segunda-feira, 27 de abril de 2009

Teto.

Tato.
Durante minha infância, não me lembro de ter sido amplamente restringido. Raramente fui preso a alguma regra rigida ou não e as relações dentro da minha famila, questionavam a autoridade das poucas regras que existiam. Sempre perguntava a mim mesmo, muito mais institivamente do que racionalmente: "por que respeitar os mais velhos?"
Respeito para mim era... não sei quem ensinou, mas era, e é aliás, algo reciproco, que se construia entre cada pessoa e as duas juntas. As relações não me ensinaram a autoridade pela idade, muito menos pela força.
Minhas noções de limite, como horario de sair, chegar, dizer ou não dizer , ligar para um amigo, quase todas, senão todas, não são orientadas num pináculo socialmente construido que orienta a muitos.
Meu primeiro limite veio com meu irmão, Flávio, o bem estar dele, é que de alguma forma eu queria afasta-lo das relações conturbadas que me faziam mal e me deixavam confuso, minha raiz era proteger.
Isso afeta outro ponto: a indiferença de alguns, minha falta de referências, a dualidade das situações- em casa e fora dela , me incomodavam. Fruto disso é o meu desprezo pelo "requinte social" e minha pouca noção de etiqueta. A educação que se recebe na familia é uma educação moldada na sociedade, essa que dá valores, uns limites que estão no senso-comum de uma ampla gama de pessoas, modificadas, é claro, pelos micro-contextos de sua vida, mas com uma linha geral em comum. A diferença está aí, está em eu não ter absorvido quase nada desse "orientador social", meu limite criou raizes nas minhas próprias conclusões sobre o que é mais importante.
Meu limite se focava no bem estar das pessoas, essencialmente me incomodava ver alguem sendo oprimido em algum meio social, eu reproduzia um sentimento em relação a sociedade que tinha em relação minha familia, esse sentimento era forte com Flávio, se fortaleceu ainda mais com Alexandre, e tomou outras proporções, porque e já tinha mais idade e idéias mais velhas a respeito disso, inclusive o fato de ter idéias, já era uma novidade...
A situaçao chegou certa época, em um nivel de falta de rompimento com a "realidade convencional" (essa filha mentirosa da ideologia), que me confundia profundamente, eram tão distantes, só depois de muito tempo fui entender que é a "suposição ideologica" que é a exceção a regra, e que o quadro problemático é recorrente e em alguns lugares chegava a extremos ainda mais infelizes, a questão é que a confusão só serviu para alimentar o unico parâmetro de limite que eu possuia: O bem estar dos meus irmãos - esse era direto da minha realidade - e essa vontade estendida as pessoas. Esse quadro não repercutiu apenas nisso, foi bem maior, a um ponto que não me agradaria escrever sobre, mas guardo na memória, finalmente passou e as coisas mudaram bastante também, lá em casa já nem é um caos tão intenso.
Pensar sobre isso é novidade...
Causei confusão com isso: Se duvidar ligo as duas horas da manhã para um amigo, porque não estou me sentindo bem, ou largo uma entrevista de emprego porque alguem que gosto muito está triste, em outros tempos nem me caberia analisar esses fatos, muitos parecidos ocorreram inclusive, porque para mim isso tudo era muito natural.
A questão é que isso não respeita o limite de muitas pessoas, eu não faço idéia de qual seja o limite delas, sei de algumas poucas, sei que atropelava isso por simplesmente não questionar como, ou qual era a minha idéia de limite.
Provavelmente causarei algumas mais...
Não faço qustão de mudar isso, faz parte de uma essência da minha constuição que muito me agrada, fundamenta muito do que penso, mas aprendi que nem todo mundo é assim e vou aprendendo a lidar com isso.


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