terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Outra história de sonhos...

Ele tinha vários filhos e filhas, onze se não me engano. E eu, espectador esquecido e desatento, acompanhava, de longe, sua história. O abandono de seu pai o marcara muito, a vida toda, fizera se assim, homem duro e cheio de arrependimentos, nunca a resolver-se com seus filhos, mas determinado no trabalho, nas coisas para as quais "devia" se dedicar.

Era bem sucedido, usava terno, camisa clara e calça social, mas aos 40 seus cabelos já eram todos grisalhos, e estava sendo afetado por uma curiosa doença...

Começara a se esquecer de tudo. Dos referênciais, das pessoas, de tudo, das poucas coisas que lembrava, não raro lhes dava outro sentido. Sua doença agravou sua revolta contra seu pai, contra sua vida, agravou o distanciamento de seus onze filhos e de quem quer mais o acompanhasse.

Já mais fraco e mais velho, numa amargura muito grande... Num louco impeto... Invadiu o cemitério onde seu pai havia sido enterrado. Chovia bastante, nosso "héroi" cavava furiosamente o tumulo de seu pai, com o intuito de sabe-se lá o que, sua revolta contra seu progenitor e contra "Deus" jorravam de suas palavras furiosas a cada pazada, até que, por fim, não havia mais o que cavar e não encontrara nada...

E de subito se esqueceu... Porque viera, e que tivera um pai, e sua revolta contra "Deus".
Então achou que a cova era sua. Deitou-se confortávelmente em seu tumulo e fitou o céu...

"Não tenho arrependimentos, só espero que na proxima a playlist seja mais longa"

Morreu sorrindo, de olhos fechados, a cabeça pendendo para trás, babando, a pá ainda em suas mãos.


.

Nenhum comentário: