encontrarmos um meio de estudar as coisas em relação, é só uma questão de termos a percepção de que muito do que vemos, são modelos isolados, não o mundo, são partes removidas, testadas em ambientes muito controlados para que "não haja interferência". Quando que na real, no mundo, tudo interfere em tudo a todo momento...

Tanto do ponto de vista das relações sociais, quanto do ponto de vista do mundo natural, que também não são separáveis, embora o hábito de pensa-los separados faz até necessário que se frise que se trata de ambos, e que compartilham desse caos das múltiplas interferências dos aspectos mais diversos que lhes formam. Os aspectos não existem de formas isoladas, mas interdependentes, pensa-los apenas do ponto de vista teórico, ou laboratorial e esquece-los na sua relação com o mundo... é o problema da árvore...

Procuramos estabelecer leis, esses são parâmetros que advindos dessas experiências laboratoriais, estabelecemos sobre como um determinado aspecto da natureza acontece, Elas dão conta de dizer tendências, mas muito pouco sobre a realidade, porque a realidade é o caos inicialmente rejeitado, nessa busca de um padrão, uma lei, uma ordem...

Não há ordem... as coisas existem, nesse caos partilhado de suas relações. Mesmo com as "regras" que imaginamos nas quais existam, na relação com os outros aspectos do mundo, mudam... e a ciência contemporânea já se esforça mais nessa direção...

Mas continuamos então, a perseguir leis universais? Por que o universo precisaria se pautar por leis?




.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Das horas que a gente não vê.../2

Desses acasos encontrados,
 Das horas que a gente perde a conta.

E se conta, em historias compartilhadas, anseios, duvidas, sonhos;

Ao som de muitas coisas que se passam,
Coisas que realmente ficam...

Nos gestos, no tom de voz, no olhar ou nos olhos.

Quando olhamos pro relógio, oito já são quatro,
Daqui a pouco vai amanhecer.

 E dessas horas que a gente não vê passar,

Difícil é não perguntar... "quando nos veremos de novo?"

domingo, 8 de novembro de 2015

Dolorosa é , a Amargura do Rio Doce...

E da rachadura, partiram-se tantas vidas... Quantas?
Quantos corpos quebrados contra pedra, ou afundados na água?

São quantos os feridos , no corpo ou na alma?
E as histórias, lembranças e encontros, quantas memorias, esmagadas pela força da água?

Quantos sonhos quebrados em ladrilhos de tijolos?
Ou arrastados pela lama?
Quanto medo e tristeza não nascido Daquela fúria de água e lama?

Tristeza é saber, que da barreira que se rompeu
Há bem mais tempo se sabia....

Bem antes do Doce se tornar Amargo...




.