sexta-feira, 6 de agosto de 2010

"Democracia" no Brasil... [1]

Sobre o primeiro debate, que ocorreu na Band no dia 5 de agosto de 2010.
Inclusive, a poucos minutos encerrado.

Há um desnivel que me incomoda muito na política brasileira. Um desnivel comentado pelo candidato Plínio a respeito da própria forma como ele e vários outros canditados, lembrando que temos 9 canditados a presidencia da republica, foram tornados invisiveis aos olhos do povo brasileiro pela postura tomada pela midia brasileira em geral.
O convite a Plínio pode ser considerado louvavel à emissora BAND, mas é preciso ponderar: É por lei que todo candidato que possua deputado federal seja chamado ao debate. A questão é , porque os outros foram chamados? Por que a mídia se recusa a dar face a estes canditados, mesmo o próprio Plínio?
Aí começa a se delinear os meandros desse desnivel. Que se aprofunda nas perguntas: A produção do canal de televisão pergunta, os candidatos se fazem perguntas, os jornalistas se fazem perguntas.
Mas pera aí, e as pessoas? Quando nós vamos ter oportunidade de fazer as nossas perguntas?
Que poder é esse que tem os canais de televisão? Por que?

Falo no sentido de que são organizações privadas, dirigidas , consequentemente por privados, como é que se pode deixar a responsabilidade de um serviço social de comunicação, nas mãos dos interesses desses grupos? Tudo bem, pode-se argumentar pelo lado de que é permitido que existam redes privadas. Então que se regulamente pela lei, pela constituição, até onde elas podem ir, e como devem operar - não é uma questão de liberdade ou não de imprensa, mas sim de que os interesses do povo ficam submetidos ao filtro midiático terrivel que sofre nosso país.
Essas eleições demonstram claramente o absurdo a que isso chegou.

E vamos a outro detalhe que aprofunda ainda mais o desnivel: As campanhas dos partidos são financiadas por grupos privados. Outro absurdo: Impede absolutamente a equidade entre os canditados, é assim na política em geral brasileira, o cara acaba tendo que gastar do próprio bolso com a publicidade para se lançar canditado estadual,ou federal. Como assim? Por que não uma regulamentação do que será feito, uma especie de "roteiro eleitoral", e do quanto será gasto? Há um filtro absolutamente ligado ao dinheiro na nossa política, e em que medida isso é democrático? Por que não um controle sobre a quantidade de orçamento investido em campanhas e uma limitação de equidade entre todos os canditados?

Não menos importante é a posição dos nossos políticos em serviço não? Julgados por uma lei diferente, inclusive julgamento que é feito pelos seus próprios pares nos nossos tribunais. Com salarios diferenciados, como se político fosse uma profissão e não um serviço ao povo, ao Estado que se pretende construir, colocando eles em posição social superior aos demais por simplesmente "serem", o que torna os políticos no país uma classe, ou pior, uma casta, própria, de interesses próprios. São eleitos nestas condições para defenderem uma constituição que diz que somos supostamente iguais.

A postura do "politicamente correto" foi terrivel neste debate. Nem tudo são flores, falar de uma perspectiva sempre 'bonitinha" do nosso país é negar as duras contradições nas quais este se insere. Me parece um tanto apologia à progressão social E o foda é ver que isso é feito de uma forma descaradamente eleitoreira.
Eu duvido sim, da coerencia política de quem tem esse tipo de postura. Eu não acredito na sinceridade de muitos que ali estão, e acredito que as formas que nossa política tomou ajudam demais para isso.

Escrevo aqui porque acredito que o poder está verdadeiramente em nós. Que pertencemos ao povo. E que nós devemos sempre nos manifestar, que devemos nos sentir parte dessa política, porque a maioria é a instancia absoluta do poder.

O povo precisa acreditar mais no povo.
As pessoas precisam acreditar mais nas pessoas.

E ambas são exatamente a mesma coisa.


Que Brasil queremos?


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Um comentário:

Vaca Profana disse...

mto mto mto bom...
queria ter visto o debate...:(
bjo