quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Vidas cênicas...

Não consegue, não consigo, compreender tamanha resistência.
E é um tanto díficil quanto angustiante pensar que amar ainda que mutuamente não signifique poder estar junto.
Por que?
Se ainda existe amor!
Frente a fragilidade e ao acaso da vida!
Se tantas justificativas não se sustentam, se tantas coisas mudaram!
É muito díficil aceitar isso calado, e as vezes eu preciso falar, e as vezes eu tenho vontade de ouvir , de ouvi-la.
Pra que tanta resistência?
Eu não sei donde surgem as histórias, se me conhece tão bem, se compartilhou tanto de tantas coisas, não sei daonde vêem as acusações, muitas delas "ilogicas pela vivência", e como se sustentam em seu universo de "brumas e caraminholas".
As vezes culpo a culpa, e esse excesso de caraminholas.
Eu sinto uma extensão além do final nessa peça, as cortinas desceram e as luzes apagaram, mas se houvem os passos, suspiros e as batidas, dos pés, das mãos e dos corações, se ouvem os cochichs e vêem-se os olhares trocados, imaginação paira no ar, com um clima de tensão tão denso que se poderia cortar a faca.
Como isso pode ser o final? A cortina desceu, as luzes se foram, mas a cena continua, e a platéia também.
Ela acredita que já terminou, mas eu não creio, há sinais demais no palco, para simplesmente me curvar e esperar os aplausos, além do mais, joguei meu script fora.
Deve ser essa minha mania de achar, minha mania de ouvir minha intuição, e enquanto a intuição diz que ainda tem muitas paginas até o final do livro, eu não consigo fecha-lo, tampouco ler outros. É um tipo de Literatura que prende: não com as mãos, ou palavras, prende com a alma,
eu mesmo nunca deixei de ler suas palavras, mesmo que escondido ou apenas fingindo estar escondido, sou um leitor assiduo.
Como leitor falo pouco, mas quando faço ela se esquiva, e dissipa no ar.
Se pergunto por que, irrito, ressucito os mortos e sou taxado necromante!
Se a provoco, discutimos, mas ao menos, seu coração aparece, porque geralmente, ela transforma sua caixa toraxia em cofre toraxico, e eu só posso ouvir suas batidas no meu coração.
Se me aproximo suas palavras se alteram, voluveis, entre as rosas e seus espinhos.
Antes derrubava a marretadas os muros que erguiam o cofre toráxico, hoje em dia eu deixo ele lá.
É por isso que eu enxergo duvida, aonde vou, porque o ar tem cheiro de reticências, as luzes apagadas e as cortinas fechadas não me fazem crer no fim da peça.
Já ouço e procuro por novos sons no palco, e olhos na plateia que já me atraem,
mas não nego que a escritora, protagonista desse teatro, ainda me rouba: o ar , e a alma, até sem querer...



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