terça-feira, 21 de setembro de 2010

lugar vazio...

Aquele caminhar na chuva, sem ninguem para acompanhar.
O lugar vazio na poltrona durante as viagens, o lugar vazio na cadeira a frente da mesa. São os bons dias e boas noites que eu não ouço, os abraços espontaneos e as surpresas que não recebo, os comentários que não ouço, as besteiras e singelices que desconheço. As idéias que eu não comento, as besteiras que eu não falo, as gargalhadas que não dou.
A presença que não sou. A singularidade ausente.
O não-beijo, o não-sexo. Não-olhares. Não ouvires, nada.
É olhar o mar, as flores, as arvores, as cores, é ver borboletas e as pessoas, e não ter quem mostrar.
Nem ver do diferente e os sentires que não sinto.
Quem falta nas fotos, fotos que nem são.
São aquelas coisas dificeis que eu deixei de lado, e o pior de mim que também sou.
E aquele comentário que eu deixei de fazer, a dança desacompanhada.
O afagar onde não há nem cabelos, nem corpo, olhos ou bocas.
É o espaço vazio do meu abraço. A falta do ar no suspiro.
E somente o barulho dos meus próprios passos, que acompanham minha sombra singular, e minha mãos dadas... pro vazio ao meu lado do meu lado vazio.


Não que eu não seja, nem que não esteja feliz. É só o causo de mais uma dessas solidões, revestidas de outras cores.
De alguem que entende que o mundo faz sentido quando é compartilhado.
Mundos em mim, que hoje só existem no chão da pele, e nela nascem e morrem, sem florescer, mas renascem, dentro de seu ciclo incompleto.

Esperam pelas primaveras da alma.




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