domingo, 18 de maio de 2008

Critica à Pirita..

Ouro dos tolos infiltra-se na epiderme de nossa sociedade...
O Sol forte fádiga meus olhos, o meu pensamento vaga por tristes florestas... Que lugar escuro... e de tanta escuridão fez me esquecer a intensidade da luz.
Mas meus pensamentos ainda são livres, não se prendem ao grilhão da verdade, voam nas asas da dúvida. E colocar em questão tudo a volta é um poder destrutivo maior que os das bombas mais crueis... Mas hoje eu golpeio cegamente o escuro buscando apenas me contentar em perceber a passagem do tempo. Me sinto colado... Imobilizando... Lento... Ainda que exista a possibilidade do mundo correr demais, seria um conceito muito megalomaniaco achar que por minha causa esse devesse ir mais devagar. Ao menos não me prendo aos valores de produção...
(não me prendo ao valor pirita... ao valor dos tolos...)
"valer o quanto produz", que triste... Eu valho algo, mas não sei quanto é, se fosse pelo quanto que produzo seria negativo, dou muito trabalho. E é agradavel se sentir util e produzindo... mas desagradavel tomar por dever a produção... afinal nem toda produção é objetiva (e quem disse que precisamos produzir o tempo todo?)... Como educar... Não existe um resultado objetivo da educação. Vc educa cem pessoas de cem modos diferentes, cada palavra usada naquele contexto especifico é unico, assim como o modo como o educador trata seus alunos... Centenas de individualidades, ainda que o tratamento seja parecido não é igual que por mais que um dos interlocutores seja o mesmo ( o professor) o outro é sempre diferente ( cada aluno) e a forma como recebemos as mensagens variam de pessoa para pessoa , de contexto para contexto. E o valor dessa relação? Quanto? Quando? Cade?
Não dah pra ver... em cada um vai ter um efeito diferente, não é objetivo e é por isso que
as vezes gostaria de mandar a merda essa porcaria desse "valor de sociedade" do valor objetivo... Ouro de Tolos!
As relações humanas se submetem a uma caracteristica do sistema, criamos um valor social podre , filho de um sistema tão podre quanto. A maior parte da sociedade vê valor no garoto que estuda 16 horas por dia para o vestibular, mas não nos desenhos de uma criança. Qual o critério de tal julgamento? Muitas vezes nos criticamos ( ou a maioria de nós) por "nossa, não fiz nada de útil hoje" , num dia em que , apesar de não termos dedicado nossas preciosas horas ao estudo pra uma prova/vestibular/trabalho/conhecimento, passamos ele com nossos amigos falando sobre coisas relativamente comuns, como garotas, política, problemas, sonhos, casos, besteiras, RPG...
Qual é nosso criterio de avaliação pra saber se estudar é mais ou menos útil que falar besteira?
As vezes o que precisamos é falar uma bela de uma bobagem e mandar nossas preocupações para o inferno. Não estou criticando o estudo, mas nosso modo de ver as coisas pela "produção objetiva delas" , o pensamento simplista de que: estudei ---> vo passar no vestibular/ir bem na prova/ fechar o trabalho; não estudei ---> "aí meu deus tô ferrado"...
Por quê? Donde surgiu esse conceito? Quem garante essas afirmativas? Estudo não é objetivo, a pessoa que viu um assunto por duas horas e gostou do assunto e cversou sobre ele com dois amigos durante meia hora, pode absorver muito mais que um maluco que por achar que "estudei mais maior nota", fica 16 horas pregado numa cadeira vendo a mesma materia... Chega-se ao ponto de se aplicar esse valor até onde ele não é aplicavel... Muitos aprenderam a valorizar as coisas pelo quanto eles vão "lucrar" e várias relações subjetivas são atropeladas nesse processo, pq o lucro é substancial, visivel, objetivo, não lida com a alma, lida com a materia, é direto.
Mas é um principio humano, criamos ele e como tudo que criamos está sujeito a falhas e esse falha na alma...
Não acredita?
Então quantifique para mim o sorriso de uma criança, o canto dos passaros, a beleza de uma musica, a ousadia de uma declaração, a coragem de seguir em frente, a humildade em reconhecer um erro e a superação de um obstaculo... troque pelos "ganhos objetivos" desse valor de sociedade, da pra comparar? Pra mim a comparação beira a insanidade. Prefiro mil vezes o sorriso de uma criança a uma produção mais alta nos carros, ou a me enlouquecer de trabalhar pra ganhar mais. Esse tipo de relação que estou falando... Produção- Lucro. Direto e seco... Caracteristica do nosso sistema não comporta um pedaço da nossa alma que não fala por palavras, não fala direto, fala pelo olhar, pelo gesto, pelo ritmo da respiração, nos suspiros, sorrisos, choros e abraços... nas entrelinhas.
Nossa história não é recontada apenas pelos livros didáticos que costumam trazer a memória dos acontecimentos objetivos, mas pelas impressões subjetivas dos viventes da época. Suas impressões subjetivas do mundo, ouso dizer portanto que são historiadores: Sheakespare, Nietizche, Pablo Picasso e cada um que em algum momento de sua vida deixou no mundo sua impressão: Num sorriso , numa frase, numa palavra, na arte ou num gesto. Uma história da humanidade que ninguem pode ler e todos podem...

4 comentários:

Mau e Ana disse...

well
difícil comentar esse...pra quem anda apanhando tanto do tal sistema
e tentando não estudar 16 horas por dia... E me matando por cada segundo não estudado
Mas concordo com você, mesmo que a prática seja difícil. Com certeza, viver é melhor que lucrar

Marília Syrbal disse...

Sobre seu comentário no meu blog: Se tiver alguma suspeita quanto as entrelinhas daquele post pode apostar que tem grande chance de acertar, talvez a data te diga alguma coisa, não sei.

Mas às vezes as entrelinhas não são feitas para serem entendidas, são apenas para serem sentidas.

Wilson Lopes disse...

"Mas meus pensamentos ainda são livres,
não se prendem ao grilhão da verdade,
voam nas asas da dúvida..."
hehehh...
brilhante!!!
ehh...
podes ter serteza,
a duvida proporciona voos incriveis!!

como definir o quanto vale isso ou aquilo?
simples,
quantoganha pra falar "besteiras" com os amigos?
e as brincadeiras das crianças?quanto elas recebem por elas?
ja viu exposição d desenhos infantis?
as brincadeiras do artista d tv são importantes,afinal, ele "ganha" por elas.
os quadros caro são importantes(mesmo quando ninguem entende), afinal, são caros...
o foco é o capital.
isso o nome do sistema ja diz.
sem falar das "convenções", costumes, etc.
"vc tem q "se formar" , tem q passar no vestibular..."
esqucem q existem outras opções...
podemos escolher dedicar nossas vidas a algo q ñ se aprende em sala d aula.

"ouro dos tolos"
um termo um tanto pesado...
mas muitas vezes verdadeiro e necessario.
as "epidemias" de depressão e extresse mostram isso...

kogut disse...

É, realmente algo a se pensar bastante e se discutir cara a cara, palavra por palavra. Mas posso dizer alguma coisa.
Primeiro, acho que realmente damos um valor muito grande pra certas coisas e um valou muito pequeno pra outras. Alias, há coisas para as quais não se deve dar valor fixo: os valores se diferem pelas pessoas que sentem. Creio com toda força, no valor de uma noite de rpg com os amigos, caso contrario não teria jogado essa semana. Creio que deveriamos procurar as coisas simples mais vezes. Concordo com vc sobre o valor dessas ditas inutilidades.
Mas devo confessar que, viciado pelo inevitavel mundo, tenho necessidade de produzir, tanto quanto eu sei que você tem, não pra ganhar dinheiro, mas pra me completar. Preciso me evoluir nos varios aspectos: aprendendo o valor do simples, e lutando pelo valor do necessario. Acho que vc pensa igual, e concordo com sua revolta pelo lucro, mas deve-se ter em mente que lucro não é só financeiro. Não estudo pelas notas, mas porque gosto, não de estudar, mas de aprender. Você tambem é assim.
Vamos falar disso depois
falow kra, abraço