sexta-feira, 30 de julho de 2010

falando dos dizeres...

Muitas ideias na cabeça, pouca idéia do que dizer.

Então vou falar sobre isso, sobre o meu falar.
Eu acho díficil, e qualquer um que me conhece sabe disso, não falar apaixonadamente de tudo aquilo que pelo que eu sou apaixonado.
Não sei, racionalmente medir minhas palavras e os momentos de dizer as coisas, eu me guio mais baseado na intensidade que as coisas vibram em mim, mais do que pelo que seria lógico.
Eu vou, eu sempre fui, sempre achei um pecado parar na metade. Prefiro cair e bater de queixo.
É foda não falar do jeito que "eu" falo. E é bizarro admitir isso, afinal, não deveria falar "eu" realmente do jeito que eu falo?

E não, não é a "opinião das pessoas" (aqui quase na mesma conotação do termo "massa" usada na política cinzenta) , é a opinião de algumas pessoas que me importa sabe? Nossa, eu devo ser chato e muito desinteressante pra nem sobre o meu sobre nome perguntarem sabe?
Essas merdas passam pela minha cabeça. De certa forma, elas me doem.

O que me incomoda realmente é a densidade que isso as vezes me parece tomar...
Eu falo de algo apaixonadamente, e as reações são curiosas vistas do meu lado, há um silencio do cão n'outro lado, as vezes um "você é muito louco", mas as vezes nada, as vezes fica ali, no ar, por vários momentos.
Eu tenho tanto tentado aprender a ouvir. E ainda sinto que falo demais. E o que me preocupa é quando o que eu falo se torna esse silencio do/no outro.
Como assim? Eu fico triste quando pessoas dizem que "não sabem o que dizer", ou simplesmente "não dizem" , quando eu tento lhes falar. Eu gosto de ouvir, eu me encanto com os mundos, e eu sempre achei que fosse autentico nisso. Mas as vezes os silencios são tantos.
Eu não to nem aí pra embasamento nenhum, eu só quero ouvir. Queria a liberdade de poder discutir e discordar, a liberdade de poder ouvir.

Talvez seja mais carência de palavras o que eu sinto, e as pessoas simplesmente não querem falar.
E talvez seja mesmo. Eu sinto falta de perguntas, e da curiosidade, enfim, daquilo que pudesse despertar o interesse do questionamento de outros.
Talvez, falando tanto, eu fale rápido demais, e não dê tempo para intrigar. Talvez mesmo!

Ah! Que maldito post auto-reflexivo (e consequentemente censuravel). É foda calar a boca.
E foda responder "Tudo bem?" ou "Como está?" com a formalidade do dia-a-dia. Formalidades demais, isso me incomoda também. Ou meu excesso de liberdade pra responder também incomoda, talvez, simplesmente, por falar tanto eu ocupe muito espaço mesmo, e é possivel pensar que posso sufocar pessoas dessa forma. Mas eu não perguntaria para ninguem: "É pra responder se eu to bem mesmo ou isso vai te incomodar?". Ia ser "bizarrésimo" (hahaha).

Eu acho que tenho me esforçado pra ouvir. E até menos surdo do que o habitual. Mas é dificil ouvir silencios, é bem dificil, é tranquilo aceita-los, em relação a pessoa, porque, particularmente preferia pelo menos um pouco, depende também da pessoa, mas um pouco mais de barulho, mais vida sabe?

Os silenciosos me intrigam, porque eu me preencho das perguntas que eles não fazem. A primeira delas é justamente essa... "Putz, será que não to incomodando?" "Essa pessoa não me faz uma única questão se quer, essa conversa tá virando quase uma entrevista, né possivel que isso seja legal." As vezes eu dou na cara e pergunto. E as vezes me respodem. Noutras eu fico na mesma.

E caraca, de tanto tenho falado disso não? Da nossa cultura que censura. Que nos coloca assim, tão pequenos para dizer qualquer coisa. Essa cultura que não nos ensina a ouvir, mas não nos deixa falar, que nos diz o que dizer, e o que ouvir, nos sugere também o que ver, cheirar e sentir, e especialmente "como" sentir, cheirar, ouvir, falar, ver.

E sim, eu to falando dos meus dizeres, refletindo se não devo mudar um pouco minha atitude, refletindo sobre algo que eu ache que influencie nesse silencio em minha opinião absurdo: o fato de você ser educado num lugar que te diz que suas idéias não valem nada.

Não valem na autenticidade do seu ser, não valem se não vem dos canones, seja dos canones da cultura, seja dos canones da mídia, seja dos canones da academia. Você precisa ter os pés em alguém, ou no caso a lingua, presa, pregada numa cruz de convenções, como um bizarro piercing-souvenir do nosso tempo.

Eu queria conseguir dizer que valem. Eu já disse.
Quando pequeno queria ser astronauta, queria muito conhecer o Universo.
E hoje ainda me dou a esse gosto, de me encantar pelos universos que ondas cá ondas la,
mares singrados aqui e acolá, encontro.

Me diga algo, nem que seja:

"Cala boca!"







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