quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Lição Macabra





Em algum momento de nossas vidas somos impelidos a encarar a morte.
Não, não encarei a morte recentemente, mas estava pensando pensamentos que já tinha pensado em outros momentos e quiz falar um pouco a vocês.
Eu também já pensei muito na morte, muito especificamente na época em que duvidei da existência de um Deus e mesmo assim não gosto de me prender a verdades então ainda penso nisso.
Quando eu era muito novinho eu fui "obrigado" a frequentar, por divisões dentro da familia, a IgrejaCatolica e o Centro Espirita, acabei me simpatizando pelos espiritas, porém estudava em colégio católico. Uma parte então frequentava a igreja e o catecismo acreditando naquilo tudo, depois, continuei frequentando os dois e mais o centro espirita, dividido, sem saber o que pensava, até então a "briga" se desgastou e eu passei a ir só no centro e por consequencia me tornando "espírita". Certos desgastes em mim me abalaram profundamente a fé, mesmo na racionalizada fé dos espiritas. Questionei a existencia de Deus e fui obrigado a encarar a idéia de "não existência", pensar sobre isso me angustia mais do que a morte em si, pensar em não existir depois de morrer me angustia profundamente, a morte a natural, a não existência é uma possibilidade assustadora.
Mas me leva a vários questionamentos,
por exemplo, o que é "existir"? Como sabemos que existimos e temos consciência disso?
Não existir não pode "incomodar" porque quando não se existe não se tem consciência,
porém antes de morrer, imaginando que "deixassemos de existir", seria extremamente incomodo imaginar isso e muito angustiante.
Isso me levou a pensar sobre o sentido da minha existência.
Por que existo? O que será depois que morrer? Como seria? Tenho medo de perder minha consciência, daquilo que vivi, das pessoas que amei em vida, dos lugares que vi e que tive vontade de ver, das experiências e aprendizados, das duras conquistas, do ar, de respirar, essas coisas.
Gostaria de morrer velho depois de ter feito muitas coisas, mas quem sabe?
Seguindo a linha de raciocínio, isso me levou a pensar ainda mais profundamente, como morrer em paz, morrer tranquilo ou pelo menos mais tranquilo possivel, frente a possibilidade de não existir. Já disse antes no blog, coisas que nos falam a alma, é aí que isso começou a existir, descobri que aquilo que me fala a alma é "Questionar essa realidade aí posta, sugerir outra, criar perspectiva, esperança".
Quem não gostaria ser lembrado? Acho que se deixasse de existir, gostaria que esse fragmento de mim sobrevivesse a morte, gostaria de ser lembrado e isso, na minha "não existência" me bastaria, no caso antes dela.
Não preciso dizer muito do que penso do mundo. Faça das palavras de Paulo Freire as minhas:
"Sonho com uma sociedade além dos limites do sonhar que aí estão".
A imponente figura da morte, o fenomeno natural a qual todos estamo sujeitos, o destino comum dos seres-vivos, com a hipotese de inexistência, passou a ser toleravel.
Não sei se é a "não existência" que existe do outro lado, mas pode "existir", e não quero fazer da minha passagem, da minha existência infrutifera frente a essa perspectiva.
Certas pessoas queixam-se de vazio, talvez seja fruto desses pensamentos, meu vazio foi preenchido com um profundo desejo de modificar a realidade da forma que acredito e lutar o tempo todo para ser como aquilo que gostaria de ser, espelhar ao máximo minhas idéias e poder contribuir para alguem, ou para vários alguens, com perspectiva, com esperança e consciência.
Morreria tranquilo assim.
De pensar na morte, sonhei em ser professor.

Um comentário:

Antonio Ozaí da Silva disse...

Profunda reflexão! Fiquei a pensar sobre sua última frase...

Ah! Obrigado por visitar e comentar o meu blog. Espero que realize seus projetos!!!

Abraços e tudo de bom