sexta-feira, 30 de abril de 2010

Manifesto por uma política não-combativa.

Quando penso na atual política estudantil - "de luta" -, gostaria poder reinvindicar uma política não-combativa.
Quero me apropriar dos termos nas dimensões que tomaram em nosso instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Hoje, faz parte ouvir o discurso de que precisamos de um "movimento estudantil combativo", esse movimento é caracterizado pela sua postura de "combate", muitas vezes um "combate contra", e "a luta" se torna uma dimensão tão mais exaltada que a de estudande que as vezes temos os "lutadores" do movimento estudantil ao invez dos estudantes. Mas afinal, onde estão os estudantes mesmo?
As ausências são muitas, mais do que as presenças, desses estudantes, no espaço de nossa Assembléia , que na mesma linha do discurso "de luta", se tornou um "Coliseu", espaço para "degladiações" entre os nossos "lutadores" do "movimento estudantil", o esvaziamento se repete na grande maioria dos espaços, como a reunião de CACH e alguns espaços de discussão do IFCH. Nesse sentido, chamar de "lutadores" pode ser realmente coerente.
Mas pensando sobre os estudantes chama a atenção primeiramente a dimensão da diversidade que existe em "os estudantes". O que há de homogêneo quando passamos a pensar assim, nesse termo? Se restringirmos a nos pensar sobre "os estudantes do IFCH", a única coisa realmente comum a estes será o vinculo com a instituição Unicamp (e olhe lá).
Assim os "estudantes" existem de toda diversidade possivel, simplesmente, à dimensão do ser humano, dessa forma como é possivel se construir política, a partir do combate?
O nosso atual modelo "de combate", criou lados, e oposições, tornou sim, a construção do espaço político espaço de "luta" entre pontos de vista diferentes, ainda com um agravante, a atual gestão do CACH, opera de tal forma que qualquer outro ponto de vista que não o deles, está numa esfera de oposição a eles.
Assim se extermina o dialogo, e sua possibilidade, há uma luta que passa no campo do tom de voz e da retórica, quase tudo que se diz se pode fazer acreditar, a história é invocada em tom de verdade para dar autoridade ao discurso, e se faz verdade histórica aquilo que se quer fazer, assim raras vezes a argumentação é aprofundada, as repetições são interminaveis, e a mesma gestão do CACH vem preparada, raramente disposta a ser convencida, mas armada e muito bem armada: para a luta e para o convencimento - seja na forma como dispõe as pautas que lhe interessam, seja na forma como seus "lutadores" se organizam para "lutar" no "Coliseu-Assembléia".
Dentro dessa malha de forças, como suportar o espaço da Assembléia? Como pensar em construção coletiva, ou espaço democrático? Como sequer se pensar em democracia?
Essa recusa veemente de se ver e lidar com a diversidade, a partir de se apropriarem de um ponto de vista, recusar e se opor a todo discurso diferente deste, mesmo que minimamente diferente. Esse tipo de concepção que se liga a uma idéia de "consciência política", que se de um lado há os "conscientes" politicamente, doutro existem os "alienados" que precisam ser "esclarecidos" - normalemente - pela "vanguarda". Esse "vanguardismo de luta", essa concepção e essa forma de concepção da política, do espaço e das pessoas, colocando-as em critérios morais de avaliação de sua consciência política, são hoje nosso maior impedimento para a construção do que quer que seja, especialmente para nossa organização, em nivel de instituto, como "estudantes do IFCH".
Se há de se pensar em uma política "de luta" assim, então eu proponho mesmo um desarmamento da política, uma política de não-combativa. Proponho que aprendamos, fundamentalmente, a nos ouvir, e a entedermos "nós", a partir dos "outros" todos que "nós" somos. Que o espaço de uma Assembléia seja um espaço de construção compartilhada, que reconheçe a existencia das nossas diferenças, mas que procura congregar a nossa igualdade a partir do dialogo, e assim construirmos nossa identidade. Essa identidade "os estudandes do IFCH", será efetiva, na experiência do compartihar desses espaços, e assim, de nos reconhecermos, mais do que no nivel do pensamento, mas nos sentirmos, como iguais, como conjunto.
Como "estudantes do IFCH".

E daí, de se pensar em muito mais.




.

Nenhum comentário: