terça-feira, 25 de março de 2014

Fervura...

Tenho os nós dos dedos em sangue,
De nós na garganta apertados,
E disso tudo um engasgo...
 
Tenho a boca presa entre dentes,
Que arranham e arrastam impacientes,
Mas que sobretudo, calam...

Tenho fervura que me corre pelas veias como ferro derretido;

 Indginidades que me saltam pela pele,
Nada que não seja refletido pelos olhos...


Apenas.
Todas essas feridas,
E só.




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sábado, 8 de março de 2014

Areias...

Meu rosto arde, areia da praia, posso sentir vento do mar e seu gosto salino por toda parte;
Minhas vestes ensopadas, meus cortes ardidos...


Todos os músculos e ossos doem, ouço o mar a se quebrar contra rochas e contra si mesmo;
Devagar, abro meus cansados olhos para reconhecer velhas formas novas...

Me viro para vê-lo e os restos de madeira espalhados por todo lugar;
Não há vida nem destino, só eu ali, acordado, diante do mar;


Algo de hipnótico em seu som, algo que leve me surge;
Como os ventos que mudam de direção,
E as rochas que se derretem ao chocar continuo das ondas...


Por um instante, não mais que um instante,



sou apenas essa areia, essa rocha desfeita de vento, água e sal;


a ouvir, como um pequenino grão,


a melodia do Oceano;




[em silêncio]




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quinta-feira, 6 de março de 2014

Desesperos...

Nas minhas burrices e mentiras, nas 'verdades' e 'realidades' que esbarro por aí;
Saio do protocolo;
Perco meu tempo, perco meu modo;

Eu grito, porque "é muito burro",
Por não ouvir, e arriscar a perder, não um, mas três filhos.

E sua falta de gentileza me dá nos nervos.
Tanta coisa sua me tira do sério afinal, não?

Justifica seus metodos num objetivo que poucos estão aptos a cumprir.
E nas tuas próprias palavras - "Você pra mim é uma grande decepção, só isso."

Palavras feitas pra ferir sem dúvida, talvez nem seja o que você pensa mesmo.
Novamente sustentadas nessa justificativa de que para me ensinar certas coisas
vale a dureza das tuas palavras, das tuas ausências, fechadas com chave de ouro em ameaças.

Você canta muito de galo à própria morte, e usa como defesa as contrafeitas a ti;
E parece estar num carro a duzentos por hora, correndo em direção a um muro;
Te vejo a cada cigarro, a cada desfeita, a cada ódio ou desprezo cultivado, um suicídio diário.

E eu odeio, amo

e me desespero.

"Tu é burro?";

Eu sei, não é a melhor maneira de dizer...
Estou cansado de ouvir o quanto eu decepciono,

Mas eu não me engano e bem sei,
que meu ressentimento faz fronteira com saudade...
E que minha raiva vem da minha falta de pai...

Mas você não aparece... parece continuar querer morrer;

Fica atrás dos teus protocolos, modos e medos...
A mandar e emitir juizos, a saber de todas as coisas,
sempre tem algo a dizer, sempre vê mais verdade sobre a vida dos outros do que elas próprias...
Corre com a vida em desafetos, há 200 por hora em direção ao muro...


Vê problema em tudo, menos nisso, se faz de surdo...

"As vezes o problema não está nas coisas que a gente vê, mas nos óculos que a gente usa..."


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quarta-feira, 5 de março de 2014

Burrice...

"É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã...
Porque se você parar pra pensar... na verdade, não há."

Educar-educador;

Começa no olhar e se estende pelos braços, as pontas dos dedos (das mãos e dos pés). Começa com o carinho ou dureza nos olhos, e se andar é andar mesmo, ou se é algo mais parecido com marchar. Se a voz soa, como trovão, ou amena como o vento as vezes...

Horas nossos olhares são duros, mas não precisam, para isso, perder o carinho;


Horas nossos passos são apressados e duros, mas sem perder o compasso;

Horas gritamos, falamos como trovões, disparamos raios, mas não precisamos de esquecer  com quem falamos...

A burrice rígida é o esquecimento do carinho; É achar que ser duro, justifica o 'fim' de tornar um ser "educado", seja lá o que isso for. Educar acontece, muitas vezes "a parte" da presença ou do conselho dos nossos mestres, quando não na contra mão desses "conselhos", dessa "educação"; Quando se esquece esse carinho, esse cuidado, deixamos de ser pessoas, nos tornamos métodos

Mas a gente não aprende com métodos, aprende com pessoas.

"A Terra tá soterrada de violência, de guerra, de sofrimento, de desespero..."

Educar é a possibilidade de encontro, entre almas diferentes, que pode colorir de muitas maneiras nosso mundo. Pais ou professores só gozam da possibilidade de terem mais tempo juntos com seus pressupostos "educandos" (e na real, têm tanto a aprender), se vão ensinar, se vão ser compreendidos... já é outra história...

Burrice do professor (ou do pai), que se acha, fonte do conhecimento, provedor da razão; Que para todos os seus métodos duros, se justifica no aprendizado do aluno, que já não enxerga e se tornou apenas um meio para um fim, e assim tornou seu próprio aluno - algo incompleto.




[Riqueza dos olhos vivos (e corpos) dos bagunceiros ]



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P.S: Como pode ser tão burro?