segunda-feira, 14 de março de 2011

Pior preço...

"Ticking away the moments that make up a dull day,
you fritter and waste the hours in a off hand way..." Time, Pink Floyd.

De tempo carecemos. O tempo falta a todos, mediria mais a riqueza de um ser humano pelo tempo que pode passar fazendo coisas que "lhe-são". A riqueza material pode ser compreendida de muitas maneiras, e muitas pessoas que vivem na carência não tem necessidade de encara-la como "a pior das coisas", mas quanto menos possuem, menos tempo tem... para amar, para ver seus filhos crescerem, menos tempo pra pensar, para sentir o mundo - vidas inteiras, periodos de vidas inteiras, dedicados a um "não-sentido", a um "não significado", cujo o único objetivo, objetificante, é um produzir assim tão cego, assim tão não-nosso, que a maioria de nós não desfruta, e não há um que conheça - esse preço, é impagavel.

Nos educamos para amar destruir nosso próprio tempo, a nos tornarmos máquinas da produção, "totalizados" no tempo-social, passamos por cima dos tempos de todos os nossos mundos, e dos mundos de cada um. Nos tornamos tristes no profundo de nós.

Quantas vezes nas coisas mais prazerosas não sentimos aquela fincada de culpa por que "deveriamos" estar fazendo isso ou aquilo? Quantas tardes agradaveis, passada na leve companhia daqueles que amamos, não chamamos de improdutivas? Quanto de culpa não sentimos por não "estarmos produzindo"?

As brechas cínicas no tempo são um alívio, mas só analgésicos. São uma tampa de grades pras caixas que temos de caber. A irônica porta a cela, que leva luz ao comodo, e permite a visão do que está fora é a mesma porta da prisão que nos mantem presos.

Mas há o corpo, (Ah! o corpo!) A ultima resistência de nós sempre não? Adoecemos, nos enfraquecemos, nos sentimos insones, ou hiperativos, nos sentimos ansiosos por vida, sedentos de sentidos, e nos séculos da depressão, nossos corpos não suportam essa falta de sentido, essa supressão dos sentidos e sentires da vida. Revolução é aqui é consciência corporal...


A não-vida não deveria ser nunca a maior parte da nossa existência.
Por que
de sentidos e amares somos.
E um dia haveremos de ser...

plenamente.


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