quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Censura dos nossos tempos...

Ou a falácia da liberdade de expresão e no geral, a falácia da "democracia" dos nossos tempos.


Acabo de ler uma noticia sobre um processo que a Folha de São Paulo entrou contra o Blog "Falha de São Paulo", que tinha como intuíto criticar o jornalismo de forma diferente e humoristica.
A Folha acionou advogados e quase chegaram a multar os dois irmãos responsáveis pelo Blog.

Aqui aproveito para criticar essa atitude do Jornal, e adotar também o "Censura eu, Folha".


Existe, propagado entre nós, a falsa noção de que "podemos dizer". Inclusive muitas vezes quando exaltamos a nossa possibilidade de dizer o que quem pensamos o fazemos, não é? Dando inumeros exemplos, e exaltando como é bom o nosso tempo, como estamos em um país e um mundo "democrático e livre".
Porém, pensando bem, eu me perguntei, qual é a relevancia de eu poder xingar, por exemplo a Folha , aqui pra mim mesmo na frente desta tela, sem nem me dignar a escrever sobre isso? A PUBLICAR isso? Eis uma palavrinha importante não? Publico. Tornar Público.

Um discurso qualquer ganha relevância social a medida que tem condições de se propagar pela sociedade, a medida em que é publicizado e discutido, isso o poderia tornar efetivo, uma forma de organizar as insatisfações e mobilizar-se. Alteram até onde alcançam, e alteramos nas nossas vidas quando demonstramos que podemos falar, a questão é , até onde podemos ir?

Publicar algo, criticando diretamente alguem (pessoa juridica ou física) representa, pela atual lei do Estado, ofensa, passivel de punição e processos, como provavelmente foi o caso da "Falha". Isso é censura.

Por outro lado, há a intensa "pulverização de nós", somos realmente levados a sério? Eu não sei, ainda é uma questão em aberto para mim, mas acho que existe uma especie de força que amassa e desvaloriza esses dizeres cotidianos nosso, torna seu alcance limitadissimo e reduz muito sua capacidade de alterar e de se propagar.
Deve, creio, se relacionar a uma certa descrença "do individuo" que penso existir.
De qualquer forma, os comentários que eu solto na cantina, contra X ou Y, não precisam ser censurados, é isso que quero dizer, somos "educados a censurar" esses "pequenos discursos", ou coloca-los na categoria de "reclamações do dia".
Se por outro lado a lei reprime qualquer expressão social de pensamento livre, então, temos uma censura completa, enfeitada, mas completa. Essa censura cínica dos nossos tempos ainda vende propaganda de vivermos no tempo do pensamento livre, na era da democracia.
É isso, vendem suas propagandas, gritam até nos ensurdecer, e aí censuram nossas vozes baixas pela força de seus gritos, e quando gritamos pela força de suas leis.


Socialmente amordaçados estamos.

Quem fala mesmo, e fala demais, é quem tem capital.
E quando falamos o que não gostam de ouvir. Censuram.


"Censura Eu, Folha".





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http://falhadespaulo.tumblr.com/

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