quinta-feira, 15 de maio de 2014

Fazer que se pode...

Escolher depende de que nossas alternativas sejam escolhas possíveis.

Cada possibilidade de escolha precisa que possamos acolhe-la, abraça-la, aperta-la, gostar dela, andar de mãos dadas na rua e tudo mais. Se não podemos fazer isso, é importante nos perguntar se aquela escolha nos é possível.

Não há nada de errado nisso. É apenas uma questão do que podemos naquele tempo e naquela condição em que estamos. Quando se trata de escolhas sobre o material, as limitações materiais se impõem previamente às nossas escolhas: Se eu estiver preso atrás de barras, é pouco provável que eu fique muito tempo me perguntando se não deveria escolher não estar atrás delas, mas se não é possível atravessa-las, então eu sequer as penso enquanto uma alternativa.

Mas existem prisões e outras coisas mais, que não são físicas. São modos de pensar e nos sentir no mundo, e nossa relação com as coisas que nos acontecem e as escolhas que precisamos fazer, mesmo que aparentemente não haja escolha.  Tudo é uma questão de poder assumir as possibilidades que existem, ou não.

Algumas possibilidades, que antes assumíamos muito bem, começam a se figurar como coisas que não conseguimos mais assumir. Por muitas vezes, nos apegamos a esse estado anterior, onde aquela escolha nos satisfez, nos trouxe felicidade e orgulho, ainda que temporários, e não conseguimos entender que, de um momento para o outro, assumir aquela escolha, deixou de ser... mudou...

Não importam tanto as causas (os por quês?) de uma escolha que antes assumíamos com orgulho, se tornar algo que não podemos mais assumir. Mas fundamentalmente, a percepção de que essas coisas acontecem...

É parte daquele momento, daquele tempo de nós e das nossas possibilidades. Não é o fim do mundo, só um outro tempo, em que temos, talvez, outras perguntas e possivelmente outras escolhas para assumir...

Enquanto nos focamos apenas naquilo que não conseguimos assumir. Como poderíamos ver outras coisas?




.

Nenhum comentário: