sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sobre-abraços

A pequena morte
"Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua
viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca
gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há
nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte,
chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos,
e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena
morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce."

A noite /4
"Solto-me do abraço, saio às ruas.
No céu, já clareando, desenha-se, finita, a lua. A lua tem duas noites de
idade. Eu, uma."


Eduardo Galeano


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