quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sobre a igualdade humana.

Eu não aprecio o marxismo, ou sou entusiasta do Comunismo porque são "lógico", porque está "provado" que o atual sistema em que se organiza a sociedade é desigual, injusto etcetera.
Todas essas reflexões, quando as penso em mim, me arremeto mais a meu incomodo com a condição do outro, meu incomodo de criança ao ver outras crianças vivendo embaixo de um viaduto em BH, imagem que tenho clara na mente até hoje, em resumo, antes de ser leitor de Marx, eu sou um profundo amante da humanidade, e da idéia de que somos iguais.
Creio que esse é um campo ao qual a esquerda me parece pouco acostumada, e vejo raras vezes em nossas discussões, terrivel pensar, mas muitas vezes nos falta pensar o humano.

A idéia básica da possibilidade de uma sociedade igualitária, precisa se fundar na percepção dos seres humanos como iguais, está mais ligado aos sentires, não aos pensares.

A identidade humana está no sentimento não na razão. As soluções "racionalizadas" estão aí. Racionalização essa ligada a um forte discurso de distancia, pensamos a diferença, mas somos incentivados a não senti-la, pela propagação de diversos discursos na sociedade que buscam construir essa diferença, que vão desde a consideração de que "quem é pobre é pobre porque quer", até o forte medo propagado sobre estes. Assim, criamos uma curiosa situação: capazes de belissimos discursos sobre a desigualdade, capazes de ligar pro criança esperança e doar um agasalho uma vez por ano, mas incapazes de permitirem-se sentir os mundos daqueles que estão em uma situação de desigualdade muito intensa. Ajudam, assim, restringido pela razão, e portanto limitados mais fortemente pelos discursos da sociedade.

Mas não existe argumentar no campo dos sentires do mundo, a única coisa que posso sugerir, é que tentar, antes de dar esmola a um mendigo, olha-lo, com os olhos a mesma altura, permitir que se esbarrem ali os universos que os compõem, e depois tentar responder se: existe mesmo, essa profunda diferença entre vocês dois, legitimada na profunda desigualdade social que os separa?

As forças que precisamos para mudar as coisas, não estão contidas na lógica de um pensamento, elas estão nos corações das pessoas, na nossa capacidade de nos reconhecermos como iguais, e que essa diferença que nos separa e divide é absurda.

É no sentimento de que somos iguais, que o mundo em que estamos se torna insuportavel, que se torna insuportavel não fazer nada para muda-lo, e para encerrar relembro, ao Che...

"Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros."





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