quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Silêncio em mim cala...

E eu fui tomado, caí. Não é a primeira vez que sou livre por "fracassar".
E aqui veio denovo, sobre as asas da minha incapacidade de reagir, do meu não suportar, de não dar conta, e no meu silêncio estasiado,
nas contradições que me invadem,
eu sou um novo em silêncio.

Diante do Oceano que aparece a minha frente, me faltam palavras. Sou essa ausência.

E me desconheço.
Me reconhecendo.

Em silêncio...


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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Lembretes para o futuro

Espero que para um futuro em breve.

Preciso passar esses filmes em alguma aula. E perguntar aos alunos essas coisas todas.
Sobreo que sentiram, sobre suas percepções, a falta de autores nos livros, e o fato de que pessoas escreveram - livros e documentos (a incerteza!) e tudo mais o que puder. Reler os posts abaixo será bom.

Infernizar-lhes as vidas.

Não esquecer.

Atenciosamente,

Eu mesmo.

Sobre o Ensino de História II

Um outro ponto básico para o ensino de história "fora da academia", é a "perspectiva do onde estamos". Os alunos precisam debater o significado da produção histórica, poderiamos pegar exemplos de disputas que a história poderia trazer - história como reconstrução, história como dizendo ao presente, porque o passado relevante é o "passado que não passou". Tal como na psicanalise, poderia dizer, os passados "não passados" para nós, nos atormentam, então os discutimos, infindamente, discutimos, dentro dos nossos códigos culturais, dentro da nossa formação subjetiva pessoal, e a maneira como aquelas variaveis nos afetam.
Como nos é impactante o peso da Segunda Guerra Mundial, do Nazismo, como insistimos ainda em tratar o Nazismo como uma "besta anomala". Nos esquivando de adentrar nas questões que nos machucam - aquelas que nos faz real o medo de que somos mais parecidos com aquilo que foi o Nazismo do que gostariamos - e trocamos isso por uma divisão maniqueista e simplória do mundo. História é presente. Nada nela é neutro, nenhum historiador simplesmente "estuda um assunto", e isso tem que ser colocado em debate.

Porque Finley escreveu "Democracia Antiga e Moderna", quais variaveis o afetavam? Em que época ele escreveu o livro? Ao que ele está dizendo, além do conteúdo de seu livro? Qual proposito?
Esse é um questionamento porque o livro foi muito significante para mim, e o primeiro a vir e minha cabeça, existem infinitos outros. Outro ponto que poderiamos discutir longamente é o fato de que a história ensinada nas escolas permanece "desautoral", sempre em tópicos, com fatos diretos e bem resumidos - não dando nem chance a "mão humana" na história, poxa, é "gente que escreve", e não a "história que tá ali", tampouco a incerteza do fato, inclusive porque a incerteza é humana, e não "cientifica" como creem alguns, ainda que eu acredite, que mesmo "cientificamente" navegamos num mar de incertezas.
O que dizer? Vejam filmes "históricos". Recomendo um que vi hoje, muito bonito: a tradução é "jornada pela liberdade", e fala sobre William Wilbeforce, um parlamentar inglês que lutou pela lei de abolição da escravatura no território da Grã Bretanha. Ao final do filme, eu perguntaria aos meus alunos, "Quem se emocionou com Wilberforce?" "Quantos se arrepiaram ao ouvir seu discurso?" e terminaria a aula perguntando maldosamente por entre os dentes "Por que?".

É interessante, em um monte de filmes históricos, onde um "libertador" aparece, para lutar contra alguma "tirania antidemocratica", "contra o povo", etcetera... Há uma construção de diálogo que me parece interessante: Diálogos em que os personagens tem "insights" sobre o futuro "livre, leve e solto" (Exatamente como nesse filme que citei)

A minha idéia é que, os filmes, como os livros, mostram o exercício de reconstrução em prática: Conhecemos o que veio depois, reconstroi-se, no caso desses filmes, a partir de variaveis as quais nos indentificamos, por isso esses personagens são referências, são "hérois". São subjetivamente considerados pelo filme "homens fora do seu tempo" na sua construção como personagens, o que é bem interessante, e daonde podemos fazer um bom exercício: Novamente, sabemos o "fim da história", sabemos o que vem depois, temos nossas variaveis culturais que indicam aquilo que temos como referência de "admiravel" e "repugnante" (ou ainda mais terrivel "bom" e "mau"), essas referências pesam na construção dos personagens, ofuscam o que "são" para criarmos sobre eles as nossas impressões. Não há nenhum pecado nisso, nunca "reconstruiremos" os agente históricos de 200 anos atrás, dúvido que consigamos fazer isso com de 50 para fazer um filme sobre a década de 60 no Brasil. Mas é preciso que se tenha em mente isso, essa sensação de "fora de alcance" - essas personagens que perpassam os milhares de anos de história da humanidade, causam-me sempre essa impressão de distancia... de que é profundamente díficil, chegar ao mundo deles, nunca realmente possivel, mas é preciso perceber: Mundos diferentes.

História é um exercício para lidar com a percepção de mundos, para saber se engalfinhar em "questões mal resolvidas" pelo nosso tempo presente, nossas disputas "sobre o passado", porque elas determinam como construimos as nossas percepções sobre o presente.

E daí, poderiamos ter uma história, para educar para a Autonomia.

Uma história nem tão preocupada assim com a assimilação dos fatos, tampouco a transimissão do "código cultural" nele contido, mas de jogar ao ar, e expor as entranhas pela qual pulsa isso tudo. Cheio de pessoas, com incertezas, paixões e gostos - do lado daqueles que deixaram seus vestígios na forma de documentos, sobre os quais os apaixonados do outro lado, historiadores, se debruçam com suas subjtividades, procurando encontrar traços de coisas, para escrever sobre nossas "memórias conjuntas".

É importante esquecer-se dos fatos. E dar-lhes menos importância, e um novissimo leque de opções se abrirão - para os nossos alunos, para a disciplina histórica, e para nós.

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Sobre o Ensino de História I

Assisti dois filmes hoje, um que já tinha visto, só que outra versão (em preto e branco) que foi "12 homens e uma sentença" , um filé para discutir a idéia de fato histórico - da incerteza ou possibilidade de imprecisão de um fato. No caso do filme, um fato presente especifico, e daria espaço a um bom debate sobre como seria isso no caso da história, uma vez que lidamos com situações não presentes, é necessário que "já tenha passado", ou "já seja", para que possamos fazer ou dizer qualquer coisa sobre o "tal", assim, poderiamos dar inicio a um diálogo com os alunos que acho fundamental a qualquer um que queira ensinar um pouco sobre as bases para se "pensar a história" - necessária, básica, para se "pensar a história". Temos aí, milhões de brechas para questionamentos, e podemos trabalhar com comparações muito interessantes, se pegarmos a solidez (que me incomoda) da maioria dos nossos livros didaticos (ao menos a maioria dos que usei), com o mar de imprecisão a que podemos nos lançar quando começamos a fazer perguntas sobre a "precisão" da "ciência histórica".
E aqui, após breve chá sobre um filme bom para assistir, caminho para outro lado, que penso ser o fantasma geral que circunda esse longo paragrafo acima, que é justamente o que eu penso ser o "ensino de história", e quais são as bases fundamentais para sua "construção". Bom, gostaria de saudar provocando: Basicamente, ensinamos história "errado".
Uma frase de uma de minhas professoras do primeiro semestre resume meu pensamento: "História é pra pensar, não pra conhecer". Eu acredito nisso, mas acredito também que a forma como nossa sociedade (brasileira, moderna? Não faço idéia) aprendeu a "pensar" a história, está profundamente marcada pela idéia de "ciência positiva", pela "verdade dos fatos". Podemos nos recusar a ver isso da Academia, mas a maioria de nós, alunos, já percebeu que as pessoas o tratam como uma "biblia da verdade sobre a história humana". Tremenda bobagem, sabemos menos do que um pre-vestibulando, e por saber menos, somos mais felizes! "Não-saber" para nós deveria ser encarado como uma dádiva - porque o não saber, nos abre à possibilidade, e a história será para mim, um intenso campo de possibilidade, e nenhuma certeza.

A primeira reflexão necessária a um aluno médio, é a descontrução da idéia da "solidez dos fatos". Ao qual o filme acima é excelente em colocar em questão, e que um professor malicioso, saberia tirar proveito para colocar sua própria ciência numa "saia justa" ainda pior. Embora isso seja somente pelo esforço que este empregar nessa, pois as incertezas ligadas ao direito e ao julgamento de uma pessoa, podem ser tão vastos, ou "vasto de forma diferente", em relação aos "problemas históricos".
E aí abandonar a "hipocrisia", em alguma medida, se faz necessário. A parte dos cabrestos escolares: Como as provas do Estado, e o vestibular, precisamos nos atentar para não cairmos no "conteudismo", coisas a que essas duas maldições do ensino de história, certamente, pesam terrivelmente.
O conteúdo do conhecimento histórico é construido pelo historiador. 4 milhões de históriadores poderiam estudar o mesmo tema, e poderiamos ter 4 milhões de teses (se ouvesse orientador e recursos materiais para tanto), o ponto é que "nunca nos faltara assunto". Podemos dizer, e dizer, e dizer... a pesquisa é em si uma ação subjetiva (embora essa idéia cause calafrios em muitos), o historiador praticamente "cria" o conhecimento, interpreta documentos, e analise séries deles, observando fatos, escolhendo aqui e ali, lapidando aquela pequena preciosa gema, construido no fogo intenso de suas subjetividades e paixões, modelando a matéria bruta dos fatos, suas folhas, palavras, textos, fotografias, imagens, e que quer mais que o historiador poderia buscar sua matéria prima, mas como um anel, foi feito por seu criador, e "não existe em si" a partir da "grande História" (que até escrevemos com H maiusculo).

A "História", não existe. Uma amiga sabiamente disse que acabamos com a palavra história errada. Deveriamos ter só "estórias", e não "História", e eu gosto dessa idéia, especialmente no plural.

E aqui, findo a primeira parte.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Consciências...

A minha consciência é a minha intregridade corporal? Quando então meu corpo desintegrar-se, desintegrará também minha consciência? Mas e essa sensação de "não finito" que me circunda, a sensação de que a consciência projeta-se para além das funções vitais do meu corpo.
No Universo as coisas não se findam em si, o fim é algo que existe para nós, Humanos, que acreditamos em uma espécie de fim definitivo, nosso temor à morte. Tudo o que vejo são transformações, é uma impossibilidade o "deixar de ser" de qualquer coisa, a minha dúvida mais forte paira sobre a consciência humana.
Ela é fruto da integridade corporal? Finda-se quando morremos? Nosso corpo reintegrara-se ao solo, será energia que permitirá o surgimento de outros seres, energia transformada que formara a própria matéria que compõem os corpos desses outros seres, vermes, animais, ou plantas - e em um futuro serão energia que compõem outros seres humanos.
O corpo dissipa-se, como energia que é, e reintegra-se ao ciclo. A consciência eu não sei para onde vai, talvez percebamos a existência de uma maneira diferente, talvez, com o fim da integridade corpórea, cesse a consciência, e aí realmente "não existir" será uma realidade - não importante , pois não faz a diferença, se não há existência, mas e se a consciência é algo projetado, para além das nossas funções vitais, como vemos, afetado pelas nossas percepções do mundo, por um subjetivo que reflete no corpo, mas não é dele originário, e portanto, acaba por presumir a existência de outra origem - anima. Finda-se? Continua?

Enfim, fecho, dentro da mesma dúvida sobre a qual comecei. E não pretendo obter respostas.


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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sob seu manto escuro...

E eu que falei de morte... nem pensei que voltaria a falar dela tão cedo.
Agora não mais como um medo furtivo em minha mente, mas como uma realidade fria e dura, estendida sob seu manto que tem a face dos tantos que choram, e perto, possivel ouvi-los.

Levou dois de perto, e de uma vez só arrancou um pedação de um monte de gente. Arrancou um pedação de mim. Vão fazer falta...

Como terá sido quando vocês perceberam que não dava mais tempo? Que sentiram?

Que estrada é essa que nos separa agora?

Mas eu prefiro, o silêncio dessa falta de respostas, a acreditar que há algum tipo de destino maior.
Prefiro pensar na vida, na vida q tiveram, e na fragilidade e frieza , no susto com a qual podem se encerrar.

Plenitude. E plantar flores em jardins, não em tumulos

Porque é preciso cultivar a Vida.


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