sábado, 27 de dezembro de 2014

perder o que há de melhor...

Por que carrego em mim essa impressão que o ano, foi, no geral, um ano de perdas? Só é possível de se perder aquilo que se possui... mas o que afinal, possuímos? Se mesmo meu corpo um dia se desfará em um milhão de outras coisas, se mesmo minha voz, quando soa, soa de maneiras diferentes e inesperadas... De uma certa maneira, toda mudança é um perder-se daquilo que se era antes. Mas não é nesse sentido que penso as minhas muitas perdas d'esse ano... as penso enquanto derrotas. E penso assim porque tenho em mim a falsa noção de que possuía algum tipo de controle sobre as situações ou pessoas, ou coisas à minha volta, enquanto que na realidade... controle é uma vontade recorrente, e frequentemente, ilusória.

Nem poderia prever as consequências de minhas ações, nem o que viria a seguir-se, nem poderia me dar conta dos tantos acasos e pequenos encontros e desencontros que formariam desse trajeto de tempo que chamamos de "ano" aquilo que ele foi... Ele foi o que foi, "sendo"... E a noção de derrota, de muitas perdas, vem dessa vontade, dessa crença, de que talvez ou se tivesse agido de outra maneira, as coisas teriam sido de outra forma... talvez, mas não foram, e eu estava sendo naquelas atitudes que tomei, naquele tempo em que as tomei, não tomaria outras... elas me traduzem, assim como traduzem me agora, a sensação de derrota e o questionamento à própria...

E nessa ambiguidade dialética, de um diálogo interno continuo, que eu vivo da melhor perda que há de mim mesmo. A mudança...



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