quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Janelas...

Meus olhares se perdem, em pessoas que não sei o nome e a imaginar como serão suas vidas. Em que estarão pensando? O que estarão sentindo? Quem os espera, quem esperam? O que esperam?
Reparo nos fones nos ouvidos, nos olhares perdidos, nos óculos embaçados de aros longos, nos cabelos longos e encaracolados, ou naqueles fios brancos, já tão poucos na cabeça...

Reparo nas pessoas que entram, a falar em seus celulares ou a digitar freneticamente, enquanto passam seus cartões em frente a um trocador que a maioria não vê. E uma maioria que as vezes o trocador também não vê - saindo da camisa, dois fiozinhos, um em cada orelha o mandam para outro lugar, raros os passageiros que usam dinheiro, dão lhe tempo para ir pra outros lugares enquanto o ônibus chacoalha pela cidade afora.

As luzes da cidade me cegam, no fim do dia quase nada enxergo, só borrões e faces com feições que não consigo perceber em detalhe e como gosto de olhar devo parecer que estou a encarar as pessoas, mas não é por mal. É que o piercing no nariz, ou o brinco, aquela tatuagem no pescoço, aquela camisa azul clara, todas aquelas sacolas de compra, ou aqueles olhos tristes, vão me chamando...

Alguns dão bom dia, outros não. Alguns são bons de conversa e me rendem o dia, outros nem tão propensos. O silencio e a falta de conversa em um lugar tão cheio de gente não é confortável para mim, mas eu entendo, porque as vezes só quero mesmo ficar calado e descansar, até chegar logo em casa.. Quantos será que não podem pensar assim?

Não se trata então da distancia dos humanos que já não se falam mais. Mas observações e encontros aleatórios de ônibus... o que olho através de suas janelas, e das minhas.

Sentado ali, quase escondido, em meus próprios pensamentos eu fico observando...
A devanear sobre suas vidas. Seus encontros e sua solidão.

Sentado sobre a minha, desencontrado de mim mesmo.



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