sexta-feira, 18 de julho de 2014

Militancia e Expectativa - parte 2

Essa parte é um relato de impressões, que dá continuação à primeira parte do texto "Militância e Expectativa".

Me lembro que quando eu me envolvi seriamente com a política no IFCH, muitas de minhas experiências anteriores mostravam para mim certas coisas que eram relativamente comuns. Para além da predominancia da participação dos partidos e das organizações, mas sobretudo, a concepção de política.

A política era (e ainda é) tratada de uma maneira geral como conhecimento erudito, livresco e portanto restrito ao domínio de alguns, que possuem uma certa coleção de experiências e outra de leituras. A política nessa concepção se dissocia da vida, conhecer as relações da política envolve estudo e não participação.

Assim havia um modo de estar-ser no movimento estudantil, um modo de agir, e um modo como o próprio movimento estudantil se organizava pronto, aparentemente "desde sempre".A famosa "tradição do movimento estudantil"... a permanência dessa tradição (e o invocar dela em vários espaços de reunião e em várias assembleias) marcava o status do poder, diferenciava aqueles que sabem daqueles que não sabem, aqueles que supostamente deveriam liderar o movimento e os liderados...

Minha participação não veio sozinha, foi nesse ambiente que conheci muitas pessoas que partiam de outros pressupostos de política, ou mesmo não possuiam um definido (como eu mesmo) e foram construindo aquilo que imaginava que seria "política" e o "agir político" nesse próprio processo de questionar o que estava definido enquanto político.

Em um aspecto não nos diferenciávamos de quem questionavam: Procurávamos por ampliar a participação das pessoas, uma questão que bem antes de nós já era uma das principais preocupações do Movimento Estudantil, provavelmente não apenas na Unicamp.

Para nós o problema era da ordem do diálogo, que era falho em muitos aspectos, que de alguma maneira vinha dessa concepção de política, trabalhamos muito em tentar construir "outros espaços",em ampliar as possibilidades de vivência do espaço da Universidade.

De alguma maneira, para alem dos chapas e grupos que fizemos parte, essas noções adiquiridas nessa construção em conjunta, passaram a pautar a maneira como lidavam com política, mesmo depois de não estarmos mais compartilhando dos mesmos espaços políticos. Isso se deu tanto em 2009, quando participei de uma chapa pro DCE da Unicamp que se chamava "Não Sou Massa de Manobra", e em 2011, quando fizemos uma chapa para o CA de história e ciências sociais do IFCH que se chamava "Independência ou Marte".

Passamos um tempo juntos, trabalhos juntos, construímos coisas juntos e depois, mesmo quando não existiam mais essas chapas, as noções, os diálogos, as experiências conjuntas continuavam a nos influenciar (tanto que frequentemente me reencontrei com as pessoas que  compartilharam comigo dessas experiências). 


Durante o ano de 2011, o grupo que fazia parte da "Independência ou Marte assumiu o C.A. de Ciências Sociais e Historia...


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