sexta-feira, 22 de junho de 2012

professor...

E eu nem me dei conta de como isso foi acontecendo. Mas de um dia pro outro comecei a ouvir, "Ah professor, então..." ou "Professor Thiago...", acho que minha ficha só caiu por agora. E as memórias me vêm que já datam de cerca de oito anos, nove talvez, quando as primeiras idéias sobre educação - e os primeiros encantos vieram.
Não, certamente não "nasci pra isso", como tudo em mim se constituiu ao longo da minha experiência no mundo. E tal como o gosto pela docência foi uma construção, aprender a dar aulas está sendo outra. Desde o projeto de educação de jovens e adultos na moradia, às aulinhas dadas, por acaso, na escola do estágio, ou agora, assumindo aulas numa escola pública do Estado de São Paulo, se quiser posso colocar a origem em outro lugar, talvez nos treinos de kung fu, ou na monitoria de inglês no terceiro ano.
As coisas em si não tem necessariamente um nexo que me leva a tal lugar, o acaso fez muito, não vejo "vontade maior", "destino" ou o que quer que chamem me tocando pra lá ou pra cá, vejo apenas "acasos e escolhas".
Enfim... tanto faz... Só quero contar um causo.

Descobri que sonhava com algo que sequer tinha dimensão do que seria, talvez algo de mágico nos sonhos esteja justamente nesse desconhecer. Engraçado essa mágica da dimensão desconhecida do sonho e o medo que eu tenho agora, que me agita por dentro, de começar - de viver isso.
Estou procurando me desarmar: muitas expectativas, muitos preconceitos. Tanto das minhas expectativas quase "salvacionistas" acerca da educação, quanto os comentários que ouço frequentemente acerca da "desgraça que é" ser professor.

Com o perdão da palavra mas... Vão a merda.

Eu já estou suficientemente nervoso pelos meus próprios anseios, medos e perspectivas, não preciso mesmo do coro melancólico da degradação do ensino público ecoando na minha cabeça. Esse barulho é tão frequente que se tornou banal.

Ficou fácil demais falar (mal principalmente) da educação, ficou fácil depositar nela a culpa pela desgraça atual das coisas e por outro lado ver na mesma uma possibilidade de "salvação" singular, como nenhuma outra - ou melhor, como se as "outras" simplesmente fossem incapazes de "salvar" e a educação aquela que "ainda é capaz". Me poupem dessa bagaceira...

Metade dos "arautos da educação" que dizem demais nunca viveram, nunca tentaram, nunca nem cogitaram. Se tornou um baita de um "senso-comum", e essa martirização-canonizante, me mata de preguiça...

Não estou indo ser professor por "uma causa maior", uma cisma de "salvador", ou de "missionário do mundo contemporâneo", ou pra dar uma de "martir da educação".

Eu gosto disso, quero conhecer alunos, professores, lidar com a realidade das escolas.

Quero descobrir afinal, com o que é que eu estava sonhando?


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