domingo, 23 de maio de 2010

Inverno.

Recolho-me. Frio.
Tanto fazem as coisas, neva por tudo aqui. E venta, forte e muito.
O relogio congelou, e o vidro trincado se partiu, eu simplesmente virei as costas.
Eu gosto desse silêncio - ou talvez, reconheça que preciso dele.
Talvez isso me faça tão distante, tão disperso, tão vento.

Eu nem queria decepciona-los. E eu sei o quanto é importante.
Mas preciso de espaços outros agora, e nem queria chamar atenção, só ficar aqui, no meu canto.


É que as vezes eu só quero me desobrigar. E voar por aí.
Nem entedam como descaso, nem é. É só fase mesmo, passa.



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sábado, 15 de maio de 2010

Algumas idéias.

Estou um pouco cansado e pouco convencido de que a política se faça assim tão grande.
A vejo em migalhas frente ao que me mostram, não vejo sistemas, nem mundos, nem tampouco lógicas de macros assustadores, ou quer que seja, vejo, primeiramente e acima de tudo pessoas.
Onde estão esses grandes macros, todas essas explicações e sistemas, se não nas esferas de nosso penstamento? E apesar de nos ajudarem a refletir sobre os mundos que no cercam, não deixam de ser modelos, e portanto incapazes de dizer da "realidade". Talvez, não seja necessária uma resposta tão grande, e é daqui o meu ponto de partida - penso que não precisamos.
Meu problema estar em pensar "o modelo" como "mundo".
Se eu sempre usar uma luneta , para tentar enxergar o mais longe possivel, poderei enxergar "pequenos recortes do horizonte", talvez, eles digam sim, algo sobre algum aspecto do mundo, mas pouco sobre o todo. Sem essa luneta, não enxergo tão longe, porém, não abro mão da minha visão mais ampla, e mais diversa: a visão da minha volta - o meu mundo sensivel, comum a tantos outros que compartilham de espaços e experiências comigo.
Por que não abrir mão dessas tantas certezas? Esse apego a certeza das coisas, diz muito mais do que apenas sobre a política moderna, vivemos presos a idéia de verdade, as nossas certezas, criamos concepções de mundo, fundamentados em resposta e as inseguranças e dúvidas, são razão muitas vezes, dos nossos mais profundos temores.
Mas na ânsia de responder a tudo, evitando no máximo a angustia e o medo da incerteza, fechamos nossos mundos, nossos olhares, trocamos nosso olhos por lentes-de-luneta, e para enxergarmos o que queremos, abrimos mão do enxergar onde estamos, e os que estão a nossa volta.
Por que não fazer o caminho inverso?Não é desconhecer o mundo um exercício interessante?
Assim, penso numa política perguntadora, duvidadora. Que não tem muitas respostas, mas que procura aproximar as pessoas, fazer com que estas se encostem, no sentido de que "se percebam", uma política que busca no cotidiano das pessoas, e através da experiência prática, faze-las se sentir parte de um espaço, perceber os outros desse espaço e assim reconhecer sua capacidade de altera-lo, e sim, isso tudo numa dimensão de individuos.
Uma politica de fazer sentir, uma política pra pegar, pra encostar, uma política de cada um.
E assim, do meio da gente, tornemos o debate e o espaço político, construidores.
Uma perspectiva de política cotidiana, do gesto, da empatia, do aprender a ouvir e a falar.
E nessas coisas, aparentemente, ou tradadas como, tão pequenas, poder mudar todo um modo de ver e se relacionar nos mundos - mudando talvez, esse mundão maior, que é tão díficil assim de ver.



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terça-feira, 4 de maio de 2010

Por uma política não-combativa.

Quando penso na atual política estudantil - "de luta" -, gostaria poder reinvindicar uma política não-combativa.
Quero me apropriar dos termos nas dimensões que tomaram em nosso instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Hoje, faz parte ouvir um discurso específico de que precisamos de um "movimento estudantil combativo", que significa um movimento comprometido com certa ligadas à uma parte da esquerda brasileira.
Reinvindica-se "na ordem do discurso", uma Universidade pública, gratuita e de qualidade para todos, uma série de questões são levantadas e criticadas. Muitas delas da qual compartilho da mesma opinião.
O que me preocupa aqui são as formas que assumiram o dito movimento estudantil hoje, até mesmo porque penso ser díficil dizer do movimento estudantil, sendo nós, tantos e de tantas formas diferentes.
Esse "movimento estudantil" é hoje caracterizado pelas minorias e dentro de um universo de questões muito amplas.
As ausências nos espaços dizem muito sobre as formas que esse discurso assumiu: Os espaços das Assembléias se tornaram fechados, duros, à medida em que o CACH constroí previamente suas pautas predeterminadas por orientações políticas, ligadas sim, muitas vezes as posturas de certos partidos, nas quais mais ou menos se alinham a maioria dos militantes do CACH. O debate, em "tom de convencimento", é marcado pelos diversos artificios na construção do "melhor discurso", aí vale apresentar "dados", invocar a "autoridade da história", e o apelo retórico também é usado com certa frequência. O discurso "do outro", "diferente", é, em geral, construido em oposição, como "discurso a ser combatido".
Cria-se assim um combate, com discursos vencedores, cria-se assim uma "escala de valor" para os diversos discurso, onde o melhor é o discurso que se alinha com a causa "da luta".

Mas para muito além do IFCH. Quem faz parte do "movimento estudantil"? Quantos estudantes se pensam dentro desse "movimento", quem são os estudantes que constroem esse movimento, a partir de que pressupostos? Em que medida, nós estudantes, conseguimos nos reconhecer?
Pra mim o "movimento estudantil" é espaço de disputa política entre partidos. Os estudantes, são conjunto, diverso demais e grande demais para se dizer sobre, o interesante é que, no geral, não há independentes nos foruns "nacionais" desse tal movimento, como a UNE, ou a recém constiuída, ANEL.
Essa forma de política, herdada de uma tradição partidaria se transpõe para cá, para o IFCH.

Assim as preocupações com as defesas de "causas históricas", todo o discurso de "Educação pública gratuita e de qualidade para todos", se reduzem apenas à esfera do discurso, quando as práticas que hoje fundamentam nossa organização se mantem e se (re)afirmam.
Uma organização que criou uma relação de forças opressora e excludente - na Assembléia, e em vários outros espaços, tantos são os que tem "medo" de se pronunciar, e tantos outros que se consideram "pouco aptos" a falar sobre o assunto, ou sequer a se envolver - Existe a idéia de que a política é construida por certos agentes, dotados de certas verdades, que se reproduz tanto no espaço da Assembléia como nas falas dos que se afastaram ou não se sentem a vontade para ir ao espaço. O discurso que organiza as relações dentro desses parâmetros é reproduzida de dentro do espaço, que se torna excludente, e no discurso dos excluidos.
E isso tudo, nos leva a constituição final de um movimento estudantil feito de minorias.

Em que medida isso é transformador?
Penso ser transformador uma política que se construa das experiências das pessoas em sua vida e nos espaços.
Para que, nessa micro-dimensão, no compartilhar das idéias e das experiências possamos "nos pensar no espaço" e pensar sobre "o espaço em que estamos" e daí como transforma-lo.
E nos dar o direito a vir com mais dúvidas e incertezas do que respostas para tudo.
Abrir mão dos grandes modelos, e das teorias da realidade, porque elas percentem, muitas vezes, mais a esfera da fé, do que da construção política, assim, mais dividem que congregam nossa ampla diversidade.
Abrir mão dos nossos textos um pouco, dar espaço pra outras expressões da gente, pra abrir um pouco mão desse "pensar-sem-sentir", e voltarmos a sentir um pouco mais, e principalmente , a "nos sentir um pouco mais".
Construir política de dentro para fora. Uma construção de identidade de "estudantes do IFCH", fundamentada no "compartilhar das experiências", a partir do "sentir" igual e não do "dizer" igual, e assim , pensar e subverter todo o necessário ou não do que foi pensado, do que já existe, criar nossas próprias formas, pensar nossas questões.
Quem somos? Quais são nossos métodos? Como nos organizamos dentro do nosso instituto? E quantas mais questões puderem surgir.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Tufão.

Os espaços repensados, as vozes repensadas.
Textos derreformados.
Tudo é uma questão de comunicação, de aprender a ouvir e a dizer.
Para isso quero jogar no lixo o folheto, o papel escrito, com os velhos-mesmo-jargões-de-sempre.


Quero a imagem, e a desordem.
Quero fazer arte, como criança mesmo. E assim, sem essa necessidade de ve-la em função, até mesmo porque não era bom mesmo em matemática.


Eu preciso é de imagem, e de tocar, é de sentir.
O que eu acho bom mesmo é angustiar, fazer sentir.
Pensar é bobagem.

Pensar sem coração é não pensar.



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