quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Do princípio em fogo...

No princípio era fogo, ardido como silêncio no peito, na vergonha amargurada,
Violência das sextas, disfarçadas em almoços de sábado ou domingo...

Do catecismo da escola, o medo do inferno,
Como algo poderia separar de maneira tão absoluta pessoas que se amavam?
Como poderia uma mãe ser feliz no céu, se seu filho fosse condenado ao inferno?

Da  infância, me lembro da malícia, de como violento pode ser o convívio entre as crianças,
Mais evidente nos conflitos de fora, certamente, mas tanto mais cruéis em mim, na intenção de ferir ou magoar...

Mas a violência de casa era muito parecida com a violência da rua, ou da escola, da cidade grande ou pequena. E também o cinismo disfarçado, nas mentiras mal contadas, no silenciamento da dor pelos "bons costumes"...

"Em vida de marido e mulher, ninguém mete a colher..."

Mas eu, como filho, depois irmão, como senti falta dessa colher alheia...

Daí veio a revolta, violência em fogo, vontade de quebrar silêncios e convenções,
desconfiança dos silêncios, o desafio contra o pai...



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