quarta-feira, 30 de março de 2011

"Em nome da Segurança..."

Em nome da "Segurança", sacrificamos o sangue e o suor, a vida das maiorias, para a prosperidade de uns poucos.
Toda a violência do Estado, em nome da nossa Segurança.
A justiça é o morticínio ou a tortura, para aqueles presos em suas garras - na nossa terra não é uma dama cega, mas um cão, de três cabeças e armas.
E silenciamos! Em nome da Segurança...
As grades das janelas e das portas, as nossas casas como prisões, em nome da Segurança.
Em nome da Segurança abandonamos sonhos, pessoas, lugares, nossos espaços, os bens públicos.
Em nome da Segurança, somos vigiados, medidos, pesados, comparados, colocados, encaixados, enxotados e encaixotados.
Em nome da Segurança, cuspimos na liberdade, almejamos um chicote e um grilhão, rimos dos sonhadores, dos Utópicos - em nome da Segurança, os detestamos.
Rejeitamos as manifestações nas ruas, a política do povo, só aceitamos as que vestem terno, os oficiosas oficiais "representações", é claro, em nome da Segurança.
E em nome da Segurança, tememos os mudadores, os "radicais", e todos que querem mudar algo "são radicais", indesejaveis, assim tememos as crianças, e logo, as tornamos, amedrontadas e seguidoras d'A Segurança, como nós.
Em nome da Segurança, nos calamos, e ameaçamos todos a fazerem o mesmo - em nome da Segurança.

Em nome da segurança, temer é o que mais fazemos. Em nome dela, "temer é preciso, viver não"
E pra suprimir o medo, para acabar com o medo, de tanto medo do medo, nos voltamos para Segurança.

Em nome da Segurança, vamos nos perdendo de nós, e de nós mesmos. Nos tornamos profundamente violentos, e tudo isso, porque no fundo, nosso medo é de nós mesmos...



Até onde vamos com isso? Até quando!?

Com licensa Patria Mãe Gentil, mas seus dentes estão sujos de sangue.
Com licensa, povo brasileiro, mas sua mordaça tem se matado tantos, e suas, nossas, mãos não estão menos sujas de sangue...



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quarta-feira, 23 de março de 2011

E a escola?

Quando entramos num curso de história, esperando aprofundar nos conteúdos que abordaram no Ensino Médio, nos chocamos: "Esqueçam tudo que vocês aprenderam até aqui." Mesmo no mais básico é preciso repensar posturas, rever conceitos. O que é história? Aqui, na universidade, e "O que é história?" fora dela, são perguntas respondidas de maneiras muito diferentes. Aqui, uma longa discussão, acompanhada por perto por E. H. Carr, Marc Bloch, diversos autores e a presença fundamental dos questionamentos nossos e dos nossos professores - fora daqui, na escola, essa pergunta é um silêncio, ou um chavão: "é conhecer o passado, para compreender o presente e assim construir o futuro" - essa concepçao, lamentavelmente, tão geral da história atravanca e mata debates riquissimos, possibilidades infinitas, em troca de uma história datada, distante, feita "pelos grandes homens", sem graça, mais próximo a um positivismo do final do século XIX do que das discussões atuais da Academia, de toda a Teoria da História, de toda a discussão historiografica produzida do inicio do século XX até então.

Mas o quadro da história se repete. Não é bem assim como aprendemos biologia , não é bem assim como aprendemos química, não é bem assim na física também não, tampouco na geografia... A maior parte do que aprendemos pode ser esquecido sem grande prejuizo, a maior parte das coisas repensadas - o próprio conceito que tinhamos dessas ciências, tratadas de modo fechado, frio, como se "dadas por completas" na escola, na academia precisam ser encaradas como campos de disputa, como ciências em construção, que são todas.

Sendo assim, me pergunto: Pra que a escola então? Que diabos então aprendemos nela? (Além de sermos adestrados pro vestibular, é claro...)

O que significa a instituição de educação no nosso pais?

E voltando para a questão da história: Por que ensinar história dessa maneira? Quais discursos estão implicitos na concepção mais geralmente vista na escola sobre o que é história? Ao que, afinal, a história diz respeito na escola? Qual é o processo de formação da escola pública? Como é pensada a educação no Brasil, as instituições de ensino dos variados niveis deste? Quando? Quais os desenvolvimentos dessa trama?

Como poderiamos repensar o Ensino de História?


Tenho perguntas pra toda uma vida. Falta-me a bibliografia e um professor bem disposto.


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segunda-feira, 14 de março de 2011

Pior preço...

"Ticking away the moments that make up a dull day,
you fritter and waste the hours in a off hand way..." Time, Pink Floyd.

De tempo carecemos. O tempo falta a todos, mediria mais a riqueza de um ser humano pelo tempo que pode passar fazendo coisas que "lhe-são". A riqueza material pode ser compreendida de muitas maneiras, e muitas pessoas que vivem na carência não tem necessidade de encara-la como "a pior das coisas", mas quanto menos possuem, menos tempo tem... para amar, para ver seus filhos crescerem, menos tempo pra pensar, para sentir o mundo - vidas inteiras, periodos de vidas inteiras, dedicados a um "não-sentido", a um "não significado", cujo o único objetivo, objetificante, é um produzir assim tão cego, assim tão não-nosso, que a maioria de nós não desfruta, e não há um que conheça - esse preço, é impagavel.

Nos educamos para amar destruir nosso próprio tempo, a nos tornarmos máquinas da produção, "totalizados" no tempo-social, passamos por cima dos tempos de todos os nossos mundos, e dos mundos de cada um. Nos tornamos tristes no profundo de nós.

Quantas vezes nas coisas mais prazerosas não sentimos aquela fincada de culpa por que "deveriamos" estar fazendo isso ou aquilo? Quantas tardes agradaveis, passada na leve companhia daqueles que amamos, não chamamos de improdutivas? Quanto de culpa não sentimos por não "estarmos produzindo"?

As brechas cínicas no tempo são um alívio, mas só analgésicos. São uma tampa de grades pras caixas que temos de caber. A irônica porta a cela, que leva luz ao comodo, e permite a visão do que está fora é a mesma porta da prisão que nos mantem presos.

Mas há o corpo, (Ah! o corpo!) A ultima resistência de nós sempre não? Adoecemos, nos enfraquecemos, nos sentimos insones, ou hiperativos, nos sentimos ansiosos por vida, sedentos de sentidos, e nos séculos da depressão, nossos corpos não suportam essa falta de sentido, essa supressão dos sentidos e sentires da vida. Revolução é aqui é consciência corporal...


A não-vida não deveria ser nunca a maior parte da nossa existência.
Por que
de sentidos e amares somos.
E um dia haveremos de ser...

plenamente.


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domingo, 13 de março de 2011

O Monstro...

Hoje eu me lembro claramente de que quando li o "Médico e o Monstro" para um seminário pra materia da Amnéris , eu achei divertidissimo, pois me considerava nada parecido com o personagem: Tão profundamente cindido internamente, que conseguia possuir em si, dois de si, cada um qual, não suportava as caracteristicas do outro. O monstro Hyde , pouco desenvolvido, baixo e feio... Hoje, eu senti meu monstro andando nas minhas entranhas, baforando suas chamas para fora de minha boca, me ardendo como fogo na pele....
Meu monstro é um masculino deformado, de dentes afiados e hábitos imprevisiveis, eu sempre acreditei que dilui-lo nos meus atos e conte-lo o faria desaparecer, que tudo que existirião seriam aspectos, mas nunca o algo-todo, aquilo de separado, profundo e antigo, que senti mover-se em mim hoje.
E pela minha cabeça se passaram os mais crueis pensamentos, e a violência vibrava em minha pele como que com alegria e uma absoluta cegueira dos outros me invadiu, ficaram assim, na boca, destilando seu veneno em mim, que morria para segura-los - reconhecendo-os.

Fugi pra agua e pro grito. Me sinto enjoado, quero vomita-lo. Como se livrar do monstro, sem permitir que para ele ir, possa em qualquer momento me-ser?

Eu bati com um profundo abismo em mim, com dentes afiados, glutão, aquilo de mal que eu via em todos os homens, mas que no fundo no fundo eu sabia estar cultivado profundamente em mim...

Um novo antigo que eu sabia que retornaria...

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segunda-feira, 7 de março de 2011

Palavras

Dificil é escrever quando é o silêncio que fala mais forte em você.
E eu nunca fui muito bom com a palavra-escrita.
Prefiro a fala, é por onde eu melhor me sinto, me expressando.
Olhos, sentir, e todos os gestos, sentidos e cheiros.
Por acaso minha fala se tornou, a fala de um corpo inteiro.

Inteiro...

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