quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Embriagado...

Ah... tontura e confusão. Embriaguez controversa, de contradições.
Oras queria que parasse, noutras deleito-me com cada momento.

Como é possivel? É o que mais me pergunto, perdido nos encantos que me perdem.
Os olhos brilham hipnotizados, e o corpo congela por dentro, estou tomado, bebendo cada gota de cada momento - continuo confuso, e sigo cego. Apenas sinto.

Tão diferentes entre si, me impactam, quebram, seria capaz de admira-las por dias, semanas meses.

E como sou obvio. Meus silêncios são os arautos da minha confusão - da minha censura. A minha tontura, a marca da vivacidade do encanto, torpe e caminhante, com um sorriso de meia boca n rosto.

Com um mundo no peito, loucura em mim se constitui.
Palavras ao avesso. Desespero e me acalmo, pelo mesmo encanto que me causam.

Como é possível?


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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ela que voa...

Nas idas e vindas, encontramos. E frequentemente a vejo voar, nas palavras e nos passos. E congelo por dentro, me encanto, quase não consigo me mover - por dentro e por fora.
Nos meios momentos, minha mente turva insiste em pensar tolices impensaveis.
Nos meios momentos de sonhos silenciosos, sou tomado da febril felicidade da loucura.
Me divido por dentro, entre a parte que os olhos brilham e cala, cuja única vontade é seguir pra frente e encontrar. D'outro, me seguro, alegando excessos de passado em nossas vidas, e em silêncio me ponho - sou ambos, ao mesmo tempo.


Procuro e calo, e no meu silêncio demonstro meu encanto, proibido primeiramente, por mim mesmo.



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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

infernos sérios

Infernos do peso, palavras de aço, incontornaveis, são, os piores infernos.
Ah, falta da calma, daquela vontade de rir na pior hora. De trocar as palavras e de se confundir, falar bobagem, terrivel. Essas são as coisas essenciais, o resto, não sei o que são.
Infernal é levar palavras a sério demais.
Ando vendo isso demais, por isso peço, não levem minhas palavras muito a sério.
Sou capaz de amar e odiar com as palavras, num lapso de segundo que a seriedade não entenderia, mas que a contradição humana entende bem.

É sentir e boas.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

2010.

Ano complicado, mas finalmente, me suporto sozinho.

Apesar de todos os silêncios, e do que eu não falo.

E feliz que seja essas observanças internas.

Sem nunca perder de vista, os breves e bons , raios de Sol que me aparecem.

Espero belos dias em 2011.


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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Celebração do Inferno.

Me poupo do trabalho de dizer que "tudo vai ficar bem".
Minha esperança deposito em outros lugares, esse excesso de luz que não compreende as contradições de anima, é mais fatal do que qualquer depressão, ansiedade ou angustia.
Infernos internos fazem parte, que não quero reuniciar jamais; Ao meu poder sentir-me injuriado, profundamente amargurado , angustiado, furioso ou triste, qualquer coisa de sombra em mim, enquanto houver sombra. E sempre haverá.

Não quero nunca amortalhar o sombrio, em mim, nem em ninguem.
Mas compreende-lo como parte, nem explica-lo.


Não silenciar os gritos no escuro, nem tolhir a sombra. Com essa claridade, ofuscante, desintegradora, e silenciosa. Essa claridade objetificante, esse racionalismo cego do mundo moderno.


Qualquer coisa de meio demonio, meio irracional, que há porque se brindar.

Porque somos também, da contradição que nos faz.


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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Gripar, melhorar e adoecer denovo...

Sempre que gripado, que nem hoje, suando, melhoro.


Gripo sempre, conforme meus estados de saudade e animo.
A minha gripe é sasonal e emotiva, excesso de saudade, ressentimento ou angustia não proferida.
Excesso de animo, expectativas... ou cansaço do mundo

E melhoro sempre quando me sinto mais vivo.
Mal adoeço quando estou apaixonado. Melhoro sempre que treino, ou puxo treinos.


A minha gripe de final de ano, é sempre um sinal que eu já deveria estar em Ouro Preto.
Essa esmagadora expectativa, que me abaixa as defesas do corpo, e me permite só pensar no retorno.

Males só meus mesmo.


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Se dependesse do Twitter...

Andariamos em circulos...

Um seguindo um outro.

Como um cachorro que corre atrás do próprio rabo.










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domingo, 12 de dezembro de 2010

Com Marx e pernilongos...

O pernilongo é alienado do sangue que sangra quando o esmagamos...
sangra um sangue que não é dele, do qual ele não se reconhece em sua produção.


Ou nós somos alienados do sangue que ele suga...



?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Uma boa primavera...

Muitos entusiasmados me cumprimentam, pela vitória nas eleições para o CA de Ciências Humanas da Unicamp, vitória da Independência Ou Marte. Que concorreu com duas outras chapas para gestão do CACH no ano que vem.
Mas eu não vim aqui falar das eleições nem da vitória, inclusive, porque não consigo compartilhar da mesma forma de entusiasmo das pessoas vieram me falar.
Não que não entenda, só que comigo é um pouco diferente.
Uma boa primavera não garante boa colheita, se não que com bom trabalho semeie a terra.
Tudo o que temos é potencia. Aqui todas as possibilidades podem existir - quanto mais o coletivo for menos nosso , menos dos "integrantes das chapas" e mais uma idéia, que pode ser abraçada, esticada, apropriada e reapropriada de diversas maneira.
Cultivar algo novo, produzir uma cultura - cultura essa existirá na e através das pessoas.
Possivel é cultiva-la, desde agora, no trato com todos, e na construção dos nossos tão almejados pontos de encontro e permitir que as diversidades se esbarrem e congreguem.
É dar a chance, sem respostas claras, mas como anseio sincero de construir algo que "nos faça pertencer mais", que nos recobre a identidade, e a autonomia - uma profunda concepção de comunidade, que poderemos um dia, talvez, ser.

Eu acredito, profundamente, nisso. As eleições fizeram parte do processo, contraditório que tenha sido, para construção dessa singela porém ousada Utopia - tudo o que precisavamos.

Bons frutos espero, precisaremos de bons braços, e bastantes, pois muita terra há que se trabalhar.



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domingo, 21 de novembro de 2010

Des(sociados)

Coisas que recorrem a minha volta, uma certa ausência nas falas das pessoas a volta.
O crime , a política, a pobreza, pensados como problemas de matrizes morais - a falta de bondade, a falta de honestidade, a falta de perseverança no trabalho. O discurso mais senso comum, e infelizmente, uma das besteiras mais repetidas em nosso país.
Esses julgamentos são compreensíveis, pelo próprio motivo que me leva a critica-los: Faltam com a sociedade. Não pensam as relações do individuo com a cultura, com a sociedade, o isolam dela, esquecem das histórias, esquecem-se dos discursos e das construções - não raro, são fenomeno desse mesmo efeito.
Roubados de nossas Utopias, ao final da Guerra Fria, sobre os fantasmas dos horrores de duas guerras mundiais, crescidos ou envelhecidos sobre um discurso de "atomização social", da desvalorização da política nas ruas, do denegrir do sentido da palavra "Política", de sua subversão em algo simplesmente da "ossada do burocráta do Estado", e ainda algo onde a corrupção é quase como inerente, onde a palavra democracia se esvaziou de sentido, onde o foco no individuo continua subindo as alturas, aliás já foi tanto que já mal podemos ver a sociedade, já mal podemos ver a cultura - e assim a cultura que produzimos.

Sem Utopias , grandes sonhos sobre uma sociedade possivel, vivendo constantemente com medo. A mobilização social foi colocada no campo das coisas complicadas de lidar, ligadas a um século XX que ainda não passou, não o superamos. Tudo isso produziu uma força muito grande no sentido dos individuos a focarem exclusivamente em si mesmos, no pequeno micro-meio a sua volta.
Assim, "fazer a sua parte" e "dar se bem na vida" se tornaram quase que dois bordões inseparaveis da nossa educação - institucional e na cultura - sobre o mundo.
Palavras como "flexibilidade", "empreendorismo", "liderança", ganharam uma conotação puramente mercantil, e "Utopico" é um termo depreciativo para pessoas e idéias "fora do lugar".
O grande medo dos problemas insoluveis como a violência resulta na consolidação cada vez mais forte de que o "crime é um problema moral", do "sujeito vagabundo". Assim sem esperança numa solução "social" para o problema colocamos grades em nossas casas, enquanto assistimos atentamente a TV cada vez mais propensos a aceitar "quaisquer meios" para os fins da obtenção da segurança pública.
O projeto de vida das pessoas passou a ser construído sobre a forte pressão para ser fundamentalmente "autocentrado" - autopreservação e projeção em primeiro lugar - e é um grande esforço construir um projeto de vida, de mundo, baseado no amplo, com uma entrega mais profunda de si.

Não bastasse, a maioria de nós brasileiros, consegue criticar avidamente as nossas instituições políticas, os nossos políticos, a própria política, quer que isso tenha se tornado, mas cuja solução, a grande maioria das vezes repousa na "esperança do aparecimento de um político moral". O que pra mim também representa outro problema: na criação desse tipo quase mitologico do político "moral" estão os genes do próprio autoritarismo, e a demonstração de um profundo "desconhecer de si" por parte do brasileiro em se pensar como agente político, como ser social, ou em sociedade.

A importancia de pensar as coisas no tempo, inseridos em uma cultura e sociedade, é fundamental para termos a possibilidade de reconstituir a percepção do individuo como "ser", como cidadão, como atuante efetivo do Estado, como a própria Base do Estado.

Assim, reinvindico por uma vida, uma história e uma educação a favor da autonomia e da vida.



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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

estender a mão...

Abrir-se.

Dar espaço.
E num abraço silencioso permitir-se abraçar, quem com alguns soluços e algumas lagrimas, que se silencia na calma do encontro, na calma do espaço, da abertura. Do sentimento compartilhado.

Encontrar-se. Tocar-se.

Há vastidões tão vastidões quanto as nossas vastidões. E no indizivel da contradição, e do caos que somos, nos reconhecemos, por coisas muito diferentes, muito parecidas.

Que pouco cabem nas palavras. Quase nada.

Mas sabemos ou sentimos
Mudar mundos em abraços atemporais.


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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sobre uma certa falta de originalidade do mundo...

Tudo tão único e tudo tão parecido.
Dizeres do desespero ou do amor, falar sobre a solidão. Escritos sobre a política e educação, sobre a Universidade, sobre história, quer que seja. Nada do que pensei já não foi pensado antes, e sentimos diferentemente, as mesmas coisas.

E assim me acho na carência de assuntos, o que quero dizer, é que o que há de singular me escapa a palavra. E talvez me falte a arte, que ela talvez esteja justamente nisso, transformar o indizivel em palavras, o único. Ou talvez essa singularidade seja só uma impressão, como é essa minha.
Nos sentimos sós, nos magoamos com amores perdidos, ou a falta de amores, nos sentimos felizes e estasiantes quando apaixonados, cegos, e até usamos muitas vezes essa mesma idéia. Dizemos da guerra além do oceano, da corrupção e da violencia dos nossos dias, dizemos das distancias e dos medos das pessoas. E somos muito diferentemente capaz de nos indignar com a política, com a vida , com o mundo. Falamos sobre nós mesmos, e nossas transformações, e essas leituras tão unicas, tão de cada um me parecem tão absolutamente recorrentes.


Assim, correndo o risco de ser injusto, não sei o que "de novo" teria a dizer a vocês, o que mais me dá vontade, é escrever menos.
E sentar pra conversar hoje seria muito mais agradavel, do que escrever por aqui,
coisas que gostaria de dizer, com casualidade, e ouvintes, pra ouvir também.
Com formas de ser, e de estar, que dizem muito mais, do que todas e quaisquer letras, palavras e expressões eu usar, hoje, ou nesses tempos, poderei dizer por aqui.

Outros modos de outros dizeres.


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num livro lido recentemente...

"amor é loucura, balançando do êxtase para o desespero num segundo insano".

"transforma o sangue em fumaça".

"entendo que é possivel olhar nos olhos de alguem e de súbito saber que a vida será impossivel sem eles."



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De Amares...

algo de nós, pra além dos padrões do mundo.
Longe da racionalidade de aço do nosso tempo.

Algo de irracional, selvagem! Que nos impele, morros abaixo e acima, abismos.
É o que nos faz infinitamente grandes, na nossa infinita pequenez.

Uma celebração feliz ao controverso, uma resistencia da alma.

Que é de amares que somos.

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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sob(re) um pouco de sombra.

Me sento na fronteira da sombra.
Sem o excesso de luz do mundo, esse brilho multilador, cegante.
Em mim convivem sombras e luz.

E eu cansei de ser ofuscado.



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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

De cair.

As vezes eu queria cair, mas sinto que não posso.
Queria ser acolhido, em fraqueza, e poder contar com isso, mas não posso. Sinto que não posso.
Corro risco de parecer profundamente ingrato, não é isso, é só que não há em mim a segurança para abandonar minhas próprias durezas. Minha força, minha firmeza, também minha maior fraqueza. As vezes anseio que se quebre, que se parta, que não dê mais conta, só pra esperar que alguem estenda a mão.
E para tantas mãos que eu estendo, ou os "conte comigo" eu sinto isso pouco em relaçao a mim.
E sinto falta.

"Se eu cair agora quem é que vai me segurar?"
Eu não sei. E não quero botar essa responsabilidade no colo de ninguem, o que as vezes eu queria, era um ombro, pra deitar a cabeça, fechar os olhos, e ficar quietinho ali. Não depender, mas poder contar, afinal. E cair, de ponta e profundamente, e não ser tachado de fraco, ou ter meu futuro profetizado nas vozes de quem sabe bem estender a mão, mas prefere levantar a voz, para me culpar e dizer das minhas oportunidades perdidas. (Pro inferno com elas.)

- Não peça explicações, só deixa eu ficar aqui um pouquinho...


É um esforço imenso, acordar todos os dias para um mundo novo e renovado, mas um mundo de um homem só.

Sou traído pela minha desconfiança. Me fixo nas minhas forças, e faço todo esforço necessário, para não cair nunca. Porque não acho que realmente eu possa cair. Eu nunca pude realmente não é?

Não que não tenha ocorrido. Não que não tenha inclusive tentado. Mas não.

Poderia cair? Posso cair no mar das minhas angustias? Seria segurado? Ainda não sei nadar bem.

Ainda não caí.



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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Meus sagrados...

faz muito tempo que Deus pra mim é apenas mais uma palavra.
Uma palavra que arremete a coisas que eu não entendo, e não sinto vontade de me esforçar em entender. Em alguma medida me são entediantes, ou, as vezes, intrigantes, não por si só, mas pela dimensão do impacto que causam na vida das pessoas e a centralidade que podem tomar em várias vidas. As vezes se arremete a um mundo de Verdades e Respostas que me deixa preguiçoso.
Nada contra, nada a favor, curiosidade como a que possuiria por conhecer um castor ou topeira.


Os meus sagrados são sagrados do mundo, do Universo, talvez do Natural, é o som da terra que absorve a água, são as chuvas, e a neblina, é o vento e os besouros. E como nós, que somos compostos de milhares de átomos de carbono, fomos forjados nas fornalhas ancestrais que queimaram neste mesmo Universo a centenas de bilhões de anos.
Eu me fascino e me encanto, por como pode, os átomos que hoje me compõem, terem composto a esstrutura de outros animais, ter composto a estrutura de outras plantas, e até mesmo das pedras, e essa sensação de que as coias se relacionam a parte da nossa vontade de separa-las, delimita-las, denomina-las.

Que apesar de quão intensamente belo é a dimensão da vida, e como as pessoas conseguem ser universos, o quanto a vida não é assim tão grande. Que toda nossa cultuada prepotencia e dita superioridade da espécie, não se passa de uma mera fagulha num incrivel Oceano de diversidade, de energia, que não pode tentar se mesurar com a complexidade da Galaxia, das estrelas, e do movimento desse grande todo, da Natureza.

E que ainda assim, na palma da mão de um bebê, nos faz perceber, novamente, o infinito que há também em nós. E a assombrosa sensação de como as coisas se relacionam e ligam.


Meus sagrados são sagrados de dúvidas, não me dão respostas sobre coisa nenhuma, tampouco querem convencer alguem. Me são divertidos, por conseguirem me fascinar, pela beleza de quase tudo que nos cerca.

E ansiar profundamente, pelo momento em que possamos gozar disso, em Harmonia.



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just things and Wonderwall.

"There are many things that I would like to say to you, but I don't know how..."

And maybe I'll never know.
Or maybe I just say those with things with worlds rather than words.


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domingo, 17 de outubro de 2010

O ele que eu não conheço.

Ontem nos encontramos, as quatro e pouco da madrugada.
Ele ouvia suas musicas favoritas com intesidade, não sei a quanto tempo estava ali, mas reconheci algumas perguntas que também são importantes pra ela.
Coisas que eu não sei o que pensar sobre, que eu não tenho idéia de como tenham sido. Como terá sido ele apaixonado? Será que ainda o é? Quantas vezes terá namorado? E aquela história de que terminou com outra só pra ficar com ela?

O que terá sido transformado, naquilo que conheci de uma maneira tão confusa, e assaz, problemática?

Eu ouvi as músicas, reminiscências de uma infância sem visão, onde não a imagens, pouquíssimas, quase como se fotos mentais do passado, imoveis, mas com perspectiva, fluídas, e cheias de som, tatos, cheiros. Cheiros de memória, de pedaços de mim tão díficieis de buscar por agora. Tão distantes.

De um outro ele, que eu conheci apenas fragmentos de alguem que já mudava, e mudou tanto, e muda ainda hoje.

E é pro meu irmão mais novo, um tremendo paizão.


Assim como agora o é,

Pra mim também.



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Pesadelos e sonhos.

Meus pesadelos me atorementam, são terriveis, desfazem o mundo, trazem a tona grandes medos improvaveis, mas não impossiveis. E as vezes, alívio grande ao acordar, posto que não continuam, que não são reais, ou aquela angustiazinha daquil ter mechido com coisas delicadas.


Meus sonhos de hoje também são pesadelos. E no mundo belo, das coisas esperadas, de cenas tão bonitas, que daria para gravar um filme, o acordar, e o desfazer-se de tudo aquilo, que havia sido real no sonho, o voltar ao mundo, e a falta daquilo que não teve.


Em resumo, prefiro ficar acordado.


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Madrugosidades...

Voltar de madrugada sozinho para casa, implica, mesmo cético, em medos antigos.

Fantasmas, espíritos e assombrações saem de todos os cantos e sombras pra me assustar, sabe se lá o que mais.

De madrugada, voltando pra casa, em Ouro Preto. Sou um completo covarde, um medroso de marca maior, e evito olhar para a escuridão, para não delinear os olhos de trevas que de lá do fundo da escuridão e da mente, me perseguirão.



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terça-feira, 12 de outubro de 2010

O Ri(s)o e o Fósforo.

Pequenas contigências me afetam, e eu, costumo olhar por cima dos ombros.
Pequenas coisas, o atraso do salário, a falta de passagens nos horarios apropriados num dia específico. Posso então me manter aqui por mais 5 ou 6 dias, que com certeza serão bem aproveitados, mas que também o seriam no "outro mundo".

Confesso, estou com saudades de lá. E de acordar pra ir pra uma aula, natação de tarde, as festas e as conversas (que também tenho aqui, mas que são de outras esferas mesmo.)

Mas também, me encuca um medo de certos olhares de repreensão, e ter que ficar ouvindo aquelas bobagens que me incomodam tanto não pelo que eles olham, e comentam, mas justamente por o fazerem, odeio ser colocado numa caixa, interpretando meus "As" e "Bês" dentro de um quadro de "sucessos e fracassos" do qual já tentei me retirar a tanto tempo. Me incomoda ter que ficar lidando com essas coisas.

E tem os compromissos também não? Não os da Academia, porque, certamente, se não conseguir voltar hoje, pouca diferença realmente fara, se chegar sexta ou quinta, já que não tenho aula.
Mas tem reuniões, encontros, conversas, tem jogos para serem jogados e narrados por aí, coisas a serem escritas, lidas, mechidas. E elas, ao contrário das diversas coisas, não gosto tratar como obrigação, gosto de ir num ritmo prazeroso, ainda que tenha lá minhas perdas, eu as admito e continuo. Mas o que farei eu?

Muitas das coisas não dependem de mim, mas contam comigo, sim. E por não pensar a partir desses "deveres e teres", não me sinto na obrigação de voltar, não faz tanta diferença.
Na verdade, a vontade de ficar, talvez seja vontade também de fazer falta por lá, testar? Talvez, ainda que possa ser desagradavel a idéia, mas talvez sim.

E já vieram os que sentem falta, reclamar o sumiço. E como queria dizer que fiquei feliz por saber.

Agora espero pelo meu pai acordar, para conversar com ele sobre as pequenas contigências, avisadas sim porque poderia ter comprado as passagens ontem, ou anteontem, mas quem iria saber? Não é tão comum assim todas as passagens pós almoço ja estarem esgotadas, logo as 6 e 30 da manhã.

E na boa, eu faço isso. Me exponho a essas coisas e é isso sabe?
Né nem questão de não aprender, ou não ouvir, é a prioridade mesmo.

Não gosto muito de ficar preocupado com essas coisas.
Me preocupo com outras, as que chamo de "mais complicadas".

Ainda não sei, se fico ou se volto, muitas coisas se aparecem, e esses pensares são exercícios gostosos e não desgastantes. Ajudam a pensar coisas sobre as coisas, das coisas que a gente faz, entenderam?

Enfim, quando decidir, descobrirão.



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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Censura dos nossos tempos...

Ou a falácia da liberdade de expresão e no geral, a falácia da "democracia" dos nossos tempos.


Acabo de ler uma noticia sobre um processo que a Folha de São Paulo entrou contra o Blog "Falha de São Paulo", que tinha como intuíto criticar o jornalismo de forma diferente e humoristica.
A Folha acionou advogados e quase chegaram a multar os dois irmãos responsáveis pelo Blog.

Aqui aproveito para criticar essa atitude do Jornal, e adotar também o "Censura eu, Folha".


Existe, propagado entre nós, a falsa noção de que "podemos dizer". Inclusive muitas vezes quando exaltamos a nossa possibilidade de dizer o que quem pensamos o fazemos, não é? Dando inumeros exemplos, e exaltando como é bom o nosso tempo, como estamos em um país e um mundo "democrático e livre".
Porém, pensando bem, eu me perguntei, qual é a relevancia de eu poder xingar, por exemplo a Folha , aqui pra mim mesmo na frente desta tela, sem nem me dignar a escrever sobre isso? A PUBLICAR isso? Eis uma palavrinha importante não? Publico. Tornar Público.

Um discurso qualquer ganha relevância social a medida que tem condições de se propagar pela sociedade, a medida em que é publicizado e discutido, isso o poderia tornar efetivo, uma forma de organizar as insatisfações e mobilizar-se. Alteram até onde alcançam, e alteramos nas nossas vidas quando demonstramos que podemos falar, a questão é , até onde podemos ir?

Publicar algo, criticando diretamente alguem (pessoa juridica ou física) representa, pela atual lei do Estado, ofensa, passivel de punição e processos, como provavelmente foi o caso da "Falha". Isso é censura.

Por outro lado, há a intensa "pulverização de nós", somos realmente levados a sério? Eu não sei, ainda é uma questão em aberto para mim, mas acho que existe uma especie de força que amassa e desvaloriza esses dizeres cotidianos nosso, torna seu alcance limitadissimo e reduz muito sua capacidade de alterar e de se propagar.
Deve, creio, se relacionar a uma certa descrença "do individuo" que penso existir.
De qualquer forma, os comentários que eu solto na cantina, contra X ou Y, não precisam ser censurados, é isso que quero dizer, somos "educados a censurar" esses "pequenos discursos", ou coloca-los na categoria de "reclamações do dia".
Se por outro lado a lei reprime qualquer expressão social de pensamento livre, então, temos uma censura completa, enfeitada, mas completa. Essa censura cínica dos nossos tempos ainda vende propaganda de vivermos no tempo do pensamento livre, na era da democracia.
É isso, vendem suas propagandas, gritam até nos ensurdecer, e aí censuram nossas vozes baixas pela força de seus gritos, e quando gritamos pela força de suas leis.


Socialmente amordaçados estamos.

Quem fala mesmo, e fala demais, é quem tem capital.
E quando falamos o que não gostam de ouvir. Censuram.


"Censura Eu, Folha".





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http://falhadespaulo.tumblr.com/

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Isadora.

Ela é uma força que só, é uma mulher, mãe, amiga, companheira de encontros e lutas, de longe uma das pessoas mais fortes que eu conheci.

E hoje, é dia de celebrar!

Por todas as suas experiências ao longo de todas essas primaveras até essa nossa de agora, pelo trajeto, mas também por aquilo que você se tornou. Porque você não cabe nos conceitos do mundo, e nem terá de temer isso, e que, acho que igual a mim, tendemos mais a ficar cada vez mais fora deles, do que ao contrário, e a autenticidade dessas suas coisas que vibram aí dentro, é tão incrivel e bonito de ver.
Você inegavelmente, consegue se afirmar com aquilo que você é, e tenho certeza, que com o tempo, todos que te amam, aprenderam te entender, e não só isso, quando passam a entender, conseguem, sem dúvida, se encantar ainda mais.
Porque você é uma liberdade viva e se mechendo. Hahahahaha.
é um convite a sermos mais nós, a sermos mais livres.

Vaca profana, porra louca, minha amiga, A Isadora!

Prazer imenso é poder compartilhar mundos contigo!



Um forte abraço!

Thiago

domingo, 26 de setembro de 2010

Chuva.

Gosto do cheiro que vem quando a chuva vai chegar, e da forma como ela nos deixa bobos, correndo apressados, como abre espaços nas ruas e nas calçadas, gosto da forma como ignora nossa seriedade e esforços para nos mantermos certinhos, e chega, sem pedir licensa, caindo e nos molhando a todos. E abrir os braços e olhar pra cima, enquanto a chuva caí, e correr, e gargalhar.
Mãos dadas na chuva! Gosto de ver as gotas de água refletidas contra a luz, e caindo com seu fluxo caótico, e quando acertam as lentes do meu óculos.

chuva das primeiras brincadeiras, os primeiros passos de espaço, suspiros de liberdade, lugar das minhas fugas.

Hoje e quem saberá até quando.


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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

22 do vinte e dois.

Eu tenho certeza que vou demorar alguns meses a me acostumar com a idéia de 22 anos, hora vou dizer 21, talvez até 20 se duvidar. É que no limite a gente nem envelhece mesmo de um dia pro outro, a ponto de mudar algo que consiga realmente perceber como 21 para 22. Quando eu era mais novo nem fazia tanta diferença, aniversário só era bom pela bagunça, pela festa pela ruptura com aquela rotina chata de sempre, por comer bolo, ganhar presentes, correr e brincar sem muito que se preocupar com tempo.
Quando mais velho, foi mudando. Passou a ser uma espécie, primeiramente de momento de mim mesmo. Não existe um 22 de setembro, desde 2004 provavelmente que eu não fique profundamente reflexivo. É simplesmente algo a mais pra se fazer, pensar em trajetórias, comemorar memórias, no limite, é isso o que significa para mim o aniversário, de uma maneira geral, uma celebração da memória e da existencia daqueles que de alguma forma amamos.
É a celebração da trajetória de cada singularidade, e nesse sentido também, daquela própria singularidade.

Engraçado ser justo nesses tempos, onde algo no mundo, chama profundamente por uma afirmação de mim mesmo, sobretudo, para mim mesmo.

Foi um 22 agradavel, com presentes curiosos adiantados. Com muitos abraços e palavras gostosas, de pessoas que compõem aquilo que sou, e que nesse sentido, é preciso celebrar a elas todas também.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sobre a igualdade humana.

Eu não aprecio o marxismo, ou sou entusiasta do Comunismo porque são "lógico", porque está "provado" que o atual sistema em que se organiza a sociedade é desigual, injusto etcetera.
Todas essas reflexões, quando as penso em mim, me arremeto mais a meu incomodo com a condição do outro, meu incomodo de criança ao ver outras crianças vivendo embaixo de um viaduto em BH, imagem que tenho clara na mente até hoje, em resumo, antes de ser leitor de Marx, eu sou um profundo amante da humanidade, e da idéia de que somos iguais.
Creio que esse é um campo ao qual a esquerda me parece pouco acostumada, e vejo raras vezes em nossas discussões, terrivel pensar, mas muitas vezes nos falta pensar o humano.

A idéia básica da possibilidade de uma sociedade igualitária, precisa se fundar na percepção dos seres humanos como iguais, está mais ligado aos sentires, não aos pensares.

A identidade humana está no sentimento não na razão. As soluções "racionalizadas" estão aí. Racionalização essa ligada a um forte discurso de distancia, pensamos a diferença, mas somos incentivados a não senti-la, pela propagação de diversos discursos na sociedade que buscam construir essa diferença, que vão desde a consideração de que "quem é pobre é pobre porque quer", até o forte medo propagado sobre estes. Assim, criamos uma curiosa situação: capazes de belissimos discursos sobre a desigualdade, capazes de ligar pro criança esperança e doar um agasalho uma vez por ano, mas incapazes de permitirem-se sentir os mundos daqueles que estão em uma situação de desigualdade muito intensa. Ajudam, assim, restringido pela razão, e portanto limitados mais fortemente pelos discursos da sociedade.

Mas não existe argumentar no campo dos sentires do mundo, a única coisa que posso sugerir, é que tentar, antes de dar esmola a um mendigo, olha-lo, com os olhos a mesma altura, permitir que se esbarrem ali os universos que os compõem, e depois tentar responder se: existe mesmo, essa profunda diferença entre vocês dois, legitimada na profunda desigualdade social que os separa?

As forças que precisamos para mudar as coisas, não estão contidas na lógica de um pensamento, elas estão nos corações das pessoas, na nossa capacidade de nos reconhecermos como iguais, e que essa diferença que nos separa e divide é absurda.

É no sentimento de que somos iguais, que o mundo em que estamos se torna insuportavel, que se torna insuportavel não fazer nada para muda-lo, e para encerrar relembro, ao Che...

"Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros."





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terça-feira, 21 de setembro de 2010

lugar vazio...

Aquele caminhar na chuva, sem ninguem para acompanhar.
O lugar vazio na poltrona durante as viagens, o lugar vazio na cadeira a frente da mesa. São os bons dias e boas noites que eu não ouço, os abraços espontaneos e as surpresas que não recebo, os comentários que não ouço, as besteiras e singelices que desconheço. As idéias que eu não comento, as besteiras que eu não falo, as gargalhadas que não dou.
A presença que não sou. A singularidade ausente.
O não-beijo, o não-sexo. Não-olhares. Não ouvires, nada.
É olhar o mar, as flores, as arvores, as cores, é ver borboletas e as pessoas, e não ter quem mostrar.
Nem ver do diferente e os sentires que não sinto.
Quem falta nas fotos, fotos que nem são.
São aquelas coisas dificeis que eu deixei de lado, e o pior de mim que também sou.
E aquele comentário que eu deixei de fazer, a dança desacompanhada.
O afagar onde não há nem cabelos, nem corpo, olhos ou bocas.
É o espaço vazio do meu abraço. A falta do ar no suspiro.
E somente o barulho dos meus próprios passos, que acompanham minha sombra singular, e minha mãos dadas... pro vazio ao meu lado do meu lado vazio.


Não que eu não seja, nem que não esteja feliz. É só o causo de mais uma dessas solidões, revestidas de outras cores.
De alguem que entende que o mundo faz sentido quando é compartilhado.
Mundos em mim, que hoje só existem no chão da pele, e nela nascem e morrem, sem florescer, mas renascem, dentro de seu ciclo incompleto.

Esperam pelas primaveras da alma.




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terça-feira, 14 de setembro de 2010

teria mais o que fazer mas...

Peripécias dos meus próprios fantasmas.
E justo hoje a garganta ia ficar travada, e o nariz entupir denovo, sufocante. Como sufocante é o medo. Agora o labirinto.
Chegam a ser óbvias as minhas próprias reações das coisas que me ocorrem. Sentir-se sem ar, não conseguir colocar a cabeça no travesseiro e respirar tranquilo não é? Quase literalmente, e sentir as vias respiratórias congestionadas, um incomodo forte na garganta, que desce até se perder no meio do peito.
Eu queria só ir deitar mesmo. E se não tinha um "tag" pra falar diretamente disso agora tem.
É muita irônia me deixar sem ar justo agora, não me deixar dormir justo hoje.
Vá pro inferno!


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sábado, 4 de setembro de 2010

É possivel perder-se de si?

Até hoje, eu acredito que sim.
Apresentados ao mundo, somos educados na cultura a aprender "nosso lugar" e a nele nos sentarmos e só irmos aonde nos é permitido ir. Na minha opinião, chegamos a um nível de controle tão severo onde nosso 'eu' é totalizado pelo que aqui chamo de cultura. Uma cultura totalitária, ela promove a dominação total do ser, o insere em centenas de padrões e convenções que se seguirmos um mínimo deles nos desfaremos em tantas milhões de partes que, primeiro: nos discernir será profundamente díficil, segundo, não faço idéia daquilo que significará o "eu".
Como um manequim, a única coisa diferente entre nós, nesse extremo da dominação, seria a roupa com a qual nos vestem (nem nos vestimos mais), e no fundo no fundo, manequins ocos, desprovidos de um "eu" que tenha cores próprias, que se afirme, desprovido de "vida vivivel".

Algumas horas eu temo que caminhemos para isso. Mas essa distopia só viria a tona se cedesse a nossa resistência. Aquilo que penso por "eu" é algo que resiste, resiste a adaptar-se e a caber no mundo que lhe é imposto, resiste por meio da sensação - de maneiras tão variadas, dentro da história, e da experiência de cada indivíduo, mas felizmente, resiste.

Bom, quem me conhece, vai perceber que pra mim, faz um danado de um sentido pensar assim.
Não me garanto razão, apenas penso sobre a idéia.

Nesse jogo de forças entre o "eu" do individuo e o "mundo", criamos nossos meios de nos mantermos nós mesmos, e ainda, estarmos no mundo. Mas a sociedade de controle está longe de ser um local propício a expressão das coisas que mais nos dizem, própricio a plenitude do ser.
Assim, resistir é uma dimensão necessária, a adatpação uma porta para um terrivel tormento, que é a possibilidade de não ver sentido pela anestesia dos sentidos do mundo, que existem em cada um de nós.

Questionar e mudar essa cultura do medo, essa cultura da dominação, se faz necessário.
Rejeitar o controle totalizante do ser.
E a energia dessas tantas multilações que sofremos, como a força que precisamos para mudar, tudo.


Desacreditar o poder. Desacreditar o controle.
Nada existe por sí só, fazemos o mundo.


Revolução do ser. Revolução do mundo. Mundos.



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domingo, 29 de agosto de 2010

Ele tentou dizer que...

"Não, que nem era tanto assim."
Mas já tinha caído, ou melhor, pulado, e nem sabia.
Soube naquele sorriso leve, com um aceno quase invisivel, perdeu as palavras, esqueceu-se de tudo mais que não fosse aquilo. Teve por aquele breve instante consciência de onde estava, naquele sorriso.
Gosta de estar por perto, fitar o jeito que ela caminha, e a forma como articula suas palavras, quando está ansiosa, irritada, quando está cansada ou feliz, é que muitas vezes não sabe dizer o que a presença e os gestos dizem tantas vezes melhor. Já deveria ter aprendido com silêncios outrora, mas ainda é completamente novo nisso.
E ele se encanta porque há muito ele não a ouvia: A ouvia naqueles momentos onde a alma dela ficava ali, a flor da pele, ou até transbordar, e esbarrar nele assim de leve, como só ela sabe fazer.
E compartilhar daquele mundo tão fascinante, e compartilhar um pouco daquilo que são e os pedacinhos que ali vão se esbarrando e encontrando.
Está embriagado de felicidade, não consegue esquecer aquele sorriso, aquele jeito de falar, aquele brilho no olhar, não consegue esquece-la de modo algum.
Não quer. Se caiu ou pulou, tanto faz.
"Já tanto faz aonde chegaremos. É um prazer estar ao seu lado."



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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Palavras a Lua

Hoje, eu ergo meu copo ao ar.
E olhando a lua, desejo a ela que esteja bem, que siga firme, pelos caminhos que escolher.
Abraços silenciosos. Quase invisiveis.




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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Amares.

engraçada conclusão.

"Nunca deixei de amar ninguem.

Nunca deixei de amar."

Respeita o amor, as convenções, o espaço e o tempo?


Acaba o amor?

Curioso amor esse, que desconhece o heterosexismo, a monogamia, a moral e a constrição de nós. Esse amor que simplesmente ama e nunca deixou de amar.

Que sempre me empurrou e empurará.

Abismos abaixo.



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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Quebrar do ser.

Não cabemos nesses caixotes que nos forçamos adentro. Somos fatiadores, educados para multilar, auto-multilar e sermos multilados. Assim funciona a máquina, dizendo o que devemos cortar - em nós mesmos e nos outros. E assim, somos muito bons nisso. Cortamos.
Aquilo que não se pode ver. Aquilo que não se pode ouvir. Aquilo que não se pode dizer.
Nos cortamos. E a nós mesmos.
Pedaços que não cabem, que não produzem, que não levam-a-lugar-nenhum.
Convencidos pelo medo da existencia ameaçada de que precisamos nos valorizar mais para nos vender. E que para nos valorizar precisamos "estar nos conformes", fazemos isso com uma precisão incrivel, começando pelos primeiros anos de vida de nossos mais jovens semelhantes.
Os ensinamos a fazerem eles próprios. Se cortar é mais que um dever, uma necessidade. e embora horrenda, cultuada como arte.
Sob a alcunha da flexibilidade, o fio de uma lâmina, "você é radical demais" "você precisa ser mais flexivel", "desse jeito você não vai a lugar nenhum" , "você precisa ser mais..." "você não pode ser assim..."
É , precisamos, antes de qualquer outra coisa SER Mais. mas não ser mais qualquer outra coisa.
Mas fracassamos crassamente. Foi o mais belo fracasso da humanidade - multilar-se. Sim, nos retalhamos aos pedaços, e assim também produzimos todo o tipo de reação: Homens encaixotados, cortados e furiosos. Mulheres, encaixotadas , cortadas, revoltadas.
Há em nós, cada gota de revolta, contra essa grande faca que nós mesmos fazemos e reproduzimos, que cabe a nós dar fim.

É uma faca cega , surda e muda. Que diz que seus pensamentos não valem nada. Que você não está do "modo certo". Essa faca, surda, sem alteridade. Que retalhou nosso tempo. Nossas relações. Nosso mundo. Nossos corpos. Que só existe, porque amolamos ela todo dia - nas nossas palavras, no nosso modo de pensar, ensinados a ser, multiladores. A reproduzimos.
Mas nos revoltamos, fracassamos. E assim, em cada um de nós a resistencia: A resistencia daqueles que fogem, que se entristecem, que lutam, que morrem.

A resistencia do corpo que grita contra a indiferença de si mesmo.
Que grita destruindo tudo por dentro do eu que se desconhece.

Nossa profunda revolução semeada.

Que há de se aflorar!



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Os (quase)-nós (totalizados).

Sentou-se lentamente na cama abriu os olhos quase que como por reflexo, um minuto antes do despertador. Devagar pôs-se de pé, vestiu a calça social e, davagar, caminhou para o banheiro. Escovou os dentes, como faz todos os dias, olhou para seus olhos cansados de mais uma noite mal dormida. Novamente sonhando que estava caindo, caindo , caindo...
Os olhos vermelhos, o movimento lento da escova nos dentes mau cuidados, disfarçados pelo bom odor da pasta dental e pela ausência de sorrisos. Os olhos de vidro vidrados no espelho, questões semi-formadas tentavam se perguntar aqueles olhos, mas não havia tempo, não eram terminadas.
Voltava, agora mais rápido. O despertador tocando. Calças, camisa, botões, paletó, gravata, cabelopenteadoaomeiocafégeladodeontemcommeiopedaçodetortadeixadasobreamesacorredescendoasescadasparao carro.
Chega ao trabalho. Trabalha. Cumprimenta pouco, fala pouco, faz seu serviço. Seu chefe o parabeniza. "Muito produtivo!". O que faz? Não interessa. Ele também já não sabe.
Quando criança, queria ser um golfinho.
Seus pensamentos estão turvos, as veias visiveis nas mãos trêmulas. A voz falha... falha...falha...
Tentou gritar, não conseguiu, engasgou. O Olharam, quase queimando. O escritório voltando-lhe atenções. Caiu no chão, ainda tossindo fortemente, apoio-se em sua cadeira, confortavel cadeira.
Ninguem veio. Levantou-se, então, alguém se aproximou e perguntou "Tudo bem?" tocando levemente seu ombro. Não soube o que dizer, foi ao banheiro. Voltou, sentou-se, tudo de volta a normalidade. Normalidade. Envergonha-se, sente-se sujo. O chão ainda tem o café, e uma funcionária da limpeza se aproxima para limpar, sua camisa também. Ele vê a moça que gentilmente o pede licença e limpa suas coisas, sua cadeira e o chão. Percebe então que não sabe seu nome. Ele olha a volta. Está nausedado. Termina seu dia. Volta pra casa. Dorme. Tem pesadelos.


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Ela levanta com o som de sempre, ainda de camisola segue para o banheiro, olha-se no espelho, os cachos loiros parecem cansados, e emaranhados, seus olhos com olheiras e remelas ainda muito vermelhos. Ela segue parao chuveiro, devagar. Água fria. Apressasse no banhomaltocandoseucorposaímolhadapegaatolharapidamentesesecacorreaoquartosetrancaparasevestirenquantojogasuas coisasnamochiladescerapidoparatomarcafesuamãegritandocorreparanãoperderoonibus. Está em pé. Levemente suada pela correria, sente-se um pouco nauseada.
No onibus a olham. Pensam coisas - muito diversas. A queima. Seu olhar pousa em algum canto da estrada enquanto é sacolejada pelo onibus no caminho. Saí do onibus, diz formalidades "Oi bomdiatudobem?tudobemevocê?" e quase sempre termina suas conversas com "ah, estou atrasada preciso ir" e está atrasada, chega apressada diz formalidades ao professor senta-se ao fundo , longe, invisivel. Anota a materia toda. Encontra com uma amiga e trocam palavras, falam sobre planos, sonhos, falam sobre expectativas de fim de ano, amores, vonta... otempoétardeprecisoirdepoisconversamostchau. Ela pensa que queria dizer que a ama. Sente vergonha, culpa. E lembra-se que não ligou para mãe na semana pass..Precisoirterminarelatórioparamanhã. Senta-se na biblioteca e escreve, como toda semana, entrega relatórios. Quando não provas. Provas de que? Ora, de que faz as coisas direito. Seu orientador está muito satisfeito com ela, "é muito produtiva". Escreve , escreve, mas já não mais como escrevia, precisa terminar os relatórios! Termina, guarda na pasta com cuidado, dezenove horas, come pouco , vai para aula de natação, troca-se, toma uma ducha, caí na água - sente seu corpo arrepiar com a água gelada, a luz da lua ilumina a piscina, nada, nada muito e rapidamente, com todo vigor que pode, nada e respira, e já não pensa em mais nada - se torna seu corpo. Acaba, sente-se cansada, e feliz - seu corpo pesado, já se sente um pouco sonolenta. Toma um banho e volta para casa, não fala com ninguem no caminho, pensamentos voltam, uma ligação os interrompe - parabenizada, seu projeto aprovado, precisa entregar mais dois relatórios ao final da semana. Feliz. Estranha de repente. Lembra-se, sobrara tempo para nadar? Largou a dança no ultimo semestre. Terminou um namoro quando estava no cursinho. Não foi aos testes do teatro no primeiro ano, nem no segundo. Entristece-se... quer chorar. Os olhos cheios d'agua. Não. Não pode errar o ponto. Desce do onibus, chega em casa. Seus amigos cansados a olham cansada. Mal conversam, precisam acordar cedo, terminar trabalhos, entregar relatórios, dia cheio amanhã você sabe.
As vezes escapam, e festejam, nas raras ocasiões onde sentem-se eles.


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Acaba de entrar na escolinha, está com medo. Sua mãe diz que ficara o primeiro dia. Faz amiguinhos. Desenha na aula sua professora ri, aperta-lhe a bochecha. Não entende. Corre quando o pai volta para busca-lo. Dorme no caminho de casa, sonha o indizivel. Mostra o desenho pro pai, de olhos cansados, que sorri, acena com a cabeça e volta a dirigir. Chegam em casa, mostra o desenho a sua mãe, que sorri, e lhe dá um beijo e volta a cozinhar a janta. Quer sair, o sol está laranja lá fora, não pode. Quer correr, não pode, seus pais o proibem. Observa com atenção cores e luzes, e as busca, seu pai o pega no colo, e o põe no chiqueiro. Como todo dia.
Protesta, chora, se cansa. Vira-se, pega sua mamadeira e dorme.


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Levanta-se, frio, o jornal que o cobria o vento levou. Quer ir ao banheiro, vai para o fundo do beco e ali faz tudo o que precisa. Acorda seus amigos, conversam, as vezes dão até umas risadas. Estão com fome, conseguiram um dinheiro ontem, limpando os vidros de carros. Não conseguem entrar nos cafés. Um guarda suspeita-lhes do dinheiro, aborda-os. Leva o dinheiro.
Tentam pegar um transporte, para ir para outro lugar, não conseguem entrar. Um deles caí e se machuca. Precisam de ajuda, pedem para os passantes. Não são vistos. Desviam-lhe os olhares e a presença. O companheiro sofre, como sofrem os outros, um guarda outro os ajuda - o carro está a caminho. Levam o companheiro para atendimento, não os deixam ir. Pela tarde chove muito. Sabem que será díficil reencontrar o companheiro, não conseguem trabalhar esse dia. Sente fome, como seus amigos, já não falam nada, estão com raiva. Está frio. Separam-se ali, tentam pedir o que podem. Um tenta roubar, o levam. Outro que provavelmente não reencontrará, sabe. Negado. Senta-se num beco, quer chorar, sente saudades de sua terra, da familia que deixou, não tem notícias a anos, lembra-se do Sol, do calor, lembra-se da velha serraria que trabalhava... é cutucado por um guarda, não pode ficar ali está incomodando os moradores. Engasga. Sente raiva. Levanta-se, saí na chuva, e por ela segue, pra procurar outro lugar pra ficar, pelo menos, até amanhã.



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Levanta-se, a noite caiu. Seus olhos doem, sua cabeça doí. Os olhos vermelhos. Fica de pé cambaleando, senta-se na mesa, e re-lê sua carta. A coloca num envelope, passa a cola, fecha-o. Beija solenemente o envelope de papel amarelado velho, deixa sobre a mesa. Acende um cigarro e fita a cidade a noite. Batidas na porta, o vizinho grita pelo aluguel atrasado. Entra no banheiro. Joga o cigarro na pia.Lava seu rosto, entra no chuveiro , lava-se rapidamente, seu corpo doí. Volta. Liga a tevê. A mesma coisa. Então caminha até sua cama, e senta. Abre a gaveta. o vizinho ainda insistente batendo na porta. Pega o livro sobre seu criado mudo. Nas ultimas páginas alguns rabiscos de si próprio. Sorri, tristemente. A pega na gaveta então fica de pé, dá três tiros contra a tevê, um na porta, e o outro na boca.


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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

eu não tenho uma linha de pensamento...

...eu tenho um pote de tinta jogado na parede.




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escritos sobre histórias, memórias e identidades.

(Quando eu descobrir como posta o video aqui, eu posto, no mais, boa leitura)


Post baseado no trailer do Documentário: Era das Utopias

"somos aquilo que lembramos, agora, além disso, costumo acrescentar que também somos aquilo que escolhemos esquecer."

"We are told what we are to think about, and then we are told that these are our memories. In fact, we are taught to remember"
(Nos dizem o que devemos pensar, e então nos dizem que estas são nossas memórias. De fato, somos ensinados a lembrar...)

As duas frases da abertura desse documentário me chamaram atenção.
A História dos fatos não existe "por si", historiadores a buscam, um trabalho tremendo é feito nesse sentido, mas estamos, inexoravelmente, separados do nosso passado. Outro ponto é a infinitude do passado, como exemplifica Valery em seu livro Variéte que se escolhermos um ano especifico, como 1789, dá pra pensar a quantidade de informação que existe nesse ano específico?
Quantas histórias possiveis? Existe "A História"? De fato, esses acontecimentos todos do ano de 1789 aconteceram, mas tornar isso em totalidade conhecimento é possivel? Só pra esse ano? Para qualquer ano? Todos?
Se pegarmos só pelo viez mais "senso-comum" da história, que é o político, militar e economico, poderemos dizer sim, muito sobre a efervescência política na Europa ocidental na épocao, mas e a Asia, o Oriente Médio, que poderiamos dizer sobre o "Novo Mundo", ou o Japão? Que poderiamos dizer sobre a Oceania e a Africa? Quantos tratados, correspondências, quantas movimentações de cunho político/militar ou economico podemos registrar e o que poderemos registrar de e sobre cada uma? Esse vortex de imagens e idéias é apenas para jogar a impressão de algo realmente vasto, Infinito no sentido de interminavel, que torna o trabalho do historiador, Infinito, no sentido de incompleto (e no sentido de que "nunca nos faltará assunto", como bem diria Prof. Chalhoub).
As histórias são feitas de escolhas. As memórias são construídas a partir das escolhas.
"Somos ensinados a lembrar". Quem nos ensinou a lembrar? O que?
Quem nos ensina a memória na nossa sociedade? Quais são os elementos dessa educação?
Como nos pensamos a partir daquilo que nos ensinaram que é a nossa memória?
Como se constroí a identidade do individuo a partir da relação que ele estabelece entre sua memória pessoal e sua memória histórica?
Não diz a memória, respeito ao futuro?

Nossas instituições escolares nos ensinam a construir um tipo de memória. A memória nos vem através das letras de canções, nos romances e nos livros de história escritos, nas novelas, nas conversas cotidianas, enfim, produzimos memória nas nossas vidas.
As memórias social e individual não se dissociam, assim essa memória do que foi a humanidade, da "nossa história", diz respeito a "quem somos" e portanto a cada um de nós. Pensamos e mesmo sem perceber produzimos uma memória social, não só do "tempo presente", do "tempo que somos", mas do nosso passado, de como nos relacionamos com aquilo que construiram que somos enquanto gênero humano, ou seja de nossa relação com o "conjunto social" que chamamos de "Humanidade."
Assim fiamos uma teia de relações através dos discursos produzidos pelos infintezimais pontos que nela existem, nós, os indivíduos, despojados de qualquer agrupamento que não o das moléculas e átomos de cada um (quiçá!).
E se a memória diz respeito ao futuro é porque , como você pensa o passado diz respeito ao presente e não ao passado em si (afinal eles já passado, nós não), reflete assim as nossa questões sobre "o mundo e as coisas", e sobre "nós", sobre nossa indivudualidade e sua inserção no mundo. Assim, elas acabam influenciando nas escolhas que tomamos, nas práticas que estabelecemos nas nossas vidas, como nos relacionamos inclusive com a forma como nos ensinaram a nos relacionar, a pensar e construir a memória.
A memória também é anterior a nós, produzimos a nossa já sendo "ensinados a lembrar",
nos relacionamos com o mundo mesmo antes de pensar como pensamos, somos "apresentados ao mundo", e a memória na qual somos educados nos ensina sobre ele, a memória dos pontos de encontro que esbarramos: Nossos livros, professores, televisões, musicas, principalmente, as pessoas a nossa volta. Nossa experiência no mundo e as relações que estabelecemos com a memória "apresentada", é que nos provoca a produzir nossa própria memória - o que escolhemos lembrar e esquecer - como indivíduo e sociedade (inclusive indissociaveis aqui).
Nesse ponto é bem díficil dizer que escolhemos. E até que ponto, o fato é que "mais ou menos" escolhendo e sendo escolhimos, criamos. E criamos, modificamos.
Nessa teia, de infinitezimais pontos, é onde se produz a sociedade. E a memória social serve em grande medida de "entendimento-justificativa" para o que existe no tempo presente - seja para afirmar algo como "legítimo", seja para sua "deslegitimação".

A fragmentalidade da História nos lançou sobre um mar de dúvidas, mas boa parte das memórias produzidas que me esbarram , vejo, carregam em si o tom do "discurso de verdade".
Por que ainda nos apegamos a essa disputa? Pra quê?
Em um campo onde quase tudo pode ser justificado, a verdade não passe de ser reduzir a história a um meio para se atingir a verdade desejada, verdade-querida. Logo, quase "qualquer verdade" é possivel. E fazemos isso exaustivamente, academicos ou não, insistimos na busca de respostas e de justificações das nossas teorias favoritas. E conseguimos claro, todos. E disputamos nossas verdades a tapas, quando não nas guerras.


"Nossas convicções são secretamente assassinas." Paul Valery





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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

As vezes pra tá perto é preciso tá longe.

Encontros e desencontros não seguem rumo ou sentido.
As vezes morro ao colocar as coisas em palavras.
As palavras me falta, são insuficientes, meu corpo todo já sabe disso, ainda assim, elas insistem em aparecer.
Não sei porque, acho que nos entendemos melhor noutras linguagens.
Dizeres é um troço a dois e eu nem sabia.

Vivo tropeçando nas minhas próprias palavras.

Entre coerencia e contradição.

Sou pego de surpresa.




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domingo, 8 de agosto de 2010

Falling...

Muito rápido pra pensar em parar.
Muito intenso para querer.
Pessimista, e por isso descrente de que saíra inteiro dessa.
Mas já não olha pra trás, já nem sequer olha.
Segue de olhos fechados, peito aberto...

logo atingirá...

chão ou infinito.

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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

"Democracia" no Brasil... [1]

Sobre o primeiro debate, que ocorreu na Band no dia 5 de agosto de 2010.
Inclusive, a poucos minutos encerrado.

Há um desnivel que me incomoda muito na política brasileira. Um desnivel comentado pelo candidato Plínio a respeito da própria forma como ele e vários outros canditados, lembrando que temos 9 canditados a presidencia da republica, foram tornados invisiveis aos olhos do povo brasileiro pela postura tomada pela midia brasileira em geral.
O convite a Plínio pode ser considerado louvavel à emissora BAND, mas é preciso ponderar: É por lei que todo candidato que possua deputado federal seja chamado ao debate. A questão é , porque os outros foram chamados? Por que a mídia se recusa a dar face a estes canditados, mesmo o próprio Plínio?
Aí começa a se delinear os meandros desse desnivel. Que se aprofunda nas perguntas: A produção do canal de televisão pergunta, os candidatos se fazem perguntas, os jornalistas se fazem perguntas.
Mas pera aí, e as pessoas? Quando nós vamos ter oportunidade de fazer as nossas perguntas?
Que poder é esse que tem os canais de televisão? Por que?

Falo no sentido de que são organizações privadas, dirigidas , consequentemente por privados, como é que se pode deixar a responsabilidade de um serviço social de comunicação, nas mãos dos interesses desses grupos? Tudo bem, pode-se argumentar pelo lado de que é permitido que existam redes privadas. Então que se regulamente pela lei, pela constituição, até onde elas podem ir, e como devem operar - não é uma questão de liberdade ou não de imprensa, mas sim de que os interesses do povo ficam submetidos ao filtro midiático terrivel que sofre nosso país.
Essas eleições demonstram claramente o absurdo a que isso chegou.

E vamos a outro detalhe que aprofunda ainda mais o desnivel: As campanhas dos partidos são financiadas por grupos privados. Outro absurdo: Impede absolutamente a equidade entre os canditados, é assim na política em geral brasileira, o cara acaba tendo que gastar do próprio bolso com a publicidade para se lançar canditado estadual,ou federal. Como assim? Por que não uma regulamentação do que será feito, uma especie de "roteiro eleitoral", e do quanto será gasto? Há um filtro absolutamente ligado ao dinheiro na nossa política, e em que medida isso é democrático? Por que não um controle sobre a quantidade de orçamento investido em campanhas e uma limitação de equidade entre todos os canditados?

Não menos importante é a posição dos nossos políticos em serviço não? Julgados por uma lei diferente, inclusive julgamento que é feito pelos seus próprios pares nos nossos tribunais. Com salarios diferenciados, como se político fosse uma profissão e não um serviço ao povo, ao Estado que se pretende construir, colocando eles em posição social superior aos demais por simplesmente "serem", o que torna os políticos no país uma classe, ou pior, uma casta, própria, de interesses próprios. São eleitos nestas condições para defenderem uma constituição que diz que somos supostamente iguais.

A postura do "politicamente correto" foi terrivel neste debate. Nem tudo são flores, falar de uma perspectiva sempre 'bonitinha" do nosso país é negar as duras contradições nas quais este se insere. Me parece um tanto apologia à progressão social E o foda é ver que isso é feito de uma forma descaradamente eleitoreira.
Eu duvido sim, da coerencia política de quem tem esse tipo de postura. Eu não acredito na sinceridade de muitos que ali estão, e acredito que as formas que nossa política tomou ajudam demais para isso.

Escrevo aqui porque acredito que o poder está verdadeiramente em nós. Que pertencemos ao povo. E que nós devemos sempre nos manifestar, que devemos nos sentir parte dessa política, porque a maioria é a instancia absoluta do poder.

O povo precisa acreditar mais no povo.
As pessoas precisam acreditar mais nas pessoas.

E ambas são exatamente a mesma coisa.


Que Brasil queremos?


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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Pronde vou...

Sair foi tão improvavel, tão inesperado mesmo para mim.
Outro dia Lecão perguntou "Thi, quando você volta para cá para morar com a gente?"
Putz... não faço idéia, foi a minha resposta. E depois expliquei que não gostava muito da idéia de voltar para casa. E realmente não gosto, posso até não fazer a minima idéia de pronde vou depois daqui, mas pra casa, morar lá, difcilmente.
Tenho tempo. Tenho todo o tempo para pensar e escolher.
Muitos cheiros, cores, lugares, tudo tanto e tão intenso. Não é necessário definir rumos, é bom curtir a trilha e fazer dela o caminho que bem entendo.
Tenho vontade de conhece melhor o meu país. Brasil...
Esse local já me trouxe tantas diversidades, tantos universos. Eu gosto de conhecer essas diversidades, quero ouvi-las, quero conhece-las.
Tudo é um mar de duvidas e poucas definições e os sonhos que eu decidi colocar a prova.

Pra que renunciar a esse tão agradavel mar de desrumos?


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Donde vim...

Frio! Ainda que eu seja dos mais friorentos.
Morros pululados de casinhas, perto de igrejas grandonas.
Vento, neblina e chuva em pó!
Amigos, acampamentos, praça, violão conversas.
Visitas, filmes a noite, festivais, carnavais e sabe se lá mais o que.
A casa, da qual saí, cheia, boa para passar as férias.
Irmãos, família.

Minha referencia.

Lugar de muita alegria, e de muita tristeza também.

Lugar que me é caro demais, que me faz viver dividido em saudades.
De memórias de quem sou. De pessoas queridas e que fazem uma puta falta.



Lugar dos por ques das minhas escolhas...


Até dessa saudade.


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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Renov-ares...

Renov-ar. E poder encantar-se sempre com os lugares de sempre, como se fossem os lugares de nunca, e poder sempre, dividido em saudades, estar plenamente em cada lugar.
Voltei das montanhas, do frio, de entre os amigos mais antigos.
Voltei para as "campinas", para a faculdade, os novos amigos, a nova casa, o novo modo de vida.
Transito entre mundos e extremos.

É essa liberdade que me renova a cada dia.

E ela que eu respiro a cada dia.

E por ela nada trocaria.


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sexta-feira, 30 de julho de 2010

falando dos dizeres...

Muitas ideias na cabeça, pouca idéia do que dizer.

Então vou falar sobre isso, sobre o meu falar.
Eu acho díficil, e qualquer um que me conhece sabe disso, não falar apaixonadamente de tudo aquilo que pelo que eu sou apaixonado.
Não sei, racionalmente medir minhas palavras e os momentos de dizer as coisas, eu me guio mais baseado na intensidade que as coisas vibram em mim, mais do que pelo que seria lógico.
Eu vou, eu sempre fui, sempre achei um pecado parar na metade. Prefiro cair e bater de queixo.
É foda não falar do jeito que "eu" falo. E é bizarro admitir isso, afinal, não deveria falar "eu" realmente do jeito que eu falo?

E não, não é a "opinião das pessoas" (aqui quase na mesma conotação do termo "massa" usada na política cinzenta) , é a opinião de algumas pessoas que me importa sabe? Nossa, eu devo ser chato e muito desinteressante pra nem sobre o meu sobre nome perguntarem sabe?
Essas merdas passam pela minha cabeça. De certa forma, elas me doem.

O que me incomoda realmente é a densidade que isso as vezes me parece tomar...
Eu falo de algo apaixonadamente, e as reações são curiosas vistas do meu lado, há um silencio do cão n'outro lado, as vezes um "você é muito louco", mas as vezes nada, as vezes fica ali, no ar, por vários momentos.
Eu tenho tanto tentado aprender a ouvir. E ainda sinto que falo demais. E o que me preocupa é quando o que eu falo se torna esse silencio do/no outro.
Como assim? Eu fico triste quando pessoas dizem que "não sabem o que dizer", ou simplesmente "não dizem" , quando eu tento lhes falar. Eu gosto de ouvir, eu me encanto com os mundos, e eu sempre achei que fosse autentico nisso. Mas as vezes os silencios são tantos.
Eu não to nem aí pra embasamento nenhum, eu só quero ouvir. Queria a liberdade de poder discutir e discordar, a liberdade de poder ouvir.

Talvez seja mais carência de palavras o que eu sinto, e as pessoas simplesmente não querem falar.
E talvez seja mesmo. Eu sinto falta de perguntas, e da curiosidade, enfim, daquilo que pudesse despertar o interesse do questionamento de outros.
Talvez, falando tanto, eu fale rápido demais, e não dê tempo para intrigar. Talvez mesmo!

Ah! Que maldito post auto-reflexivo (e consequentemente censuravel). É foda calar a boca.
E foda responder "Tudo bem?" ou "Como está?" com a formalidade do dia-a-dia. Formalidades demais, isso me incomoda também. Ou meu excesso de liberdade pra responder também incomoda, talvez, simplesmente, por falar tanto eu ocupe muito espaço mesmo, e é possivel pensar que posso sufocar pessoas dessa forma. Mas eu não perguntaria para ninguem: "É pra responder se eu to bem mesmo ou isso vai te incomodar?". Ia ser "bizarrésimo" (hahaha).

Eu acho que tenho me esforçado pra ouvir. E até menos surdo do que o habitual. Mas é dificil ouvir silencios, é bem dificil, é tranquilo aceita-los, em relação a pessoa, porque, particularmente preferia pelo menos um pouco, depende também da pessoa, mas um pouco mais de barulho, mais vida sabe?

Os silenciosos me intrigam, porque eu me preencho das perguntas que eles não fazem. A primeira delas é justamente essa... "Putz, será que não to incomodando?" "Essa pessoa não me faz uma única questão se quer, essa conversa tá virando quase uma entrevista, né possivel que isso seja legal." As vezes eu dou na cara e pergunto. E as vezes me respodem. Noutras eu fico na mesma.

E caraca, de tanto tenho falado disso não? Da nossa cultura que censura. Que nos coloca assim, tão pequenos para dizer qualquer coisa. Essa cultura que não nos ensina a ouvir, mas não nos deixa falar, que nos diz o que dizer, e o que ouvir, nos sugere também o que ver, cheirar e sentir, e especialmente "como" sentir, cheirar, ouvir, falar, ver.

E sim, eu to falando dos meus dizeres, refletindo se não devo mudar um pouco minha atitude, refletindo sobre algo que eu ache que influencie nesse silencio em minha opinião absurdo: o fato de você ser educado num lugar que te diz que suas idéias não valem nada.

Não valem na autenticidade do seu ser, não valem se não vem dos canones, seja dos canones da cultura, seja dos canones da mídia, seja dos canones da academia. Você precisa ter os pés em alguém, ou no caso a lingua, presa, pregada numa cruz de convenções, como um bizarro piercing-souvenir do nosso tempo.

Eu queria conseguir dizer que valem. Eu já disse.
Quando pequeno queria ser astronauta, queria muito conhecer o Universo.
E hoje ainda me dou a esse gosto, de me encantar pelos universos que ondas cá ondas la,
mares singrados aqui e acolá, encontro.

Me diga algo, nem que seja:

"Cala boca!"







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sábado, 10 de julho de 2010

like the wind...

she smiles and laughts with me...
And we talks for hours, even with few time, and we share, and thats makes everthing
just special...
And sometimes she gets angry,
And complain with me when I get fun with that...
And sometimes I look for her...
And then... she fades...
She seems to be so near for some moments...
the nearest... and then so far away.
Too far.
Unreachable.
And then reappear...
even more incredible, fascinates me...
I think sometimes she knows everthing I thought...
but... she is like the wind,
and when appear surprises me...
Sometimes... I just wish her stay for a little while...
cause...

She makes worlds fell better.

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sábado, 3 de julho de 2010

Donde estou...

21, de fato. 1,69 , talvez 1,70m. Finalmente 60 kg. E dois esportes. Kendo e Handball, focado nas mãos isso, não?

Unicamp, História. Quem diria hein?

Todas as previsões que fiz a meu respeito falharam. Minha imaginação ama brincar com o futuro, compõe cenas e vidas nas minhas horas longas, nunca acertei, tão pouco que não considero nada.
Não, não, não é uma vontade de saber realmente do futuro, mas só de brincar com os caminhos que me esperam: que vou escolher, ou não, que vão ser possiveis de serem trilhados ou não.

E o que vem depois da montanha? Da colina? Do rio?
Mestrado? Outra graduação? Por que não estudar mais antropologia? Ou Educação Física?
E as Artes Marciais, como faço? Queria um dia dar aula.
Voltar pra treinar Kung Fu até formar no Shaolin do Norte depois da Graduação? Continuar treinando Kendo daqui pradiante? Sim, pelo menos por enquanto, sim e muito fortemente.

Quem imaginaria, conhecer as pessoas que conheci? Viver as coisas que vivi até esse ponto?


Curioso. Minha imaginação pode pensar o que quiser, e brincar por onde quiser, a realidade as vezes me impressiona tanto ou mais do que ela.


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sexta-feira, 2 de julho de 2010

O Pior dos meus Dragões.

Me mastiga por dentro, destroi, meu almoço, minha coragem, meu animo.
Meu corpo ultra sensivel ao tempo - quando quente, sente muito calor , e quando frio, é sempre congelante - e parecem que trocaram meus ossos por estacas de gelo.
É aí que eu sei que chegou. É o meu medo irracional. O medo de não sei o que, que é uma mistura de tudo e o desconhecido.
O medo do medo. E o medo do que não ocorre.
Ele é o meu medo silenciador, é o medo que me paraliza - só me permite sentir os musculos tremerem, os dentes travados, as dores horriveis no abdomen, o desespero-na-pele - despedaça-me, corpo e mente. Como se não bastasse, eu me sinto como se tivesse comido a bateria de um carro, e que ela cotinua funcionando, e voltando gasolina pela meu esofago afora, ou seria bile mesmo?
Dizem que as dores que sinto são no figado, e no intestino.
Cólicas nervosas - certamente muito nervosas: retorcem tudo lá dentro.
É uma sensação de falta de unviverso, solidão mais absoluta, e incapacidade completa de salvar-se.

Ele brinca com meus medos mais terriveis, o faz se tornar realidade "em mim" por minutos.

Eu achei que tivesse ido embora.

Eu o enfrento - com canções e palavras.

E na vida com postura.

Sempre venci, pela sorte, pelo cansaço ou pelo esforço,

e sempre ao final,

chorei.

Exatamente como hoje...
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domingo, 27 de junho de 2010

Maquinado...

As vezes eu me sinto como que quebrado. Como que perdeu um pedaço.
Me sinto assim, máquina, desparafusada, sem oléos, rangendo suas engrenagens velhas, sem dentes ou dentaduras, apenas na dureza de seu ciclo diário - sinto como se algumas tivesse partido, caído pelo caminho, e eu vago, vagamente, em frente, com um puta buraco no peito.



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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sobre não-aprender.

- Comecei a ler "A Microfisica do Poder", Michel Foucault, e estou lendo "E por que não?", da prof. Amnéris, daqui IFCH. Dessas leituras, das aulas de Teoria da História, das experiências desse semestre, e tantas outras coisas que não faz sentido enumerar, senti a necessidade de expor algo que penso a bastante tempo: Não se ensina, são as pessoas que aproriam-se dos encontros, na medida em que eles significam para elas. Aprendizagem é do "aprendente" e não do "ensinador".


Eu ensino a alguem? Algum individuo é capaz de "passar" algo ao outro? Conhecimento , conselho, informação?

Minha primeira resposta seria que sim, mas quando entro nos meandros que envolvem falar e ouvir, na relação que se estabelece entre a parte que diz e a parte que ouve, percebo novas variaveis. Percebo que ouvimos melhor aquilo que nos diz "mais proximo" - ouço melhor sobre kung fu, história e rpg, do que ouço sobre gramática da lingua portuguesa, ou moda, ou sobre o carro do ano. Há em mim um conjunto de significados e coisas, um conjunto de experiências, que orienta a forma como eu ouço o mundo - no limite, como percebo o mundo.
Não se trata sobre uma reflexão pessoal do meu ser, mas uma reflexão, baseada na minha experiência, sobre a percepção humana do humano. Aprender sobre ou o mundo está ligado a percebe-lo, a senti-lo - percebemos melhor o mundo que nos "diz mais", que se encontra mais proximo da nossa experiência, no sentido de que , quanto mais intima é minha relação com as coisas sobre as quais dizem, ou ainda com as pessoas que dizem, melhor serei capaz de ouvir, aprender.
Do contato, do encontro, as experiências daquele "outro", que expressadas muitas vezes na fala, mas podem ser expressas de inumeras maneiras, podem ganhar significado a partir a identificação com a experiência do "eu" - e assim o "eu" consolida uma nova "coisa", uma forma de pensar sua relação, ou a si próprio, um "conhecimento no sentido mais amplo possivel, que pelo significado que possui, para si (para o "eu"), faz dessa coisa, coisa própria.

Sendo assim, eu não acredito que ninguem seja capaz de "passar" nada a ninguem. Acredito ninguem ensina ninguem. Nos apropriamos das coisas que nos fazem sentido, ou ainda, que nos fazem sentir.
Só existem esses encontros, de experiências de dimensões humanas diferentes, de seres humanos diferentes, que nesses momentos tem uma oportunidade de compartilhar. E a partir dessa relação uma oportunidade de criação - de todo tipo de natureza.

Qualquer encontro de individuos é um encontro de universos. A complexidade da dimensão humana, é equivalente a complexidade do Universo - quando se encontram, carregam em si as relações que estabeleceram com tudo - desde as culturas nas quais foram educados, como construiram sua forma de pensar, com a própria Terra. Esses universos-humanos, compartilham de percepções comuns -porque suas experiências se dão num mundo comum, assim compartilham de identidades, campos comuns, experiências semelhantes (por exemplo: ambos pularam de paraquedas alguma vez), ou foram educados no mesmo pais e no limite daquilo que se pode pensar diferente: compartilham de uma identidade do mundo - Habitam a Terra.

Sendo assim, penso o conhecimento como uma dimensão da completude do ser. Aquilo que me diz não é só aquilo que me identifico, mas também aquilo que " não tenho em mim", algo sobre o qual "não pensei", mas pelo encontro sinto (percebo) e a partir disso penso. É possivel pensar nessa hipotese tanto pelo ponto de vista do aprendizado afetivo do mundo, quando do lógico, cognitivo, "dos conhecimentos" - creio que para a experiência humana, muitas vezes aprender a matemática é tão significativo quando fazer um amigo, conhecer a dor de se cortar, quebrar um osso, ou do frescor da água quando se tem muita sede, muitas vezes é semelhante, a descoberta de uma lógica da gravidade universersal, e a descoberta dos movimentos do próprio corpo.

Assim, podemos pensar também, que não existe essa diferença "conhecimento afetivo" , "conhecimento cognitivo", essas são categorias arbitrárias, que separam os conhecimentos que creem ser da "ordem da razão", e aqueles que creem ser da "ordem dos sentidos", até mesmo porque , na experiência das pessoas, elas efetivamente existem?

Nessa linha de pensamento, não é possivel "conscientizar" ninguem. Nem "passar nada", não existe um método, é a forma como os encontros acontecem entre as pessoas, e as condições que estabelecem este encontro.
Reaprender a ouvir o mundo. É repensar-se dentro da condição humana - que considero incapaz de "entender" o mundo. Que vive dentro de uma dimensão incapaz de compreender "o todo", e assim, revalorizar a experiência do mundo sensivel, e as relações que cada um dos individuos estabelece ao longo de suas vidas, afim de assim, propor novas formas - do pensamento e das coisas.

Como fica então a relação entre o aluno e o professor? Penso, que partindo dessas idéias, seja necessário reformular quase tudo que se pensa a respeito de educação, mas começando pela relação aluno-professor. Na sala de aula o professor está numa tal posiçao de poder, que favorece a recepção dos alunos - por mais que não pareça. Ali, as crianças transparecem seus aspectos mais sinceros, e boa parte de toda a energia que não podem dar fim - que lhes é tolhida. Esse meio tão permeado de relações de poder tão discutiveis e tão significativas aos seus alunos pode ser aproveitado.
Assim, ao invez de um "senhor da verdade", que sobe ao pulpito para ensinar aos "que não detem a luz", o professor se investe de outro carater: sua função é aproximar, é tocar, encostar, afetar - se possivel angustiar - seus alunos, trazer encontros que proporcionem reflexões, àquelas tantas diversidades humanas, em um estagio de formação "vulcânico" (cheio de energia!) , usar dessa energia, do significado das coisas, do sentido que elas possuem, para dar potencia a razão. Para isso é fundamental que o professor saiba "ouvir" os universos de seus alunos, dentro daquilo que é próprio de suas individualidades e daquilo que é mais geral de um grupo, e assim, utilizar-se daquilo que "diz muito" a esses pequeninos humanos, proporcionar-lhes encontros que possibilitem dar sentido as coisas, "aprenderem" mundos.

Ensinar se torna o ato de proporcionar encontros que permitam a construção do ser, e a possibilidade de ser, e conhecimento aquilo que se constroi "nos encontros de mundos".


É notorio que as atuais condições da escola brasileira, as condições do trablho do professor, as condições do aluno na escola, e a estrutura de poder dentro da instituição escolar, representam um enorme obstaculo a propagação, desta idéia, mas eu acredito que valha apena ir adiante com o projeto e arriscar.
Penso ser mais coerente acreditar nessa idéia de Educação, tantas vezes chamada de Utopia, do que acreditar no atual estado de coisas.




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Sobre uma irritação cotidiana.

Me cansa, muito, o modo como é mais simples criticar a minha barba, do que prestar atenção no que eu falo.

Assim, tem sido nosso critério de beleza: preferimos faces limpas - mas que não falam.



censuradas.



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sexta-feira, 18 de junho de 2010

De pó de Giz e Esperança.

E eu recomeço, e reescrevo na lousa aulas anteriores, já escritas naquele quadro negro.
E eu vejo nos seus olhos, tanto esquecidos, tanto gratos, tão ali.
Eu me vejo neles, e minhas esperanças tão refletidas ali, tão vivido, palpavel.
A dificuldade que era bem maior que eu pensava, e a turma que era tão diferente daquele que eu imaginava nos meus sonhos - menor e bem mais velha.
E a realidade me surpreendeu além dos meus sonhos.
Não havia mais aquela simplicidade gostosa do meu criar livre pela imaginação.
Pessoas reais, quadros reais, contatos de mundos que estavam fora do alcance da minha limitada imaginação - e assim, mundos reais de dificuldades reais.
Tão humano contato, me faz ter, toda sexta a noite, a sensação dos mundos.

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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ícaro - recontado.

E ele se cansava de todo tédio mortal.
Filho do Artesão, almejava desde cedo alcançar Hélio. Só queria tocar, a grande carruagem Solar em seu percurso diário. Talvez, guia-la.
Quebrou-se algumas vezes, saltando, tentando , em vão alcançar o Céu e o Sol.
Seu pai, Dédalo, o Artesão, provavelmente o mais dedicado deles, queria protege-lo, do calor de Hélio, da Intensidade do mundo, e dos pensamentos excessivamente altos de seu filho.
Por acaso, ou por obra dos Deuses, foram aprisionados por Minos , pai e filho. Dédalo, sozinho, não teria sido capaz de bolar suas Asas de Cera; Dizem por aí, "foi Hermes quem o ajudou", mentira, pois se foi de Hermes alguma parte feita, é ter atiçad desde cedo garoto Ícaro a ser curioso e engenhoso como pai, e juntos deram "asas aos pensamentos" como costumam dizer.
Dédalo transformava a materia, voava através dela. Ícaro, nos mundos, nos pensamentos, sua criatividade era como os ventos mais fortes do Oeste, e tão pungente como as ondas do mais furioso mar.
Dizem que após a fuga do Labirtinto. Dédalo retornou a Atenas. E dizem que Ícaro, teve suas asas torradas pelo calor de Hélio - outra mentira.
E ele nem caiu, se aproximou, com suas asas derretendo da carruagem, e agarrou-a com toda força e quando achou que não fosse dar conta.

Já estava em cima dela. E cumpriu com o que disse ao próprio Hélio - "tomarei emprestada as rédeas de sua carruagem, portanto, descanse".

E e desde então o Sol passou a caminhar meio torto e se põe em lugares diferentes ao longo do ano, é que as vezes Hélio descansa, e Ícaro não gosta muito dos caminhos certos do céu.


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Sonhares...

E sonhava com um Sol assim, refletido contra as nuvens de fazer tudo Sol-ser.
De uma neblina assim fina, como uma chuva-em-pó, e caminham assim, duas silhuetas desajustadas. Desajustados de tempo e de limites, limites da alma, da fala, de si, do ser.
E de falares assim contagiados, assim despretensiosos - porém, de assim, talvez mais juntos.
E do olhar a paisagem, de passaros que formam notas em fios de eletricidade, e de flores que se recusam a cair das árvores, ainda que outono.
E os livros fechados sobre a mesa, com uma maçã que pende de um lado para o outro sobre eles, e escorrega, bate levemente contra a mesa de vidro, rola, caí no tapete do chão, e um cachorro se aproxima para cheirar. Ele se chamaria Floquinho, tal qual como o Primeiro.
E o frio, e o chocolate quente, ou gelado, tudo é só mais uma desculpa para continuar falando.
Lua cheia, forte, noturna, plena, em um céu tão estrelado, que só sirva pra nos relembra do frio que vai fazer. Porque em noite de céu claro, é de lei um frio de rachar.
E um dormir assim destraído, cansado, pleno.

E de um sonho, renascer em mim.
Que de fato é deles que sou feito.

Utópico.

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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Estradas...

Estradas me levam pra longe, por elas e nos pensamentos.
Não há uma que não me faça de memorias, e me encha de expectativas. Menor que seja.
A rua de casa ou a estrada BH - Campinas, os velhos atalhos, os morros já conhecidos, e os novos planos.
Imagens e coisas se desfazem, e a Lua quase sempre me acompanha, com seu sorriso-olhar que sempre me intrigam, como sempre e sempre me fascina.
E histórias e causos se encontram naquelas estradas, tão diversas, e de tantas formas, tão diferentes que díficil fica até dizer qualquer coisa, no geral, prefiro ouvir.
As expectativas e ansiedades que sempre me acompanham estradas a fora, por suas trilhas e chegadas, e também pelas partidas, onde quem me acompanha mesmo é a saudade.
Que é companheira recorrente, e nem dolorosa como se crê, mas força pra continuar, e almejar o reencontro, e dar-lhe sabor próprio que tempero de distancia existem poucos tão diversos e tão interessantes.

E ainda muitas estradas quero seguir. Só pelo prazer , de nos esbarrares pelos caminhos, poder engrandecer um cado a alma, no compartilhar de alguns pedacinhos de nós.


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domingo, 23 de maio de 2010

Inverno.

Recolho-me. Frio.
Tanto fazem as coisas, neva por tudo aqui. E venta, forte e muito.
O relogio congelou, e o vidro trincado se partiu, eu simplesmente virei as costas.
Eu gosto desse silêncio - ou talvez, reconheça que preciso dele.
Talvez isso me faça tão distante, tão disperso, tão vento.

Eu nem queria decepciona-los. E eu sei o quanto é importante.
Mas preciso de espaços outros agora, e nem queria chamar atenção, só ficar aqui, no meu canto.


É que as vezes eu só quero me desobrigar. E voar por aí.
Nem entedam como descaso, nem é. É só fase mesmo, passa.



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sábado, 15 de maio de 2010

Algumas idéias.

Estou um pouco cansado e pouco convencido de que a política se faça assim tão grande.
A vejo em migalhas frente ao que me mostram, não vejo sistemas, nem mundos, nem tampouco lógicas de macros assustadores, ou quer que seja, vejo, primeiramente e acima de tudo pessoas.
Onde estão esses grandes macros, todas essas explicações e sistemas, se não nas esferas de nosso penstamento? E apesar de nos ajudarem a refletir sobre os mundos que no cercam, não deixam de ser modelos, e portanto incapazes de dizer da "realidade". Talvez, não seja necessária uma resposta tão grande, e é daqui o meu ponto de partida - penso que não precisamos.
Meu problema estar em pensar "o modelo" como "mundo".
Se eu sempre usar uma luneta , para tentar enxergar o mais longe possivel, poderei enxergar "pequenos recortes do horizonte", talvez, eles digam sim, algo sobre algum aspecto do mundo, mas pouco sobre o todo. Sem essa luneta, não enxergo tão longe, porém, não abro mão da minha visão mais ampla, e mais diversa: a visão da minha volta - o meu mundo sensivel, comum a tantos outros que compartilham de espaços e experiências comigo.
Por que não abrir mão dessas tantas certezas? Esse apego a certeza das coisas, diz muito mais do que apenas sobre a política moderna, vivemos presos a idéia de verdade, as nossas certezas, criamos concepções de mundo, fundamentados em resposta e as inseguranças e dúvidas, são razão muitas vezes, dos nossos mais profundos temores.
Mas na ânsia de responder a tudo, evitando no máximo a angustia e o medo da incerteza, fechamos nossos mundos, nossos olhares, trocamos nosso olhos por lentes-de-luneta, e para enxergarmos o que queremos, abrimos mão do enxergar onde estamos, e os que estão a nossa volta.
Por que não fazer o caminho inverso?Não é desconhecer o mundo um exercício interessante?
Assim, penso numa política perguntadora, duvidadora. Que não tem muitas respostas, mas que procura aproximar as pessoas, fazer com que estas se encostem, no sentido de que "se percebam", uma política que busca no cotidiano das pessoas, e através da experiência prática, faze-las se sentir parte de um espaço, perceber os outros desse espaço e assim reconhecer sua capacidade de altera-lo, e sim, isso tudo numa dimensão de individuos.
Uma politica de fazer sentir, uma política pra pegar, pra encostar, uma política de cada um.
E assim, do meio da gente, tornemos o debate e o espaço político, construidores.
Uma perspectiva de política cotidiana, do gesto, da empatia, do aprender a ouvir e a falar.
E nessas coisas, aparentemente, ou tradadas como, tão pequenas, poder mudar todo um modo de ver e se relacionar nos mundos - mudando talvez, esse mundão maior, que é tão díficil assim de ver.



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terça-feira, 4 de maio de 2010

Por uma política não-combativa.

Quando penso na atual política estudantil - "de luta" -, gostaria poder reinvindicar uma política não-combativa.
Quero me apropriar dos termos nas dimensões que tomaram em nosso instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Hoje, faz parte ouvir um discurso específico de que precisamos de um "movimento estudantil combativo", que significa um movimento comprometido com certa ligadas à uma parte da esquerda brasileira.
Reinvindica-se "na ordem do discurso", uma Universidade pública, gratuita e de qualidade para todos, uma série de questões são levantadas e criticadas. Muitas delas da qual compartilho da mesma opinião.
O que me preocupa aqui são as formas que assumiram o dito movimento estudantil hoje, até mesmo porque penso ser díficil dizer do movimento estudantil, sendo nós, tantos e de tantas formas diferentes.
Esse "movimento estudantil" é hoje caracterizado pelas minorias e dentro de um universo de questões muito amplas.
As ausências nos espaços dizem muito sobre as formas que esse discurso assumiu: Os espaços das Assembléias se tornaram fechados, duros, à medida em que o CACH constroí previamente suas pautas predeterminadas por orientações políticas, ligadas sim, muitas vezes as posturas de certos partidos, nas quais mais ou menos se alinham a maioria dos militantes do CACH. O debate, em "tom de convencimento", é marcado pelos diversos artificios na construção do "melhor discurso", aí vale apresentar "dados", invocar a "autoridade da história", e o apelo retórico também é usado com certa frequência. O discurso "do outro", "diferente", é, em geral, construido em oposição, como "discurso a ser combatido".
Cria-se assim um combate, com discursos vencedores, cria-se assim uma "escala de valor" para os diversos discurso, onde o melhor é o discurso que se alinha com a causa "da luta".

Mas para muito além do IFCH. Quem faz parte do "movimento estudantil"? Quantos estudantes se pensam dentro desse "movimento", quem são os estudantes que constroem esse movimento, a partir de que pressupostos? Em que medida, nós estudantes, conseguimos nos reconhecer?
Pra mim o "movimento estudantil" é espaço de disputa política entre partidos. Os estudantes, são conjunto, diverso demais e grande demais para se dizer sobre, o interesante é que, no geral, não há independentes nos foruns "nacionais" desse tal movimento, como a UNE, ou a recém constiuída, ANEL.
Essa forma de política, herdada de uma tradição partidaria se transpõe para cá, para o IFCH.

Assim as preocupações com as defesas de "causas históricas", todo o discurso de "Educação pública gratuita e de qualidade para todos", se reduzem apenas à esfera do discurso, quando as práticas que hoje fundamentam nossa organização se mantem e se (re)afirmam.
Uma organização que criou uma relação de forças opressora e excludente - na Assembléia, e em vários outros espaços, tantos são os que tem "medo" de se pronunciar, e tantos outros que se consideram "pouco aptos" a falar sobre o assunto, ou sequer a se envolver - Existe a idéia de que a política é construida por certos agentes, dotados de certas verdades, que se reproduz tanto no espaço da Assembléia como nas falas dos que se afastaram ou não se sentem a vontade para ir ao espaço. O discurso que organiza as relações dentro desses parâmetros é reproduzida de dentro do espaço, que se torna excludente, e no discurso dos excluidos.
E isso tudo, nos leva a constituição final de um movimento estudantil feito de minorias.

Em que medida isso é transformador?
Penso ser transformador uma política que se construa das experiências das pessoas em sua vida e nos espaços.
Para que, nessa micro-dimensão, no compartilhar das idéias e das experiências possamos "nos pensar no espaço" e pensar sobre "o espaço em que estamos" e daí como transforma-lo.
E nos dar o direito a vir com mais dúvidas e incertezas do que respostas para tudo.
Abrir mão dos grandes modelos, e das teorias da realidade, porque elas percentem, muitas vezes, mais a esfera da fé, do que da construção política, assim, mais dividem que congregam nossa ampla diversidade.
Abrir mão dos nossos textos um pouco, dar espaço pra outras expressões da gente, pra abrir um pouco mão desse "pensar-sem-sentir", e voltarmos a sentir um pouco mais, e principalmente , a "nos sentir um pouco mais".
Construir política de dentro para fora. Uma construção de identidade de "estudantes do IFCH", fundamentada no "compartilhar das experiências", a partir do "sentir" igual e não do "dizer" igual, e assim , pensar e subverter todo o necessário ou não do que foi pensado, do que já existe, criar nossas próprias formas, pensar nossas questões.
Quem somos? Quais são nossos métodos? Como nos organizamos dentro do nosso instituto? E quantas mais questões puderem surgir.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Tufão.

Os espaços repensados, as vozes repensadas.
Textos derreformados.
Tudo é uma questão de comunicação, de aprender a ouvir e a dizer.
Para isso quero jogar no lixo o folheto, o papel escrito, com os velhos-mesmo-jargões-de-sempre.


Quero a imagem, e a desordem.
Quero fazer arte, como criança mesmo. E assim, sem essa necessidade de ve-la em função, até mesmo porque não era bom mesmo em matemática.


Eu preciso é de imagem, e de tocar, é de sentir.
O que eu acho bom mesmo é angustiar, fazer sentir.
Pensar é bobagem.

Pensar sem coração é não pensar.



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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Manifesto por uma política não-combativa.

Quando penso na atual política estudantil - "de luta" -, gostaria poder reinvindicar uma política não-combativa.
Quero me apropriar dos termos nas dimensões que tomaram em nosso instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Hoje, faz parte ouvir o discurso de que precisamos de um "movimento estudantil combativo", esse movimento é caracterizado pela sua postura de "combate", muitas vezes um "combate contra", e "a luta" se torna uma dimensão tão mais exaltada que a de estudande que as vezes temos os "lutadores" do movimento estudantil ao invez dos estudantes. Mas afinal, onde estão os estudantes mesmo?
As ausências são muitas, mais do que as presenças, desses estudantes, no espaço de nossa Assembléia , que na mesma linha do discurso "de luta", se tornou um "Coliseu", espaço para "degladiações" entre os nossos "lutadores" do "movimento estudantil", o esvaziamento se repete na grande maioria dos espaços, como a reunião de CACH e alguns espaços de discussão do IFCH. Nesse sentido, chamar de "lutadores" pode ser realmente coerente.
Mas pensando sobre os estudantes chama a atenção primeiramente a dimensão da diversidade que existe em "os estudantes". O que há de homogêneo quando passamos a pensar assim, nesse termo? Se restringirmos a nos pensar sobre "os estudantes do IFCH", a única coisa realmente comum a estes será o vinculo com a instituição Unicamp (e olhe lá).
Assim os "estudantes" existem de toda diversidade possivel, simplesmente, à dimensão do ser humano, dessa forma como é possivel se construir política, a partir do combate?
O nosso atual modelo "de combate", criou lados, e oposições, tornou sim, a construção do espaço político espaço de "luta" entre pontos de vista diferentes, ainda com um agravante, a atual gestão do CACH, opera de tal forma que qualquer outro ponto de vista que não o deles, está numa esfera de oposição a eles.
Assim se extermina o dialogo, e sua possibilidade, há uma luta que passa no campo do tom de voz e da retórica, quase tudo que se diz se pode fazer acreditar, a história é invocada em tom de verdade para dar autoridade ao discurso, e se faz verdade histórica aquilo que se quer fazer, assim raras vezes a argumentação é aprofundada, as repetições são interminaveis, e a mesma gestão do CACH vem preparada, raramente disposta a ser convencida, mas armada e muito bem armada: para a luta e para o convencimento - seja na forma como dispõe as pautas que lhe interessam, seja na forma como seus "lutadores" se organizam para "lutar" no "Coliseu-Assembléia".
Dentro dessa malha de forças, como suportar o espaço da Assembléia? Como pensar em construção coletiva, ou espaço democrático? Como sequer se pensar em democracia?
Essa recusa veemente de se ver e lidar com a diversidade, a partir de se apropriarem de um ponto de vista, recusar e se opor a todo discurso diferente deste, mesmo que minimamente diferente. Esse tipo de concepção que se liga a uma idéia de "consciência política", que se de um lado há os "conscientes" politicamente, doutro existem os "alienados" que precisam ser "esclarecidos" - normalemente - pela "vanguarda". Esse "vanguardismo de luta", essa concepção e essa forma de concepção da política, do espaço e das pessoas, colocando-as em critérios morais de avaliação de sua consciência política, são hoje nosso maior impedimento para a construção do que quer que seja, especialmente para nossa organização, em nivel de instituto, como "estudantes do IFCH".
Se há de se pensar em uma política "de luta" assim, então eu proponho mesmo um desarmamento da política, uma política de não-combativa. Proponho que aprendamos, fundamentalmente, a nos ouvir, e a entedermos "nós", a partir dos "outros" todos que "nós" somos. Que o espaço de uma Assembléia seja um espaço de construção compartilhada, que reconheçe a existencia das nossas diferenças, mas que procura congregar a nossa igualdade a partir do dialogo, e assim construirmos nossa identidade. Essa identidade "os estudandes do IFCH", será efetiva, na experiência do compartihar desses espaços, e assim, de nos reconhecermos, mais do que no nivel do pensamento, mas nos sentirmos, como iguais, como conjunto.
Como "estudantes do IFCH".

E daí, de se pensar em muito mais.




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terça-feira, 20 de abril de 2010

Primeiros passos...

Caminho por um mundo renascido.
Os passos largos, animados, não escondem, só mostram.
Há espanto, saio do mundo das palavras, me encontro denovo, num mundo despalavrado.
Há um mundo sentido, um mundo sentindo, ouvir , ver , cheirar, tocar...
Há tanto e tudo diz tanto, que poderia ficar debruçado numa única arvore por todas as tardes.
Há curiosidade, e espaço. Há energia, vida.
E os conceitos, meus, do mundo e das coisas, derreteram como bolas de sorvete num dia quente.

Retorno, e deste "velho mundo", trago noticias do "novo mundo".

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terça-feira, 13 de abril de 2010

Sobre o poder... [1]

Me dizem que "O Sistema" é responsável pelas mortes, que é intransigente.
É assim também "o Mercado" que fica de mau humor, aquecido e tem até depressão.
Assim é o "Governo", "a humanidade", e a maior parte das generalizações, dos modelos que criamos: personificados. Matam, pensam, são crueis, caem, entram em depressão, crise, quer que seja.
Criticamos o "sistema de educação" que "não pensa", sobre isso, ou sobre aquilo, negando coisas fundamentais para o desenvolvimento do educando, mas teremos refletido o suficente sobre: O que é afinal o sistema de educação? Onde está, ou seria estão? E quem são?.
No limite, "o sistema" mata mesmo?

Apesar disso, inegavelmente, pessoas sofrem acidentes, caem na miséria (me permitam o desvio) pela fragilidade de nossa classe média. Inegavelmente muitos morrem de fome ou carecem de uma educação que lhes possibilite uma plenitude de si mesmos, que não os embote, e lhes mate a curiosidade nos primeiros anos de vida.
Ocorrem desorganizações economicas, crises que atribuimos ao Mercado, e que este, só fica "feliz" denovo se voltarmos a consumir ou consumir ainda mais, ainda que grande parte de nós tenha perdido seus empregos.
Mas se não quero pensar a partir desses modelos, por onde posso pensa-los?

Não espero mais que o "sistema pense", "que o mercado fique feliz", que coisa que seja. Penso, muito, que a personificação desses modelos para justificar acontecimentos que, dentro do que citei, são negativos, seja uma possivel construção de um "outro", esse "outro externo", que me permite ser indiferente pela transferência do "mal" a uma "esfera de responsabilidade", a qual não o individuo sente capaz de modificar.

Somado a isso e por outro lado, temos um discurso que assume para si uma culpa pesada, pelo menos aqui da classe média, que é de onde escrevo: uma culpa por ter, uma culpa de impotencia, mas acima de tudo, e muito perigosamente, uma culpa-vitima - que novamente, me desobriga do agir, do fazer, incute uma perspectiva pessimista sobre as coisas. Acredito que essa perspectiva não se restrinja a classe média, mas que seja mais um discurso que permeia a cultura "ocidental" (?) em si. E certamente não há ninguem que "viva" nisso, mas esse discurso, certamente, influencia a muitos e compõe muitas formas de se pensar o mundo.

Penso que a construção de um poder "macro", um poder (intencionamenete) fora do alcance das nossas dimensões, um poder "dos poderosos", é , acima de tudo falseadora de uma outra natureza do poder, e ao mesmo tempo justificadora de uma estrutura de poder: Ela falseia, e falseando justifica, porque o poder se legitima sobre a crença e sobre a obediência das pessoas ao poder, a forma como este organiza as pessoas e a sociedade, bem como suas relações, tanto entre individuos, como de produção - mas para que haja poder é preciso que as pessoas tangidas por ele acreditem nele - e acreditando atuem dentro de sua lógica.
É de sua natureza que necessite "fazer sentido para alguem", para que exista de maneira funcional em uma relação, espaço ou sociedade.
Porém nossas vidas são marcadas por poderes que se formam como reais, grandes, e nos jogam em uma malha de relações marcada pela presença do poder. O que penso é que os poderes "grandes", não passam de uma expressão dos poderes nos micros nessa malha de relações, estabeleceidos dentro do tempo, marcados pelas especificidades culturais e de formação de onde ocorreram e ocorrem, até mesmo sua forma de concebe-lo e pensa-lo.

Penso, portanto, que as relações ocorrem no "micro", só que este micro dialoga, dialoga não só com outros micros, mas os micros que já existiram, essa teia de relações e as formas como o poder se organiza por ela são construidas ao longo do tempo e "transportadas" pela cultura.
Assim é possivel a impressão de um poder massisso, grande, e sua auto-justificação constante, necessidade para sua existência e sua temporalidade que, sim , pode ultrapassar a vida de várias gerações lhe conferem certo aspecto de distancia e intangibilidade para a dimensão da vida humana.
Mas a manutenção de qualquer poder depende profundamente de uma postura de continuidade do poder, pelas gerações seguintes, por quem o reproduz, responsáveis por continua-lo, propaga-lo como discurso e prática em suas vidas, e que nelas o modificarão, podendo ou não alterar as bases de suas concepções, assim ele se transforma e se modifica, se estabelece em outros campos e outras relações, deixa de existir noutras, cada poder dentro das especificidades históricas e culturais em que é ou foi concebido.

Acho necessário pensar sobre os poderes que interferem sobre nossas vidas. Sobre a perspectiva de que para muda-los, precisamos em nossas atitudes não reproduzi-los, romper, e criar outra forma de concebe-los. Mas acima reinventar como construimos assim, nossas relações e nossas perspectivas sobre o mundo e as coisas.







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